CALI, CAPITAL DA SALSA (COLÔMBIA)

Cali cada vez mais se torna uma cidade escolhida pelos viajantes. Está mais segura, tem história, é uma cidade musical, tem arte e aparece em séries de TV.

Os dias começavam a apertar, estávamos em viagem desde fevereiro, chegámos à Colômbia em junho, ainda faltava e falta tanta América, mas as nossas poupanças voaram mais rápido que o esperado e não sabemos multiplicar o que nos resta. Selecionámos algumas cidades da Colômbia, muito menos do que as que se devem conhecer, mas o tempo ditou os destinos. A primeira cidade foi Cali, a capital da salsa, a dança caliente do caribe.

Depois de atravessar a fronteira com o Equador, fomos de táxi até ao terminal para pagar o bilhete para Cali. Bem, já o tínhamos reservado na fronteira e fomos enganados… Às vezes a pressa é inimiga da perfeição, e o medo de já não encontrar o autocarro que queremos faz-nos tomar decisões precipitadas. Fica a nota, comprem os bilhetes sempre no terminal. Lá fomos então para o terminal com a intenção de levantar dinheiro para pagar o bilhete e depois aproveitar a tarde a percorrer Ipiales. A máquina do terminal rodoviário encravou com o nosso cartão lá dentro e ainda lhe custou a devolvê-lo, um pequeno susto de boas-vindas à Colômbia. A cidade não tem grande graça e acaba por ser apenas um ponto de paragem junto à fronteira. Apesar disso, tem no município o Santuário de Las Lajas, que só se deu a conhecer bastante depois de lá termos passado e é uma beleza super fotogénica. O santuário foi construído no vale do Rio Guaitara, em 1916, pois o local é considerado sagrado, após mãe e filha terem descoberto uma imagem da santa que dá nome à igreja. Para lá chegar desde o centro de Ipiales apanha-se um táxi por 2.500 COP (0,7€) e a entrada é grátis. É possível viajar de teleférico para ver a vista por 12.000 COP (3,5€). Pelas fotos que vimos é tão bonito de dia como de noite, iluminado com diversas cores. Não somos católicos, mas gostamos de contemplar um belo edifício e temos a certeza que teríamos adorado conhecer este. Foi pena! Não cometam o mesmo erro que nós.

Voltemos a Cali! A viagem foi feita de noite, e mais uma vez encontrámos um viajante que já tínhamos conhecido antes. Neste caso o Scott, da tour astronómica no Atacama. Chegámos de manhã e partilhámos o taxi até aos nossos hostels. O Scott ficou numa zona mais central, junto de restaurantes, e nós mais afastados, numa zona que de noite obriga a atravessar a avenida para chegar ao centro e deve ser percorrida com cuidado, mas estes viajantes são pessoas de andar mais de dia que de noite. Apesar de viajar de noite parecer sempre uma boa ideia pela poupança no alojamento, já sabemos que nesse dia ficamos de rastos.

A cidade não é muito grande, não é das mais famosas do país, mas reergue-se agora para o mercado turístico. Podemos dizer que a série Narcos tem dado um empurrãozinho.

O que fazer:

Free Walking Tour

É preciso reservar no site. São à tarde, das 16h às 18h, com o foco na história da cidade, em inglês e espanhol. O nosso grupo era bastante pequeno: nós, o Scott (que não fala espanhol) e um casal (ele israelita e ela brasileira que não fala inglês). A dinâmica do tour esteve dificultada porque foi feito nas duas línguas apenas por um guia. O ponto de encontro foi na Iglesia la Ermita, junto ao Parque Simon Bolivar.

Não foi o nosso melhor tour, apesar do guia ter sido muito prestável. Deu-nos muitas dicas, mas não quis falar muito do cartel de Cali, explorado na 3ª série de Narcos. Falou-nos das gravações pela cidade e deu muita ênfase à segurança vivida na maioria das ruas da cidade.

