O nosso regresso à vida real, fora das Galápagos, teve o contratempo de nos terem cancelado o voo direto para Quito e substituído por um via Guayaquil. Sabemos que estas situações podem ser um grande contratempo e um motivo de aborrecimento, mas no nosso caso não mudava nada, e o vale de 120 USD que nos deram em troca valeu a pena. Apesar de termos ficado umas horas no aeroporto de Guayaquil, a ótima internet compensou a espera.
Quito, apesar de ser a capital do Equador, não é uma cidade com um centro histórico muito grande. É muito semelhante a outras cidades criadas no tempo da colonização espanhola, com a sua Plaza Grande (em vez de Mayor) e a arquitetura típica.
A história do país é semelhante a todos os outros que já visitámos. A 10 de agosto de 1809 ocorre a independência através de um movimento criado por crioulos (nascidos nas colónias espanholas). Queriam a independência administrativa e instauraram uma Junta Soberana de Governo que apenas durou 77 dias. Um ano depois, 1% da população (rebeldes e crioulos) é presa e assassinada. Em junho de 1822 chega Bolívar para unir os territórios, agora independentes, à Gran Colombia. O Equador separa-se da Gran Colombia a 13 de maio de 1830, tendo Quito como capital. Por já terem sido um mesmo país, as bandeiras são semelhantes. Quito significa metade do mundo em tsafiqui, língua falada pelos Tsáchilas, Quitsa=metade e To=mundo, quitsato.
Achámos a cidade segura QB. Caminhámos muito à noite para fazer compras para o jantar ou para visitas e não nos sentimos inseguros, apesar de grande parte das coisas fechar cedo.
O que fazer:
Ciudad Mitad del Mundo: A linha do equador passa em vários países e muitos decidiram fazer monumentos que a representem. Quito construiu quase uma pequena vila, La Mitad del Mundo. Lá encontramos o grande monumento, restaurantes, uma estação de comboio, arena de espetáculos, uma exposição de maquetes que nos apresenta a cidade de Quito e salas de exposições variadas.
Museo Intiñan Solar: Próximo da cidade da metade do mundo, é apresentado como estando no verdadeiro ponto 0º0’0”. A entrada não é cara (4 USD). Não fomos, porque não nos pareceu atrativo, mas a entrada inclui visita guiada. Tem várias experiências, apresenta como os incas perceberam onde era o centro da Terra e tem uma floresta de totens, que representa as culturas antigas.
Free walking tour: Há vários, mas nós fizemos o do Community hostel. Os seus free walking tours são de segunda a sábado.
Plaza de Independencia: Chamada antigamente de Plaza Grande, apenas nos anos 20 ganhou o monumento do centro da praça. O leão representa Espanha a fugir, o condor é o animal nacional em vias de extinção e a senhora é libertas, deusa da liberdade. Ficam aqui a Catedral, o Carondelet e o Palacio Arzobispal.
Depois de uma breve introdução ao tour, onde nos apresentam outros tours pagos que fazem, seguimos para a Plaza e junto do Palacio Arzobispal (palácio do arcebispado) que neste momento funciona como uma superfície comercial. Tem várias lojas e restaurantes e um posto dos correios.
Em frente ao Palacio Nacional ou Carondelet (palácio presidencial) está a decorrer o render da guarda, o primeiro do novo presidente, Lenine Moreno Garcés, um presidente que se desloca em cadeira de rodas. Pela presença da cadeira de rodas, o nosso guia do Free Walking Tour tinha alguma curiosidade em ver como se iria proceder à cerimónia. O render da guarda é em frente ao palácio todas as segundas-feiras, às 11h. O nome ao edifício foi dado por Simon Bolivar, entusiasmado com o bom gosto de Francisco Carondelet na sua construção. É possível visitar uma parte, onde estão expostos os presentes que receberam antigos presidentes, de terça a domingo. No dia em que fomos, devido ao ambiente festivo, não nos deixaram sequer passar dentro do edifício. A entrada é grátis, mas têm que apresentar um documento de identificação no stand que fica numa das transversais do Palácio. A Catedral Metropolitana também fica na praça. Desde a sua construção teve que ser reconstruída quatro vezes devido a terramotos.
À porta do Museo Numismático, antigo Banco Central do Equador, o guia conta-nos que em 1999 entraram os dólares americanos e eliminou-se a moeda nacional. Jamil Witt, presidente, cria um ambiente de instabilidade social e descontentamento, acabando por fugir em janeiro de 2001. Mostra-nos uma nota da moeda sucre, com muito orgulho, que guarda na carteira para mostrar aos visitantes. O museu fecha à segunda-feira e o preço para estrangeiros ronda 1 USD, mas no primeiro domingo do mês os museus são grátis.
O tour continua e seguimos até à Fundación Iglesia de la Compañia de Jesús. A entrada custa 5 USD e abre todos os dias da semana. A igreja foi construída entre 1605 e 1765 pelos jesuítas.
