O nosso conhecimento de Inglaterra é limitado, mas somos viajantes assíduos de Londres e a Raquel conhece Brighton. Em março de 2020, dias antes do mundo se fechar às viagens, riscámos também Oxford do nosso mapa to-do. Porquê Oxford? Não somos particularmente fãs de Harry Potter nem nos apetece voltar à faculdade, mas tínhamos amigos nesta histórica cidade.
A Miriam é das amigas mais antigas da Raquel e já lhe proporcionou experiências absolutamente inesquecíveis, como assistir à gravação de um CD de música barroca, estar na plateia na reposição da Ópera que estava em cena quando se deu o terramoto de 1755 e assistir a imensos concertos da orquestra barroca da Casa da Música. Visitar a Miriam e sua família era ponto assente. Íamos a Oxford.
Para esta viagem pesquisámos zero, nada… Sabem aquelas viagens em que o que importa são os abraços, as refeições, os convívios? Estávamos assim. Em Londres tínhamos aumentado o nosso stock de material de viagem para o blog, mas em Oxford íamos curtir os amigos. Isso implicaria não visitar muita coisa.
Como chegar e partir:
De Londres:
Nós optámos pelo comboio, mais caro (56,20£ para os dois), mas rápido (uma hora). A viagem foi feita perto da hora de almoço, depois de um abusivo brunch no Brother Marcus com outros amigos, por isso comprámos apenas umas sandes. À saída da estação fomos ter a casa dos nossos amigos de autocarro. Da estação ao centro podem apanhar um autocarro ou ir a pé.
No regresso a Londres fomos de autocarro. Há autocarros diretos para alguns aeroportos. A viagem é mais atribulada e demora o dobro do tempo, mas pela diferença de preço recomendamos o autocarro (18£ para os dois).
De qualquer forma, ambas as opções são confortáveis, com Wi-Fi e fichas para carregar os telemóveis. Recomendamos.
O que visitar:
Nós resolvemos essa questão facilmente, free walking tour no domingo. Fizemos com a Footprints Tours e correu bem. É uma experiência de duas horas em que um aluno da universidade nos acompanha pelas ruas da cidade e conta a história dos edifícios e da universidade. Se não sabem o que é uma free walking tour nós explicamos neste artigo. Éramos quatro adultos e três crianças e mais uns dez adultos no grupo.
Castelo e Prisão de Oxford: pouco resta do castelo, mas deve-se visitar a torre de são Jorge, as celas, descer às criptas e passear na área circundante. A visita custa 13,45£.
Carfax Tower: o que sobra da igreja de são Martinho, demolida em 1896. São 99 degraus para ver a cidade do topo, possível também na cúpula do teatro ou da Igreja st Mary. Custa 3£.
Covered Market: o mercado tem cerca de 40 lojas, é necessário conferir as lojas abertas e horários. Existe desde 1774, e recomenda-se aos amantes de mercados.
The Story Museum: é um museu perfeito para visitar com crianças ou adultos que vibrem com o mundo dos contos e fantasias. O preço varia e começa nos 5£.
Martyrs Memorial: o memorial dos mártires data de 1843 e é um ponto estratégico para servir de encontro. Existe em memória de três mártires protestantes (Cranmer, Ridley e Latimer) que foram queimados na fogueira em Oxford em 1555.
Saint Mary Magdalen Church: começou como uma pequena igreja de madeira que ardeu em 1074. A torre oeste é de 1511. Em 1841 a zona norte foi renovada em complemento com o memorial dos mártires.
Ashmolean Museum: datado de 1683, tem uma coleção impressionante de artefactos de todo o mundo, sendo pertencente à universidade. No restaurante do museu pode-se lanchar ou almoçar um sunday roast. A entrada é gratuita, o que é uma vantagem.
Blackwell’s Bookstore: esta livraria deve ser visitada, pois data de 1879, tem 4 andares e 125.000 livros à venda. Tem tudo o que possam imaginar. A nós conquistou-nos pela secção de viagem.
