VALPARAÍSO – O PARAÍSO DA ARTE URBANA (CHILE)

Valparaíso é um destino a não perder a partir de Santiago. As cores, a história, a street art, a quantidade de miradouros e a proximidade do mar tornam esta cidade um encanto para todos.

Valparaíso começa por ser o porto da região, em 1544, após a fundação de Santiago, mas cidade mantém-se quase inabitada durante toda a época colonial. Isto deve-se aos desastres naturais e aos piratas o que leva à quase inexistência de edifícios da época. Ganhou alguma importância em 1848 até 1914, altura em que se dá a abertura do Canal de Panamá. Hoje, a jóia do pacífico, tem muita importância para os chilenos. É nesta cidade que ficam algumas das sedes de organismos administrativos, como a armada chilena, o congresso nacional, alguns serviços pesqueiros e o conselho nacional da cultura e artes.

Hoje, a jóia do pacífico, tem muita importância para os chilenos

A cidade é aconchegante, instalando-se maioritariamente em colinas (cerros), o que obriga a ter uns elevadores/funiculares para facilitarem a vida aos habitantes. É muito colorida, fruto da imigração, tal como o bairro La Boca em Buenos Aires (vejam ou revejam aqui). As casas foram construídas com material que sobrava dos navios e ainda hoje se tenta manter as ruas coloridas do passado como imagem de marca.

Dos 42 cerros que existem em Valparaíso, muitos são especiais. O cerro Barón tem o bairro homónimo, a igreja de San Francisco, universidades e serviços públicos. O cerro Concepción foi a casa dos imigrantes ingleses e alemães, sendo hoje uma atracção turística. O cerro Playa Ancha tem a Escuela Naval, o cemitério e o estádio. Em El Almendral estão os serviços públicos e o Congresso Nacional. A zona portuária tem hotéis e bares que antigamente serviam os marinheiros.

Valparaíso

O que fazer?

Aconselhamos vivamente que façam as Tour4tips, as duas, ou seja, a da manhã e a da tarde. Os guias foram diferentes, o da manhã, para a tour mais tradicional e mais focada na história, era chileno, e o da tarde, para a tour mais “outsider”, era americano. As duas tours têm o mesmo ponto de encontro. Estas tours enchem bastante, por isso a divisão não é feita só em inglês ou espanhol, mas também em vários grupos de cada língua. A Tour4tips acaba sempre com um miminho. Em Santiago parámos num restaurante junto ao cemitério para provar terremoto e em Valparaíso no edifício sede da empresa para um shot de outras bebidas típicas. Adicionalmente, na tour de Santiago o guia ofereceu-nos sopaipillas que comprou numa vendedora ambulante e em Valparaíso, na tour da tarde, um alfajor caseirinho.

Na mesma linha de Santiago, para quem gosta de Pablo Neruda, há na cidade uma casa dele, Casa Museo La Sebastiana, o preço é de 7.000 CLP (9,3€).

Recomendamos andar de ascensor, ou funicular. São 15 monumentos nacionais, unem a zona baixa da cidade à zona alta. A escolha do ascensor vai depender do destino pretendido.

Andar de trolebus, semelhante aos nossos elétricos de Lisboa. Tanto o ascensor como o trolebus não são caros. As Tour4tips percorrem quase todos os tipos de transportes públicos para poupar tempo e caminhada.

A praça principal é a Plaza Sotomayor, que fica ao nível do mar. Aqui encontram o Monumento a Los Heroes de Iquique, a Comandancia en Jefe de la Armada Nacional e o Consejo Nacional de la Cultura e las Artes. No dia em que fizemos a visita a Presidente do Chile, Michelle Bachelet, encontrava-se na cidade para assistir a um evento gastronómico que decorria na cidade. O dia oficial da cozinha chilena é o 15 de abril, mas este ano foi festejado no dia 12, quarta-feira. Havia uma tenda montada em frente ao edifício da armada e a entrada pareceu-nos livre, visto que até conseguimos entrar. Com o tema “A-Mar lo nuestro” a Asociación de Chefs, serviu miniaturas de pratos típicos do país. Havia desde caldos a sobremesas, com bom aspeto, mas como a confusão era tanta e já tínhamos almoçado, acabámos por desistir.

Ainda na linha do mar encontra-se a Plaza Echaurren, próxima da Iglesia de la Matriz, que foi a primeira igreja da cidade. O edifício já não é o original devido a terramotos e até a um ataque pirata, pelo famoso Francis Drake.

Já no topo da cidade, no cerro Alegre, temos a Plaza Bismarck, que simboliza a comunidade alemã. Permite uma vista panorâmica sobre a cidade. Esta zona tem atualmente muitos hotéis e restaurantes.

A antiga prisão utilizada durante os anos de ditadura é hoje um centro cultural, mas como continua a ser símbolo da opressão e censura, e até de mortes que decorreram durante os 17 anos do comando de Pinochet, ainda não é um sítio consensual. As pessoas como não esquecem que já tiveram ali entes queridos não conseguem frequentar a antiga prisão. Tem um teatro, oficinas, biblioteca, jardim, etc.

Imaginem acordar, irem à janela e verem as embarcações da armada chilena junto à costa, de canhões apontados à cidade

Do topo dos cerros consegue-se ver o mar e imaginar o ano de 1973, na manhã de 11 de setembro. Imaginem acordar, irem à janela e verem as embarcações da armada chilena junto à costa, de canhões apontados à cidade. Foi assim que começou o golpe de estado contra Salvador Allende, que apesar de ter nascido em Santiago, cresceu em Valparaíso. Falamos disso aqui, no artigo sobre Santiago.

