Chegámos de avião ao aeroporto da Ilha de Baltra. Baltra é uma pequena ilha encostada a Santa Cruz que tem apenas o aeroporto. Depois de apanharmos o shuttle do aeroporto até ao porto (grátis) e depois da viagem de barco (15 minutos, 1 USD/pessoa), apanhámos o autocarro local. A viagem até ao centro feita nos autocarros correntes é mais barata (2 USD/pessoa), no entanto podem não ter a nossa sorte de viajar sentados. Até nem é uma viagem curta, dura 40 minutos, e há transportes particulares, mais caros claro, um táxi custava, em 2015, 18USD. Fomos deixados no centro de Puerto Ayora e fomos a pé até ao alojamento. Percebemos que já ficava numa zona menos turística e mais para residentes da ilha, junto de escolas e igrejas.
Como nota, o percurso inverso deve ser muito bem programado porque o horário dos autocarros é reduzido. Sugere-se sair de Puerto Ayora com três horas de antecedência. Há quem sugira, caso o voo seja de tarde, ir de taxi e aproveitar a manhã para passar nas fazendas das tartarugas terrestres gigantes.
O que fazer:
Procurar uma agência em Santa Cruz
Encontrar a agência para tours que nos enchesse as medidas foi difícil. A oferta é imensa, e em todas as ruas do centro há um infindável número de lojas. Começámos por procurar em todo o lado os famosos cruzeiros “económicos” de última hora. Procurámos com afinco a sugestão dos suíços e os preços nada tinham a ver com o que eles tinham pago. Tínhamos definido um limite do que estaríamos dispostos a gastar e todos os cruzeiros ultrapassavam os 1.000 USD/pessoa, mesmo os de 4 dias. Também experimentámos uma agência recomendada pelo nosso hostel, mas foi na Galapagos Evolution Dreams que encontrámos o que queríamos. O Jorge soube-nos explicar, ou fazer acreditar, que um cruzeiro não seria a melhor solução. Começou por explicar que o último dia de cruzeiro quase não conta, ou seja, um cruzeiro de 4 dias na realidade tem 3 e um bocadinho. Se for um cruzeiro de ida e volta também perde o tempo de regressar a um ponto que se conhece. Sem contar com o tipo de serviço, onde vários blogs falam que se um cruzeiro não for de primeira classe ou segunda superior não vai valer o preço.
Fizemos uma agenda para toda a estadia que nos custou 545 USD/pessoa. Incluiu tours diárias às Isla Santa Fe e Isla Pinzon, a partir de Santa Cruz, e à Kicker Rock, a partir de San Cristobal, transporte ida e volta à Isla Isabela, com estadia de uma noite, incluindo refeições e dois tours diários, um com passeio da kayak e snorkeling e outro ao vulcão, e transporte até à Isla San Cristobal. Com este programa tivemos um dia livre em San Cristobal e outro em Santa Cruz.
Em Santa Cruz tínhamos várias coisas que gostávamos de visitar, como Tortuga Bay, Las Grietas, a Fundação Charles Darwin, El Chato ou Rancho Primicias.
Tortuga Bay
A baía das tartarugas é uma praia gratuita, de acesso fácil a pé a partir do centro de Puerto Ayora. Há placas a indicar onde começa o percurso, mas fica a informação que o caminho começa depois do Museo Jica e do Centro de Energia Renovable. Tem de se assinar a passagem à entrada e saída. São 30-40 minutos a caminhar para cada lado, que cansam pelo calor. Se quiserem ficar por lá algum tempo a aproveitar a praia convém levar lanche e água, porque não há nada à venda no local.
Nesta baía existem duas praias, a primeira é Playa Mansa, usada só por surfistas. A segunda praia fica depois do spot das iguanas gigantes, à direita. Parece um lago rodeado de mangais (árvore que tolera altos níveis de sal nas águas) onde de vez em quando se vê alguns tubarões de pontas negras. A água é azul, mas a visibilidade no snorkeling não estava muito boa porque chegámos após tempestades no mar, que deixaram a água turva. Pode-se caminhar na península que fica entre as duas praias.
Não vimos grandes animais, apenas as iguanas, enormes, que não devem ser incomodadas, mas estavam a ser importunadas por turistas que quase parecem fazer parte da National Geographic pelo seu equipamento fotográfico tão avançado. Ver as iguanas nadar tem alguma graça, e saberão que estão demasiado próximos quando elas, por se sentirem ameaçadas, começarem a “cuspir” sal. Consumindo água salgada, é normal que necessitem de eliminar o excesso de sal juntamente com a saliva, mas este hábito acaba por servir para as reconhecer quando estão meias camufladas nas rochas vulcânicas da mesma cor.
