Ficámos na ilha Isabela uma noite, do terceiro para o quarto dia. Tivemos de estar no porto de embarque antes das 7 da manhã para fazer o check-in no nosso barco e permitir a revista às malas, que depois são seladas. Contratámos os tours já com os transfers entre ilhas, que custam 30 USD/percurso e saem às 7h e às 14h. À boa maneira latina, a distribuição pelos barcos é feita bastante à balda. Enquanto couber gente eles deixam entrar, o que nos pareceu pouco seguro. Fartámos-nos de resmungar que éramos mais do que os 24 passageiros permitidos, não havendo coletes para todos e não tendo bancos almofadados para todos. Nunca ganhamos estas guerras com os donos do sistema, percebemos que quando sabem que vai haver controlo no porto respeitam e quando sabem que a policia marítima não controla, abusam. A viagem é longa, mais de duas horas, mesmo em lancha rápida, e merece um comprimido para o enjoo. Mais uma vez, havia gente a verter as tripas, algo desconfortável (mais para eles). A viagem valeu pela quantidade de mantas que vimos ao longe, a saltar e rodopiar no ar.
Não levámos todas as nossas coisas todas, mas apenas o essencial para dois dias, ou o que nos pareceu essencial, tendo o Jorge guardado as malas grandes na agência. Para ir do porto de Santa Cruz à lancha rápida e para chegar depois ao porto em Isabela é preciso apanhar táxis aquáticos. O de Santa Cruz custou 0,5 USD e o de Isabela 1 USD. Chegados a Isabela, há nova revista para retirar os lacres e paga-se a taxa de entrada na ilha, 5 USD. O nosso hostel, reservado juntamente com os tours, foi-nos buscar ao porto. Aí ficamos a saber os nossos horários e o local de refeições. Logo no porto encontram-se várias iguanas, sendo impossível caminhar sem passar muito perto delas.
A cidade da ilha é Villamil. Há várias lojas e espaços de aluguer de caiaques e bicicletas. Os alojamentos também são vários, uns melhores que outros. A ilha Isabela é a maior, e uma das habitadas, por isso tem algumas coisas para ver, como a peculiar decoração da igreja e um antigo pontão em ruínas tomado pelas iguanas.
O que fazer:
Las Tintoreras
A primeira atividade na cidade foi ir de caiaque da baía até às ilhotas Las Tintoreras, que íamos perdendo porque a hora que nos foi dada estava errada. Vimos tartarugas, leões marinhos, pinguins, os famosos boobies, raias, um tubarão e corais. O caiaque era duplo, combinado com snorkeling, e éramos apenas 4. Para este tour não nos deram o material de snorkeling, devíamos ter perguntado primeiro para salvaguardar isso. Só tínhamos os nossos kits básicos e as barbatanas fizeram-nos falta, porque o mar estava agitado e nadar sem barbatanas é mais exigente. O tour mais comum é feito de barco, são dez minutos desde o porto, mas na agência explicaram-nos que ir de caiaque dava alguma animação à nossa estadia e concordamos. Aproveitámos o resto do dia para passear pela cidade e praias.
Concha de Perla
É uma espécie de baía próxima do porto onde podem nadar com leões marinhos, se eles estiverem para aí virados, sendo uma das atrações da ilha. A água é calma, porque é uma zona que fica resguardada, graças aos rochedos e ecossistema formado por mangais. O espaço é pequeno e enche rápido, ficando muito próximo do porto de embarque. Nós apanhámos os leões fora de água e também acabámos por não entrar. Nos passadiços da curta caminhada vêem-se várias iguanas.
Muro das lágrimas
Não fomos ao Muro das Lágrimas, mas quem tiver tempo livre em Isabela deve ir. É um lugar histórico para relembrar que a ilha já foi uma cadeia (Colónia Penitenciária de Isabela), entre 1946 e 1959, onde os prisioneiros eram tratados de forma desumana e obrigados a construir um muro. O muro é rudimentar, tendo sido construído empilhando pedras das redondezas. É a sua história que o torna uma atração simbólica. É um espaço que serve de memória de todos os que sofreram nesse local.
