O Palácio de Monserrate é um sonho exótico de Sir Francis Cook, inglês e colecionador de arte. Cook apaixonou-se pelo local, idealizou o parque e o palácio de estilo romântico (desenhado por James Knowles Jr), mas a história não começa aí.
O palácio sempre atraiu muitos ingleses, como Lord Byron, que o imortaliza no seu poema Childe Harold’s Pilgrimage (“…Lo! Cintra’s glorious eden intervenes / In variegated maze of mount and glen…” – canto I, estrofe XVIII). Byron dizia que Sintra era provavelmente a mais bela vila do mundo.
Em 1540 Frei Gaspar Preto maravilha-se com o ermitério de Montserrat perto de Barcelona e manda construir uma ermida dedicada a nossa senhora de Monserrate.
Em 1718 a Quinta de Monserrate passa para as mãos de D. Caetano de Melo e Castro, vice-rei da Índia, mas o terramoto de Lisboa destrói o espaço.
Em 1789 Gerard DeVisme aluga o espaço e constrói um palácio neogótico. A quinta volta a trocar de mãos em 1793, e o escritor William Beckford restaura o edifício e os jardins.
Em 1894 chega Francis Cook, que compra a propriedade aos Melo e Castro, tornando-se o 1º Visconde de Monserrate.
Podemos dizer que é com Cook que Monserrate ganha o protagonismo que merece. O palácio é alterado, misturando um estilo gótico, com influência mourisca e indiana. O seu jardim botânico recebe vegetação de todo o mundo, criando percursos no meio de ruínas, lagos e cascatas. O paisagista William Stockdale, o botânico William Neville e o mestre jardineiro James Burt concretizam as ideias de Cook e transformam o parque num dos mais prestigiados jardins botânicos do país. Durante os anos em que Francis Cook viveu os verões em Sintra existiam grandes festas no palácio. Podem ler sobre isso na vossa visita ao edifício, no andar superior.
O Governo Português compra o edifício em 1949 e em 1995 este é classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Temos de agradecer ao Parques de Sintra que desde 2000 explora o palácio dedicando-lhe obras profundas de restauro. Está completamente restaurado desde 2016 (interior e exterior), e tenta-se que tenha o esplendor de outrora comprando obras que já estiveram em Monserrate no tempo em que a família Cook viveu ali, como o relevo da Virgem e do Menino, de Gregorio di Lorenzo.
Turistas de todo o mundo vivem maravilhados com Monserrate sendo comum verem fotos do palácio nas redes sociais. E nós dizemos que devem aproveitar o tempo ali, desfrutem do jardim ou aproveitem os programas especiais pontuais.
Recantos principais:
Átrio Principal: é criado por DeVisme no seu palácio neogótico. Todas as estruturas do palácio levam-nos até ao átrio. Há uma fonte central e a luz entra pelos painéis do tecto.
Galeria Central: corredor que une as várias alas. É revestida a padrão mourisco que combina com o exterior. Se conseguirem tirar uma foto sem ninguém são uns sortudos.
Sala de Jantar: é das salas mais vistosas e excêntricas. As refeições eram servidas sob uma espécie de tenda para abafar o ruído das conversas à mesa. O monta-pratos que trazia as refeições da cozinha ainda funciona.
Biblioteca: o tema aqui é a deusa da caça, Diana. Por ter sido utilizada como gabinete de trabalho é a única sala que se fecha.
Sala de Estar: depois do jantar as senhoras refugiavam-se aqui enquanto que os senhores se dirigiam à Sala do Bilhar. Imaginem a quantidade de bordados e trocas de segredos que se fizeram dentro destas paredes.
Sala de Bilhar: não se sabe do bilhar que era a peça central da sala. Como dissemos acima era nesta sala que se reuniam os homens a fumar e a falar de negócios, ou não.
Sala da Música: é a grande sala do palácio para receber os convidados e com uma acústica excelente para os serões a ouvir música. Ainda hoje é possível assistir aqui a concertos.
Cozinha: este tipo de palácios são conhecidos pelas grandes festas e jantares que se serviram aqui. Todos estes eventos começam na cozinha.
Capela: aqui Cook guardava as suas peças de arte sacra.
Escadaria: aquele momento em que a dama desce a escadaria no seu outfit cuidado e criado para impressionar é um dos pontos altos dos filmes de princesas ou da alta sociedade. Esta escadaria tinha este efeito. No andar de cima ficam os quartos onde agora é o centro interpretativo do palácio e podem aprender mais sobre a sua história.
Jardim: tem várias partes como o relvado, a entrada do jardim, a cascata de Beckford, o arco de Vahtek, o vale dos fetos, a ruína, o jardim do México, o roseiral, a escada do caminho perfumado, o arco indiano, o centro de interpretação da natureza, a quintinha de Monserrate. Nós temos que voltar para explorar o parque.
Tal como outros palácios da vila de Sintra (Pena e Regaleira, entre outros) vale a pena passar aqui algum tempo, porque faz sentido não só explorar os jardins e o interior, como ler a informação disponibilizada. Aprende-se muito do que foram os anos dourados do nosso país aqui.
Visita:
Preço: 8€, crianças até aos 6 anos não pagam e há descontos para jovens e idosos (6,5€).
Horário: abre diariamente das 9:30 às 18:30. O parque abre meia hora mais cedo e fecha meia hora depois.
Podem ver na página oficial do Parques de Sintra como chegar, e comprar os bilhetes online com desconto.
Outros artigos sobre os Palácios de Sintra:
Palácio da Pena
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4 respostas
Não conheço. OUtra boa desculpa para voltar a Sintra.
Uma MUITO boa razão para voltar. 🙂
Valha-nos esses excêntricos, com muito dinheiro, para nos deixarem lugares maravilhosos como este. Ainda não conheço Monserrate, um dia destes tenho que pôr na agenda
Tens mesmo que ir, é dos palácios mais bonitos. E o jardim é perfeito para uma visita num dia de sol.