Fundação Charles Darwin
Nas Galápagos a palavra de ordem é preservar o que existe. Esse trabalho é feito por duas grandes organizações, a da Reserva do Parque Nacional (que cobra 100 USD à chegada) e a fundação Charles Darwin. O trabalho que fazem é fantástico, para além de controlarem os animais que existem nas ilhas para não entrarem em extinção, como já aconteceu, também dão formação e controlam tudo o que dá entrada na ilha. Às vezes não fazemos ideia de como trazer um cão, uma cabra ou um javali, pode alterar um ecossistema, mas as duas organizações sabem e fazem um trabalho excelente. Avisam todos os turistas que os animais estão na casa deles e não devem ser alimentados, tocados e importunados a menos de 2 a 3 metros. Claro que não resulta. Por toda a ilha de Santa Cruz se vê gente em cima do acontecimento, às vezes até nós temos a tentação de chegar mais perto, mas não se deve. Se os animais quiserem vêm ter convosco.
A entrada é grátis, mais uma vez é necessário assinar à entrada, pode-se ir à praia (há duas praias dentro do parque) e carimbar o passaporte no Centro de Visitantes, que tem loja e bar. Em termos científicos, a fundação disponibiliza alguma informação durante o percurso, como as espécies da ilha que estão ameaçadas ou as que já estão extintas, como o lonely George. Mas há outras histórias com sucesso. Na ilha Pinta introduziram-se cabras. As cabras, como em todo o mundo, comem tudo o que lhes aparece à frente e começaram a comer o alimento das tartarugas. As tartarugas foram morrendo até restarem apenas 14, 12 fêmeas e 2 machos. Trouxeram todas as tartarugas para a fundação e começou-se a controlar os nascimentos e o crescimento das tartarugas até aos dois anos. Devolveram as tartarugas com dois anos à ilha, depois de irradicar as cabras e conseguiram aumentar o número de cactos. Hoje já criaram mais de 2000 tartarugas.
Voltando ao lonely George. A historia do Jorge solitário é simples. Era o último da sua espécie encontrado vivo em todo o mundo. Tentou-se encontrar uma fêmea, fazê-lo acasalar com fêmeas de espécies geneticamente semelhantes, mas nenhum dos ovos vingou. Morreu sozinho em 2012 e a sua espécie entrou oficialmente em extinção. Como passou a ser o símbolo da ilha decidiram embalsamar a tartaruga e devolvê-la à fundação onde viveu os últimos anos da sua vida. A sua sala é de temperatura controlada e o acesso é feito em grupos reduzidos.
Vale a pena visitar a fundação, primeiro, porque a entrada é gratuita, depois porque se aprende muito, e, por fim, porque terão acesso a tartarugas de várias idades, desde a zona de berçário até aos espaços ao ar livre onde vivem até aos dois anos.
Las Grietas
Las Grietas é uma fenda junto à Playa los Alemanes. Para la chegar é só apanhar um táxi aquático no porto e pedir para ser deixado em Las Grietas. O percurso custa 0,80 USD, barato porque é mesmo super curto. Chegando ao ponto de partida é só seguir as placas. Vão passar por vários ecolodges bonitos, pela praia, por uma lagoa rosa, e finalmente chegam ao destino.
Las Grietas é uma fenda nas rochas com alguns metros de comprimento que se preenche com água do mar, mais fria porque recebe menos luz natural. A água não é completamente transparente, tendo uma coloração escura engraçada, e apenas alguns tipos de peixe chegam até lá.
A entrada é grátis e também é preciso assinar à entrada e saída.
Fazendas El Chato ou Rancho Primicias
Se querem ver tartarugas terrestres gigantes, principalmente depois de terem passado na fundação de Charles Darwin e terem visto o Centro de Criação de tartarugas, têm de ir às fazendas. Não há autocarros próximos, apenas até La Rosa, por isso deve-se ir de táxi. O táxi custa 35 USD para vos levar, esperar por vocês e voltar. Convém ter o carro cheio para partilhar a despesa e deixar claro que querem desfrutar do espaço. O nosso taxista ameaçou deixar-nos lá, claro que não o ia fazer porque só pagámos no regresso.
