Tivemos azar, a entrada na Argentina que podia ter demorado 30 a 40 minutos levou mais de hora e meia. Mas já lá voltamos.
O transporte entre o Brasil e a Argentina é simples e barato, demasiado barato, e talvez daí às vezes correr mal. Saímos do hostel cedo e fomos para a paragem de autocarros com destino à Argentina. Ainda ponderámos ver mais algumas coisas em Foz do Iguaçu e seguir só depois, mas, felizmente, não arriscámos.
Tanto as partidas para a Argentina como para o Paraguai saem perto do terminal rodoviário urbano, em paragens de rua. Em frente, na avenida principal, para o Paraguai, e, numa rua lateral, para a Argentina. Existem três companhias que fazem o percurso para a Argentina, um autocarro por companhia por hora, mas como passam desfasadas dá um a cada 20 minutos. O bilhete compra-se no autocarro e custa 4 reais. Até é barato, não é? Não! Seria barato se vos levasse ao destino sem sobressaltos, mas aqui não funciona assim. Ao chegar à fronteira do Brasil toda a gente deve descer com as malas, carimbar o passaporte na saída do Brasil, e esperar pelo próximo da mesma companhia que passa supostamente passado 40 minutos.
Descemos e fomos para a fila carimbar o passaporte. Como só tínhamos uma pessoa à frente fomos logo atendidos e em 5 minutos resolvemos o assunto. Passaram 40 minutos e o autocarro seguinte não parou. Iam passando outros autocarros, mas como não eram da mesma companhia queriam cobrar-nos novamente o mesmo valor. Casmurros e decididos a não alinhar no esquema, optámos por só apanhar um que fosse da mesma companhia. Claro que deveria existir um bilhete único que funcionasse nas três companhias, mas enquanto as pessoas não forçarem a mudança lá terão que aguentar com este negócio paralelo, alimentado por quem não quer ou não pode esperar.
Também passam autocarros diretos para as cataratas de Iguazu, mas como são 140 pesos argentinos e teríamos que ir para as cataratas com as mochilas esta opção foi logo excluída.
Continuando… Lá conseguimos que o terceiro autocarro da mesma companhia (Rio Uruguay) parasse e seguimos mais 3km até à fronteira da Argentina, do outro lado do rio.
Voltamos a descer com toda a bagagem, mas aqui o autocarro espera. Já encontrámos fila para a imigração, agravada pela prioridade para quem vem nos autocarros de longa distância. Como cada fronteira tem a sua particularidade, nesta foi necessário informar onde iríamos ficar hospedados. Principalmente nestas viagens longas, convém estar preparado para:
- Informar quando se vai sair do seu país – ter um bilhete comprado, podendo em princípio ser de qualquer meio de transporte (autocarro, avião, ferry, etc.);
- Informar onde se vai ficar hospedado – ter sempre uma reserva de alojamento (pelo menos da primeira noite);
- Se as anteriores não funcionarem, e o funcionário ainda desconfiar que não viajamos em turismo, temos visto em blogs que uma carta do empregador a dizer que são funcionários da empresa X e se encontram de férias ou licença prolongada pode ser suficiente.
A abordagem depende do “humor” do funcionário, claro que existirão locais em que nada disto poderá ajudar…
Voltando à Argentina… As malas passam no raio-x e, pela primeira vez, a mala da Raquel teve de ser aberta para mostrar os quase 2kg em medicamentos (240 saquetas), junto com a respetiva receita e declaração do médico (foi suficiente em português, com algumas piadas pelo meio para distrair).
Voltámos ao autocarro e lá seguimos até Puerto Iguazu, numa viagem de 5 minutos, tendo saído logo de seguida, com base no fiel Google Maps. Estes autocarros de curta distância aparentemente, desde que seja no caminho, param onde lhes for pedido.
Dinheiro e câmbios
Arriscar, como nós fizemos, às vezes corre mal. Entrar na Argentina sem pesos é uma má decisão. É fácil trocar reais por pesos argentinos no Shopping em Foz do Iguaçu, e, segundo nos venderam, o câmbio até é melhor. Se só necessitam do dinheiro para o autocarro transfronteiriço podem logo trocar todos os reais por pesos que serão aceites.
Pela nossa experiência da Argentina e Uruguai, cidades pequenas não aceitam cartões de crédito ou débito na maioria dos sítios, e levantar dinheiro na Argentina é um filme de terror. Na maioria dos ATMs há filas de mais de meia hora, normalmente ao sol.
O Tiago fez uma caminhada de 2km em Puerto Iguazu até ao banco mais próximo para tentar levantar dinheiro, e não conseguiu, e lá teve de trocar dólares numa casa de câmbio. Para nós ainda é estranho não aceitarem cartões de crédito ou débito como pagamento, mas começa agora a fazer sentido, quando se percebe que a lei argentina diz que o estrangeiro que pagar o alojamento com cartão de país estrangeiro recebe o IVA de volta de forma automática no ato de pagamento. Na nossa opinião, como em dinheiro podem cobrar o total, o que deve acontecer é o comerciante não faturar e ficar com o IVA.
Atenção às reservas feitas pela internet na Argentina. Por exemplo, no Booking, vejam sempre se nas condições de pagamento aceitam cartões e/ou se o IVA está incluído. Se o alojamento disser IVA não incluído e não aceitar cartão, serão cobrados 21% adicionais em IVA. Este fator pode ser importante quando estão a decidir o alojamento, porque o aparentemente mais barato pode não o ser.
Os preços referem-se ao mês de visita, fevereiro de 2017.
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365 dias no mundo atravessaram a fronteira a 14 de fevereiro de 2017
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