TRUJILLO – ADEUS PERÚ

A nossa última paragem antes da fronteira com o Equador. Não fazíamos ideia da riqueza desta região em ruínas pré-incas.

Chegámos de manhã e fomos de táxi até ao hostel, onde o motorista nos informou de imediato que era uma zona perigosa de noite. Quem faz as escolhas é o Tiago e, devido ao nosso budget diário para dormida, calhamos em sítios de qualidade reduzida muitas vezes.

Porque parámos em Trujillo? Trujillo é uma cidade costeira com um destino famoso para surf, Huanchaco, para além de ter várias ruínas pré-incas, como as da civilização chimu e a moche. Para nós fez sentido parar antes de seguir para o Equador, a viagem sem esta paragem seria demasiado longa.

Trujillo é famosa pelas atividades culturais, sendo chamada de Capital Cultural do Perú. Há duas festas famosas, como a Primavera e a Marinera. O festival Marinera envolve pares de dança e baile e o Primavera envolve um pouco de tudo. O trânsito é pesado, é das cidades com mais habitantes, tem um ar decadente, poluído, mas com um certo charme histórico.

As ruínas são a grande atração de Trujillo. O Perú tem esta característica fantástica do sul ao norte, passando pelo interior, tem sempre coisas para ver, há um pouco de tudo, e para quem gosta de história e civilizações antigas, tem muito mais do que apenas os incas. Este é o último artigo no Perú e podem acreditar que ficou muito por fazer, como por exemplo ir à floresta amazónia.

O que fazer

Ir à praia. Huanchaco não é uma praia paradisíaca, mas é um spot para o surf, procurada tanto por nacionais como estrangeiros.

Pontão de Huanchaco

Tem um pontão com entrada paga, mas grátis ao fim do dia ou sempre que o cobrador se ausenta. Vale a pena passear pelo pontão, principalmente para ver o pôr-do-sol e a técnica de pesca. Vêem-se famílias inteiras a pescar com linha, mas que prendem ao dedo. A técnica é famosa e resulta, porque alguns despedem-se com o futuro jantar num balde. A praia, como já dissemos, não é fantástica, mas ganhou fama graças aos “caballitos de totora”, umas embarcações tipo canoas artesanais, feitas por pescadores, que estão agrupadas na praia, sendo a sua imagem de marca.

Trujillo Perú
Os “caballitos de totora”

A região tem a fama de ter criado o surf. Para ir à praia deve-se apanhar o autocarro A ou ♥H (é mesmo um coração) para Huanchaco, custando apenas 1,5 PEN (0,39€) Estes autocarros passam nas ruínas de Chan Chan.

Trujillo Perú
Terá o surf sido criado em Huanchaco?

Ir à Plaza de Armas, que, como habitualmente, concentra a Catedral, a Municipalidad e mais alguns órgãos públicos. A praça é ampla, é o local onde se concentram os turistas para fotos e acaba por ter menos trânsito que a entrada da cidade.

Trujillo Perú

Ir a Chan Chan, património da Unesco desde 1986. Chan Chan, as ruínas da civilização chimu, tem fama de ser a maior cidade de barro da américa pré-hispânica. As ruínas foram descobertas e nunca se conseguiu proteger toda a área, principalmente devido ao clima, mas também porque parte da zona está tomada como terreno agrícola e até a estrada atravessa as escavações. Chan Chan não tem cor mas possui imensos elementos decorativos em relevo que remetem para a terra, o ar e mar, o que faz sentido se pensarmos que se trata de uma zona costeira. Vale a pena ir ao museu, principalmente porque o preço das ruínas inclui esta entrada. Custa 10 PEN (2,6€) e o desconto para estudantes é de 50%, aceitando também o ISIC.

Trujillo Perú

Nós fomos em tour, o que traz a vantagem de incluir o guia. Como alternativa, podem apanhar um dos autocarros referidos em cima. Deve-se sair quando virem as ruínas à esquerda. Os micros (ou autocarros) para quem conhece Angola são iguais aos candongueiros. Para quem não conhece não há outro termo de comparação: são velhos, estão desfeitos e avariam com facilidade. O nosso pifou numa lomba gigante, ficou sem travões e tivemos que trocar para outro. Outra solução é ir de táxi ou de colectivo, que são carros ligeiros que fazem o mesmo percurso e, apesar de serem de 5 lugares, rapidamente percebemos que cabem bem mais. Não escolham o lugar da frente nos carros ligeiros, têm que caber pelo menos duas pessoas.

Ir à Huaca del Sol y de la Luna, cultura moche. São dois templos separados por alguns metros, situados a 8km de Trujillo. A huaca del sol era o centro administrativo da capital moche e a huaca de la luna era a zona sagrada, o templo. Entre as duas encontravam-se as casas, ruas e praças. A huaca de la luna conta com três plataformas, quatro praças cerimoniais e seis templos construídos sempre por cima do anterior. É incrível ver a preservação do revestimento das paredes. A a cor manteve-se, principalmente pela forma como fecham o templo anterior, enterrando os sacerdotes e usando blocos para fechar aquele ciclo, passando depois o templo seguinte a ser construído por cima. Esta forma de construir tornou o edifício resistente a sismos.

