Um dos passeios mais famosos do Porto é o Cruzeiro 6 Pontes, fácil de perceber que tem este nome porque cruza as seis pontes que a cidade do Porto tem a uni-la à outra margem do rio, Vila Nova de Gaia.
A forte ligação entre as duas cidades levou a que em 1369 se começasse a construir pontes a unir as duas margens do rio Douro nos seus últimos metros antes de chegar ao mar. Porquê tantas? Com o aumento do fluxo foi necessário ir acrescentando pontes, pura lei da oferta e da procura. Nem todas as seis que existem atualmente estão em funcionamento, outras já foram demolidas, mas as que enfeitam o rio dão-lhe características únicas no mundo. É de referir que estão planeadas mais duas, existindo já concursos a decorrer.
Pontes desaparecidas:
Ponte das Barcas: antes das pontes atravessava-se para a outra margem de barca ou jangada, até que em 1369 se uniram as barcas com correntes de ferro e se criou um passadiço. Este método era pouco eficaz porque se os níveis das águas subissem a ponte era destruída. Em 1806 criou-se uma ponte mais eficaz com 33 barcaças e duas aberturas, para os barcos poderem subir e descer o rio. Destruiu-se em 1829, quando a abertura do seu alçapão central fez com que a ponte desaparecesse. No entanto, funcionou até que a Ponte Pênsil fosse inaugurada.
Ponte Pênsil (ou Ponte D. Maria II): é obra dos engenheiros Bigot e Mellet. Inaugurada em 1842, foi demolida 45 anos depois (manteve-se aberta até à abertura da Ponte D. Luis), tendo-se mantido os pilares para memória.
Pontes atuais:
Tal como dissemos acima, temos hoje seis pontes sobre o Douro na região do Porto: Ponte da Arrábida, Ponte D. Luís, Ponte Infante D. Henrique, Ponte de D. Maria Pia, Ponte São João e a Ponte do Freixo.
Ponte Maria Pia: Com um tabuleiro de 353 metros de extensão, foi construída entre 1876 e 1877 pela empresa de Gustave Eiffel e Seyrig, tendo sido a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do Douro e na altura detentora do recorde de maior arco em ferro do mundo. Só tem uma linha, o que obrigava a uma circulação a baixa velocidade e impossibilidade de cruzamento de veículos. Está desativada desde 1991, mantendo-se até hoje sem qualquer utilização, apesar das muitas ideias para a sua conversão, desde pista de cicloturismo a rampa para saltos de bungee jumping.
Curiosidade: sabiam que Gustave Eiffel teve um escritório na Associação Comercial do Porto (Palácio da Bolsa)?
Ponte D. Luis (ou Luiz I): é A ponte das pontes do Porto e uma das mais famosas em Portugal. É em estrutura metálica, tem dois tabuleiros (superior e inferior), construída entre 1881 e 1888 e foi projeto de Teófilo Seyrig, um dos discípulos e ex-sócio de Gustave Eiffel. O arco de ferro desta ponte é considerado ainda hoje o maior arco do mundo em ferro forjado. Tem 395 metros de extensão.
Ponte da Arrábida: Foi inaugurada em 1963, tendo sido projetada por Edgar Cardoso. Já foi o maior arco em betão armado do mundo, com um vão de 270m, atingindo 70m acima do nível médio das águas. É a principal ligação rodoviária entre a cidade do Porto e a margem sul do Douro. É possível subir os arcos da ponte, e nós já o fizemos. O Tiago tem um carinho especial por esta ponte, já que foi objeto da tese de mestrado que valeu um Prémio Secil. Caso tenham curiosidade podem ler o projeto da Adaptação da Ponte da Arrábida ao Metro Ligeiro.
Ponte S. João: Tal como a da Arrábida, é projetada por Edgar Cardoso. A sua construção iniciou-se em 1984 e foi inaugurada em 1991. É um pórtico múltiplo contínuo, de pilares verticais, com três vãos, com um total de 1140m de comprimento. A linha ferroviária do norte circula por aqui desde o fecho da Ponte Maria Pia.
Ponte do Freixo: O trânsito infernal dos anos 80 tornou óbvia a necessidade de mais uma ponte rodoviária no Douro. É projeto do Professor António Reis e inaugurou-se em 1995. Na realidade são duas pontes gémeas a uma distância de 10cm uma da outra, totalizando 8 faixas de rodagem. Acaba por servir a periferia da cidade e, em média, atravessam-na 100.000 viaturas por dia.
Ponte Infante D. Henrique: Quando o Metro do Porto “usurpou” o tabuleiro superior da Ponte D. Luis pensou-se numa nova ponte rodoviária para sua subtituição. Liga o Bairro das Fontaínhas à Serra do Pilar, foi inaugurada em 2003 e é uma das mais bonitas (gostos não se discutem). Tem 371 metros de extensão e é projeto dos Engenheiros Adão da Fonseca e Francisco Millanes Mato.
Perguntam vocês, quais os melhores sítios para ver as pontes sobre o Douro? A Ponte Luiz I vê-se da Ribeira e da Marginal de Gaia. A da Arrábida vê-se bem do Palácio de Cristal. A Ponte do Infante vê-se da Serra do Pilar ou do tabuleiro superior da Ponte Luiz I. A do Freixo vê-se das margens do Douro, de onde também vemos a Maria Pia e a São João, tanto da margem direita como da esquerda.
Claro que num passeio de barco terão vista privilegiada. Os cruzeiros duram cerca de 50/60 minutos e custam 15€. Podem ver aqui.
Este artigo pode conter links afiliados.