Viana, quem gosta vai, quem ama fica. Já quando falámos da N103, referimos que há cidades com slogans catchy (ficam no ouvido), nesse artigo referíamos Arcos de Valdevez e agora falamos de Viana do Castelo.
Fomos a Viana do Castelo a convite da Inês do blog Sempre entre Viagens. Numa espécie de intercâmbio “tu vens conhecer a minha cidade, e eu vou conhecer a tua” ela veio fazer a Rota dos Moinhos de Albergaria-a-Velha e nós fomos até ao Alto Minho.
De Viana do Castelo conhecíamos pouco, tudo foi uma novidade. E é assim que nos agrada viajar. Consta que havia um belo castelo na cidade e que era possível ver uma princesa pelas janelas. Já a lenda que dá nome à cidade é mais antiga: o rio Lima (o mesmo rio Lethes da lenda de Ponte de Lima) tinha um barqueiro, apaixonado por uma jovem, a Ana. Era muito comum ele perguntar “Viram a Ana?” ou gritar de alegria “Vi a Ana”, e assim ficou Viana! Se faz sentido? Quem saberá? D. Afonso III, em 1258, chamou-lhe Viana e, em 1848, D. Maria II elevou a cidade, dando-lhe o nome de Viana de Castelo.
A cidade é a capital do folclore e do artesanato, casa dos lenços dos namorados e da filigrana, e foz do rio Lima, que vem de Espanha, passando pelo Gerês, Ponte da Barca e Ponte de Lima. A Estrada Nacional 103 começa em Neiva, freguesia do concelho de Viana do Castelo.
O que visitar:
Já devem reparado que acabamos por procurar e valorizar edifícios que “tenham” arquitectura. Não precisam de ser modernos ou contemporâneos, precisam é de ser interessantes e relevantes. Em Viana, esta “meca da arquitectura”, não podíamos desprezar os edifícios de arquitectos “maiores” do nosso país.
Nova Biblioteca Municipal: projecto de Siza Vieira num todo, isto quer dizer que estantes, cadeiras, mesas, caixotes, foram todos desenhadas por ele, e assinadas à mão. Entrem, nem que seja para procurar a assinatura de Siza, e vejam os móveis e a luz do edifício.
Centro Cultural de Viana: projecto de Eduardo Souto Moura, inaugurado em 2013.
Praça da Liberdade: projecto de Fernando Távora, inclui 40 repuxos de água (40 freguesias). Aqui fica o monumento ao 25 de Abril, erguido em 1999. Tinha uma corrente que oscilava, e por questões de segurança foi cortada no topo, em 2006. Simboliza o corte à opressão que o 25 de abril causou.
Ainda existe a Pousada da Juventude de Carrilho da Graça e o Hotel Axis de Jorge Albuquerque.
Navio Gil Eanes: construído em 1955, serviu de apoio aos bacalhoeiros nos tempos em que Portugal tinha frotas de pesca de bacalhau. Estava abandonado, mas Viana do Castelo comprou-o e renovou-o. Hoje é um museu onde se pode ver o funcionamento de um navio-hospital. O bilhete custa 4,5€.
Forte de Santiago da Barra: chegou a estar sob domínio espanhol. É um edifício do século XVI, terminado durante o curto reinado de D. Sebastião.
Museu de Artes Decorativas: este solar hospedava o arcebispo quando ele vinha a Viana do Castelo a banhos. Existe no interior um conjunto de painéis que representam as quatro partes do mundo (Europa, Ásia, África e Américas). Custa 2€ (inclui a entrada no Museu do Traje)
Museu do Traje: fica no antigo Banco de Portugal. Aqui podem aprender mais sobre o traje vianense.
Casa dos Nichos: esta casa do século XV foi recuperada para servir de museu. Aqui encontra-se o espólio arqueológico do concelho.
Sé Catedral: da mesma época que a casa dos nichos.
Igreja de são Domingos: edifício do século XVI, com uma fachada semelhante à de são Gonçalo, Amarante.
Igreja de Nossa Senhora da Agonia: neste edifício do século XVIII vê-se o barroco luso-brasileiro.
Praça da República: aqui temos os antigos Paços do Concelho, o chafariz (de 1559 e do mesmo autor do de Caminha) e edifício da Misericórdia (de 1589) e o museu do traje.
