OS ISLANDESES QUE CONHECEMOS (ISLÂNDIA)

islandeses
Cada nacionalidade tem as particulariedades. Nós somos nostálgicos, simpáticos e barulhentos. Os islandeses são prestáveis, fortes e têm graça, porque as suas piadas são óbvias e secas.

Não tivemos muito contacto com islandeses, primeiro porque ao escolhermos viajar em road trip controlamos os nossos horários e viajamos sozinhos e depois porque na altura do ano em que fomos não há muita gente nos sítios. Além disso, os islandeses vivem num isolamento social natural.

Claro que vimos muita gente nos locais mais turísticos, mas quando o turismo aumenta também aumenta a imigração e nota-se claramente que em muitos serviços só lidámos com estrangeiros.

Vamos falar das pessoas que conhecemos, não do país inteiro, até porque seria uma generalização, mas porque alguns têm umas características engraçadas.

Encontrámos os primeiros islandeses na primeira paragem (vamos esquecer Reykjavik, por enquanto). A senhora islandesa que nos fez o check-in era simpática, mas pouco faladora, deu boas sugestões, mas turísticas.

Foram os guias da Into the glacier que nos deixaram perceber algumas das características do povo. Aliás, foram eles que nos deram os primeiros clichês sobre eles. O islandês vive todo o ano numa ilha, parte do ano os dias são muito pequenos e noutra parte os dias são muito grandes. Dedicam-se a atividades de força e aparentemente não parecem muito simpáticos. Neste primeiro tour esbanjaram simpatia, mas, conseguimos perceber que têm um humor cáustico. As suas piadas são o que chamamos em Portugal de piadas secas (curtas e sem grande piada por nos trazerem uma verdade óbvia) e as suas tradições de natal são assustadoras e violentas. Falamos de gatos que comem crianças, trolls que em vez de presentes dão batatas. Além disso “continuam a acreditar” em fadas e monstros. Os islandeses guias também gostam pouco de ver o grupo disperso para tirar fotos enquanto estão a contar factos do espaço.

Gostámos muito da forma como a guia empatou o tempo que estivemos presos no camião pelo nevão. Deu dicas do país, ensinou palavras, contou hábitos locais. Fez o possível para nos entreter durante o tempo necessário.

Depois voltámos a cruzar-nos com islandeses no norte quando fomos fazer o tour das baleias. Lembram-se que tínhamos reservado na cidade errada (lapso da Raquel que podem ler no artigo sobre o norte) e aí foram super compreensivos e práticos. O objetivo foi resolver o problema e isso fizeram-no sem nos enrolar ou nos acusar de não verificar, como seria provável acontecer num país latino.

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No norte quando ficámos atolados na neve lidámos com o condutor do tour que nos fez ficar presos, não só não nos deu boleia como percebendo que depois dele passar ficaríamos em apuros não nos disse nada e ainda falou em tom de gozo. Também nos cruzámos com o nosso salvador, que veio de trator duma quinta vizinha puxar-nos para fora da neve. Não foi de grandes palavras, foi eficiente, fez tudo sozinho e no fim falou-nos de valores na ordem dos 150€ em vez de 400€. Ficámos meios abananados, nem sequer tínhamos essa quantidade de dinheiro connosco. Ou seja, se não tiverem dinheiro vivo para lhes pagar eles cobram à rent a car, proprietária do veículo, os 400€ que depois vos serão cobrados. Nós só tínhamos 33€ e ele aceitou. QUE SORTE!!!

Na altura pareceu-nos esquema, mas depois cruzámo-nos com outras duas turistas que ficaram presas duas vezes em 24h. Da primeira vez pagaram 400€ da segunda tiveram sorte, a empresa era a mesma, o condutor também e tendo pena delas não lhes cobrou nada.

Fomos lidando depois, sem conversas, nas piscinas públicas com outros islandeses. São práticos, sem grandes pudores, não percebemos de que falam, mas aproveitam as piscinas para brincarem com os filhos, falarem de política, saírem com amigos e namorarem. Gostam do contraste da água quente (38°) com a água fria (4°) e adoram saunas.

Já no sul estávamos na mini-piscina dum hotel e veio um homem aloirado ter connosco. Apresentou-se como islandês, vinha de t-shirt porque para ele o sul é quente (é do norte), perguntou se a água estava boa e o nosso roteiro. Ficou contente pela nossa visita ao norte e disse-nos que era guia. Tivemos pena dele, vinha com um grupo de asiáticos. Não temos nada contra, mas o asiático é um turista complexo, adora selfies, pouco ouve de explicações históricas ou locais. Se o deixarem tirar fotos (muitas) precisam de pouco mais. Gostámos da abordagem.
No sul também num dos hotéis a rececionista conhecia Portugal, e estivemos a conversar.

Em Reykjavik no primeiro hostel foram muito simpáticos, inclusive deram dicas para tentar fotografar as auroras boreais. No restaurante Icelandic Street Food foram muito simpáticos, explicaram o conceito (4 pratos, 3 sopas e uma “caldeirada”. As sopas podem ser repetidas) e ofereceram bolinhos de coco.

Resumo: são simpáticos, prestáveis, principalmente os que lidam com turistas. Dão boas dicas, aconselham. Se os deixarem contar piadas não se surpreendam por serem de humor negro. São fortes, decididos e não desperdiçam tempo em futilidades.

365 dias no mundo estiveram na Islândia de 23 de outubro a 7 de novembro de 2019

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