As duas, sem dúvida! Os brasileiros vão dizer que as cataratas são mais bonitas do lado do Brasil, daí terem de as ver da Argentina. Os argentinos vão dizer que o lado argentino é melhor porque é de lá que conseguem ir à garganta do diabo. Rivalidades à parte, na nossa opinião é mesmo essencial ir aos dois lados. A estrutura é diferente, os miradouros e as próprias vistas, e estão tão próximos um do outro que ir só a um é uma pena (até porque quem vai a Foz do Iguaçu ou a Puerto Iguazu em turismo certamente não tem mais nenhum motivo além das cascatas). Mas, no improvável caso de terem de optar, vão ao lado argentino.
Explicar-vos a vista é difícil. Só vendo, ouvindo, sentindo… A dimensão é grandiosa, a quantidade de cascatas é absurda, a proximidade, podemos mesmo sentir a força da natureza e o volume de água que ali se concentra para cair abruptamente por todos os lados…
Voltando à terra. Os dois parques são até bastante rústicos, sendo possível ver muitos animais durante as visitas. Apesar dos milhares que por lá passam diariamente (os dois parques, em conjunto, receberam cerca de 2,3 milhões de visitantes em 2016), nota-se que a prioridade se mantém na conservação da natureza. É fácil fazer os percursos sem guia, seguindo apenas a sinalização. O lado brasileiro funciona com autocarros dentro do parque, com paragens nos pontos de interesse. Do lado argentino o trajeto faz-se em duas linhas de comboio, a cada meia hora (se preferirem caminhar ganham muito tempo). O lado argentino tem mais trilhos, mas são os dois preparados para cadeiras de rodas (do que temos visto, o Brasil é um país que se preocupa com os portadores de deficiência, desde as acessibilidades até termos assistido a um concerto com tradução em linguagem gestual). Nós entrámos nos dois parques já durante o período da tarde, mais tarde do que queríamos, mas conseguimos ver tudo, sem fazer nenhuma atividade extra, não incluídas no bilhete, não porque não as achássemos interessantes, mas por uma questão de contenção de custos.
Vão-se se ver rodeados de gente e vai ser difícil tirar aquela foto típica sozinhos com vista para as cataratas. É só ter paciência e capacidade de abstração, ou então fazer como um casal, que ao reparar que estava tudo a ir embora, a meia hora do último autocarro, voltou ao miradouro e desfrutou de uns bons minutos sozinhos. No lado argentino há uns fotógrafos credenciados que dominam parte do miradouro da boca do inferno para vender fotos sem ninguém “a estragar”.
Não esquecer
É imprescindível a capa de chuva, principalmente no lado brasileiro. No lado argentino as pessoas vão de fato de banho para se bronzearem e apanharem com a água.
Os básicos – chapéu, máquina fotográfica (ou não, para conseguir ter uns momentos de contemplação na memória), protetor solar, repelente, água e comida (tudo vendido no parque a preços inflacionados) e roupa confortável.
Preços: O lado mais barato, era o argentino em 2017, neste momento custa o dobro do brasileiro (2000 pesos para estrangeiros e 530 para argentinos vs 72 reais, para estrangeiros, 43 reais para brasileiros). Dos dois lados é possível regressar no dia seguinte com 50% de desconto.
Transporte
Ir de Foz de Iguaçu ou de Puerto Iguazu às cataratas do respetivo lado é fácil, bastando apanhar um autocarro urbano que diga cataratas (a cada 20 minutos). No Brasil cada percurso custa 3,45 reais e na Argentina 65 pesos. São percursos que param em vários sítios para largada de passageiros. Alias, é difícil perceber onde são as paragens porque aparentemente param onde lhes é pedido. Também é possível ir de Foz de Iguaçu ou de Puerto Iguazu às cataratas do outro país (sem necessidade de carimbos, desde que se respeitem algumas condições).