Palácios dos Távoras: o edifício é do século XVI, construído para residência de Abreu Távora. Foi renovado por Manuel Villalobos e adquirido mais tarde pela Câmara. Funciona aqui a Câmara Municipal.
Santuário de Santa Luzia: fica no monte de Santa Luzia e tem uma vista impressionante sobre a cidade. Construído de 1904 a 1959 pela Confraria de Santa Luzia, é uma obra do Arquiteto Miguel Ventura Terra. É possível subir ao zimbório de elevador ou a pé (168 degraus). No topo do monte podem ver a ponte Eiffel, de 1878. Podem subir até ao monte de funicular, o maior do país com 650m (3€ ida e volta).
Citânia de Santa Luzia: a “cidade velha” é um exemplo da romanização do minho.
Praia Norte: a praia tem umas piscinas de água salgada, para colmatar o excesso de rochas.
Ecovia Litoral: de Esposende a Caminha são 73 km nesta ecovia que passa em Viana. No percurso encontram alguns fortes, moinhos de vento renovados e pintados e a sirene de Montedor, numa zona coberta por urze que dá um efeito tapete espetacular.
Moinhos de Montedor (Carreço): pertencem ao Grupo Folclórico Cultural de Danças e Cantares do Carreço, que os abrem para visitas. São moinhos de vento, com velas trapezóides.
Farol de Montedor e a Ronca: o farol é de 1910 e a ronca (sirene) de 1960. A ronca servia para avisar as embarcações da aproximação da costa com um sinal sonoro. O farol é visitável. Dos moinhos até à ronca há um trilho que vai dar à ecovia: desçam e vejam a urze típica desta zona que falámos acima. Para os amantes de geologia aqui fica o Monumento Natural Local de Alcantilado de Montedor.
A melhor altura para ir a Viana do Castelo pode ser nas festas da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia, em agosto, abrangendo o dia 20, feriado municipal. As senhoras vestem os seus trajes minhotos, pegam no seu ouro e saem à rua. É sempre difícil explicar em que consiste a festa. Já não é tão religiosa como nos primórdios, atrai curiosos pela particularidade dos milhares de euros que cada mulher carrega e pelas cores dos trajes.
Onde comer:
Confeitaria Manuel Natário: aqui não há dúvida, as filas à hora em que as bolas de Berlim saem do forno falam por si. Ficámos tão curiosos que, como quando almoçámos já não havia bolas de Berlim, voltámos mais tarde de propósito. Para o almoço pedimos bola de carne, folhado de camarão e croquetes. Devemos dizer que a bola de carne é de sonho e a Inês recomenda os folhados de vitela (já estavam esgotados, fica para uma próxima). Quanto às bolas de Berlim, faz fila, por isso tomem as vossas conclusões. A decoração remete para os anos da inauguração (anos 50) e contam as netas das senhoras de bem da zona que se comiam os salgados com um copo de vinho verde, mas que as senhoras preferiam chá. Não se deixem enganar, as damas também bebiam, mas em chávena de chá, para não serem incomodadas pelas más línguas. Jorge Amado, o escritor brasileiro, foi frequentador assíduo e fã de Manuel Natário, tendo-lhe dedicado uma personagem, o Capitão Natário.
Onde ficar:
Há várias opções: sugerimos o Feel Viana, muito virado para os desportos náuticos, ou o Axis, uma obra de Jorge Albuquerque. Para os que gostam de se sentir em casa existe a Casa da Serra, fora do centro.
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365 dias no mundo estiveram em Viana do Castelo de 13 a 14 de junho de 2020
4 respostas
Viana é ❤️
Adoro a foto da nossa silhueta na Biblioteca. Têm de voltar 🙂
Temos mesmo. Para as bolas de Berlim e copo de verde. 😉
São muito boas as bolas de Berlim mas em Viana tem tudo de bom, boa culinária a começar por peixe um bom cuzido à portuguesa um cabritinho à serra de arga, enfim um bom vinho verde, tudo isso que faz crescer sabor na boca, e para terminar uma boa nata como sobremesa, Agora Viana tem tudo, Mar Rio e Monte de Santa luzia vista maravilhosa mais linda do nosso País, obrigado por me darem esta oportunidade. ❤️
Obrigada pelo comentário José. Tem razão, Viana tem tudo de bom.