“Eu fico em Portugal” foi mais do que o movimento do mês de junho do ano passado. Não por medo da Covid-19, não por falta de vontade de sair do país e conhecer mundo, mas porque decidimos que até ao final do ano faríamos a nossa parte enquanto consumidores em Portugal. Gastaríamos o nosso dinheiro aqui, daríamos dicas principalmente de Portugal, e íamos conhecer mais do nosso país.

Tudo começou em junho com a iniciativa da ABVP. Falámos dela em primeira mão aqui e explicámos que oficialmente iríamos ao Arouca Geopark. Como temos bicho carpinteiro decidimos também conhecer as obras de Violant no Médio Tejo, percorrer a Rota dos Moinhos de Albergaria-à-Velha, andar de barco solar na ria de Aveiro, conhecer Viana do Castelo e Caminha, fazer a estrada nacional 103, visitar o Alentejo e Arouca.

Coisas que descobrimos nesse mês:

• o Medio Tejo tem uma coleção gigante de arte urbana de intervenção, quase todas da autoria de Violant;

• os moinhos de Albergaria-a-Velha mantêm-se por amor dos seus donos;
• com o dono de um moinho ninguém faz farinha;

• é possível navegar na ria de Aveiro de forma ecológica;

• as senhoras de Viana de Castelo bebiam vinho verde em chávenas de chá, no Manuel Natário, com o intuito de não ouvirem bocas;

• a N103 é a nossa Route 66, mas percorrê-la com tempo faz engordar;

• Rio de Onor e Rihonor de Castilla até podem ser separadas por uma fronteira, mas Portugal e Espanha não conseguem desmanchar o sentimento de uma comunidade única;

• temos um céu estrelado que não fica atrás do céu do Atacama;
• soubemos manter-nos neutros na guerra, mas mesmo assim vendemos tungsténio;

• entre a posta Mirandesa, Barrosã, Cachena ou Arouquesa não conseguimos escolher e ficamos com todas;

• gente criativa, inegavelmente, consegue-se distinguir em todo o lado;
• os russos até podem dizer que também têm pedras parideiras, mas nós só encontrámos as de Arouca;

Então, não é bom ficar em Portugal e perceber que ainda há tanto por descobrir?

Este artigo pode conter links afiliados.