Mar del Plata é uma cidade costeira e o destino balnear mais comum da população de Buenos Aires. Fez-nos lembrar as nossas praias do norte. É ventosa, águas mais frias, atrativa para desportos como surf, kitesurf ou parapente, com um centro desenvolvido, mas subúrbios não tão interessantes. Para nós foi ótimo para repor o sono e descanso porque o hostel nesta altura do ano é muito calmo, sem gente a chegar tarde e sem discotecas perto.
Notámos desde logo a influência do centro da europa na arquitetura da cidade. Receberam imigrantes da Alemanha, Áustria e Hungria nos anos 40 e quem conhece estes países não precisa de ir à Wikipedia confirmar, porque é evidente a influência na construção (fomos na mesma para suportar o que escrevemos).
Fomos para Mar del Plata de Buenos Aires no autocarro noturno e como eram “só” 5 horas não tinham serviço nem manta nem comida. Há motoristas que gostam de pôr os autocarros gelados, o que não ajuda a adormecer. Quando chegámos era demasiado cedo para utilizar os transportes públicos, então optámos por ir de táxi. Foi o primeiro táxi da viagem! Seguimos alguns passos para não sermos enganados. Sondámos primeiro o preço, em seguida verificámos se tinha taxímetro e por fim entrámos. Não acertou no valor exato, mas não falhou muito na previsão. Um caminho de 5km ronda os 120 pesos, também válido em Buenos Aires, independentemente de ser diurno ou noturno, ter ou não ter bagagem na mala.
O que fazer:
Podem-se fazer caminhadas no passeio alegre junto à praia. Há vários desportos com estrutura de apoio para aluguer de equipamento, como surf ou paddle.
A Torre Tanque, perto do centro, permite ter uma vista panorâmica da cidade. É um edifício histórico interessante, que ainda hoje se encontra em serviço. Armazena 500.000 litros de água na torre e 13.000.000 litros nos tanques adjacentes ao nível do solo. Está aberto das 8h às 17h e a entrada é grátis.
O Museu MAR de arte contemporânea, localizado num edifício junto à praia, a norte de Mar del Plata. Não é no centro, mas existem autocarros a fazer o trajeto junto à praia. Tal como o casino, tem uma escultura de um leão marinho à entrada, mas este feito em réplicas de embalagens de alfajores. Vale a pena pelo edifício, a entrada é grátis e tem várias exposições temporárias.
Junto à praia central fica o casino, que possui também uma sala de espetáculos e um hotel. Nesta zona tem um cais com um edifício envelhecido bastante fotogénico, onde funcionam um clube de pesca e um restaurante.
Existe a sul um campo de golfe e um porto, com uma pequena estátua de um cristo redentor.
Nos arredores existe a Sierra de los Padres, no entanto não chegámos a visitar. Partem excursões diariamente do centro.
Há imensos eventos na cidade (concertos, teatros, atividades desportivas, congressos, milongas ou exposições) apresentados no “Guia de Atividades” mensal, encontrámos um exemplar no Museu Mar.
Onde dormir:
Ficámos hospedados no Carrusel Art-Hostel. Fica a norte, a cerca de 5km do centro, na segunda linha de praia. A paragem de autocarros mais próxima fica a 5 minutos a pé. Ficámos num quarto privado com quarto de banho, com boas condições. Para conseguirmos ter mais descanso e privacidade, quando a diferença de preço não é exorbitante comparativamente com os dormitórios, nós optamos por escolher este tipo de quarto, mesmo que tenha WC partilhado. Voltando ao hostel, este não inclui pequeno-almoço mas tem cozinha equipada, snooker, matraquilhos, um projetor fantástico para ver futebol, TV, um pátio agradável e bar.
É gerido por uma família que se interessa pela história dos viajantes e com carinho por receber, ou não fossem eles apaixonados por viagens. O filho do proprietário e a nora já foram mochileiros. Ofereceram-nos lanche, muita conversa, dicas e fizeram questão de seguir o blog e o facebook. Ajudaram-nos a perceber que estamos a dar ênfase a cidades com pouco interesse e a esquecer alguns destinos para eles obrigatórios, coisa que poucos guias ou blogs fizeram até agora. Falaram-nos de vários sítios “hermosos”, palavra que os argentinos adoram o utilizar para algo que é mais do que bonito, como o norte da Argentina, que vamos ter de deixar para outra viagem. Fizeram-nos sentir como num jantar de amigos e não como hóspedes, com direito a beijo e abraços (aqui o cumprimento faz-se sempre com um beijo, um só, tanto entre homens como mulheres). Convidaram o Tiago para jogar futebol e disseram-nos onde se bebe a melhor cerveja artesanal.