Iglesia la Ermita

Igreja dedicada ao Señor de la Caña. A igreja mais antiga foi destruída pelo terramoto, tendo restado apenas a imagem do Señor de la Caña. Foi reconstruída em 1942, num novo estilo arquitetónico, neogótico. Passou a ser dedica à Senhora das Dores, apesar de conservar a imagem antiga e o altar esquerdo. O fresco do Señor de la Caña é uma imagem de Cristo com uma cana de açúcar, recurso famoso na região, pois produzem 70% do açúcar nacional.

Cali

Parque los Poetas

Da igreja seguimos para o parque dos poetas, junto ao teatro Jorge Isaacs. Jorge Isaacs foi o autor da novela colombiana mais famosa de sempre, Maria. Parámos aqui para o guia nos mostrar uma profissão que ainda é comum no país. Vêem-se homens sentados com uma mesa e uma máquina de escrever antiga. Quem precisa de fazer requerimentos, preencher formulários, fazer CV’s e outros documentos, mas necessita de ajuda, dirige-se a estes homens que lhes fazem o trabalho, sendo uma espécie de biblioteca de minutas pessoal.

Gato de Tejada e Las Novias del Gato

Escultura de Hernando Tejada, doada à cidade de Cali em 1996. Encontra-se junto ao rio, na Normandia. Dez anos depois foi inaugurado o monumento Las Novias del Gato. Artistas colombianos conhecidos personalizaram 15 esculturas no parque onde se encontra a escultura original. A iniciativa foi criada pela Câmara de Comércio de Cali.

Cali

Plaza de San Francisco

Nesta praça fica a igreja com o mesmo nome, de estilo neoclássico, um dos únicos símbolos arquitetónicos do tempo colonial da cidade. A Gobernacion del Valle del Cauca fica nesta zona. A praça é ampla, um bom espaço para caminhadas.

Complejo religioso la Merced

Próximo da Igreja de San Francisco está a igreja mais antiga do tempo colonial, o museo arqueológico de la Merced, uma capela e um convento, monumento nacional desde 1975. Quando Sebastián de Belalcázar funda a cidade a 25 de julho de 1536, dia de Santiago, batiza-a de Santiago de Cali. Nesse dia é celebrada uma missa onde foi depois construído o Complejo Religioso la Merced. O museu é autónomo e usado para exposições de arte pré-hispânica.

Calle de la Escopeta (Rua da Caçadeira)

Rua do bairro La Merced onde fica o Museo de la Merced. Era por aqui que se passava para chegar ao rio Cali, junto à casa com o mesmo nome. Abandonada, a casa foi entregue para recuperação, mas faltam fundos para a executar. Em todo o caso, desde 2016 que o projeto #PorCaliLoHagoBien, através da Fundacion Culata, tem pintado os muros e fachadas da rua. A casa foi um centro de exposições, mas hoje em dia encontra-se em mau estado. Os colombianos esperam por melhores dias, em que a rua ganhará vida, para além de novas cores.

Cali

Museo del Oro Calima

Museu inaugurado em 1991 para enaltecer a cultura calima do Valle del Cauca, pré-colombiana. Fica localizado na Área Cultural del Banco de la Republica, onde existem também salas de música, exposições e de documentação

Capilla de San Antonio

Fica na colina com o mesmo nome, tornando-se um belo ponto de encontro de final de dia pela vista que tem. Passámos aqui duas vezes, pela proximidade ao hostel e boa localização para refeições. A igreja foi iniciada em 1742, para colmatar a distância à igreja principal. Esteve sempre fechada nos dois momentos em que lá passámos. O free tour acabou aqui, onde podem também comprar souvenirs.

Jardim Zoológico de Cali

Não somos fãs de todos os zoológicos e pensámos um bocadinho antes de decidir se valia a pena ir ou não. Pelo que lemos antes, grande parte dos animais estavam em espaços grandes e decidimos arriscar, até porque vimos no site que participam em muitos programas de conservação animal. Fomos a pé e voltámos a pé.

