Tínhamos algumas expetativas em relação a Colonia del Sacramento. Afinal, foi fundada por portugueses, e toda a gente diz que isso está bem vincado no aspeto da cidade. Tínhamos visto imagens em blogs e em páginas doutros viajantes e sabíamos que havia marcas identificáveis.
Foi uma região palco de várias lutas navais com espanhóis e portugueses a disputarem a sua conquista.
Como chegar
Sair de Montevideo para Colonia del Sacramento foi fácil. Primeiro, para sair do centro e chegar ao Terminal Tres Cruces, apanhámos um autocarro na Avenida 18 de Julho. O preço depende de qual se apanha. Os que têm só números, tipo o 188, custam 30 pesos, os que têm como destino apenas Três Cruces, por exemplo o C01, custam 22 pesos. Chegando ao terminal, há vários autocarros para Colonia, o bilhete custa 339 pesos e a viagem demora 2,5 horas. Se não quiserem correr o risco de ter de esperar um pouco convém comprar antecipadamente. O terminal é recente e tem um shopping no piso superior, por isso pode ser interessante para fazer compras. (preços de 2017)
Chegando a Colonia del Sacramento, logo percebemos que era uma cidade completamente voltada ao turismo, quase exclusivamente na zona velha, de uma forma bastante inteligente. O terminal rodoviário e o fluvial são a uma caminhada do centro, onde estão a maioria das opções de alojamento. Tem ferry direto para Buenos Aires, numa posição privilegiada para cruzar o imenso estuário do Rio de la Plata. Desta forma, são “apenas” 50km entre as duas cidades, enquanto por estrada são mais de 450km, e sendo tão perto de Montevideo, torna-se uma paragem quase obrigatória, daí termos visto muitos turistas brasileiros e argentinos. Algumas estruturas do período em que estiveram sob domínio de Portugal estão em ruínas, principalmente o Palácio de Governantes, que foi desmantelado para levar o seu acervo para Buenos Aires. O município aproveitou as ruínas e fez uma praça centrada nelas.
Ao domingo a cidade ganha vida, com as ruas na zona velha repletas de turistas, muitos de excursões em autocarros. Os restaurantes da zona central estão cheios e as lojas de souvenires estão abertas para captar turistas. Apesar de estarmos a falar de uma cidade à beira rio, tal como em Rosário, as pessoas usam-no como praias fluviais. Centenas de pessoas “mergulharam” (não é bem mergulhar porque o rio não tem profundidade para isso nos primeiros cem metros da margem) nas águas para se refrescarem do calor que se sentiu no fim de semana de Carnaval. A praia mais frequentada fica mais afastada do centro e próxima à zona de desenvolvimento da cidade, a caminho da praça de touros. Apesar de ter sido construída numa altura em que a legislação o permitia, logo a seguir (dois anos depois) foi criada uma lei contra as touradas e a praça deixou de ter o seu propósito, encontrando-se neste momento em ruínas.
O que visitar
Bairro histórico: é património mundial desde 1995. Foi fundado em 1680 e é uma marca da colonização portuguesa. A maioria das zonas de interesse ficam aqui, como as muralhas, o Farol e as Ruínas do convento de São Francisco de Xavier, a Basílica do Santíssimo Sacramento, a Praça 25 de Maio, a Rua dos Suspiros, Praça Manuel Lobo.
Farol: O farol de 1857 é o ponto mais alto da zona velha, permitindo uma observação panorâmica da cidade. O farol foi construído no local das ruínas dum convento franciscano. Subir custa 25 pesos.
Puerta de campo: é o portão da cidade, que está em ruínas, tal como as muralhas.
Calle de los Suspiros: é uma das ruas mais visitadas.
Basílica del Santissimo Sacramento: uma igreja de 1680, a mais antiga do país.
Archivo e Museo del Carmen: é o museu de história e cultura carmelita. O edifício é de 1847. Os seus artefactos são principalmente religiosos.
Acuario: é um espaço de 250 metros quadrados em forma de gruta com exemplos de espécies da região. Abriu em 2006. Fecha à terça-feira. Custa 60 pesos. Podem ver a página aqui.
Casa de Nacarello: uma casa museu que retrata a vida dos colonos.
Há vários museus que custavam 50 pesos (museu indígena, espanhol, português, municipal). Não fomos a nenhum porque optámos sempre por andar a pé pela cidade a conhecer as ruas.
Calle de Portugal: só pela graça vale a pena passar aqui e fotografar.
Vale a pena caminhar na rambla junto ao rio.
Onde comer e compras?
Em toda a zona velha há restauração e lojas. Tudo tem um ar extremamente cuidado, mesmo quando são de decoração rústica. Podem parar na Plaza Mayor.
Transporte na cidade
Há autocarros, mas assim que se sai do terminal em direção à zona velha começa-se a ver lojas de aluguer de bicicletas e carrinhos de golf, de 4 a 6 lugares. Nós preferimos caminhar.
Vale a pena?
Não vale sempre a pena ver até onde já foi Portugal e onde chegaram os portugueses? É uma cidade pequena com uma zona velha de casas baixas, pequenas, humildes, algumas degradadas, mas que permitem imaginar o que já foi um dia. Vale a pena sair de Montevideo e escolher ir para Buenos Aires por Colonia del Sacramento. A marca portuguesa encontra-se presente em muito mais do que a placa que diz “Calle de Portugal” e do que o museu. Encontra-se nos azulejos, na cruz dos descobrimentos, nas ruínas que ficaram, nas árvores de flor, na disposição das ruas. É uma cidade aconchegante, segura, calma, mas também movimentada pelo turismo.
Este artigo pode conter links afiliados.
Se gostaram deste post e querem ler mais tarde façam PIN na imagem, para a guardarem no Pinterest.