Onde comer:
É preciso caminhar com paciência para escolher sítios baratos. Aqui, a média por refeição para duas pessoas passa sempre dos 350 pesos com bebida. Procurando afincadamente, às vezes conseguimos descer até aos 250 pesos.
Com um preço imbatível, recomendamos o Nudel, dentro do Libre 10 (cruzamento de San Martin com a 20 de Septiembre). Tem pratos vegetarianos ou carne. Já vos dissemos no Dia da Mulher que é um espaço tipo galeria, com bastantes eventos mensais e uma carga comunista muito forte.
O Shopping Paseo Aldrei tem muita variedade de fast food, mas também massas, grelhados e um asiático. Os pratos não variam muito, tanto na Argentina como no Uruguai, o que mais se vê são os grelhados, panados (milanezas) e as massas recheadas.
Nós jantámos sempre no hostel. Os supermercados permitem variedade de opções, até para vegetarianos, com muitas opções de legumes e frutas.
Comprámos o queijo argentino que se grelha, o Provolone. Que delícia! Não o grelhámos, deixamos derreter na frigideira e fomos comendo. Uma experiencia gastronómica que não se deve perder na argentina.
Transportes
Há paragens de autocarros que param no centro, uns que utilizam o cartão de transporte único nacional (SUBE) e uns que são pagos no próprio autocarro em dinheiro. Acabámos por utilizar sempre deste último tipo, o autocarro 221, porque não tínhamos percebido que o SUBE se utiliza em quase todo o país. Não queríamos carregar o cartão em demasia e ficar com saldo. É ligeiramente mais barato circular na rede do SUBE.
Vale a pena?
Queremos dizer que vale sempre a pena, no entanto não é de todo uma cidade obrigatória para turistas, principalmente se tiverem uma agenda apertada. Para nós foi ótimo ter estes dias calmos, porque precisávamos de fazer alguns ajustes ao nosso roteiro. Aproveitámos para fazer a contabilidade mensal, ver as estatísticas, editar fotografias e ter outro ambiente.
Um hostel grande e muito cheio como o de Buenos Aires permite conhecer muita gente. Assim é fácil encontrar companhia para partilhar programas ou refeições, mas às vezes cansa estar rodeado de outros viajantes. Pelo contrário, conhecer as pessoas que moram na cidade é imperdível, já que nos falam do país como ele é para quem lá vive. O argentino gosta de conversar e mete conversa. Isto é, vê um turista de mochila às costas e pergunta de onde vem e para onde vai. É provável que diga que inveja o destino ou então diz que nunca esteve, mas quer ir.
Temos ouvido imenso que somos os primeiros portugueses nos hostéis. Não só os primeiros em Punta Ballena (Punta del este), mas também os primeiros em Mar del Plata. Explicamos que para um português de mochila às costas a Argentina e o Uruguai são caros. Contamos que a maioria ou escolhe uma a duas cidades e faz de avião, ou que o português não viaja muito de mochila, mas que felizmente está a mudar. Quando falamos dos preços da Argentina eles desabafam sobre o momento político que vivem. Contam que o salário mínimo ronda os 950€, mas que devido à inflação perderam muito poder de compra. Quando lhes dizemos que em Portugal um recém licenciado não recebe mais do que 700€ fazem cara de espanto e perguntam como conseguimos, se não se consegue ir às compras e gastar menos de 100€.
Nota: saibam que Mar del Plata não é uma cidade fácil de utilizar em roteiro para o sul/norte, porque a maioria das rotas volta a Buenos Aires, tornando a viagem cara.
365 dias no mundo estiveram 4 dias em Mar del Plata, de 6 a 9 de Março de 2017
Classificação: ♥ ♥
Preços: tipo Lisboa
Categorias: praia, noite, surf, parapente
Essencial: Torre Tanque, Museu MAR, Bulevar Marítimo
Estadia Recomendada: 2 dias (se fora da época balnear)
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