Há várias formas de conhecer os locais: pela sua história, pela sua arquitetura, pela sua natureza, pela sua identidade, pelas suas pessoas, pela sua cultura, pela sua gastronomia, entre outras. Uma das formas que nos agrada é a gastronomia, porque a culinária local diz-nos muito de uma região. Com a gastronomia aprendemos sobre os hábitos, sobre a agricultura, sobre as influências exteriores, sobre a história e identidade dessa região.
Em junho percorremos a Estrada Nacional 103 a convite do Turismo do Porto e Norte (ver aqui) e provámos maravilhas. Mais recentemente, em Arouca, também fomos conquistados pelo estômago (ver aqui).
Apesar de ser possível fazer qualquer tipo de dieta nesta região de Portugal, o forte do norte é a carne, seja ela barrosã, mirandesa, cachena ou arouquesa. Estas denominações têm a ver com as características do gado, como as vacas cachenas, por serem de porte pequeno, palavra de origem galega que significa pequeno, e com a zona onde vivem, como o planalto do Barroso ou a zona de Bragança (mirandesa). Todas estas carnes são DOP. Comecemos então por aqui:
Esta posta é arouquesa, do Pedestre 142, mas não duvidem que seria igualmente maravilhosa em Mirandela, Bragança, Boticas ou Montalegre.
Este prato tradicional de vitela, da Casa dos Bifes Silva em Alvarenga, conquistou-nos pelo paladar e por estar tão tenra que não precisámos de faca para a cortar.
Por exemplo, em Ponte de Lima, não podem perder as papas de sarrabulho com rojões. Sabemos que nem toda a gente aprecia, mas aqui há dois fãs.
Nesta descrição saltámos as entradas, mas recuemos agora um pouco no menu. No norte é comum a mesa já ter os enchidos e pão à vossa espera. Muitas vezes estão em tábuas e são acompanhados de queijos.
Não faltam salpicões, chouriços, alheiras, presuntos ou paios. Os sítios mais arrojados, como o Vai à Fava de Ponte da Barca, até podem servir reinvenções, como o salame com nozes ou o folhado de alheira.
Não queremos cingir-nos às carnes. Os apreciadores de peixe vão encontrar iguarias cozinhadas com o típico bacalhau, ou com truta, entre outros. Junto à costa há mariscos, como em Vila Praia de Âncora, onde comemos arroz de marisco e feijoada de búzios.
Tem menção honrosa para nós a bola de carne do Manuel Natário, em Viana do Castelo.
Entrando nas sobremesas, começa a não ser consensual. Para a Raquel, a maioria destes doces são demasiado açucarados, o que traz vantagens para o Tiago. Sobra sempre mais para ele. A origem de quase todos é a doçaria conventual. Freiras e monges juntavam ovos e açúcar e faziam verdadeiros milagres.
A gastronomia nesta região é rica e consistente, há que aguentar os invernos frios e o trabalho de campo. É importante que a dieta seja rica em gordura e proteína para aguentar a dureza do dia-a-dia. Se é uma dieta muito saudável? Um dia não são dias, e Portugal é isto: enchidos, postas de carne e doces conventuais regados com bons vinhos.
O que seria da gastronomia sem o devido acompanhado vínico? A oferta aqui é para todos os gostos, sejam verdes, brancos ou tintos.
Aprendemos inclusive que um bom vinho verde tinto, neste caso o Aguião, se bebe em malga e desenha uma flor nas paredes da malga.
365 dias no mundo recomendam uma ida ao norte para comer e beber bem de forma tipicamente portuguesa.
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