De lá seguimos para a Plaza de San Francisco, onde se encontra a Iglesia de San Francisco, um convento franciscano, considerado património da humanidade pela UNESCO. É imponente, apesar de todo o ambiente de obras que a ronda na praça, mas não passámos muito tempo ali devido ao ruído. A entrada é paga. É mais ou menos neste ponto que o guia faz uma paragem num espaço que lhe agrada para que possamos comprar souvenirs ou comer qualquer coisa. É mais barato procurarem vendedores de rua e comprarem biscoitos ou alguma especialidade da região. Esta pausa é um bom momento para pedir dicas ao guia.
O guia leva-nos até La Ronda, uma rua boémia, destino ideal para beber canelaço, depois do sol se pôr. Passamos por uma fábrica de chocolate de uma equatoriana e um suíço, Chez Tiff. O guia sugere regressar lá e experimentar a trufa de chocolate e maracujá. Fica para outra vez! Já vos dissemos o nome do guia? O nosso era o Fernando, mas havia outra visita em simultâneo com o Alberto. Contam-nos as histórias das serenatas ali na Calle La Ronda. O guia diz-nos que era importante que a visada gostasse e lançasse um lenço branco com o nome, para a partir daí estar autorizado a cortejar. Bem, se ela não gostasse, vamos ficar apenas pela versão de que ninguém queria desagradar numa altura em que debaixo de todas as camas existia um penico.
À tarde decidimos ir sozinhos à Basilica del Voto Nacional, a maior basílica neo-gótica do Novo Mundo (América). Representa na construção, iniciada em 1892, muitos dos animais tradicionais do país, como as tartarugas e iguanas das Galápagos e os armadillos. Pagámos 2 USD para subir até às torres, incluindo a do relógio, e valeu a pena, porque a vista da cidade é espetacular. Tem também um restaurante e algumas lojas de souvenirs. Deve-se ter cuidado na subida, apesar de ser feita em segurança, convém estar com roupa confortável, pois, esqueçam as saias. Ao domingo é possível entrar na igreja.
Há muito mais para fazer na cidade, como o Teleférico, La Capilla del Hombre, Museo Templo del Sol Pintor Ortega Maila e El Panecillo. Uns ficam dentro da cidade e outros ficam mais afastados. O guia alertou-nos que se deve ter cuidado em El Panecillo, uma estátua da virgem no alto de uma montanha. Diz-nos que em tour é seguro, mas visitado de forma independente é famoso pelos assaltos.
Onde comer:
Restaurante Dios no Muerre, o guia sugere-o para jantar.
Café Galletti, dentro do teatro Bolívar
Acabámos a almoçar com o guia Fernando e mais um grupo de turistas no Mercado Central. Os pratos custam entre 2 e 6 USD, e os sumos 1 USD. Nós pedimos no Las Corvinas um prato que vem com peixe, ceviche misto, batatas e arroz.
Onde dormir:
Nós ficámos no Hostal History, que tem todo o ar de já ter sido um espaço pouco recomendado, talvez pelo cartaz a anunciar a disponibilidade de se poder ter acesso a canais de adultos. Tinha pequeno-almoço incluído, que não era mau, até se ver o estado da cozinha, onde minúsculas baratas se passeavam pelas bancadas. Também não tinha grande variedade de equipamento de cozinha.
O Community Hostel pareceu-nos agradável, tem um bar, vende tours e tem atividades diárias.
Sair de Quito
De Quito fomos para Cali, já na Colômbia, e decidimos ir de autocarro. Para sair do centro de Quito apanhámos o autocarro amarelo que eles chamam de metro para Ofélia (0,25 USD) e em Ofélia seguimos no Bus que dizia terminal terrestre. No terminal foi só procurar pela bilheteira de Tulcán e comprar o bilhete, juntamente com as taxas do terminal, e fomos enganados. O bilhete estava marcado como 12 USD para os dois e seriam 0,40 USD de taxas, mas cobrou-nos 0,60 USD (o engano não foi grande). O autocarro é da companhia expresso Tulcán e tem Wi-Fi.
365 dias no mundo estiveram 2 dias em Quito, de 27 a 30 de Maio de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: acessível
Categorias: cidade, museus, história, capital
Essencial: Ciudad Mitad del Mundo, Plaza de Independencia, Catedral Metropolitana, Basilica del Voto Nacional Estadia recomendada: 2 a 3 dias, depende do que querem visitar fora da cidade
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2 respostas
Olá Raquel,
Gostei de ler este vosso relato. Ando há algum tempo para conhecer o Equador e volta e meia pesquiso a respeito – tenho para mim que deve ser um grande destino de viagem, mesmo Quito. :))
Obrigado pela partilha. Abraço e continuação de boas viagens.
Olá Filipe,
Tenho (temos) muita pena de não ter conhecido mais do Equador porque sabemos que é mais do que vimos. Achei que tinha mais para dar e que deixámos muito por conhecer, mas desta vez foi o momento de nos focarmos nas Galápagos. Um dia conheceremos mais. Quito, Guayaquil deixam-nos boas recordações e abriram a curiosidade para o interior, litoral e norte (ficámos maravilhados com a vista da viagem de comboio que vimos em video).
É um enorme prazer ter um viajante profissional e autor dum blog de viagens que seguimos atentamente a ler os nossos relatos. Parabéns pelo prémio do FITUR.
Abraços e boas viagens em 2018