Trujillo Perú
Trujillo Perú

Os desenhos variam de piso para piso, havendo alguns elementos comuns. Demonstram as lutas entre guerreiros e representam a lenda da criação do local. “Reza” a lenda que dois irmãos encontraram uma serpente de duas cabeças, maravilhados com a criatura levam-na consigo. A serpente não pára de crescer e os vizinhos, assustados, exigem que os irmãos se livrem da sua mascote. Ao ver-se abandonada, a serpente retorna, furiosa, e maior, pois comeu tudo o que encontrou no caminho, e encontra os antigos donos e todo o povo escondido no Cerro Blanco, a montanha junto às huacas. Quando os tenta comer a montanha abre-se, engole a serpente, e fecha-se de novo. O povo para festejar constrói o templo. O templo sagrado é o local onde se faziam os sacrifícios, onde o guerreiro que perdia era drogado com uma infusão de San Pedro e degolado. A Huaca custa 10 PEN, o museu não está incluído e custa mais 5 PEN, mas o tour só permite 15 minutos para ver o museu. Uma alternativa é ir de autocarro (1,5 PEN) e depois chegar à Huaca e contratar um guia à porta que trabalha à base de gorjetas.

Nós fizemos o Tour Moche, reservado numa agência na Plaza de Armas. Parámos numa doceria onde provámos King Kong, o Tiago provou a dobrar porque era demasiado doce para a Raquel. Funciona quase como uma galeria com peças em exposição, tanto antigas como recentes. Algumas até bizarras.

Trujillo Perú

Parámos num atelier de artesanato. Usam moldes de argila para fazer as estátuas de acordo com as da época pré-inca. As cores são dadas à peça através de argila de cores, passa-se com uma pedra para dar brilho e vai ao forno a lenha, que atinge 1000ºC, durante 3h. No fundo, no fundo, é uma explicação a uma velocidade alucinante sobre como se fazem as réplicas do tempo moche e depois começa a tentativa de nos fazer comprar uma peça. O nosso tour levou-nos a Chan Chan, Huaca Arco-Iris e à Huaca del Sol y de la Luna. Ao almoço trouxeram-nos à cidade e quiseram convencer-nos a almoçar num sítio que achámos caro. Juntamente com um casal suíço, mudámos para um restaurante chinês muito mais em conta.

Trujillo Perú

Ir ao Complejo Arqueologico El Brujo. Faz parte deste complexo o Museo Cao, que inclui a múmia da primeira rainha peruana pré-hispânica, descoberta em 2005. A entrada é também de 10 PEN, com desconto de 50% para estudantes. Nós a este não fomos porque fica bastante afastado da cidade, sendo preferível ir em tour.

Ir a Huaca Arco-íris ou Huaca El Dragon É das mais pequenas e no nosso caso estava incluída no tour. Os relevos são impressionantes porque na maioria estão muito bem preservados. Pertence a Chan Chan. Dizem que se chama El Dragon pelos desenhos de dragões, mas os arqueólogos dizem que são cavalos marinhos.

Alguns dos bilhetes são combinados por complexo arqueológico: Complejo Arqueologico de Chan Chan (Chan Chan, Museo de Sitio, Huaca Arco-Iris e Huaca Esmeralda) e Complejo Arqueologico El Brujo (Museo Cao, Huaca Cao Vieja, Huaca Prieta, Huaca Cortada e o complexo).

Onde dormir:

Apesar do taxista nos ter alertado, não tivemos problemas com a zona. Viemos sempre de táxi até à rua principal e depois a pé até ao hostel. O Hostal Orquideas era limpo, silencioso e o pessoal simpático.

Muita gente prefere dormir em Huanchaco e aí pareceu-nos haver boas opções. Ficar na praia não é um problema porque há muitos transportes para Trujillo e vice-versa.

Onde comer:

No primeiro dia dormimos um pouco e à hora de almoço seguimos para o centro onde almoçámos. Fomos a um restaurante de salada e sandes, a Jugueria La Buena Pulpa, e pedimos duas saladas César. Eram boas, mas traziam cada uma a sua lagarta.

Em Huanchaco jantámos no Jungle Bar Billy e valeu a pena. Pedimos um prato combinado de ceviche, chicharrones e arroz de marisco por 35 PEN (9,18€) e foi o suficiente para os dois.

Vale a pena conhecer Trujillo?

Pela cultura vale, sem dúvida, sem nunca esquecer que é uma cidade demasiado lotada para a sua estrutura. Sem retirar o mérito aos incas, pensamos que as civilizações Chimu e Moche têm muitos mais atrativos e confessamos que em termos construtivos nos seduziram mais, principalmente quando as encaixamos no tempo. Como destino de praia não nos seduziu.

365 dias no mundo estiveram 2 dias em Trujillo, de 15 a 17 de Maio de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥
Preços: económico
Categorias: praia, história, civilização pré-inca, chamu, moche
Essencial: Chan Chan, Huaca del Sol e de la Luna, Museo Cao, Huanchaco               Estadia Recomendada: 2 dias

Sabiam que existe uma cidade homónima em Espanha? Escrevemos sobre ela aqui.

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