Vulcões Sierra Negra e vulcão Chico
No segundo dia fomos ao vulcão Sierra Negra e ao vulcão Chico. Esta tour apanhou-nos desprevenidos em muita coisa. Não sabíamos que o clima no vulcão é completamente diferente, sendo bom ter uma capa de chuva ou um impermeável, e que é melhor ir de calças. Nós íamos com roupa de praia, mas com botas de trekking. O tour começa com uma viagem de cerca de meia hora até à entrada do parque, numa espécie de autocarro (ônibus) aberto. Na primeira cratera, a 1.124m de altitude, não fazíamos ideia de já ter chegado, pois devido à vegetação introduzida, parece uma mata fechada, aliando isto ao nevoeiro, não se viu a cratera. No vulcão Chico, aí sim, vimos uma cratera. A paisagem é tipicamente vulcânica, com todas as cores características e a cratera é muito visível.
É uma caminhada fácil de 16 km, 5km até à cratera principal, mais 3km até ao Chico e regresso. O único problema é o piso ficar muito enlameado, tornando o caminho escorregadio, consequência do clima húmido com chuva muitas vezes de manhã. Tentámos ao máximo fugir da lama, mas com tantos visitantes, é difícil encontrar zonas que ainda não tenham sido pisadas. O almoço foi uma lunch box básica que serviu para matar a fome. O tour ao vulcão custa em média 35 USD/pessoa.
Fizemos este tour com dois casais de australianos que iam fazer um cruzeiro uns dias depois. Contaram-nos que sabiam ter pago um preço excessivo, que iam nos barcos que todos os blogues dizem para não escolherem, mas não conseguiram resistir à oportunidade de fazer um cruzeiro. Esperamos que tenha valido o preço!
Los Tuneles
Este tour foi dos que mais subiu de preço. Toda a gente diz que é fantástico. A graça do local são os túneis vulcânicos que se formam dentro e fora de água, a clareza da água e as espécies que se avistam. É um dos melhores sítios para mergulho de botija. Nós não fomos por falta de tempo e porque o preço subiu muito.
Centro de Crianza Arnaldo Tupiza
Não fomos, mas pelo que lemos, deduzimos que é uma espécie de junção de Fundação Charles Darwin e as fazendas de Santa Cruz. É onde se encontram as tartarugas terrestres gigantes dividas por idade. A entrada é grátis e pode-se ir a pé a partir da cidade de Villamil.
Posas Salinas
Nestes lagos encontram-se flamingos. Dizem que cada vez se vêem menos flamingos, mas faz parte do percurso até ao Centro de Crianza.
Playa Amor
Uma das praias atração. Também não fomos, tínhamos muito pouco tempo.
Tagus Cave
Na costa oeste da ilha, só é acessível por tour. Foi paragem para piratas, pescadores, e agora de turistas.
Onde dormir
A oferta é variada, na primeira linha da praia há espaços bastante agradáveis que sabemos que custam mais de 100 USD/noite (quarto duplo).
O nosso alojamento (Gran Hostal Tintoreras) foi comprado com o tour, não sabemos o preço normal. Era um espaço arranjado, com “hamacas” para relaxar. Ficava um bocadinho mais afastado do centro, mas numa cidade pequena nada é demasiado longe.
Onde comer
As refeições, exceto o pequeno-almoço, foram no restaurante Cesar’s. A comida era boa, mas as doses pequenas. O pequeno-almoço do dia seguinte foi ovos mexidos, croissant e sumos naturais. As refeições faziam parte do nosso tour, por isso não andámos a pesquisar preços de restaurantes.
Tentámos comer um gelado, mas dispensámos quando vimos como os preços são inflacionados nas ilhas. Pode parecer estúpido querer um gelado, estar de férias e não o comprar porque é caro, mas não nos sentíamos verdadeiramente de férias. Viajar é diferente de estar de férias. Quando estamos de férias temos como objetivo não só ver o máximo possível, mas descansar e ter alguma diversão. Quando se viaja de mochila às costas o conceito de diversão muda, queremos ver o máximo possível e sabemos que 3$ por um gelado nas Galápagos pode vir a pagar uma refeição completa na Colômbia.
365 dias no mundo estiveram 8 dias nas Ilhas Galápagos, de 19 a 27 de Maio de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: caro
Categorias: natureza, vida selvagem, praia, snorkeling, mergulho
Essencial: snorkeling/mergulho, vida marinha, tartarugas gigantes, leões marinhos, iguanas gigantes, praia, Los Tuneles, Las Tintoreras, Concha de Perla, Muro de Lagrimas, Centro de Crianza, caiaque
Estadia Recomendada: o máximo que conseguirem (mínimo 7 dias)
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