Vão descobrir muita gente que diz que Guatapé é um spot a não perder de Medellín, mas nós dizemos que depende. Tem graça, é acolhedor, tem aquela pedra gigante, mas a decisão de visitar ou não depende do tempo disponível. Há gente que vos vai dizer que é mais importante ir a Guatapé que a Medellín, mas também quem diga que não tem muito que ver. A graça de viajar é mesmo essa, ir aos mesmos sítios e não gostar de tudo de forma igual, cada um ter a sua perspetiva.
A vila de Guatapé tem 4.000 habitantes, tranquilos, silenciosos, na sua. Então porque é tão famosa? Além do enorme penedo e as ilhotas da região criadas pela albufeira, as cores vivas da vila. As paredes e os muros são decorados com zócalos, desenhos em relevo coloridos. Estes desenhos às vezes são abstratos, mas geralmente representam atividades do dia a dia. São feitos na parte inferior dos muros e tornam a vila numa cidade colorida, que não fica atrás de Valparaíso (Chile), La Boca e El Caminito (Argentina), etc.
Nós, por distribuição de tempo e escolha pessoal, decidimos dizer sim, e fomos. Guardámos as malas no hostel em Medellín, a contragosto do proprietário, e seguimos viagem. Dois meios dias e uma noite pareceu-nos suficiente.
Como chegar:
Apanhar o metro, linha A, saída Caribe, e seguir até ao terminal norte. As bilheteiras para Guatapé são do lado esquerdo. Nós comprámos na SotraPeñol, por 27.000COP (7,9€). Foi tudo a correr, ou, como diz o Tiago, no timing perfeito: chegámos, pagámos e entrámos no autocarro. Mas há autocarros de meia em meia hora, sensivelmente. A viagem é de cerca de duas horas num pequeno autocarro. Pode-se sair na vila ou na pedra. Da pedra para vila pode-se apanhar novamente um autocarro ou um moto-táxi.
Para regressar a Medellín já tínhamos comprado o bilhete na vila e foi só descer da pedra a tempo de nos cruzarmos com o autocarro.
Pode-se ir e vir num mesmo dia, mas será desgastante para a maioria das pessoas.
O que fazer:
Choveu todo o tempo do primeiro dia. Tínhamos pensado em passear de barco quando programámos a viagem, mas acabámos por ficar no hostel a trabalhar. Na manhã seguinte acordámos super cedo por duas razões: o quarto não tinha cortinas, portanto a luz entrou logo antes das 6h; e os nossos amigos do andar de cima, na véspera deitaram-se tarde, mas acordaram cedo e começaram logo a fazer barulho. Aproveitámos o incomodo e fizemos logo o check-out. Fomos ao terminal de autocarro para saber os horários e comprámos o bilhete de regresso a Medellín. Segundo a funcionária, os lugares esgotam e não nos apetecia viajar de pé depois de subir e descer 700 degraus.
Piedra El Peñol
Para ir até à pedra, desde a vila, há duas hipóteses, apanhar um autocarro e pagar 3.000COP (0,9€) cada bilhete ou ir de moto-táxi e pagar 10.000COP (2,9€). Acabámos por conseguir negociar por 6.000COP até às bombas, com a ajuda dum chileno que foi super simpático. Chegámos às bombas e vimos logo o objetivo final, um monólito de 220 metros e mais de 700 degraus até ao topo.
Pode-se ir pela estrada para subir até à entrada ou ir pelas traseiras das bombas, por mais uma escadaria. Fomos pela escadaria, que depois se tornou num desbravar de terra batida e barro pela chuva. Chegados lá cima, há várias lojas de souvenirs, restaurantes e a temível bilheteira. Aquilo que nós adoramos, gastar dinheiro. A entrada custa 18.000COP (5,2€) por pessoa. Pagámos e começámos a subida. Temos de confessar que, apesar de ser desgastante, foi feita muito rápido. Em vinte minutos estávamos no topo. Talvez ajude na odisseia a marcação a amarelo de 25 em 25 degraus, já que vai mostrando em que passo estamos.
