Entramos no Peru pela Bolívia, a primeira fronteira que fizemos a pé, como podem ler aqui. Tal como dissemos, já estávamos aborrecidos, e um momento que teria sido desfrutável, tornou-se um drama no meio de impressos para preencher, informações incorretas ou incompletas e frustração por não termos conseguido ir à Isla del Sol. Todos estes momentos ajudaram a encher o saco e a diminuir a tolerância a um processo que até nem foi o pior de toda a viagem. Deram-nos um impresso para preencher ainda no autocarro, simples, mais para perguntar a nossa origem e onde iríamos ficar. Assim que entregámos os impressos referentes à saída da Bolívia avançámos a pé até ao Perú, onde há um ótimo spot para fotos, o logótipo gigante do país. É facilmente identificável pelo aglomerado de gente que faz o mesmo: tirar ou posar para fotos. Felizmente, não fomos obrigados a tirar as mochilas e atravessar com toda a bagagem às costas, como noutras fronteiras mais a norte, mas lá chegaremos. O passageiro vai a pé e as malas ficam no autocarro. As malas nunca saíram do autocarro e não houve revistas.
Chegado ao porto fronteiriço do Perú, o processo torna-se demorado pela quantidade de pessoas que estão a aguardar a vez. Os primeiros a sair do autocarro despacham-se primeiro, mas não podem partir sem os restantes passageiros. Depende, claro, da quantidade de autocarros no momento. Chegada a nossa vez na fila, recebemos o carimbo no passaporte. Sem grandes perguntas nem revistas, o processo foi bastante simples. Como somos dois, há sempre um que se despacha primeiro, parecendo que o outro está a demorar imenso tempo, criando aquela ansiedade de que pode estar a haver algum problema. As fronteiras, apesar de cada vez mais serem um processo simples, ainda são o que nos separa de uma entrada pacifica ou uma proibição de entrada, quebrando todas as expectativas, indo em minutos do sonho ao pesadelo. Não vimos em cinco meses ser recusada entrada a ninguém, mas nunca se sabe. Na estrada há várias casas de câmbio para quem quiser trocar logo ali o dinheiro.
Para sair do país saímos de autocarro da Cruz del Sur de Trujillo à uma da manhã, num terminal numa zona próxima do centro, mas nem por isso numa zona que possa ser classificada melhor do que manhosa. O terminal era pequeno, com algumas cadeiras danificadas, e que enche rápido, apesar de falarmos de partidas já de madrugada. Esta companhia tem a vantagem de guardar a bagagem dos passageiros do dia, evitando o uso de salas de guardas de bagagens, que geralmente são caras e nem sempre seguras (já ouvimos falar do desaparecimento misterioso de mochilas gigantes).
Chegámos à fronteira, em Tumbes, depois do almoço. A fronteira de Aguas Verdes, ainda no Perú, tem fama de ser perigosa, e já foi apelidada como a mais perigosa da américa do sul, mas sabíamos que a viagem pela Cruz del Sur é pacífica. Torna-se complicada quando a malta viaja em autocarros que não atravessam a fronteira e precisam de repartir a viagem em troços até Tumbes, daí até ao Equador, por exemplo Huaquillas, e daí até outra zona do país. A Cruz del Sur faz a viagem direta para Guayaquil, mas não diariamente, o que nos limitou a agenda.
Existem dois edifícios. O primeiro edifício apenas é usado como passagem dos passageiros enquanto há escolha aleatória de bagagens para revista. Escolhem três ou quatro malas, procuram pelos passageiros e pedem para abrir. No segundo edifício é o controlo migratório. O edifício era único e havia uma fila para sair do Perú e uma para entrar no Equador. A saída do Perú foi fácil, após a entrega do formulário há novo carimbo, desta vez de saída. Sem complicações.
365 dias no mundo atravessaram a fronteira da Bolívia para o Perú no dia 28 de Abril de 2017 e do Perú para o Equador no dia 18 de Maio de 2017
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