Atravessar fronteiras tornou-se habitual nesta viagem. Para entrar no Uruguai entrámos por Rosario, via Buenos Aires e saímos por Colónia del Sacramento.
Rosário-Punta del Este
De Rosário queríamos ir para Punta del Este. Pela falta de autocarros diretos tivemos de fazer um primeiro percurso de 4 horas até Buenos Aires, na Pullman. A saída de Rosário não foi a mais calma, mas já começamos a estar preparados para haver um problema por viagem. Entrámos no autocarro e os nossos lugares já estavam ocupados. Tranquilamente, lá escolhemos outros, reparando no chão todo molhado e água a escorrer do andar superior, como se estivessem a lavar o chão. Antes de partir, já com toda a gente sentada, dizem-nos para sair do autocarro e voltar às bilheteiras para comprar bilhete noutra companhia. Assim fizemos, a Raquel ficou na fila da Mercobus para reclamar e o Tiago na fila da Nueva Chevallier para comprar o bilhete novo. Contrariamente ao que nos disseram no autocarro, a funcionária da Mercobus decidiu que dava bilhetes noutra companhia para substituir os deles, quando nós já tínhamos outros bilhetes. Depois de uma troca de argumentos em portunhol e tom mais alto de “quero o dinheiro” e “mas não funciona assim” lá recuperámos o dinheiro e seguimos viagem, perdendo apenas uma hora no processo.
O Terminal
À chegada a Buenos Aires decidimos que apesar de termos algumas horas seria melhor ficar na rodoviária – a zona do terminal é das mais inseguras e teríamos oportunidade para visitar Buenos Aires na semana seguinte.
No terminal de rodoviário de Buenos Aires (Retiro) quem viaja para destinos internacionais tem direito a um lounge VIP. Apesar de assim ser chamado, o VIP neste caso é mesmo relativo. A sala é muito mais agradável que a área de espera exterior, têm tomadas, bolachas de água e sal e água grátis, mas os sofás estão partidos e a internet funciona mal.
Ainda não entramos na rotina de perguntar que tipo de serviço têm os autocarros. Pelo seguro, presumimos sempre que não tem nada e, para evitarmos passar fome, petiscamos qualquer coisa antes do embarque. Neste caso, tínhamos jantar e pequeno-almoço, mas não almofadas e cobertores. O jantar deixou algo a desejar – queijo e fiambre, dois mini pães, arroz com frango frio, bolo ou mousse – e o pequeno-almoço era uma madalena recheada com doce de leite, um alfajor e um pacote de bolachas de água e sal. A televisão foi o tempo todo desligada e a temperatura no autocarro era demasiado fria para não terem cobertores. Supomos que considerem aceitável para os 70€ por pessoa que se paga pelo bilhete.
A Fronteira Terrestre
Na fronteira acordaram-nos para ir carimbar o passaporte, mas aqui, ao contrário da fronteira Brasil/Argentina, só carimbámos ao entrar no Uruguai. Com receio de nos estar a falhar algo no processo confirmámos se era mesmo assim. Para o Uruguai, o carimbo já representa a saída da Argentina e entrada no Uruguai. O processo foi simples, sem qualquer pergunta, o que é simpático atendendo ao nosso sono. Os motoristas têm sempre uma lista de passageiros e confirmam se toda a gente carimbou os passaportes. O resto da viagem até Punta del Este foi pacífica.
Colonia del Sacramento- Buenos Aires
Para sair do Uruguai optámos por utilizar o ferry boat, via Colónia do Sacramento, pela empresa Buquebus. O terminal fluvial funciona de forma semelhante a um aeroporto, é próximo do terminal rodoviário, ambos à distância de uma curta caminhada do centro, e convém chegar com pelo menos uma hora de antecedência.
À chegada, num balcão semelhante ao check-in de aeroporto, bastou mostrar o bilhete que comprámos antecipadamente (26,5€) e o passaporte. As malas maiores, como as nossas mochilas grandes, têm de ser despachadas. Seguimos com as pequenas para a migração.
Como nos aeroportos, a bagagem de mão vai para o raio-x e tem um detetor de metais. Os uruguaios e argentinos têm uma fila própria de migração. Os passageiros dos restantes países têm que passar nos serviços de migração dois países. No primeiro ponto carimbámos a saída do Uruguai e no segundo a entrada na Argentina. Mais uma vez, sem qualquer pergunta.
A sala de espera é grande e tem um bar. Supostamente também deveria ter Wi-Fi, mas nenhuma das duas redes funcionava. As pessoas acumulam-se ordeiramente na fila de embarque porque sabem que quem entra primeiro pode escolher os melhores lugares e quem chega depois fica com o que sobra (longe das janelas). Acabou por ser diferente da viagem para entrar no Uruguai.
O Ferry Boat
A viagem demora três horas até Puerto Madero (Buenos Aires). A viagem na classe turística, pelo menos nesta altura do ano em que ainda não começaram as aulas, não é calma, com muitas crianças a fazer barulho. À nossa volta tínhamos mais de 10 crianças, algumas sentadas sozinhas, com os pais noutra fila, para terem uma viagem “descansada”. Do que temos visto, a educação na América latina é descontraída, daí ouvir-se várias vezes pelos altifalantes que os pais devem controlar as suas crianças e que estas não podem subir ao deck superior sem um adulto.
O ferry tem ar condicionado e os assentos são reclináveis, quase tanto como nos autocarros (120 a 160°). Os vários bares, apesar de terem os preços em pesos argentinos, aceitam também pesos uruguaios, dólares e reais. Tem uma casa de câmbio com uma taxa semelhante à que se encontra em Buenos Aires e uma loja com Tax-Free.
Puerto Madero
A chegada das malas ao porto é rápida, em tapetes rolantes, seguida de uma passagem pelo raio-x. Como chegámos a Buenos Aires à noite conseguimos ver os edifícios mais altos iluminados na linha do horizonte. Esta zona não é servida por metro e não nos preparámos antecipadamente para saber que autocarro teríamos de apanhar. Recomendamos que o façam sempre, mas principalmente em grandes cidades, chegadas noturnas e com distâncias demasiado grandes para caminhar. À saída do porto encontram vários taxistas prontos a explorar-vos (a nós tentaram cobrar o triplo do regulamentar). Apesar de termos algum receio, motivado pela polícia à saída do porto que à nossa pergunta se podíamos caminhar até ao hostel, nos disse “sim, mas podem ser assaltados”, optámos por caminhar. Não usufruímos da caminhada por estarmos cansados, com receio de sermos abordados e com bastante peso nas costas, mas podemos dizer que é seguro caminhar à noite nesta zona de Buenos Aires, com boa iluminação e muita gente na rua, pois é uma zona de restauração.
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