Começámos a nossa volta à Islândia pelo oeste, seguindo um percurso no sentido dos ponteiros do relógio. Porquê? Tínhamos lido que fazia sentido deixar o sul para o final, e foi uma opção da qual não nos arrependemos.
A paisagem foi semelhante em muitos quilómetros percorridos, porque a neve já tinha chegado, muitas cascatas estavam quase geladas, mas vimos várias auroras boreais. Apesar de dizermos que a paisagem se ia repetindo, não era monótona, talvez pelo espanto que nos foi causando quilometro a quilometro.
O que visitar:
Hvalfjörður: uma das primeiras coisas marcantes é passar no túnel submarino com 5.770 metros, 3.750 metros debaixo de água. O ponto mais baixo está 165 metros abaixo do nível do mar. Foi inaugurado em 1998 e deu aos islandeses a possibilidade de encurtar uma viagem de uma hora para 7 minutos. Basta saírem de Reykjavik em direção ao norte para passarem por aqui.
Barnafossar: a “catarata das crianças” tem este nome devido a uma história trágica. A mãe, viúva, foi para a igreja e deixou as crianças pequenas em casa, com ordem de não saírem. Mas elas não respeitaram a ordem da mãe e desapareceram. A população seguiu o rasto até à cascata e pensa-se que caíram. A mãe destruiu a ponte e enfeitiçou o local. Este local fica-nos na memória porque o nosso cartão SD ameaçou morrer aqui. Fica muito perto de Hraunfossar, tanto que as nossas fotos são mais viradas para esta segunda cascata, que considerámos mais fotogénica.
Hraunfossar: as “cataratas de lava” que têm origem num campo de lava.
Into the glacier: Este foi o primeiro tour que fizemos, podem ler sobre a nossa experiência aqui. Apesar de sabermos que existem várias grutas naturais nos glaciares, optámos por escolher esta, no glaciar Langjokull, que é artificial. É o maior túnel do mundo dentro de um glaciar. Custa 19.500ISK e tem a duração de 3 a 4 horas, variando conforme as condições atmosféricas. Nota: As críticas que vimos às grutas naturais (pequenas e lotadas) fez-nos trocar tour para uma artificial.
Túneis de lava: os mais conhecidos são os privados Víðgelmir, no campo de lava Hallmundarhraun, com passadiços e um guia, numa extensão de 1600 metros. Quem vai, diz que não se arrepende. As paredes são coloridas e têm formações em cristais. A visita demora uma hora e meia, há vários horários por dia e custa 6.500ISK. Nós, como somos forretas, fomos antes a Surtshellir, que fica na mesma região. Não se paga, mas também não é fácil de percorrer. Vimos turistas a atravessar os túneis, mas, como não existem passadiços nem iluminação, não deve ser tarefa fácil. Provavelmente, ir à The Cave vale o investimento, pela organização, segurança e visita guiada.
Deildartunguhver: uma fonte de água quente que alimenta grande parte das casas da região. O acesso é feito por passadiços, porque a água sai a 97º, e assim evita-se que alguns curiosos se aproximem mais do que o recomendado. Krauma é alimentado com água proveniente daqui, misturada com água do glaciar, o que a torna agradável para mergulhos. Existe aqui um tipo de árvore única no mundo, a samambaia, Blechnum Spicant. Vimos só de passagem, da estrada.
Krauma Geothermal Bath & Spa: é um complexo de piscinas de água quente, chique, semelhante a outros do país. Não fomos por termos apanhado mau tempo nesse dia e achámos algo caro (3.950ISK). Nas críticas online encontrámos gente que se queixava que não era assim tão bom.
Guðlaug Baths: em Akranes encontram a “piscina de Deus”, grátis, uma oferta da população local, com vista para a praia Langisandur. Abre à quarta-feira e sexta-feira, das 16h às 20h, e aos fins de semana, das 10h às 14h. Se forem, digam-nos se vale a pena, nós não conseguimos ir.
Península Snæfellsnes: a “pequena Islândia” tem tudo, e é um destino obrigatório para quem fica poucos dias e quer perceber como é a natureza do país. É um parque natural e aqui vimos algumas auroras boreais.
Snæfellsjökull: o glaciar que aparece na Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne. É mais um glaciar onde se pode andar de snowmobile.
Gerðuberg Cliffs: uma das imagens de marca do país, só que no inverno é menos impressionante que de verão, porque a neve cobre muitas das colunas.
Kirkjufellsfoss: a cascata estava quase gelada. Os trilhos onde se pode passar estão bem sinalizados, mas foi dos sítios onde vimos mais gente a exceder-se na procura da fotografia perfeita, passando as proteções. Sabemos que o facto da maioria das atrações não terem segurança deixa muita tentação a quem é parvo e desconhece limites, mas na Islândia vêem-se claramente as marcas do turista que não cumpre. Os islandeses protegem muita a sua flora e têm o cuidado de marcar os trilhos para o resto fique protegido. Daqui vê-se Kirkjufell, o monte em forma de sino.
