Temos um casal amigo muito especial para nós que mora em Faro, por isso de vez em quando lá abalamos para sul. O verão passado fomos à Festa de Branco de Loulé e no início deste verão fomos até Castro Marim. Chegámos na véspera a Faro e partimos de manhã rumo à fronteira. Castro Marim fica no “fim” do Algarve, separada de Espanha pelo rio Guadiana, vizinha de Monte Gordo e Vila Real de Santo António.
O Algarve foi durante muitos anos a região portuguesa mais turística. O bom tempo, as praias de areal branco e a água “quente” contribuíram para atrair muitos ingleses e portugueses, mas também turistas de várias outras nacionalidades. Hoje em dia, o turismo está mais concentrado em Lisboa e no Porto, espalhando-se um pouco por todo o país, no entanto, Albufeira, no pico do verão, continua a ser demasiado pequena para tantos turistas. Mas o Algarve é muito mais do que Albufeira, Portimão, Vilamoura, é muito mais que pubs, golf e resorts.
Acaba por ser algo “engraçado” termos este post pensado no final da semana em que o Algarve decidiu que se quer juntar às regiões portuguesas que cobram taxas turísticas. A decisão foi tomada, imagine-se, em Castro Marim. Ainda não se sabe muito bem como os municípios a vão aplicar, mas parece que será uma realidade em 2019.
O seu castelo, mandado construir por D. Afonso III, protegeu a cidade conquistada em 1242 de inúmeros ataques. Quando se perdeu Ayamonte para Espanha a vila precisou de ser reforçada. Como se fosse possível viajar no tempo, essa parte da história perdura nos dias em que há feira medieval, no final de agosto. O evento chama-se Dias Medievais e já vai na 21ª edição.
A chegada a Castro Marim é feita pela N125, a estrada esburacada “vítima” de um cenário de Três Cartazes à Beira da Estrada (Three Billboards Outside), mas com seis cartazes, como podem ver neste artigo. Assim que se chega perto da vila vê-se o castelo, o forte, a ponte, um moinho e o rio Guadiana. A vila não é grande, mas é acolhedora, acabando por ser uma lufada de ar fresco num Algarve tão explorado.
O que fazer:
Castelo: a entrada é paga, um preço simbólico, e em junho havia uma exposição de “Instrumentos de Tortura e Punição”, que ficará até ao fim do ano. É sempre doloroso ver os instrumentos e ler a explicação. Subindo às muralhas encontram uma vista privilegiada para as salinas, o rio Guadiana e Ayamonte, na outra margem. Há outra exposição interior, sobre a vila e escavações arqueológicas feitas no local, criada pelo Núcleo Museológico do castelo.
Forte de s. Sebastião: está fechado, mas bem conservado. Foi mandado construir por D. João IV para reforçar a proteção do Algarve, na antiga ermida de s. Sebastião, durante a Guerra das Restauração. Em termos militares, este edifício completou o castelo medieval e juntos tinham a função de proteção da vila.
Revelim de santo António: a sua renovação salta à vista assim que se chega perto da vila. Junto com o castelo e o forte forma a imagem de marca da vila. Mandado construir por D. João IV foi reabilitado em 2008, juntamente com a capela e o moinho adjacentes. Nele constam a igreja de santo António, o moinho, o centro de interpretação do território, um anfiteatro para 500 pessoas ao ar livre, hortas biológicas, o jardim andaluz e uma cafetaria.
Igreja Matriz de nossa senhora dos Mártires: pintada de branco, no topo de uma escadaria, fica esta bela igreja. Tornou-se na igreja principal quando o terramoto de 1755 destruiu a igreja de Santiago.
Igreja de santo António: fica dentro do revelim, que ajudou a tornar a vila num ponto importante de defesa do Algarve.
Igreja de Santiago: só restam as ruínas da que foi a igreja matriz, dentro do castelo. “Desfez-se” em 1755 no terramoto e passou o testemunho à Igreja nossa senhora dos Mártires.
Posto de turismo: vende artigos da região e tem flyers para distribuir e funcionários dispostos a ajudar na visita ao município.
Casa de Sal: junto ao posto de turismo. Pretende divulgar produtos e promover a salinicultura tradicional. Permite marcar visitas à Salina Félix, através da empresa Nov Baesuris.
Centro de Interpretação do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António: por ser uma zona protegida pertence ao ICNF, não encontrámos informações de como visitar.
Salinas: fazem parte da imagem de marca de Castro Marim. A sua flor de sal encontra-se por toda a parte. Vale a pena olhar para as salinas do castelo e de carro, à chegada.
Praias: estamos em zona de eleição de tantos portugueses. Muito próximo temos as praias Alagoa, Verde Lago, Verde e a do Cabeço, entre a Ria Formosa e Monte Gordo.
Onde comer:
A página do município é bastante completa neste campo, engloba Castro Marim, Odeleite e Altura.
Nós fomos à Tasca Medieval, junto ao castelo. Comemos atum, fomos bem servidos e atendidos.
Onde dormir:
Mais uma vez o município ajuda e na sua página tem uma secção dedicada a alojamentos. Os únicos que têm página não nos pareceram opções baratas.
365 dias no mundo estiveram 1 dia em Castro Marim, a 31 de maio de 2018
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