Saímos de La Paz para Copacabana na Titicaca tours. O autocarro era razoável, mas estava longe de ser fantástico. Não nos habituamos a não ter cinto e à moda de ouvir música ou ver vídeos sem auscultadores.
O plano não era ter seguido logo para Puno, tínhamos pensado parar no Lago Titicaca, do lado boliviano, e ficar umas noites nas ilhas del Sol e de la Luna. Ainda em La Paz, ouvimos dizer que a zona norte da Isla del Sol estava fechada, tendo o nosso alojamento confirmado com um cancelamento no dia anterior à reserva. Ainda podíamos ir ao lado sul, mas achámos que não se justificava para ver só metade. Há mais para ver nesta região, como a Isla de la Luna, mas o que a torna famosa é o lado norte da Isla del Sol, a que se encontrava encerrada.
Mas dólares são dólares e há sempre quem aceite dólares
Assim, decidimos que seguiríamos direto de Copacabana para Puno, já no Perú. Não lemos em lado nenhum, portanto não estávamos a contar que tivéssemos de atravessar o Lago Titicaca de barco e isso nos custasse 2 pesos bolivianos (0,25€), dinheiro que, apesar de pouco, já não tínhamos, porque trocámos tudo para dólares. Mas dólares são dólares e há sempre quem aceite dólares. É estranho ver como os autocarros atravessam, mas pelos vistos é seguro. Os passageiros seguem em pequenas lanchas e o autocarro segue numas balsas só com as bagagens.
Chegados a Copacabana, aproveitámos para almoçar barato num verdadeiro tasco. Na mesma sala onde minutos antes se faziam tranças às pequenas, serviram-nos o almoço. Não foi a nossa melhor refeição, os pratos eram todos instantâneos, mas para o preço não nos podemos queixar (3 USD/pessoa para uma refeição de sopa, prato principal e sobremesa). Copacabana pareceu-nos ser altamente comercial, nada de especial, apenas uma porta de entrada para as ilhas do sol e da lua.
Os proprietários do restaurante lá nos explicaram a razão por que parte da ilha se encontra encerrada. A comunidade (as ilhas “pertencem” às comunidades indígenas) zangou-se porque, após serem avisados, uma das casas que o governo considera ilegais foi demolida. Insatisfeitos com a decisão, os habitantes fecharam a zona norte da ilha, proibindo quaisquer barcos de atracarem desse lado. É possível chegar pela zona sul, mas seriam 4 horas de caminhada que os locais não recomendam. Fica para uma próxima viagem.
Partindo de Copacabana, na mesma companhia, a fronteira está a 15 minutos e a passagem foi feita a pé. Não há revistas, não há grande logística, bastando entregar passaportes e formulários e está feito. Puno já é completamente diferente da Bolívia, mesmo sendo ali tão perto. A noção de turismo e exploração do negócio é mais profissional, com souvenirs para todos os gostos.
O Lago Titicaca é a maior reserva de água doce em altitude. Fica dividido entre o Peru e a Bolívia, que pela proximidade partilham algumas tradições culturais.
O que fazer?
Caminhar pela cidade, principalmente pela rua pedonal, onde encontram as maiores agências de tours, restaurantes e lojas de souvenirs.
Ir até à estação de comboios, onde podem procurar trajetos para outras cidades do Perú, podendo ser uma forma interessante de viajar, apesar de na altura em que estivemos por lá serem caras, turísticas e funcionando apenas em certos períodos do ano.
Subir o cerro Huajsapata e ver a estátua de Manco Capac, fundador do império inca. Tenham cuidado na subida, vão durante o dia, e não valorizem o fato de ser utilizado pelos jovens como lugar para beber e afins.
Ver a catedral basílica de San Carlos Borromeo, do século XVII. Tivemos a sorte de no domingo assistir a um evento que envolvia uma parada do exército, polícia e alunos das faculdades, tudo em formatura na praça da catedral, acompanhados de banda.
Ir às ilhas flutuantes de Uros (islas flotantes de los uros). É imperdível pela particularidade de serem ilhas artificiais, mas tem de ser uma experiência vivida sem demasiadas expetativas. Deverão ter cuidado com o preço que vos cobram. O tour em agência custa 25 PEN (6,5€) e vão-vos buscar e levar ao hostel. Mas, no porto, custa 10+5 PEN de entrada na ilha (as ilhas pertencem à comunidade, que cobra portagem). Poderão caminhar até ao porto, cerca de 20 minutos a pé do centro, ou apanhar um mototáxi ou táxi regular, com preços diferentes, mas fica sempre mais barato chegar ao porto e a partir de lá comprarem o bilhete para as ilhas. Cada barco segue para uma ilha em específico, com um guia, onde o chefe local apresenta a cultura, língua e artesanato local. Já é mais uma troca comercial do que uma experiência cultural, mas falaremos sobre isso noutro post.
Ir à ilha Taquille. Vai-se de barco, tem algumas ruínas pré-incas, e foi utilizada como prisão no tempo colonial. Hoje em dia mantém algumas tradições andinas que apresentam aos turistas.
Ir até ao lago. Pelo menos observar as margens, se não quiserem visitar uma das ilhas.
Ir ao mercado, circular pela rua pedonal, e comprar fruta, quinoa ou maca.
Andar de mototaxi. É barato e vale a viagem, principalmente se estiver a chover.
Ir até Chucuito. A 18km de Puno, foi a cidade de recolha de impostos durante a colonização. Tem uma zona arqueológica e os viveiros das trutas, a iguaria da região.
Onde dormir?
O hostel onde ficámos (Puno Hostel) pertence a um grupo que tem outros dois. O grupo não é mau, os funcionários são simpáticos e se o wi-fi não funcionar num dos hostels, o que nos aconteceu, podem ir até outro e utilizar a internet sem restrições. A cozinha era razoável, o que nos fez cozinhar sempre por lá.
Vale a pena?
É difícil dizer. A cidade é pequena e tem pouco que fazer, portanto se não forem a Uros acaba por não valer a pena porque existem cidades muito mais interessantes no Peru. Nós não ficamos maravilhados com Uros, apesar de ser uma visita interessante. No entanto, conhecemos pessoas que adoraram e, nesse caso, cortar Puno seria um erro. Pode é ser feito num só dia, ou seja, chegar de manhã a Puno, ir a Uros, e ir no autocarro noturno para outra cidade, como Cusco ou Arequipa.
365 dias no mundo estiveram 2 dias em Puno, de 28 a 30 de Abril de 2017
Classificação: ♥ ♥
Preços: económico
Categorias: cidade, cultura, história, lagos
Essencial: Islas Flotantes de los Uros, catedral, cerro Huajsapata, lago Titicaca
Estadia Recomendada: 2 dias
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