Cratera Saxhóll: a cratera de um vulcão. É um espaço organizado, com parque de estacionamento e escadas para facilitar a subida. Não é uma subida difícil, tendo apenas 100 metros de altura, com degraus. É uma alternativa a Eldborg, onde são precisas duas horas e meia para chegar ao topo.
Svöðufoss: tem um parque de estacionamento e um ponto de visualização afastado da cascata. Junto à queda de água é possível ver colunas de basalto. Chegámos de manhã e encontrámos um ambiente pacifico e calmante que a natureza deveria ter sempre, onde até os cavalos nos fizeram companhia.
Kerlingarfoss: fica perto de Svöðufoss. A água por cima das pedras estava congelada, mas a ribeira continuava a correr por baixo.
Ingjaldshóll: pertenceu ao clã Sturlunga. A sua igreja é a mais antiga do mundo em cimento. Há um monumento nas traseiras da igreja que representa Eggert Ólafsson e sua esposa Ingibjörg Guðmundsdóttir. Diz-se que Cristóvão Colombo ficou em Ingjaldshóll durante o inverno de 1477-78. Os islandeses, Leifur heppni, foram os primeiros caucasianos a descobrir a Vínland (a América).
Vatnshellir Cave: a visita guiada de 45 minutos leva-nos até cerca de 200 metros dentro da caverna e 35 metros abaixo da superfície. Permite ver cores incríveis e formações de lava. Não fomos, afugentados pelo preço (3.750ISK).
Djúpalónssandur: é uma praia de areia negra. Passámos de noite enquanto procurávamos um bom ponto para ver as auroras. Regressámos no dia seguinte. Existe um percurso marcado, criado recentemente para evitar que as pessoas pisem a natureza, descendo até à praia. Há alguns vestígios duma traineira (The Epyne GY7) que se perdeu no dia 13 de março de 1948, levando à morte de catorze marinheiros britânicos. As pedras redondinhas da praia são conhecidos como Djúpalónsperlur, as pérolas de Djúpalón.
Bárðar Saga Snæfellsáss Statue: a estátua tem alguma graça, é feita com pequenas rochas empilhadas, quase como as nossas casas de xisto. A obra é de 1985, do escultor Ragnar Kjartansson. Representa Bárðr Dumbsson, meio troll, meio humano, que salva Ingjaldur de Ingjaldshvoll.
Miradouro: perto da estátua há uma plataforma de onde se vêem os penhascos com as suas colunas de basalto. Seguindo os percursos marcados consegue-se chegar a Gatklettur, a ponte de pedra.
Londrangar: os islandeses não precisam de grandes castelos, a mãe natureza trata de construir por eles coisas impressionantes. Os tampões vulcânicos de basalto têm origem na erosão. Perto da praia fica um farol (Malarrif) e um centro de visitantes (Gestastofa Visitor Center). Visitámos a região num dia de sol e achámos que valia a pena caminhar até às praias.
As duas formações rochosas são Karl e Kerling, dois trolls, que fazem parte dos contos populares islandeses.
Hákarlasafnið: O sinal em forma de tubarão indica a direção do museu particular do tubarão, em Bjarnarhöfn. Na Islândia come-se tubarão (não é apenas para turista ver). No entanto, a carne de tubarão é venenosa, devido às altas concentrações de ureia. Para se tornar comestível, este é enterrado na areia, ou colocado em caixas (método moderno), e deixado a fermentar por seis a oito semanas. Em seguida, é pendurado para secar durante quatro meses. Fermenta durante o inverno, quando está frio na rua, e seca durante o verão. Vende-se em supermercados e restaurantes. Inicialmente pensámos que era a típica iguaria de atrair turistas, ninguém come, mas servem nos restaurantes para os estrangeiros experimentarem. Mais tarde, conversando com vários islandeses percebemos que há mesmo alguns que comem regularmente e adoram, principalmente os que vêm de famílias de pescadores.
Búðakirkja: é mais uma das várias igrejas caricatas do país, percebendo-se facilmente pela fotografia o motivo.
Stykkishólmur: nós só passámos de noite, mas sabemos que tem algumas atrações, como a igreja, a casa norueguesa, e a própria marina. É daqui que partem os ferries para os fiordes do Oeste ou para a ilha Flatey. O rochedo em frente protege a Marina da ilha, servindo de corta vento.
Onde comer:
Narfeyrarstofa: é um restaurante em Stykkishólmur. Viemos de propósito jantar aqui por sugestão de uma amiga. Valeu a pena, os preços não são altos, quando comparados com menus de sandes em cidades turísticas. Comemos cordeiro, bacalhau e uma sopa de marisco. Foi o único restaurante onde comemos no oeste, de resto cozinhámos.
Onde dormir:
Dormimos no West Park Guesthouse. Não vimos ninguém e estava relativamente bem equipado. Conseguem-se ver auroras boreais da janela.
365 dias no mundo estiveram na Islândia de 23 de outubro a 7 de novembro de 2019
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