A HISTÓRIA DO AZULEJO (PORTUGAL)

Se gostam dos azulejos portugueses e gostavam de saber mais sobre a sua história devem visitar o Museu Nacional do Azulejo que fica no antigo edifício do Convento da Madre de Deus.

Costumamos aproveitar os domingos para programas culturais, tirando partido da iniciativa dos museus gratuitos (até às 14h e só para residentes), e a verdade é que já nos sobram poucos museus em Lisboa por visitar. O Museu Nacional do Azulejo era um bom complemento à nossa anterior visita a Sevilha, onde, tal como em variadas zonas de Portugal, esta arte tem muita importância.

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O Convento da Madre de Deus (ou Real Mosteiro de Enxobregas) foi fundado por D.ª Leonor em 1509, em Xabregas, para albergar a Ordem de Santa Clara. O espaço foi tão especial para a rainha que ela se encontra lá sepultada em campa rasa, à entrada da capela com o seu nome.

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Em 1522 concluiu-se a igreja primitiva, data comprovada no Retábulo de Santa Auta, hoje exposto no Museu de Arte Antiga. Atualmente, a igreja primitiva é a sala D. Manuel e expõe azulejos atribuídos a Manuel dos Santos, um dos primeiros especialistas nacionais em azulejaria.  Mais tarde, em 1550, construiu-se a igreja da Madre de Deus, por ordem de D. João III. O convento sofreu com o terramoto de 1755, mas foi reconstruído.

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O estado comprou o convento em 1867, para o tornar no asilo D.ª Maria Pia. Em 1888 começaram-se a guardar nas instalações caixotes de painéis de azulejos de outros palácios e conventos, azulejos esses que deveriam servir para a decoração do espaço.

Mais tarde, em 1957, por ocasião da exposição de comemoração dos 500 anos do aniversário de D.ª Leonor, a Fundação Calouste Gulbenkian financiou as obras de restauro necessárias, ficando desde logo o objetivo de converter o espaço no Museu do Azulejo. No fim da exposição o edifício foi entregue ao Museu de Arte Antiga e só em 1980 se tornou independente, dando origem ao Museu Nacional do Azulejo.

O edifício tem vários painéis de grande importância, destacando-se:

Rés do Chão:

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  • a visita começa com os painéis do século XV e XVI de técnicas hispano-mouriscas de Sevilha, mas também se representam obras de Toledo e Valência.
  • a sala seguinte tem azulejos de faiança feitos para o Paço dos Duques de Bragança.
  • o Retábulo de  Nossa Senhora da Vida, produção de Lisboa, visível também do 1º andar.
  • a Vista de Jerusalém, oferta do primo a D.ª Leonor.

1º andar:

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  • a escadaria do Convento de São Bento, atual Assembleia da República de que falámos aqui.
  • a cena de caça, na Sala da Caça, proveniente do Palácio da Praia.
  • o Ciclo dos Mestres, e os painéis holandeses, na Sala Santos Simões.
  • o Macacaria, o Casamento da Galinha, para a Quinta de Santo António da Cadriceira.
  • as obras do século XX em volta do claustro com algumas obras de Bordalo Pinheiro retiradas de padarias antigas de Campo de Ourique.
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2º andar:

  • o Grande Panorama de Lisboa, um painel que merece toda a nossa atenção. O painel tem 23 metros, em que se representa Lisboa antes do terramoto, com legendas e indicando quais os edifícios que persistem. Vale a pena ver o Paço Real, totalmente destruído em 1755 e que veio dar lugar ao Terreiro do Paço. Falámos neste Paço quando contámos que após o terramoto a família real preferiu refugiar-se num edifício novo, que viria a ser o Palácio Nacional da Ajuda. Falámos disso aqui.
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Também tem grandes pinturas, principalmente na igreja, como o Ciclo de Vida de Maria,  e de Santa Clara. O coro alto também tem obras atribuídas a Cristóvão Lopes (D. João III e D.ª Catarina de Áustria) e uma imensidão de relicários. Na igreja deve-se olhar para o tecto. Vão encontrar muita talha dourada e estilo barroco.

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Vale a pena:

Na nossa opinião, o edifício merece obras de reabilitação exteriores. Quanto ao interior, é muito completo e vale a pena saber mais sobre o azulejo, que faz parte da nossa identidade. Os pontos altos são a igreja e o Grande Panorama. Fica uma dica, na nossa opinião, também poderia ser transportado para aqui o painel de Lisboa que se encontra no Panorâmico de Monsanto, representando uma Lisboa mais atual, que se está a danificar no meio do desleixo e abandono atual do edifício.

Há workshops, que podem ver no site.

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Grupo no workshop a aprender a pintar um azulejo

Quando visitar:

Fecha às segundas-feiras e em alguns feriados. Se forem residentes nacionais sugerimos esperar pelo domingo. Se não têm direito ao desconto, pode ser melhor visitar a um dia da semana para evitar confusão.

Como chegar: 

Autocarros 718, 742 e 759.

Preço:

A entrada são 5€ (ao domingo até às 14h é grátis para residentes em Portugal).

Onde comer:

O jardim de inverno serve de esplanada e é um bom espaço para sentar e lanchar. A própria cafetaria/restaurante tem uma decoração em azulejo muito particular. São azulejos oitocentistas que foram trazidos de uma cozinha de um palácio extinto.

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365 dias no mundo estiveram no Museu Nacional do Azulejo a 4 de agosto de 2019

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