ILHAS FLUTUANTES DE UROS (PERÚ)

87 ilhas artificias construídas na maior reserva de água doce em altitude. Vale a pena conhecer? Nós contamos a nossa experiência.

As ilhas flutuantes podem ser uma grande atração turística, mas depende dos olhos de quem vê. Para alguns será só um sítio húmido, diferente, mas gerido para agradar ao turista, para outros será interessante para perceber outra forma de viver em comunidade.

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Quem investiga um pouco mais, descobre que as ilhas já foram habitadas dia e noite, mas, na sua maioria, já não o são. Hoje, precisamente pela humidade, que traz problemas de saúde como o reumatismo, queixam-se eles, abandonaram as ilhas e só lá estão durante o dia para receber o turista. Logo por aí, a experiência que providenciam não é de todo a real, mas sim criada para seduzir o turista, que se sente a experenciar a ilha como um verdadeiro habitante do lago.

Como explicámos aqui, chega-se de barco (10 PEN) e é cobrada uma portagem à entrada (5 PEN). Começam por ensinar os cumprimentos, para que possamos responder em Aymara, uma das línguas nativas andina, reconhecida oficialmente no Peru e Bolívia.

Kamisaraki – como estás?
Waliky – estou bem

Cada guia leva-nos a uma ilha em especifico, do total de 87, e apresenta o presidente. Nós fomos para uma ilha que tinha uma presidente, jovem, que preside entre 5 a 6 famílias. A visita começa com uma explicação sobre o lago Titikaka e a pronuncia certa da palavra (não se pronuncia Titicaca). Falam-nos das diferentes línguas, como o quéchua, aymara e o espanhol. Explicam que 60% do lago pertence ao Peru e apenas o restante à Bolívia. Depois, há um momento cultural em que chamam senhoras e crianças para nos cantarem músicas do mundo. A intenção é mostrarem-nos que há uma preocupação em receber bem, tendo cantado em inglês, francês e alemão.

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A parte realmente interessante da visita é quando explicam como se constroem as ilhas, já que são completamente artificiais. A explicação é feita com uma pequena maquete, o que ajuda imenso a perceber. A ilha é feita em totora, eles procuram zonas onde existem as raízes e arrastam-nas para zonas de profundidade menor. Os blocos de cerca de 5 metros são unidos com fio, formando blocos maiores. Coloca-se uma camada de totora fresca por cima, entrelaçada. Regularmente precisam de acrescentar camadas novas à superfície, porque, como não é difícil de perceber, as camadas inferiores vão apodrecendo com a humidade.

Comparam a totora à banana, e mostram-nos como pode ser comida depois de “descascada”.

Nas zonas onde são construídas as casas é acrescentada uma camada maior para dar altura e, na cozinha, colocam-se pedras por baixo para evitar os incêndios. Somos convidados a circular pela ilha, onde já estão colocadas bancadas de artesanato. A ilha é pequena e grande parte estava “desarrumada”, por isso a circulação é feita pela zona das bancadas onde elas nos tentam convencer a comprar, fazendo aquele olhar de “gato das botas”. Vendem pulseiras, miniaturas dos barcos, fios, porta-chaves, entre outras coisas. Não falam muito espanhol, mas sabem dizer “ajuda” e “compra”.

A parte final é o passeio nos barcos típicos, que tem um custo extra de 10 PEN (2,6€). Felizmente, fomos com um grupo muito jovem e assim conseguimos não ser os únicos a abdicar do passeio. As crianças são ensinadas a dar a mão ao turista e puxá-lo até ao barco. As crianças são ou não são o melhor do mundo? Quem lhes consegue dizer que não?

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Já soubemos que o ano passado houve quem viajasse no barco sem ser rebocado, mas este ano o barco foi empurrado por um barco a motor. Fazem uma volta pelo lago durante 20 minutos e reencontramo-nos todos na última paragem, a ilha que é hotel/bar/restaurante. Há a possibilidade de dormir nas ilhas, para quem queira uma “verdadeira” experiência nas islas flotantes. Existe uma casa de banho, semelhante às portáteis de festivais e o bar/restaurante.

Sentimos que a partir do momento em que recusámos andar de barco fomos “descriminados” e considerados maus clientes. Nada difícil de lidar.

Vale a pena?

Em que outra parte do mundo poderão pisar ilhas completamente artificiais construídas de forma tão rustica? Só por aí vale sempre a pena. O que nos incomoda é como uma atividade que por si só já é uma atração se pode transformar numa coisa tão turística, ao ponto de tocar quase no desagradável. É preciso saber dizer que não ou então sairão da ilha com a carteira depenada. Apesar de inicialmente termos colocado a hipótese de dormir numa das ilhas, ficámos contentes por ter mudado de ideias.

365 dias no mundo estiveram 2 dias em Puno, de 28 a 30 de Abril de 2017


Classificação: ♥ ♥
Preços: económico
Categorias: cidade, cultura, história, lagos
Essencial: Islas Flotantes de los Uros, catedral, cerro Huajsapata, lago Titicaca
Estadia Recomendada: 2 dias

Mais sobre Puno AQUI

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2 respostas

  1. Convém alertar os Uros, quando vendem artesanato aos turistas, evitem usar sacos plásticos porque vi muitos plásticos a flutuar no lago e não gostei.
    Mas gostei muito de visitar o Lago Titicaca e fui muito bem recebida por eles.

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