Nós optámos por visitar a fazenda El Chato depois do tour à ilha de Santa Fé, com duas americanas que conhecemos no tour, a Stacey e a Casey. A nossa entrada custou 3 USD, mas como tudo na américa latina subiu de preço, a 1 de julho passou para 5 USD. O bilhete inclui chá ou café de cortesia. É um dois em um porque, para além das tartarugas, conseguem também ver três túneis de lava, sendo possível fazer um circuito que vos faz atravessar cerca de 200 metros por baixo da terra. É suposto haver num dos túneis um mocho, mas não nos cruzámos.
As tartarugas são mesmo gigantes, algumas chegam a pesar 200kg, estão sempre a comer e têm liberdade de atravessar toda a fazenda, por isso é preciso caminhar para as encontrar. A tartaruga é um animal curioso. Quando ouve barulho pára para perceber de onde vem o som, mas não se aproxima. É importante referir que é suposto seguir os caminhos marcados e não sair dos trilhos. Há duas lagoas de lama, uma espécie de spa para as tartarugas.
Nós conseguimos fazer no mesmo dia Tortuga Bay, Las Grietas e a fundação Charles Darwin. Não fizemos também El Chato porque começou a chover muito e não tínhamos companhia. Neste planeamento é bastante a correr, se quiserem passar mais tempo em cada lado, podem considerar meio dia em cada sítio. Nós reservámos tours para 5 dos nossos 7 dias, portanto o restante tempo era limitado.
El Garrapatero
Uma praia afastada do centro acessível apenas de carro, 40 minutos de viagem. Contratar um taxi custa 40USD, ida e volta e do estacionamento até à praia são mais 10 minutos de trilha. Nós não visitámos, mas pelo que lemos vale a visita. Também é necessário assinar à entrada e saída e tal como Tortuga Bay é uma praia deserta sem estrutura turística. Água e lanche devem ser previamente levados. Ótimo local para snorkeling.
Onde dormir
Sinceramente, não sabemos dizer se chegar com reserva de alojamento é ou não uma vantagem, porque a maioria dos alojamentos em Santa Cruz é fraca e cara. Nós chegámos às Galápagos com reserva para as três ilhas, mas como trocámos de planos não foi fácil encontrar um espaço aceitável para o preço cobrado. Provavelmente o ideal é reservar, ver alguns espaços à chegada, visitar o local da reserva e tomar uma decisão. Os hotéis têm bom aspecto, os hostels é que deixam muito a desejar. Mas, se já os hostels custam no mínimo 30 USD por noite, imagine-se os preços dos hotéis. O primeiro sítio onde ficámos não era mau, mas tinha o defeito de ser longe do centro. O segundo tinha uma cozinha fraca, suja, e um atendimento medíocre. Haverá muitos sítios sem água quente.
Onde comer em Santa Cruz
O ideal é comer em casa se o alojamento incluir uma boa cozinha. No fim do dia a Calle Charles Binford fica preenchida com boas opções, onde todos os restaurantes montam a esplanada na rua. Há fast food, pratos típicos, batidos, sumos naturais e peixe fresco grelhado. Os bons preços, claro está, não existem, e os prato normais custam no mínimo 15 USD, exceto o menu de sopa e prato com bebida (merienda), que a maioria dos turistas não pede, mas acaba por custar cerca de metade e assim ser a melhor decisão “mochileira”.
Pode-se comprar peixe fresco no mercado (muelle del pescador), já arranjado, mas a grande atracção do mercado são os leões marinhos, que já marcaram este como o spot de refeições grátis sem nenhum trabalho. É giro vê-los encostadinhos às pernas dos vendedores de peixe para ficarem com as sobras do arranjo do peixe. Podem comprar o peixe já arranjado para depois ser grelhado em restaurantes que deixam levar o próprio peixe para eles cozinharem.
365 dias no mundo estiveram 8 dias nas Ilhas Galápagos, de 19 a 27 de Maio de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: caro
Categorias: natureza, vida selvagem, praia, snorkeling, mergulho
Essencial: snorkeling/mergulho, vida marinha, tartarugas gigantes, leões marinhos, iguanas gigantes, Las Grietas, Tortuga Bay, El Chato, Rancho Primicias, Fundação Charles Darwin, muelle del pescador
Estadia Recomendada: o máximo que conseguirem (mínimo 7 dias)
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