Vem aí um ano novo. Há um ano já estávamos em Portugal, depois de termos saído de Angola. Foram mais de 4 anos a trabalhar, fazer amigos, aumentar a lista de conhecidos, aproveitar a alegria de África, o clima, mas já com um plano delineado para o futuro, a viagem. Se inicialmente queríamos começar no primeiro dia de 2017, não demorámos a perceber que organizar tudo no mês do natal não ia ser tarefa fácil. Mudámos a data e fomos a 8 de fevereiro, com uma viagem a Nova Iorque pelo meio, que nos deu um jeitão nas compras para viagem. O plano, já vos contámos, era uma viagem de um ano, com início na América do Sul e final na Oceânia. Não somos inflexíveis, não tinham que ser 365 dias, podiam ser 180 ou 400, mas isso não mudaria o nome do NOSSO projeto. Porquê 365 dias no mundo? Porque o ano geralmente tem 365 dias e em viagem ou em casa estamos no mundo, por isso, durasse a viagem o tempo que durasse, seria sempre um ano de cada vez, 365 dias.
Então, partimos rumo ao Brasil, com uma lista interminável de países que queríamos conhecer, locais que não podíamos perder e sem vontade de riscar o que era quase impossível de fazer. Ao fim de 4 meses de viagem muita coisa mudou. Percebemos que viajar com um plano tão a longo prazo faz-nos carregar mais bagagem, que somos obrigados a pensar em roupa de inverno e de verão, que a Raquel precisa de medicação para mais tempo, que estendemos demasiado algumas estadias no início da viagem e falta tempo para o restante. Também começámos a apanhar muitos dias de chuva que nos mantiveram fechados nos hostels e não nos permitiram conhecer coisas que estavam no plano, como algumas ilhas em San Blas. Que os planos monetários foram feitos com pressupostos que não se concretizaram. E que há sempre muito mais para fazer, muito mais para descobrir, como as minas de esmeraldas em Bogotá, ou a viagem de Cartagena para San Andrés de barco, mas que custam dinheiro (muito) e nos obrigam a pesar prioridades. Decidimos então fazer “só” cinco meses de viagem, conhecer a América do Sul e Central até à Costa Rica, mas lá acabámos por ir até Nicarágua, para o voo de regresso, com uma paragem de 3 dias em Miami.
Voltámos a Portugal 150 dias depois, 5 meses, no dia 8 de julho. E durante todo o verão andámos em ritmo de viajantes domésticos. Percorremos a costa vicentina, fomos até ao algarve, andámos a descobrir Lisboa, o norte e o Douro, fomos “abalroados” pela volta a Portugal em bicicleta, fomos ter a meio de uma gravação de um programa de TV de sábado à tarde, fomos a exposições e peças de teatro, comemos as delícias da culinária portuguesa, descobrimos pontes submersas que a seca deixou à vista, estivemos no meio dos incêndios de outubro, fizemos e fomos convidados para festas. E viajámos na Europa, sozinhos, a Raquel até à Suécia e o Reino Unido e o Tiago até Itália, e juntos, numa escapadinha até Toulouse. E, de repente, o natal passou e estamos no fim do ano.
Se era assim o nosso plano? Não. A passagem para o ano novo estava marcada em Sydney. De cada vez que abrimos o booking vemos a nossa reserva cancelada e pensamos no que podia ser e no que faltou conhecer. Existe aquela nostalgia de que podíamos ter tido um ano ainda mais diferente e que nos continua a faltar a Ásia. 2018 vem aí e não sabemos o que nos reserva, sabemos, para já, que temos uma viagem marcada para o primeiro trimestre, para pertinho, mas não temos planos a longo prazo. Sabemos que Cuba faz parte do nosso plano de férias grandes, mas não temos datas ainda. Temos uma lista de países que gostávamos de conhecer e andamos a pensar em escapadinhas de fim de semana. Sabemos o que ainda queremos ver em Portugal e amigos que moram fora e queremos visitar. Temos as mochilas e as botas encostadas para canto à espera de olhar um para o outro e dizer novamente “VAMOS”, enchê-las de coisas (menos que este ano) e partir. Queremos aprender a fazer coisas que não sabemos, como editar vídeos, para vos mostrar as coisas maravilhosas que vemos e conhecemos. Queremos deixar fluir a vida, aproveitar os momentos em que vivemos em Portugal, porque, quem sabe onde estaremos daqui a um ano? Mas não queremos fazer grandes planos, os planos existem para ser alterados, as agendas para nos lembrarem do que tínhamos planeado e não fizemos, por isso deixamos em 2017 os planos. Em 2018 vamos dar um passo de cada vez, uma viagem de cada vez, e veremos como corre. Enquanto isso, faremos vida de gente “crescida” e vamos trabalhar.
Desejamos a todos um feliz ano novo e um ótimo 2018, cheio de viagens. E lembrem-se, não é preciso ir até ao outro lado do mundo para conhecer coisas novas, há sempre algo a descobrir ao nosso lado. Uma cascata escondida no meio de uma montanha, uma antiga linha de comboio convertida numa ciclovia, um convento recuperado, um teleférico que nos mostra a nossa cidade de outro prisma, a nossa praia de verão visitada num dia de inverno, a praia fluvial ao pé de nossa casa que foi arranjada e agora é um ótimo destino para piqueniques, é só ter sede de aventura e sair de casa.
2018, sê bem-vindo, 2017, deixas memórias espetaculares!
Este artigo pode conter links afiliados