Santiago era aquela cidade que toda a gente nos dizia que não merecia mais de dois dias. Já tínhamos reservado no Airbnb cinco noites e estávamos apreensivos porque alterar a reserva implicaria perder dinheiro. Acabámos por ficar sete noites! Tanta vida, tanto que fazer. Sentimos que o Chile tem uma história rica, incluindo a ocupação espanhola turbulenta, com a oposição dos mapuches, e o período da ditadura pós-Allende, comandada pelo General Pinochet.
Chegámos às 6 horas da manhã e decidimos guardar as malas no terminal de autocarros, tomar o pequeno-almoço por lá, e seguir para o centro para o free walking tour.
Santiago tem duas grandes empresas de free tours a operar, a Free Walking Tour e a Tour4tips. As duas fazem duas tours diárias, às 10h e às 15h. A Free Walking Tour começa na Plaza de Armas em frente à Catedral, usam uns casacos ou t-shirts vermelhas e são em inglês ou espanhol. A Tour4tips começa às 10h no Museu de Belas Artes e às 15h na Plaza de Armas, também em inglês ou espanhol, e usam uma t-shirt igual ao Wally (vermelha e branca às riscas, para quem não é desse tempo). Fizemos a típica de Santiago com a Free Walking Tour e o tour dos sítios menos conhecidos com a Tour4tips.
O nosso primeiro tour não correu muito bem. Chegámos cedo à cidade e como o check-in no Airbnb era só depois da hora de almoço decidimos seguir para a Free Walking Tour que se iniciava às dez horas em frente à catedral. Correu tudo bem até ficarmos de frente para o Palácio de La Moneda. Tivemos a sorte de poder assistir à troca da guarda do palácio, que começa às 11h e acontece de dois em dois dias, nos dias pares. A guia do tour não esperou por nós e seguiu caminho, apesar de saber onde estávamos, o que achámos algo estranho, porque por muito que haja tempo cronometrado para fazer as coisas, deverão avisar a que horas continuam e que não dá tempo para ficar até ao final. O espetáculo é interessante, envolvendo cavalos, banda e, claro, os carabineros. A visibilidade é bastante boa porque os jardins são mais altos que o pátio do palácio. Vale a pena assistir!
Santiago foi uma cidade difícil de fundar pelos espanhóis porque os mapuches, ao contrário de outros povos originais, como, por exemplo, os incas, não tinham um só chefe. Cada comunidade tinha o seu líder e conseguiam organizar-se contra os espanhóis de forma diferente. Conquistar uma região mapuche não implicava conquistar toda a comunidade. Destruiu-se muita coisa e matou-se muita gente para que Espanha tivesse Santiago, através de Pedro de Valdívia, em 1541. A região onde fundou Santiago era importante para Espanha pois situava-se entre dois braços do rio Mapocho e servia de base para conquistar mais território. Hoje em dia apenas um dos braços do rio existe, tendo o outro sido drenado. Santiago tem crescido desde a sua fundação e hoje em dia é uma das capitais mais importante da América latina.
A título de curiosidade, em Santiago reparamos que os edifícios têm uma sinalética interessante, como a marcação dos locais seguros em caso de sismo. A cidade, aliás, todo o país, tem muita atividade sísmica, daí a importância dos edifícios estarem adaptados a esta realidade. Todos os edifícios em Santiago são construídos de forma a que resistam a um sismo de magnitude 9.0 e, de facto, vê-se muito betão armado nos edifícios em construção.
O que fazer?
Santiago tem várias atividades, muitas delas gratuitas. Para não tornar a leitura uma maçada falamos sobre isso num artigo único – AQUI.
Onde comer?
A cidade divide-se em vários bairros. Um dos imperdíveis para jantar é o Bellavista, principalmente no Pátio Bellavista. É um espaço moderno, em formato de pátio, preenchido com restaurantes para todos os gostos, alguns com música ao vivo, bares, bom ambiente, lojas, etc. A restante zona da Bellavista pode à primeira vista não parecer muito agradável, mas o bairro transforma-se à noite, quando todos esses restaurantes e bares/discotecas com ar de armazém ou quintal de Angola se começam a encher, tornando a zona ideal para beber os típicos Pisco Sour ou Terremotos. Fica junto ao cerro San Cristobal e várias universidades, do outro lado da margem do rio Mapocho.
O bairro Lastarria é outro bairro a não perder, onde encontram os restaurantes e bares da moda, com opções para todas as carteiras. Foi aqui que provámos o famoso terremoto, bebida chilena, com este nome porque, como é doce, vão bebendo, bebendo, bebendo, e quando acabam de beber, e se levantam, sentem tudo à volta a girar, tal como num terramoto.
Para almoçar, os mercados são uma ótima opção. Todos eles têm vários restaurantes, alguns mais caros e outros mais baratos, sendo uma questão de pedir para ver a ementa. Também são a escolha certa para beber um sumo natural, já que toda a fruta está ali ao lado à venda.
Se quiserem ir a um restaurante com muita história e que serve refeições pela noite fora deverão ir ao Casa de Cena. A decoração do restaurante faz lembrar os portugueses Pavilhão Chinês, Foxtrot, Paródia ou Procópio, mais simples, mas oferece a sensação de viagem no tempo. É um ótimo sitio para experimentar pratos típicos, com um menu de almoço acessível para aquilo que oferece (pão com mini empanadas, entrada, prato principal e sobremesa). Deve-se perguntar pelo dono e perguntar a história do restaurante.
Para sobremesa, lanche, ou sempre que apetecer, tem que se parar na gelataria Emporio la Rosa. Há várias na cidade e em Valparaíso. Os gelados são ótimos e a gelataria foi considerada uma das 25 melhores do mundo pelo The Daily Meal.
Pratos a não perder:
Machas a la parmesana (ameijoas com queijo gratinado)
Ceviches (receita aqui)
Bebidas a não perder:
Pisco sour (receita aqui)
Terremoto
Onde dormir:
Nós optámos por um quarto em Airbnb, tendo sido a primeira cidade onde compensou o preço face aos hostels. Ficámos num condomínio com lavandaria, o que nos deu um jeitão. É importante escolherem um sítio próximo de uma estação de metro, porque este vai ser o meio de transporte utilizado na maioria dos trajetos. Convém que seja no centro, recomendando-se a linha vermelha.
Vale a pena?
É uma cidade capital, o que nem toda a gente gosta. Nós gostámos porque é uma cidade onde se pode fazer muita coisa, com diversos museus, parques urbanos fantásticos, história, edifícios monumentais, arquitetura, bons restaurantes, petiscos, etc. Gostamos de natureza, mas gostamos também de civilização, da vida que uma capital oferece. Uma vantagem comum a todas as capitais sul americanas que visitamos, incluindo Santiago, é a variedade de oferta e respetivos preços.
365 dias no mundo estiveram 8 dias em Santiago, de 8 a 15 de Abril de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: médio
Categorias: cidade, cultura, arquitetura, paisagem, património
Essencial: Plaza de Armas, Bellavista, Lastarria, Mercado Central, Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Museus DIBAM, Parque das Esculturas, Cerro San Cristobal, Cerro Santa Lucia
Estadia Recomendada: 5 dias
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