Universidade de Oxford: Para começar, Oxford é uma espécie de Coimbra inglesa, super universitária. Vendem-se trajes nas lojas, há faculdades por toda a parte, tem inúmeros ex-alunos famosos e outras tantas tradições. Falamos da segunda universidade mais antiga do mundo e a mais antiga anglófona. Aqui estudaram nomes como CS Lewis, Tolkien, Emma Watson, Prémios Nobel (Malala, por exemplo) e chefes de estado de todo o mundo (Boris Johnson é um deles). São 38 faculdades de gestão independente espalhadas pela cidade e em majestosos edifícios, como se fossem mosteiros. Também existem 6 permanent private halls de gestão religiosa. A universidade tem igrejas, bibliotecas e museus que devem visitados. Recomenda-se que visitem o Christ Church College (onde fica a catedral) ou o New College. Os fãs de Harry Potter devem visitar o claustro do New College e a Divinity School. Radcliffe Camera (a biblioteca circular) não é fácil de visitar se não forem alunos.
Ponte dos Suspiros: pertence à faculdade de Hetford. Oficialmente o seu nome não é Bridge of Sights, mas há quem a ache parecida com a Ponte dos Suspiros de Veneza. A sua influência vem da Ponte de Rialto na mesma cidade.
Sheldonian Theater: é uma das primeiras obras de Sir Cristopher Wren, arquiteto da St. Paul’s Cathedral, em Londres. Pertence à universidade e muitos eventos das faculdades acontecem aqui. O teatro recomenda visitas guiadas com a Oxford City Walks. São visitas privadas, pela cidade, em que se pode visitar a cúpula do teatro e aprender sobre a sua história. Visitar a cúpula, sótão e teatro custa 3,5£, a visita guiada 8£. Fica à frente da Bodleian Library e ao lado do History Science Museum.
Eagle and child pub: o pub é do St John’s College. Tolkien e CS Lewis vinham beber aqui.
The Bear Inn: é o pub mais antigo, de 1242. Desde 1957 é tradição doar as gravatas por uma pint (570ml de cerveja). As gravatas têm que ser associativas ou representativas de alguma instituição. Há cerca de 4500 doações.
The Grand Cafe: autointitula-se a primeira coffee house de Inglaterra (segundo o diário de Samuel Pepys de 1650). Podem também beber aqui um chá das cinco, mas dizem que manda a tradição que o chá seja no Macdonald Randolph Hotel.
Coral Evensong: acontece em várias capelas das faculdades. São 45 minutos de um culto com música aberto ao público. Podem ver a programação aqui.
G&D’s Cafe: segundo imensos guias, comer um gelado aqui é imprescindível (não experimentámos).
Headington Shark: desde 1986, a 5km do centro, encontra-se aqui um tubarão de 25m em fibra de vidro, num telhado. É um airbnb, mas foi criado como uma crítica à guerra.
Blenheim Palace: se tiverem tempo e quiserem desviar um bocadinho as atenções do ambiente de cidade universitária, é só irem até aos arredores. Neste belo palácio barroco nasceu Wiston Churchill. Custa 28,50£ para visitar tudo e 18,5£ para ficar pelo parque e jardins.
Passeio de barco no Tamisa: a história de Alice no País das Maravilhas nasceu em passeios de barco para entreter a filha do reitor, Alice Lidell. Lewis Carrol, pseudónimo de Charles Dodgson inspirou-se nestes passeios. Por falar em Alice, visitem a loja (no livro é a velha loja de ovelhas). Se passearem junto às margens do Tamisa verão várias casas barco e até alguns pubs navegantes.
Túmulo de Tolkien: deve ser dos estudantes mais famosos de Oxford e o seu túmulo pode ser visitado no cemitério de Wolvercote.
Não visitámos quase nada, mas saímos de coração cheio. Fomos apresentados ao pequeno-almoço inglês e ao sunday roast (assado de domingo) com os Yorkshire Puddings. Tudo feito em casa e super saboroso.
365 dias no mundo estiveram em Oxford de 7 a 9 de março de 2020.
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