Cali

Com algumas dúvidas quanto a alguns animais, como o tigre, que nos pareceu estar num sítio pequeno, todos os outros nos pareceram ter bastante espaço, havendo vários à solta, como as iguanas selvagens que passaram a morar naturalmente nas instalações do zoo para fugir à cidade. O preço é de 19.500 COP (5,6€) para adultos e 13.000 paras crianças.

Mirador Sebastián Belalcázar

Nós não fomos, mas fica num ponto alto que permite uma vista privilegiada da cidade.

Plaza de Cayzedo

Antiga Plaza Mayor, mudou de nome em homenagem a Joaquin de Cayzedo y Cuero, representado em estátua. Foi fuzilado em 1816 pelas tropas espanholas durante a reconquista da Colômbia, enquanto Presidente das Cidades Confederadas do Vale do Cauca. A Colômbia tinha declarado a sua independência a 20 de julho de 1810. É um bom local para beber um tinto (café simples).

Mercado Alameda

Quem gosta de comprar frutas e legumes já sabe que o melhor local é sempre o mercado da cidade.

Onde comer:

Para almoçar, saímos do Hostel a pé e fomos em direcção ao centro pela Calle 9. Encontrámos vários restaurantes com menus acessíveis e acabámos por ficar pelo El Largo Azul, com o menu de almoço a custar 13.000 COP (3,8€). No dia seguinte almoçámos no El Pargo Rojo, com um menu ao mesmo preço do anterior, comida muito bem confecionada, pequenino e aconchegante.

Ao jantar fomos duas vezes ao Toro Burguer, um espaço de carnes, hamburguers, parrilladas, costillas e bife de chorizo. Não é dos sítios mais baratos da zona, mas ainda assim muito económico comparando com a Europa (cerca de 5€ por prato) e vale o preço.

Na rua podem comprar frutas e bebidas típicas, como:

  • champús (mel ou melaço, frutas como ananás, lulo, marmelo, canela, cravinho, folhas de laranjeira)
  • luladas (lima, lulo, açúcar, gelo e água)
  • Muito típico é o sumo de cana de açúcar com limão e gelo, muito giro de ver fazer nas suas maquinetas, mas demasiado doce
  • bolachas cucas
  • A goiaba maçã (guayaba manzana) e o chontaduro, uma fruta de uma espécie de palmeira que se descasca e tem um único caroço, servida com mel e sal. Não achámos fantástico, era farinhenta
Cali
  • Beber tinto na rua, que não é vinho, mas sim café. O típico é comprar aos vendedores na praça e bebê-lo aí, sentado num banco de jardim
  • Deve-se também comer marranita (pasteis de plátano recheadas com toucinho), empanadas, pandebono (pão de queijo, ótimo)

Onde dormir:

Se à primeira vista o hostel onde o Scott ficou nos parecia melhor, mudámos de ideias quando percebemos que nós tínhamos água quente e ele não.

Apesar do nosso hostel, Havana, exigir uma caminhada mais longa e um regresso de noite de táxi, era agradável. Tem aulas variadas quase todas as noites da semana. Não percebemos muito bem como funcionava porque ficamos os dois dias na cidade até tarde.

Onde bailar salsa:

La Topa e La Pérgola são as duas discotecas sugeridas pelo guia para experimentar dançar salsa. Nós não fomos porque estávamos cansados e não temos jeito para as danças, como comprovámos em Buenos Aires na aula de tango.

365 dias no mundo estiveram 2 dias em Cali, de 31  de maio a 2 de Junho de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: barato
Categorias: cidade, cultura, história,  gastronomia
Essencial: Iglesia la Ermita, La Merced, Colina de San Antonio, Gato Tejada, Las Novias del Gato, dançar salsa
Estadia Recomendada: 2 dias

Cali
Cali

Este artigo Pode conter links afiliados

Partilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Indice

Mais artigos

América do Sul

O QUE FAZER EM BOGOTÁ (COLÔMBIA)

Bogota tem vida e merece ser conhecida. Observem os grafittis, as casas coloniais, subam a Monserrate, apreciem os vendedores de esmeraldas, mas deambulem pela cidade.

Ler Mais »