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DESCULPA, MAS JÁ NÃO POSSO IR

Já não posso ir, diz ela/ele e nós pensamos no bilhete pago, nas reservas de hotel, nos planos feitos e nas expectativas que tínhamos. Tínhamos? Não tem de ser assim, não se tem de desistir.
não posso ir

Quantas vezes? Quantas vezes tinham tudo marcado e a outra pessoa, à última da hora, vos diz: “afinal não vai dar“, “já não posso ir”? É assim que muitas viagens a solo começam. Está tudo pago, organizado e encaminhado, as expectativas são altas, e já não se quer desistir.

Desculpas típicas

Não posso ir porque…

  1. Afinal não posso tirar férias
  2. Tenho um exame nessa altura
  3. Já não tenho dinheiro
  4. Apareceu um imprevisto de última hora e não dá para adiar
  5. Conheci uma pessoa e vou de férias com ela
  6. (para casais) A relação termina
  7. Problemas com visto/voo/documentos necessários
  8. Mudei de emprego
  9. Decidi mudar as minhas prioridades
  10. Doenças (esta perdoa-se sempre)

Este último ponto toca especialmente à Raquel. É doente crónica, a doença é auto-imune, exige medicação diária, dói sempre ou, no mínimo, incomoda. Ouvimos muita gente dizer que era um risco muito grande. Que ela estava doida, como ia comer, como ia fazer se ficasse com uma crise? Às vezes vemos o mundo como se estivéssemos no tempo dos descobrimentos e não soubéssemos o que há depois do Cabo das Tormentas. Hoje em dia já sabemos, muita gente sofreu e morreu para nos contar que há esperança, há outro tanto de mundo que se pode conhecer, onde também há hospitais e profissionais de saúde.

Afinal de que temos medo? Porque desistimos? Os ingleses têm uma ótima expressão para as desistências “cold feet“, ficar com os pés frios. Quando se fala em viajar e pessoas que largaram tudo, fala-se em coragem, em maluqueira, em riqueza. Às vezes, coragem é acordar todos os dias para picar o ponto num emprego que se odeia, maluquice é continuar num país que não valoriza o esforço em ser melhor. Quem fica e não viaja até acaba por gastar o mesmo noutras coisas (que valoriza mais).

Para um português, começar uma volta ao mundo, ou uma viagem de mochila às costas, já foi muito difícil. Ninguém entendia o porquê, ninguém o fazia. Hoje em dia muita gente já largou “tudo” e simplesmente foi. Mas ao mesmo tempo o português sempre teve o espirito de partir.

Quando é que a decisão de largar tudo fica facilitada e realmente se concretiza (generalizando, para um português)?

  1. Quando é despedido. Entregou-se de corpo e alma a um projeto, a uma empresa, e no fim levou um pontapé no rabo como se fosse o maior preguiçoso da freguesia. O impacto, o choque de perceber que adiou sonhos por nada, faz com que se largue tudo e se vá viajar.
  2. O fim de uma relação. Quase como o primeiro ponto. Houve dedicação, sonhos, esperança, e acabou na mesma. Para se encontrar, para conhecer novos locais, ou só porque sim, muitas viagens longas começas assim.
  3. A morte de alguém. Quando morre um ente querido podemos ter vontade de fugir da realidade e de quem ficou. Às vezes, é a proximidade da morte e a lembrança de que ninguém cá fica que nos faz perseguir os nossos sonhos.
  4. Doença. Principalmente do próprio, uma doença que nos mostre quão efémera a nossa passagem é, pode despertar uma vontade de perseguir os sonhos.
  5. Uma poupança avultada. O conforto de uma conta bancária recheada pode ser aquele click que faltava para dizer “é agora”.

Nós defendemos que não se deve esperar por nenhum destes cinco pontos “abre-olhos”. Que se deve ir quando se tem vontade. Empregos há muitos, para quem não tem medo de arriscar. Relações não vamos dizer que há muitas, mas se o vosso sonho é viajar e aquela pessoa detesta sair da sua cidade, bem, boa sorte com isso. A morte não se pode evitar, persegue-nos por todo o lado, e as pessoas devem ser valorizadas em vida. Doenças há muitas, descobrir que se está a morrer, que se pode morrer, ou simplesmente que já não se é saudável, é um choque que nos impele a mudar de vida, mas também pode ser um impeditivo. Quanto às poupanças, já dissemos que há viagens para todos os bolsos, o que não signifique que não influencie muito a forma como a viagem é feita. Podem aprender a poupar aqui.

A próxima vez que alguém vos disser “já não posso ir”, digam “Ok”, peguem na mochila/mala, dêem-lhe um abraço e sigam caminho. Não se vão arrepender. E, já agora, tirem muitas fotos e enviem-lhe, só para mostrar o que perdeu. 😉

não posso ir

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4 respostas

      1. tanta coisa que gostava de partilhar como a minha primeira viagem aos 16 anos só 2 amigos e depois aos 18 anos assim sem destino,Portugal é pequeno e grande ao mesmo tempo.Convido para um tempo de qualidade só ou com companhia num lugar perto de tudo e longe da confusão. é a minha ilha ou o meu refúgio.pode visitar a página casa da Esperança ,Juncal em Porto de Mós.está o meu contato um local entre a serra e o mar da Nazaré.Lugares lindos aqui á volta e mais fica como surpresa.

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