Não somos um exemplo de viajantes em tempos de Covid-19 porque optámos por não sair de Portugal desde março, mas há cuidados óbvios para quem o quer fazer que queremos partilhar.
No início de 2020 fizemos duas viagens dentro da Europa quando já se falava em covid-19, mas quando ainda se acreditava que ia ficar confinada a alguns países (tão ingénuos).
A 31 de janeiro fomos de Lisboa a Milão (destino final: Ticino, Suíça) com os pais da Raquel. Já víamos pessoas de máscaras, poucas, mas ainda foi uma viagem normal. Enquanto o Tiago foi buscar o carro alugado, a Raquel esperou pelas malas de porão. Lembramo-nos que na primeira oportunidade fomos todos ao WC lavar às mãos, mas não tivemos muitos outros cuidados porque o aeroporto estava quase vazio. Tínhamos um frasco de álcool gel que usámos, mas não tanto como passámos a fazer a partir de março.
Um mês e pouco depois, em março, fomos ao Reino Unido, que na altura não era considerado corredor Covid-19. Mantivemos a viagem porque tínhamos bilhetes para a cerimónia das chaves na Torre de Londres, bilhetes que a Raquel tinha reservado em 2018 (podem ler sobre a cerimónia aqui), porque íamos para estar com amigos, e porque o hospital da Raquel não desaconselhou a viagem. Tivemos alguns cuidados, mas ainda não se falava em usar máscara no dia a dia. A Raquel usava no hospital, mais do que faria normalmente, mas só aí. Já havia desinfetantes em vários sítios, mas nada de anormal. Regressámos no dia 12, a 15 as férias no hospital da Raquel foram suspensas, e no dia 18 entrámos em estado de emergência. Na altura a Raquel ligou para o hospital e recebeu sempre a informação que o Reino Unido não era considerado corredor de transmissão, por isso poderíamos fazer a vida normal.
A partir daí toda a vida mudou. Temos amigos e conhecidos que estavam em viagem quando as fronteiras começaram a fechar e vimos que não foi fácil. Para uns foi difícil regressar, para outros foi difícil não regressar, porque eram vistos como turistas portadores de Covid-19. E muitos ficaram na dúvida se valia a pena esperar pelo voo marcado ou antecipar o regresso. Talvez por isso, desde essa altura, tenhamos optado por não comprar voos para lado nenhum, sempre com receio das fronteiras voltarem a fechar e ficar com o dinheiro empatado em vouchers. A Raquel ainda fez algumas viagens casa-trabalho-casa de comboio, mas acabou por passar a ir de carro (não porque achasse inseguro, mas porque foram suspensos alguns horários). O Tiago passou grandes temporadas a trabalhar em casa.
Voltámos a sair para passear em junho, mas sempre dentro de Portugal. As regras tinham mudado e usávamos máscaras em todas as atividades. O Tiago fez teste PCR no final de março, que deu negativo, e até agora nunca foi necessário fazer mais testes a nenhum dos dois.
Voltemos aos conselhos para quem quer viajar, apesar de pairar o inesperado no mundo das viagens.
Planear a viagem:
- Se querem sair do país de avião, comprem viagens que sejam fáceis de alterar, a companhias/agências “fiáveis” (algumas faliram neste período).
- Estudem o país de destino e as regras da companhia de transporte, alguns exigem quarentena à chegada ou teste negativo na partida.
- Nota: não falamos em perguntar em grupos de internet, mas em ir às páginas oficiais da companhia áerea e à do Ministério dos Negócios Estrangeiros e procurarem o país para onde vão.
- Se tiverem quaisquer sintomas, como é lógico, não viajem!
- Registem-se na APP Registo de Viajante (falámos dela aqui) e vejam os conselhos para o país de destino.
- Comprem desinfetante, toalhitas desinfetantes e máscaras suficientes para a viagem. Não se esqueçam que em aviões só podem levar na cabine frascos de 100ml.
- Não se esqueçam do seguro de viagem, nós fazemos com a IATI, e estes seguros podem ter uma cobertura anti Covid-19 (podem ler aqui). Já sabem que connosco têm 5% de desconto (é só clicar na imagem do fim do artigo), mas os preços são sempre competitivos.
- Lembrem-se que um teste negativo à Covid-19 apenas significa que estavam negativos no momento do teste, por isso mantenham uma vida social restrita até ao embarque, continuem com os cuidados habituais e estejam atentos a qualquer sintoma novo.
Durante a viagem:
- Seja de autocarro, comboio ou avião, o importante é manter a distância dos outros, não se esqueçam dos dois metros.
- Toquem o mínimo possível nas superfícies.
- Levem uma máscara limpa. Reforçamos que não devem tocar nela com as mãos. As mãos devem ser desinfetadas antes de colocar a máscara e depois de a retirar, sempre pelos elásticos. Quando não estão a usar a máscara tenham uma bolsa de papel ou algo do género, limpo, para a pousar e guardar.
- Tentem ser vocês a guardar e tirar a vossa bagagem.
- Sempre que possível levem o bilhete eletrónico e tentem fazer check-in online nos voos.
- Paguem com telemóvel ou cartão contactless, para não mexerem em dinheiro.
- Cheguem cedo, as regras atuais podem fazer com que tudo demore mais tempo.
- Levem os vossos auscultadores e o vosso lanche, alguns serviços podem estar suspensos.
- Se vão partilhar carro com amigos ou familiares, lembrem-se que se não fazem parte do vosso agregado familiar devem usar máscara.
- De táxi usem máscara, desinfetem as mãos e sigam as regras de lotação.
- Não voltámos a alugar carro, mas as rent-a-car seguem regras rigorosas de higiene e desinfeção, por isso, desde que não partilhem o carro. é relativamente seguro.
A estadia:
- Os hotéis, hostels e AL’s aderiram em massa a programas tipo Clean & Safe, por isso são seguros.
- Alguns podem ter o SPA fechado ou com outras regras, perguntem quando reservarem.
- Os pequenos-almoços em buffet mudaram e até há hotéis que passaram a servir bandejas no quarto.
- Fora do quarto têm de usar máscaras.
- Nos alojamentos locais em que reservam todo o espaço reina o bom senso.
- Alguns serviços extra estão suspensos.
- Existe um livro de segurança onde estão os contactos das autoridades sanitárias, as regras, o que mudou no alojamento, e o que devem fazer se tiverem sintomas.
- A maioria das atividades turísticas mudou. Mesmo ao ar livre é exigido máscara (depende do país), os grupos podem estar mais pequenos e ser necessário reservar com antecedência.
- Alguns museus e atrações podem estar temporariamente fechados ou com os horários reduzidos.
- Pode ser necessário deixar medir a temperatura para entrar em hotéis, museus e outros espaços públicos, e em quase todos é obrigatório desinfetar as mãos. Fomos à exposição Meet Vincent Van Gogh em Lisboa e tivemos que desinfetar as mãos, entrar por tapete de desinfeção e medir a temperatura. Os auscultadores estavam desinfetados.
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2 respostas
Não sei o que me assusta mais, a ideia de tão cedo não sentar o rabo no banco de um avião, ou o facto de estar “quase” habituada a essa ideia.
Vão ser dois anos difíceis para quem gosta de viajar…
Basta um voo para te voltares a habituar a viajar. Esperemos.