Há um miradouro com uma santa no meio, um bom ponto para paragem e descanso. E, felizmente, há dois caminhos, um para subir e outro para descer. Chegados aos 659 degraus encontram-se vários cafés e casas de banho. Todos os cafés estavam fechados exceto um quiosque de venda de gelados e bebidas. É aí que está o maior miradouro, com vista de quase 360º, exceto na zona do edifício. O edifício tem lojas de souvenirs (3 andares) até chegar ao verdadeiro miradouro 360º, aos 740 degraus. A vista é fantástica. Vêem-se as diferentes ilhas, a água, as piscinas, os barcos que passeiam pelo lago, etc. O edifício e as escadas são um bocadinho rudes, de uma construção abrutalhada, mas que cumpre o propósito. Vale a pena e sem dúvida pode ser um passeio de um dia.
Vila de Guatapé
A cidade é engraçada, pequena, colorida, diferente, com aqueles relevos nas paredes, os zócalos. Os zócalos podem ser flores, homens a trabalhar, frutas, imagens abstratas, animais, tudo o que possam imaginar.
O seu boom turístico deu-se nos anos 70, quando foi construído um complexo hidroelétrico que lhe deu o aspeto que tem hoje, rodeada de água e pequenas ilhas. Tornou-se o local ideal para passear de barco.
Deve-se ir à Plaza de los Zócalos, que fica numa zona mais interior. Tem uma espécie de bancada/escadaria pintada onde a maioria dos turistas tira a foto da praxe.
Não se pode perder a caminhada junto ao molécon, um paredão junto à água, onde são anunciados os passeios de barco e onde é fácil encontrar um moto-táxi (espécie de tuk tuk) para pequenas viagens. Nos passeios de barco visitam-se algumas das ilhas formadas após a construção da represa, parte da povoação antiga que foi inundada e La Manuela, uma casa de Pablo Escobar, destruída pelo cartel de Cali. Já estávamos no Panamá quando um desses passeios de barco acabou em tragédia, depois do barco naufragar. Nós, como já dissemos, não andámos de barco porque choveu todo o primeiro dia.
A Igreja Nossa Senhora do Carmo, na praça central, deve ser visitada. Na mesma praça encontram-se vários cafés e restaurantes com esplanada.
A rua típica da vila é a Calle de los Recuerdos, onde os zócalos estão presentes, e o piso é de pedra, é perpendicular à calle 30.
Existe um posto de turismo onde podem ver alguns dos eventos da vila e pedir informações.
Onde comer:
Almoçámos no Tiki Taka, sugestão do hostel, menu bem confecionado, por 10.000COP (2,9€), inclundo sopa, porco/vaca/frango com arroz, banana frita (patacones), salada e uma mini arepa.
Jantámos na pizzaria D’Luigi, número 1 do TripAdvisor, por 28.500COP (8,3€) por uma pizza partilhada, uma cerveja e água. Tinha alguma variedade de pizzas que podem ser partilhadas. Uma verdadeira pizza italiana. Sentiu-se a diferença logo no molho de tomate. A equipa era simpática e familiar, um restaurante com pouca luz, o que o torna ideal para casais.
No dia seguinte tomamos o pequeno almoço numa pastelaria na praça central e foi super barato (1,4€ para os dois). O sítio previsto era o La Viña, mas não encontrámos (fica junto ao lago numa diagonal e ficámos pela praça central), só o encontrámos quando fomos comprar o bilhete de regresso.
Onde dormir:
O quarto era simpático (Casona) mas barulhento. A malta que também lá estava embebedou-se e atirava com as bolas do snooker ao chão, no andar de cima. O funcionário era prestável e fica muito próximo da praça central.
365 dias no mundo estiveram 1 dia em Guatapé, de 8 a 9 de Junho de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥
Preços: barato
Categorias: cidade, cultura, arquitetura
Essencial: Guatepé, El Peñol, Plaza de los Zócalos, Igreja
Estadia Recomendada: 1 dia
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