Onde comer:
No Brasil optámos por almoçar num boteco ao pé do hostel em regime de buffet, barato e bom, mesmo como nós gostamos. Não tinha muita variedade mas quem quiser melhor paga mais. Jantámos num shopping perto do hostel, mas na avenida principal há vários restaurantes com muito bom aspeto. Iguaçu é uma cidade muito maior que Puerto Iguazu, portanto há muita oferta. No Brasil está-se a revelar difícil escapar aos fritos e para fugir à rotina optamos por um italiano. Quando vínhamos do shopping para o hostel parámos numa barraquinha para comer tapioca. Andávamos cheios de curiosidade e valeu! Tive (Raquel) que convencer a senhora a servir o recheio de morangos com chocolate e não morangos com leite condensado, ela lá cedeu, a custo. No Brasil, açaí, pão de queijo ou tapioca, nunca são demais!
Na Argentina, chegámos mais tarde do que queríamos e parar para almoçar antes das cataratas seria uma perca de tempo útil. A solução foi comprar umas empanadas numa tasquinha, mais uns snacks num supermercado, e lá fomos a comer no autocarro. Para quem opta por comer nas cataratas (tanto do lado brasileiro como do lado argentino) atenção aos quatis. O bicho tem um ar simpático mas é um esfomeado, devem evitar (como sempre) deixar o lixo fora dos respetivos caixotes porque esse mamífero guloso, portador de raiva, pode morder se vocês forem o obstáculo para chegar à comida. É proibido alimentar os animais, e vão ver muitos – aves, quatis, esquilos, jacarés, tartarugas, lagartos – existindo também dentro dos parques as onças pintadas (claro que não vimos).
Fun fact: os argentinos vão para as cataratas de arcas e termos. Os termos são para conservar a água quente para o mate, ou tereré. Há uma verdadeira devoção ao mate, os próprios motoristas de autocarro conduzem de copo na mão. Experimentámos o mate mais tarde, no Uruguai, em Cabo Polonio, falamos disso aqui.
Ao jantar voltámos à tasquinha das empanadas e comemos os dois pratos com bebida por cerca de 10€. Satisfeitos com o serviço, ainda comprámos uma dúzia de empanadas para a viagem até Rosario. Se há sítios mais agradáveis para comer em Puerto Iguazu? Claro que sim! A caminho da rodoviária vêem-se vários, só é pena custarem cerca de duas a três vezes mais. Nesta zona, mesmo no tasco, sentimos que as carnes são ótimas, portanto é de aproveitar.
Onde dormir:
Os dois alojamentos eram bons para o patamar de preço (Hotel Blue Star II e Petit Hotel Caraguata). Tinham pequeno-almoço incluído (o do Brasil era mais variado), wifi, tv no quarto e wc privativo.
Percebe-se que as cataratas são um destino popular de turismo interno. São países tão grandes que é possível morar a milhares de quilómetros das cataratas. Pensando “vá para fora cá dentro” os preços são reduzidos em diferentes patamares para nacionais e residentes do Mercosul (mercado comum do sul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). O lado argentino custa 1200 pesos (13,20€) e o lado brasileiro 57 reais (8,75€).Até é engraçado vê-los a comentarem entre eles quanto pagam consoante a origem, mesmo dentro do próprio país.
O que visitar (extra):
Quem ficar mais de um dia de cada lado (não foi o nosso caso, mas recomendamos para reduzir o stress), tem, do lado brasileiro, o parque das aves, a barragem de Itaipu, partilhada entre o Brasil e o Paraguai (central hidroeléctrica que mais energia produziu até hoje no mundo) e o marco três fronteiras brasileiro. Do lado argentino tem o guira oca, o aripuca, o ice bar e o hito três fronteras argentino. O marco três fronteiras brasileiro é pago, porque está melhor explorado. Aliás, o lado brasileiro tem muito mais movimento, Puerto Iguazu é mais pequeno e mais calmo.
Deliciem-se com as vistas, que não chegam nem perto à sensação de lá estar…
365 dias no mundo estiveram nas cataratas de 12 a 14 de fevereiro de 2017
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4 respostas
Disfrutem , é uma viagem para vida
Obrigado! Vamos tentar partilhá-la ao máximo.
Abraço!
Lindas fotos e textos fantásticos! Parabéns
Muito obrigado Paula! Beijinhos