Desde que Darwin encontrou este arquipélago e relatou histórias maravilhosas desta terra encantada que todos sonhamos por lá passar. Certamente pelas imagens das iguanas e tartarugas gigantes, mas também pela cor do mar, nós não somos exceção. E, se não conseguimos ir à ilha da Páscoa, das Galápagos já não podíamos prescindir.
A famosa teoria da evolução foi escrita por Darwin após estudar alguns dos animais deste arquipélago. A fauna e flora das ilhas são muito peculiares e encheram as páginas dos nossos livros de ciências.
Quando se fala nas Galápagos toda a gente fala no sonho, impossível de visitar, porque é demasiado caro. Mas será? Quando se fala do preço de um destino temos de perceber várias coisas que definem se algo é caro ou não. As Galápagos são um conjunto de ilhas que têm várias espécies de animais e plantas que não existem em mais nenhuma parte do planeta. Durante muito tempo as ilhas não foram habitadas, algumas ainda hoje não o são, o que permitiu a criação de um ecossistema sem igual. Haverá poucos locais onde a introdução de novas espécies de seres vivos tenha produzido alterações tão catastróficas como ali. Um acesso fácil e barato implicará um aumento da poluição, da pegada humana, a necessidade de um controlo mais rigoroso na entrada nas ilhas para verificar bagagens, um aumento de oferta para corresponder ao aumento de turistas, um aumento na importação de alimentos que não se produzem nas ilhas, mas que são indispensáveis, um aumento na formação dos residentes e turistas para preservação da natureza, etc.. Assim, se o objetivo acaba por ser tornar este destino um local mais inacessível, para que a natureza se preserve e seja sustentável, será que podemos dizer que é caro? Quanto custa evitar a extinção de tantas espécies que habitam aquelas ilhas? Monetariamente falando, é caro, principalmente para a generalidade dos portugueses, mas não será demasiado caro para nórdicos ou australianos. Para um equatoriano até é barato, porque os preços para eles são especiais, leia-se reduzidos.
Como organizar a viagem
A organização depende de vários fatores. Pode-se ir de avião ou, mais dificilmente, de barco. Conhecemos um australiano que chegou de barco, à boleia de um amigo e da sua família, que decidiram dar a volta ao mundo de barco.
Para nós era lógico que chegaríamos de avião. Procurar o voo foi a parte mais fácil. Ver as datas com os preços mais económicos no Skyscanner e comprar. Nós escolhemos partir de Guayaquil para uma das ilhas, Baltra, e regressar de outra, San Cristobal, para Quito, acabando por custar o mesmo que um percurso tradicional de ida e volta. A decisão foi tomada por uma razão muito simples, não tínhamos a ideia de fazer um cruzeiro, portanto, chegando e partindo da mesma ilha, obrigava-nos a voltar sempre ao ponto inicial. Parece que tivemos sorte com o preço dos bilhetes. Custaram 225€/pessoa, a parte mais barata da visita. De Guayaquil ou Quito partem voos da Avianca, da LATAM e da TAME. Fora do Equador há poucas companhias áreas que aterrem diretamente numa das ilhas do arquipélago.
A maioria das pessoas quer fazer um cruzeiro, mas negoceia o cruzeiro já nas ilhas ou em Quito, e também aqui os preços subiram muito nos últimos tempos, como já temos dito para outros locais da américa latina. Existem cruzeiros que são reservados antes da chegada, mas toda a gente fala nas promoções de última hora, os preços LAST MINUTE. No nosso plano inicial, tínhamos decidido que visitaríamos as ilhas de forma independente, com tours diários, e não num cruzeiro, até encontrarmos um casal suíço em Trujillo que fez um cruzeiro, adorou e o preço que referiram era aceitável (cerca de 900 USD para 8 dias). Para perceber os passos na reserva de um cruzeiro de última hora, com promoções apetecíveis, lemos o texto do João Leitão, que podem encontrar aqui. Deixámos a escolha das atividades em aberto para a nossa chegada às ilhas, até mesmo a previsão de gastos, o que provocou uma valente derrapagem nesse mês. Mas a vida não seria uma seca se não pudéssemos derrapar nos gastos de vez em quando?
Os cruzeiros têm a rota definida geralmente em A, B, norte, sul, etc. Nem todas as ilhas são visitáveis e muitas vezes o turista gostaria de misturar um pouco de várias e criar uma rota quase completa, o que não é possível sem estender o cruzeiro (caro!!!). O cruzeiro mais curto costuma ser de 4 dias, mas podem ter até 8 dias. Começam nos 900$ (se tiverem sorte) e podem ir até aos vários milhares.
Procedimentos de segurança
Chegando ao aeroporto de partida para as Galápagos, a primeira coisa a fazer é ir com as malas ao controlo sanitário. Depois das malas passarem no raio-x é colocado um selo (tipo braçadeira), que só deve ser retirado à chegada, depois de passarem no controlo. Depois dessa parte têm que ir pagar o cartão de controlo migratório, 20 USD por adulto. Depois é que se vai até ao balcão de check-in da companhia aérea. Tivemos sorte, o terminal doméstico estava muito calmo, às moscas, sem filas para nada (não sabemos se é sempre assim). O aeroporto José Joaquín de Olmedo em Guayaquil não é grande, tem alguns restaurantes junto ao check-in, caixas multibanco e pouco mais. Na sala de embarque tem uma loja duty free que faz tremenda publicidade ao café e chocolate do Equador e dois cafés que servem sanduíches.
