A ENIGMÁTICA QUINTA DA REGALEIRA (PORTUGAL)

Quem gosta de histórias de príncipes e princesas, de palacetes e paços reais, tem de ir a Sintra. Um dos palácios mais concorridos e especiais  da cidade é a Quinta da Regaleira. Fica no percurso entre o Paço Real e o Palácio e Campo de Seteais e é plena de misticismo e simbologia.

Quem gosta de histórias de príncipes e princesas, de palacetes e paços reais, tem de ir a Sintra. Ali encontra a perfeita viagem no tempo que nos transporta até à corte e à família real. A cidade é toda especial, palácios não faltam, todos ao gosto de quem os mandou construir e da exuberância que a sua fortuna permitia. Um dos mais impressionantes é a Quinta da Regaleira.

Um dos palácios mais concorridos e especiais  da cidade é a Quinta da Regaleira. Fica no percurso entre o Paço Real e o Palácio e Campo de Seteais, e é plena de misticismo e simbologia. Fala-se muito da maçonaria na forma como a quinta foi projetada, mas isso só um especialista vos pode dizer.

Palacete da Regaleira

De Quinta da Torre passa a Quinta da Torre da Regaleira, após a Baronesa com o mesmo título a comprar em 1840 e construir a capela, o palacete, e idealizar o jardim.

Monteiro dos Milhões (ou Dr. António Augusto Carvalho Monteiro) adquiriu o espaço da Baronesa e ampliou-o, com projeto inicialmente de Lusseau, não concretizado, e depois de Manini. O palacete e a capela foram alterados (e vistosamente ornamentados) entre 1904 e 1911, nos últimos anos da monarquia, por Luigi Manini, no estilo neo-manuelino e renascentista. Nesta obra, Manini usou os escultores que trabalharam consigo no Palace Hotel do Buçaco, construído para os últimos reis de Portugal. Manini era arquiteto e cenógrafo do Teatro Nacional São Carlos. Quem conhece o Buçaco (ou Bussaco) vai reconhecer a assinatura do arquitecto.

Manini foi também o escolhido para projectar o jazigo da família no Cemitério dos Prazeres.

365DNM_cemiterio_prazeres_1
Jazigo da família Carvalho Monteiro no Cemitério dos Prazeres

Em 1946 o espaço passa para as mãos de Waldemar Jara d’Orey, que o altera ao seu gosto pessoal. Mas, em 1987 muda novamente de mãos, para a Aoki Japonesa. Em 1997, a Câmara de Sintra comprou o edifício e reabilitou todo o espaço, abrindo-o ao público em junho de 1998. Desde essa altura, acabou por se tornar um must do em Sintra. O espaço tem o jardim cheio de elementos, como grutas, fontes, torres, miradouros e caminhos secretos,  além do próprio palácio e da capela. Há ainda outros edifícios na quinta, como a fundação e as cocheiras.

DSC_3041

Quinta da Regaleira

O palácio tem 6 pisos:

  • -2 e -1 – cozinha, despensa, copa, camaratas, engomadoria e refeitório;
  • 0 – é talvez o mais vistoso, o piso nobre. Tem influência manuelina, gótica e renascentista. As portas são qualquer coisa de fantástico. Deve-se admirar a lareira da sala de caça e o alpendre com ornamentação em calcário, semelhante ao Buçaco;
Quinta da Regaleira
  • 1 – piso reservado à família, mais intimista, onde ficavam os quartos;
  • 2 – a sala octagonal lembra a charola do Convento de Cristo em Tomar. Contém um escritório e arrumos;
  • 3 – tem um terraço panorâmico e a torre neomedieval, escritório do proprietário. A torrinha tem uma esfera armilar e um catavento.
Quinta da Regaleira

Capela da Santíssima Trindade

A capela foi projetada por Luigi Manini no estilo neomanuelino, no final do século XIX. Falamos numa época politicamente complicada para Portugal, ainda a viver sobre a memória dos grandes feitos dos descobrimentos (como ainda hoje), tentando regressar a esse tempo. Do ponto de vista arquitetónico, nesta altura, o regresso à época de apogeu era por via do estilo manuelino. Manini, italiano, aprende o estilo, e alia-o aos seus conhecimentos de cenógrafo, criando o que se vê na Regaleira.

Destacam-se as cenas de Anunciação e da Coroação de Maria, o tema central. A esfera armilar e a Cruz da Ordem de Cristo estão representados no chão. A cripta tem um acesso subterrâneo de ligação ao Palácio.

DSC_3024

Jardim da Quinta da Regaleira

O jardim é uma mistura de caminhos “secretos” e espaços a desvendar. Sem, de todo, dominar a área, sabemos que simboliza um caminho de iniciação, que representa o cosmos, e que possui um dantesco mundo subterrâneo. Devem circular com o mapa que vos dão na bilheteira para saberem onde andam e conseguirem encontrar o percurso subterrâneo:

  • A estufa, que era uma paixão de Carvalho Monteiro;
  • A gruta da Leda;
  • A torre da Regaleira e o seu miradouro;
  • A fonte da Regaleira (estava em obras);
  • A Cisterna e o Lago da Cascata;
Quinta da Regaleira
Quinta da Regaleira
  • O percurso subterrâneo que envolve a Gruta do Oriente, o Poço Iniciático, o Lago da Cascata e o Portal dos Guardiões;
Quinta da Regaleira

Um dos espaços mais concorridos e mais difícil de fotografar sem muita gente a servirem de figurantes é o Poço Iniciático, uma torre invertida de 27 metros. Se quiserem estar sozinhos recomendamos que vão cedo, durante a semana, e comecem a visita por aqui.

Quinta da Regaleira
Quinta da Regaleira
Quinta da Regaleira

Preço:

O bilhete livre (com mapa) custa 8€ para adulto, existindo preços especiais de 5€ para maiores de 65 e menores de 17 anos. Até aos 5 anos e acima dos 80 anos o bilhete é gratuito.

As visitas guiadas são de terça a sábado, às 10h e às 14h, e custam 12€/adulto (preços variam dos 6 aos 12€). Para quem gostaria de aprender mais sobre o simbolismo, talvez a visita guiada seja uma boa solução.

365 dias no mundo estiveram na Regaleira em 4 de março de 2019

Este artigo pode conter links afiliados.

Quinta da Regaleira

Partilhar:

2 Responses

    1. Mesmo! É um espaço muito bem conseguido, que primeiro faz muito lembrar o Bussaco do mesmo arquitecto, e depois tem aqueles trilhos secretos que lhe dão magia.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Indice

Mais artigos