O Perú é um país imenso, como a maioria dos países da américa do sul. Paracas e Huacachina não faziam parte da nossa lista inicial, mas gerindo melhor alguns dias e seguindo a sugestão de um amigo, o Tiago descobriu que estas cidades eram interessantes e poderiam merecer uma estadia, nem que fosse muito curta. Paracas não é uma cidade muito grande, mas é bastante agradável. A zona da marina, mais turística, possui todos os atrativos das regiões à beira-mar piscatórias: peixe fresco, mariscos, passeios de barco, barraquinhas de souvenirs e artigos de praia. A cidade tem um clima agradável, ou não fosse uma zona balnear.
A cidade ainda está a recuperar do terramoto de 2007, a tentar crescer como uma zona de praia, com alguns resorts e condomínios a instalarem-se na região. A sua reserva nacional é de máxima importância devido à sua variedade de aves e de plâncton. O seu deserto estende-se até ao Chile, daí que a viagem possua paisagens semelhantes às vistas no Atacama. Nós estivemos menos de 24h na cidade e tentámos gerir o melhor possível o nosso tempo.
Chegámos mais uma vez na Cruz del Sur e foi também nesta companhia que partimos. O terminal, apesar de recente e atraente, com uma esplanada e jardim, acaba por estar um pouco parado devido ao fluxo diminuto de viagens. A loja de souvenirs, apesar de ter bastantes coisas interessantes, estava fechada, agravando a seca na espera pelo nosso autocarro.
O que fazer:
Próximo de Paracas, a maior atração são as linhas de Nazca, que na verdade é a atração de todas as cidades que rodeiam a zona. Os passeios de barco também são muito procurados, com saída do centro do Paracas.
As linhas de Nazca são património da humanidade desde 1994. São desenhos feitos por uma antiga civilização da região, no chão, através da remoção de pedras, deixando o solo mais claro a descoberto. Os desenhos vão desde figuras geométricas a representações de animais e não se sabe o seu significado. Estão preservadas (apesar de se pensar que têm cerca de 1500 anos) pelas condições climatéricas da região, um clima seco e sem vento. Para ver as linhas pode-se ir da forma mais publicitada, por via área. Dizem que de aeronave pode ser enjoativo porque é necessário fazer algumas manobras para que os passageiros tenham visibilidade. Não fomos, porque para além da falta de tempo, ficámos na dúvida de que nos maravilhasse. Além de que não são assim tão perto, tornando-se uma atividade de um dia inteiro.
Ir ao parque nacional (Reserva Nacional de Paracas), o que nós fizemos com um guia holandês em autocarro, mas vimos quem o fizesse de bicicleta. Escolhemos a opção mais barata, tendo custado 30 PEN (7,8€) por pessoa, depois de sondar os preços de toda a marina. Conseguimos que nos levassem com as mochilas e no regresso nos deixassem no terminal, visto estarmos com o horário apertado. Começou como todos os tours, recolha de passageiros pelas diversas empresas, daí a importância de às vezes não pagar muito mais, porque o serviço é exatamente o mesmo. O guia explicou o tour, as diversas paragens e a passagem pelo Centro de Interpretação, onde nos dão várias explicações sobre a fauna e flora. É impressionante ler que o Peru está situado numa das zonas de maior biodiversidade do nosso planeta.
Há um museu, pago à parte (Museo Julio C. Tello) e uma praia onde se podem ver os flamingos. É dentro do parque que está o candelabro, que pode ser visitado em tours de autocarro, mais longas. É engraçado quando nos explicam que Paracas significa chuva de areia em quéchua e logo de seguida começamos a experimentar essa tal chuva. O guia diz que a região não é sempre ventosa, mas que as tempestades de areia duram alguns dias e estamos a meio de uma.
Parámos em várias praias e miradouros, inclusive na formação rochosa mais famosa, que já se desfez, a Catedral. No miradouro é possível ver como era e comparar com o aspeto atual. Não se pode ir à maioria das praias do tour (Playas Yumake, Roja e Lagunilla), mas apenas às da zona do porto, junto aos restaurantes onde se pára para almoçar. O porto é pequeno, com 4 restaurantes, balneários e duas praias. O ideal é almoçar numa esplanada para ver os pelicanos e os leões marinhos (que são poucos). O tour inclui tempo para subir os passadiços e ver a vista do topo do cerro. Também podem optar por relaxar um pouco na praia.
A atividade mais concorrida é, sem dúvida, passear de barco. A zona de embarque no porto está sempre a abarrotar de famílias ansiosas pelo seu passeio. Pode-se ir às Islas Ballestas, passeio que inclui a passagem pelo Candelabro, mais um geoglifo, como as linhas de Nazca. Deve-se ir do lado esquerdo para ter a melhor visão. Dizem que para quem não quer gastar dinheiro para ir às linhas de Nazca ver o candelabro é uma boa alternativa. Nós não fomos porque leões marinhos já vimos em vários locais (Cabo Polonia, Ushuaia e Puerto Madryn). Agora, a expetativa com leões marinhos está toda depositada nas Galápagos. É possível combinar num único dia a ida às ilhas e à reserva. Apesar de ser uma boa solução para quem não tem muito tempo, parece-nos desgastante.
Onde dormir:
O Paracas Camp Backpackers foi o primeiro sítio onde fomos tratados como clientes genius do Booking, tendo-nos custado apenas 51 PEN (13,3€) para 2 pessoas em quarto privado. Foram-nos buscar ao terminal, deixaram-nos na cidade para jantar e mais tarde apanharam-nos para nos levar até ao hostel, onde tivemos direito a uma bebida de cortesia. O espaço não é muito grande, mas merece uma estadia mais longa do que só uma noite, como nós fizemos. Tem camas de redes, uma piscina e é sossegado. Os quartos são confortáveis sendo o único ponto “negativo” o WC partilhado, a uns passos do quarto. Incluía o pequeno almoço, que não era fantástico, mas simples e satisfatório. O dono do hostel é uma pessoa muito simpática, culta, com quem se consegue ter uma conversa bastante agradável. Lá encontrámos um casal holandês em que ela viveu nos arredores do Porto. Apesar do seu português estar enferrujado, foi agradável conversar em português com alguém de fora.
Onde comer:
Nós fomos jantar à beira mar, no restaurante Karamba. Um espaço pequeno na esquina. Não podemos dizer que tenha sido barato, mas pelo menos comemos bem. O dono do restaurante grelhou peixe e choco no momento.
O almoço foi mais caro, a meio do tour pelo parque, no porto, restaurante Sol de Oro. O prato de ceviche, que pedimos depois, e o de arroz com marisco, podiam ser partilhados, mas as vieiras, que pedimos inicialmente, eram apenas para petisco, insuficientes para dois. A comida estava bem confecionada e ainda conseguimos receber dois piscos sour de cortesia para cada um. Este restaurante foi sugerido pelo guia.
Vale a pena?
Depois de Cusco e de toda a agitação anterior, Paracas é destino que merece uns dias para dar descanso ao viajante. É a primeira praia que vemos em muito tempo e com um bom ambiente.
Vale a pena, mesmo que não se queira fazer atividade nenhuma e se queira apenas ficar num hostel como o nosso, a descansar na piscina e nas camas de rede.
365 dias no mundo estiveram 1 dia em Paracas, de 11 a 12 de Maio de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: económico
Categorias: praia, relax, passeios, natureza, deserto
Essencial: linhas de Nazca, passeios de barco, Candelabro, Reserva Nacional de Paracas, Museo Julio C. Tello
Estadia Recomendada: 2 dias
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