O nosso voo atrasou duas horas e foram irreprensíveis. Deram-nos duas vezes lanche (sumo e bolachas) e tornámos a receber um snack dentro do avião. O voo não ia cheio, teve alguma turbulência, mas foi calmo.
À chegada, em Baltra, saímos a pé e vimos a primeira iguana. Entrámos no edifício do aeroporto, o primeiro do mundo que é 100% ecológico. Na alfândega controlam os passaportes, pedem o pagamento da taxa para a Reserva Nacional (100 USD por pessoa) e pedem para ver as bagagens de mão. Este passo é muito importante porque é preciso verificar que os visitantes não trazem vegetais ou frutas de forma acidental. Pode parecer um exagero, mas há muita coisa que pode alterar o ecossistema. Estamos a falar de espécies de animais ou plantas introduzidas que quase levaram à extinção de outras, como a introdução das cabras, que levou à extinção de uma subespécie de iguanas e pôs em risco algumas de tartarugas.
À saída do aeroporto há shuttles que nos deixam no terminal de balsas, onde estão os barcos que nos levam até à ilha de Santa Cruz. O percurso não é longo e custa 1 USD/pessoa. As malas são colocadas por cima do barco e, para escolher o lugar dentro do barco, convém ser dos primeiros a entrar. Chegando a Santa Cruz, as malas são retiradas e cada um segue o seu caminho pelo transporte que escolher, exceto caminhando, porque a cidade de Puerto Ayora fica bastante longe. Nós fomos de autocarro e custou 2 USD/pessoa.
No regresso, San Cristobal tem o aeroporto bastante próximo da cidade, até se pode ir a pé se as malas forem confortáveis. Já Isabella volta a ter o aeroporto fora da cidade, mas próximo, para que seja uma viagem curta de táxi.
Entre ilhas, as malas de viagem serão novamente revistas e seladas, antes de entrar no porto turístico.
Dinheiro e ATM
Nas Galápagos é vantajoso ter sempre dinheiro vivo, em USD, moeda usada no país. Para levantar dinheiro é necessário estar atento às taxas. Em Puerto Ayora, a melhor máquina para levantar dinheiro era junto ao supermercado (Banco Pechincha). Em Puerto Baquerizo tivemos alguns sustos, como nenhum dos nossos cartões funcionar na máquina da Cooperativa Policia Nacional, mas parece que nesse dia o sistema estava em baixo. Conseguimos depois levantar noutra máquina numa rua paralela, no Banco del Pacifico. Não levantámos dinheiro em Villamil, ilha Isabela.
Comer
Já vos dissemos que os preços subiram muito? Pois, o ideal é comprar sempre os ingredientes e cozinhar ao jantar, o que também não vai ser muito económico. Ao almoço, a maioria dos tours inclui a refeição e, se for um dia de praia, sandes bastam. O maior supermercado é o Proinsular em Puerto Ayora, mas mesmo assim a variedade de frescos é reduzida.
Ao pequeno-almoço, o ideal é simplificar, e comer no alojamento. Vêem-se muitos turistas a tomar o pequeno-almoço fora, nos cafés do centro, mas isso depende do plafond de cada um, porque vai ficar ao preço de uma boa refeição.
Ao jantar, para quem não quer cozinhar, pode sempre render-se às meriendas: menus de dois pratos com bebidas, mas preparem-se para gastar sempre mais de 15 USD/pessoa, com a agravante de as porções serem pequenas.
Achámos piada ao preço dos gelados. Havia gelados da Olá, mas mais caros cerca de 1 USD que em Portugal. Chegamos a ver Magnuns a custar mais de 3 USD.
As Galápagos não são um bom local para se sair à noite e beber copos, a não ser que o objetivo seja gastar muito dinheiro nessa estadia.
Navegação
O nosso maior conselho para as viagens de barco, sejam elas entre ilhas ou em tour, é tomarem um comprimido para o enjoo. Vão encontrar tanta gente, mas tanta gente, a passar mal ao vosso lado, que se não estiverem enjoados vão ficar por simpatia. O guia sugeriu-nos tomar meio comprimido na noite anterior e a outra metade duas horas antes e funcionou. Não se esqueçam que o pequeno-almoço não deve ter leite.
Como poupar
Uma forma de poupar é fazer voluntariado. Sabemos que dentro da fundação Darwin é super difícil, mas várias fazendas aceitam voluntários e dão alojamento em troca de algumas leves tarefas diárias até ao máximo de seis dias por semana. Conhecemos uma turista a quem o programa de voluntariado foi cancelado na semana anterior e conhecemos uma inglesa que fez e poupou imenso em alimentação e alojamento. As tarefas dela eram preparar limonada, fazer queijo, pão e pouco mais. Pode parecer que fazendo voluntariado não há tempo livre para conhecer as restantes ilhas, mas tudo se resolve conversando e há direito a folgas.
365 dias no mundo estiveram 8 dias nas Ilhas Galápagos, de 19 a 27 de Maio de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: caro
Categorias: natureza, vida selvagem, praia, snorkeling, mergulho
Essencial: snorkeling/mergulho, vida marinha, tartarugas gigantes, leões marinhos, iguanas gigantes, praia, Kicker Rock
Estadia Recomendada: o máximo que conseguirem (mínimo 7 dias)
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2 Responses
As Ilhas Galápagos estão fora deste mundo! Eles têm os animais mais incríveis, e mergulhar com as iguanas (https://dive.site/pt/explore/site/punta-vicente-roca-5QYq) foi a experiência de uma vida.
Nós não chegámos a nada com as iguanas, mas vimos algumas na água. E sim, Galápagos é uma coisa sem explicação.