Mérida tem um excelente acervo de ruínas romanas, tendo sido um importante centro urbano no século I. Foi a capital da Lusitania como Emerita Augusta, o que tem graça, porque quase toda a antiga Lusitania é agora do lado português. Durante o período muçulmano a sua importância foi decaindo. Hoje (desde 1993) é património da UNESCO e um destino perfeito de fim de semana a partir do centro de Portugal.
A cidade tem várias atrações e é mexida, ajudada pelo facto de ser a capital da Extremadura. Depois de uma curta paragem em Badajoz, começámos por aqui o nosso roteiro em Espanha, num dia em que a chuva nos acompanhou durante quase toda a viagem desde Portugal. Deixámos as coisas no hostel e fomos investigar. A semana santa é um verdadeiro acontecimento por estes lados, reconhecido como património internacional. Os museus ficam abertos até mais tarde e há descontos ou entradas gratuitas. Por todas as igrejas encontrámos andores montados ou em arranjos finais.
O que visitar:
Acueducto de los Milagros: foi a primeira coisa que visitámos, em Mérida, logo à chegada. Fica junto ao canal. Não tem nada a ver com o Aqueduto de Águas Livres em Lisboa, mas não deixa de ter encanto.
Alcazaba: É considerada a fortaleza árabe melhor preservada da Península Ibérica e talvez a primeira a surgir, datada do século IX. Comprámos o bilhete Conjunto Histórico-Arqueológico por 15€, enquanto o bilhete individual custa 6€ (recomendamos a compra do bilhete combinado que inclui entrada em 6 atrações). A chuva não ajudou a vaguear com calma pela alcáçova, andámos a fugir entre pingos. Permitia albergar vários militares e tem uma cisterna que pode ser acedida a partir da torre de vigia.
Ponte Romana: junto à Alcazaba e de acesso apenas pedonal. Vale a pena atravessar para o outro lado e regressar, apesar de existir uma ponte recente e de circulação automóvel ao lado, a ponte Lusitania.
Templo de Diana: tem este nome porque é semelhante ao Templo da deusa Ártemis, apesar de servir para prestar culto à família imperial e não a Diana. Fica no centro de Mérida e é grátis. Está integrado num edifício mais recente e as escadas já não se conservam. Não tentámos entrar porque chovia muito na nossa visita, mas da rua vê-se bem.
Plaza Mayor: esta praça ganha um maior encanto durante a Páscoa, vivida com muita intensidade. Podem entrar numa das igrejas e assistirem à preparação e enfeite dos andores. O momento alto é a procissão na madrugada de sexta-feira, que atravessa a zona histórica da cidade. Esta típica praça espanhola tem alguns edifícios interessantes, mas o maior ponto de interesse é a forma como as pessoas a vivem, juntando-se nas esplanadas para comer umas tapas, mesmo num desagradável dia de chuva como o nosso.
Anfiteatro e Teatro Romano: é um dos melhor “conservados”, começado a escavar em 1910, e ambos concordamos que é o ponto alto da cidade, junto com o Museu Romano, mesmo em frente. Os artefactos originais foram transferidos para o Museu Romano e aqui foram colocadas réplicas. A entrada simples custa 12€ (faz parte do conjunto combinado). Aqui acontece o Festival Internacional de Teatro Clássico, que já vai na sua 65ª edição e este ano de 2019 ocorre de 27 de junho a 25 de agosto. Reparem nas fotografias espalhadas pela cidade, em vários restaurantes, parece ser um belo acontecimento. A nossa Dulce Pontes já atuou neste anfiteatro de Mérida.
Tem graça perceber que no tempo romano não podíamos assistir aos espetáculos juntos, a Raquel ficaria num dos assentos mais altos, destinados às mulheres, e mesmo o Tiago teria um lugar diferente por ser casado. Ter ido à tropa também influencia o lugar e claro que a posição na sociedade é o fator mais decisivo, algo que não mudou muito em cerca de 2000 anos.
Museu Romano: não faz parte do bilhete combinado de 15€, custa 3€, mas vale bem cada euro. Apanhámos o museu com entrada grátis por ser o Dia Internacional dos Museus. O museu é imperdível, está muito bem organizado, os artefactos e a arquitetura do edifício combinam numa sinergia que poucos museus conseguem. Desçam até à cripta onde verão como eram as casas romanas. É bastante grande, se quiserem observar com detalhe vão demorar algum tempo. Ficámos bastante impressionados com as calçadas antigas que foram transferidas para as paredes. Estão muito bem preservadas, os desenhos são detalhados, e alguns são enormes.
Cripta de santa Eulalia: mais umas ruínas fantásticas, incluídas no bilhete combinado. É cobrado um donativo adicional de 2€ para subir à Basílica, em dinheiro. Subam, vale a pena. Aqui, mais uma vez, vimos os andores preparados para a procissão. Esta igreja tem a grande particularidade de ter sido construída sobre uma outra antiga, estando explicada a sua evolução e crescimento ao longo do tempo, bem como visíveis as fundações antigas. Na prática, é uma igreja sobre outra igreja. Não percebemos nada do assunto, mas é fácil perceber que as igrejas têm todas uma grande influencia gótica, e acabam até por ser parecidas.
Circo Romano: fica junto ao Aqueduto de são Lázaro. Quem tem crianças encontra aqui um espaço onde as pode deixar correr sem grandes riscos. Era onde se faziam as grandes corridas de cavalos, repletas de simbolismo e paganismo. Hoje em dia está cheio de flores e “verdinho”. O edifício tem um miradouro, uma exposição e uma projeção de um vídeo.
Museo Aberto de Mérida (Praemerita y Geomerita): fica perto de um belo parque de caravanas (que estava esgotado). A entrada é gratuita e apresenta várias exposições, como geoemérita (geologia, paleontologia, mineralogia e petrologia) e praemérita (vários objetos paleolíticos ou neolíticos). É lá que podem saber mais sobre o Dolmen do Prado de Lácara, o maior monumento megalítico de Espanha, o segundo maior da Península Ibérica, porque nós temos o maior: o Cromeleque dos Almendres, no Alentejo.
Onde dormir:
O hotel que mais encontrámos referenciado em Mérida é o Ilunion las Lomas, nas imediações da cidade, ajustado para quem vá de carro. No booking o mais concorrido é o Hostal Emeritae. Nós ficámos junto ao aqueduto, no Hostal Acueducto Los Milagros, não era mau.
Onde comer:
Em Espanha o que se quer é tapas, ovos mexidos, batatas bravas, presunto, lulas. Lemos que o Restaurante Rex Numitor vale a visita.
365 dias no mundo estiveram na Extremadura de 17 a 20 de abril de 2019
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