Hoje falamos sobre viajar com animais. Chega o verão e fala-se muito em abandono animal, principalmente porque as famílias querem viajar e, para muitas, o mais fácil é deixar o elemento mais frágil para trás. Sabemos que o turismo animal não é muito comum nem acessível em Portugal, mas vamos dar o nosso testemunho. Temos um cachorro yorkshire terrier que, se falasse, poderia dizer que já viajou mais que muitas pessoas. O nosso cão é de pequeno porte, relativamente bem educado, não enjoa, e está sempre pronto para passear.
O Ginguba (que significa amendoim em quimbundo) pesa 2,5kg. o que permite que caiba numa pequena mochila de viagem, fácil de transportar às costas. Também pode viajar na cabine do avião, junto aos nossos pés. Quando viajamos de comboio também vai na mochila, seja no chão ou ao nosso colo.
Como viajar com os nossos animais:
- o animal tem de ter a vacinação em dia, chip, e viajar com os seus documentos, como o boletim de vacinas. O Gin está registado na Junta de Freguesia e ainda tem um passaporte;
- deve viajar com trela;
- a mochila de transporte deve ser utilizada onde for exigido (aviões, por exemplo);
- deve ter seguro;
- devem conhecer as leis aplicáveis à raça do vosso animal;
As maiores dificuldades do turismo com um animal de estimação são ter de condicionar o programa e a logística associada a essas condições, que obrigam a alguma programação, principalmente no que toca ao alojamento e aos transportes.
Como reservar um alojamento que aceite animais:
- Plataformas como o Booking permitem filtrar alojamentos que aceitem animais;
- Leiam bem as regras da casa, alguns alojamentos cobram taxa ou exigem pré-reserva do animal;
- Testemunhos de problemas com que já nos deparamos:
- O alojamento deixou de aceitar animais depois da nossa reserva e não fomos informados;
- Foi-nos cobrada cama extra (20€) para alojar o Ginguba e não existia nada para justificar a cobrança do valor extra. Não era permitido que andasse pelos espaços comuns;
Viajar de avião:
O Ginguba já viajou para Angola de avião, onde viveu connosco, e o processo de mudança foi complexo:
- Teve que colocar um microchip;
- Teve de atingir a idade mínima (12 semanas) para fazer a vacina antirrábica;
- 30 dias após a vacina teve de se medir os anticorpos, através de análise ao sangue, e só depois ficou apto a viajar;
- Para viajar só são válidas vacinas administradas depois da colocação do microchip;
- É preciso estar atento às renovações da vacina, se deixarem passar o prazo o processo recomeça;
- Teve de fazer o passaporte dele com a veterinária: Passaporte de Animal de Companhia da União Europeia:
- Apesar do passaporte ser um documento da UE, há tantos voos para Angola com escalas europeias que optámos pelo documento;
- O passaporte é fornecido e preenchido pelo veterinário e custa 3€;
- Tivemos de comprar um voo numa companhia aérea que permitisse viajar com animais e ligar para informar que viajávamos com um animal de companhia:
- É necessário avisar com pelos menos 24h de antecedência;
- É preciso indicar o peso do animal (até 8kg viaja na cabine) e as dimensões da caixa de transporte;
- Pagámos, em 2016, 150€ na TAP e 100€ na Lufthansa;
- Para regressar à UE tivemos de informar a DGAV, com pelo menos 48h de antecedência, de que viajávamos com animais e seguir os passos exigidos:
- Preencher um formulário, digitalizar todos os documentos do Ginguba e enviar por e-mail;
- À chegada ao aeroporto do Porto dirigimo-nos ao posto veterinário e o Ginguba foi periciado pela veterinária de serviço:
- Verificou-se o chip, documentos e temperatura;
- Pagámos 40€, em dinheiro;
- Dentro dos aeroportos o Ginguba viajou sempre fora da mochila, com trela;
- Sempre acompanhado do passaporte dele, da análise ao sangue com a titulação dos anticorpos da vacina contra a raiva, o certificado sanitário emitido na área de residência (Aveiro) e o boletim de vacinas;
- Todo o processo, incluindo as taxas de transporte de animais cobradas pelas companhias aéreas, resultou em mais de 500€ em despesas;
- O processo de entrada do Ginguba foi fácil porque se tratava de um regresso à UE. Por ter sido vacinado, “chipado” e analisado em Portugal antes de sair da UE, a sua vinda não foi complexa. Viajar com animais que venham pela primeira vez de países fora da UE é um processo ligeiramente diferente, principalmente quando esse país tem raiva, como Angola;
A DGAV esclarece dúvidas na sua página.