Deve-se ir a Plaza El Descanso, uma praça muito colorida onde a juventude se junta. Os vizinhos pediram para que fosse fechada à noite porque juntavam-se ali grupos de jovens para fumar, beber e afins. Durante o dia é um espaço agradável para ler um livro, por exemplo.

Valparaíso é uma cidade muito forte na arte urbana, que eles chamam de movimiento de arte callejero. Há mais de 200 murais na cidade e muitos já são encomendados para prevenir o vandalismo nas paredes. Há um respeito muito grande entre artistas e ninguém estraga o mural de outro. Manter uma parede em branco aqui é difícil, portanto mais vale ceder a parede a um artista de street art, em vez de a ver vandalizada com assinaturas. Muitas das pinturas são políticas e outras tantas remetem aos mapuches.

Deve-se ir até à igreja luterana, no cerro Concepcion, pois foi a primeira igreja protestante na América, em 1858. A cidade tem também o primeiro banco, os primeiros bombeiros e a primeira bolsa da América latina.
Junto à igreja luterana fica a famosa escadaria do piano. São umas escadas convencionais, mas que foram pintadas para parecer um piano, em que cada degrau é uma tecla.

Valparaíso

Passar no Paseo Yugoslavo. Chegar lá de ascensor é fácil e custa 100 CLP (0,13€). É uma zona agradável para caminhar, com mais um miradouro. No passeio jugoslavo está localizado o Palacio Baburizza, no Cerro Alegre, convertido no Museo Municipal de Bellas Artes. Fecha à segunda-feira e custa 4.000 CLP (5,3€) para estrangeiros.

Passar no Paseo Gervasoni, no cerro Concepción, onde vão ver como ainda revestem as casas com as chapas, que são depois pintadas para manter a imagem de marca da cidade, as casas coloridas. Aqui vão encontrar vários hostéis e esplanadas.

Ir comprar alfajores ao senhor Sergio, na Pasaje Bavestrello. A Raquel não gosta de alfajores, mas estes são mesmo caseiros e encheram-lhe as medidas. Na Tour4tips da tarde recebem um grátis, como já dissemos, mas a maioria das pessoas acaba por comprar mais porque são mesmos bons. Sem tour é só chegar lá, procurar pelo sinal na porta, e bater.

Alfajores de Don Sergio

Museus, há alguns. Para além da casa de Neruda e o Museu de Belas Artes, referidos acima, existe ainda o Museo Maritimo Nacional (1.000CLP – 1,3€) e o Museo de História Natural de Valparaíso (grátis). A Villa Victoria custa 10.000CLP (13,3€), é um museu diferente, uma espécie de viagem no tempo. A casa está toda restaurada como na época e são recebidos por pessoas que utilizam trajes da altura. Não fomos por falta de tempo, mas pelas críticas do Tripadvisor vale a pena. Não vos sabemos dizer se o preço inclui um lanche de chá e bolos, mas pelos comentários parece que sim. As tours são personalizadas e sob marcação, de segunda a sexta-feira, às 11h da manhã. A marcação é feita por e-mail para info@villavictoria.cl com pelo menos um dia de antecedência.

Onde comer?

Sem dúvida nenhuma no El Guaton. É fast food, mas em proporções gigantes, com uma relação qualidade/preço ótima. Pedimos uma sanduiche El Guaton para os dois e uma porção de batatas para a mesa de 4, tendo ainda sobrado batatas.
A tour vai recomendar o Dinamarca, mas é caro.
Gelados, já sabem, na Emporio La Rosa.
Podem fazer uma aula de culinária que acaba com refeição. A Chilean Cuisine começa com uma ida ao mercado, seguida da confeção de alguns pratos típicos, finalizando com a degustação das iguarias, acompanhadas de vinhos chilenos. Custa 40.000 CLP (53€).

Sanduiche “El Guaton” em frente à Raquel, que está com a Natalie, da Alemanha

Como chegar:

Para chegar a Valparaíso a partir de Santiago o processo é exatamente igual ao de Viña del Mar, mudando apenas o destino no bilhete. Vejam aqui como fizemos.
Não referimos no artigo anterior sobre Viña del Mar a opção de alugar carro porque não compensa para um casal. O percurso tem portagens, o aluguer no Chile é caro e acaba-se por demorar quase o mesmo tempo a fazer o percurso.

Vale a pena?

Por estar tão perto de Santiago é, sem dúvida, uma cidade a não perder. E provavelmente merece pelo menos dois dias. É uma cidade fresca, jovem, irreverente. Tem muita história e é um paraíso para artistas.

365 dias no mundo estiveram 1 dia em Valparaíso, a 12 de Abril de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: médio
Categorias: cidade, cultura, arquitetura, praia, arte urbana, história
Essencial: Cerros, funiculares, Plaza Sotomayor, Plaza Bismarck, escadaria do piano, Paseo Gervasoni,
Estadia Recomendada: 2 dias

Valparaíso
Valparaíso
Valparaíso

Este artigo pode conter links afiliados.

Partilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Indice

Mais artigos

América do Sul

O QUE FAZER EM BOGOTÁ (COLÔMBIA)

Bogota tem vida e merece ser conhecida. Observem os grafittis, as casas coloniais, subam a Monserrate, apreciem os vendedores de esmeraldas, mas deambulem pela cidade.

Ler Mais »