Viajar de comboio:
O Ginguba só viajou de comboio em Portugal, sempre dentro da mochila. Não paga bilhete e não foi necessário informar que viajávamos com um animal de companhia.
Viajar de carro:
O Ginguba tanto viaja só com o cinto preso ao peitoral, como dentro da mochila. Pessoalmente, preferimos que viaje com cinto, e ele também! Gosta especialmente de viajar ao colo dos passageiros, com o seu próprio cinto, mas também passa bem a ocupar um lugar só para ele em cima da sua manta.
Nunca viajámos com ele de autocarro.
Dicas:
Em qualquer meio de transporte é importante que viaje confortável. A mochila/caixa de transporte tem uma manta ou um resguardo impermeável e um ou dois dos brinquedos habituais. Levamos também biscoitos, água, ração, o peitoral e trela. Não lhe costumamos dar de comer durante a viagem, apesar de não enjoar, fica bem apenas com água e, sempre que possível, vamos dar uns passeios para esticar as pernas e cheirar o ambiente. Há animais de companhia que enjoam, pode ser necessário recorrer a comprimidos anti-enjoo.
É muito importante cumprir as regras. Já nos cruzámos com pessoas que, em voos ou comboios, tiram os animais dos cestos e são sempre avisados que não o podem fazer.
O nosso cão come sempre ração e não lhe alteramos os hábitos fora de casa, viaja sempre com a ração habitual, da Barkyn.
Para viagens grandes é importante que o vosso animal seja visto antes por um veterinário para um check-up geral.
Mala do Ginguba:
Viajar com animais exige algum investimento. Trelas e coleira/peitoral já todos temos, nem que seja para as idas ao veterinário, mas nem todos temos caixas. Nós optámos por uma mochila flexível. Cumpre as medidas de todas as companhias aéreas, cabendo debaixo do banco do passageiro da frente e o Ginguba tem espaço para se conseguir mexer dentro dela. Tem duas aberturas, uma lateral e uma superior. É possível prender o peitoral à mochila e tem um pequeno bolso onde guardamos as coisas dele. Pode ser usada às costas ou na mão, tendo várias alças. Connosco segue também a garrafa de água dele, ração e os pratos.
É importante que a caixa não seja sinónimo de stress para o vosso animal. O Ginguba inicialmente odiava a caixa, roendo muito do seu interior, mas com o tempo passou a associar a mochila às viagens e se a apanhar aberta é certo que se vai esconder dentro dela à espera do próximo passeio.
Dificuldades:
Apesar de ser possível viajar com animais não é fácil. Os entraves são mais que muitos:
- Em Espanha não nos deixaram entrar num autocarro com ele;
- É mais difícil conhecer museus ou monumentos porque não deixam entrar animais;
- A maioria das praias não admitem animais de companhia;
- Não podem entrar nos supermercados;
- A maioria dos restaurantes sem esplanada não aceita animais (como o Ginguba é pequeno e calado nunca nos foi recusada a entrada);
- Já pensámos viajar de caravana com ele, mas pensar que teríamos de o deixar alguns momentos sozinho para podermos conhecer mais coisas não nos agrada;
- As regras de algumas atrações mudam e deixam de admitir animais, como os Passadiços do Paiva, exigindo atenção redobrada no planeamento;
Por todas estas dificuldades, o Ginguba vagueia entre casas em períodos de férias. Não o deixamos sozinho em casa porque é um cão mimado e fica muito triste sozinho. Geralmente fica em casa durante o dia e depois vêm-no buscar para dormir. Nunca experimentámos um hotel para animais porque nunca precisámos. Sabemos que a oferta hoje em dia é ótima.
Viagens do Ginguba:
- Luanda (avião);
- Alicante (road trip);
- Portugal (comboio e automóvel):
- tours ao ar livre, como a STOP & GO no Porto;
- fins de semana no campo;
Os animais não têm o mesmo estatuto em todos os países. Viajar com animais é diferente pelo mundo. Podem encontrar países onde vos olham de lado por passearem com o vosso cão, e noutros ser uma coisa habitual. No nosso mochilão pela América do Sul demos conta que no Chile os cães podem entrar com os donos em todo o lado. Era comum ver cães pela trela nas farmácias, restaurantes, lojas de roupa, etc.
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