O Funchal é conhecido como um dos melhores destinos para assistir ao fogo de artifício da passagem de ano, e nós confirmamos. Mas há muito mais para fazer na capital da ilha da Madeira. Juntos já explorámos a cidade quatro vezes, e em todas elas descobrimos mais coisas que queremos explorar. Geralmente é nestes artigos que fazemos após regresso que descobrimos coisas novas para ver na próxima viagem.
O nome da cidade vem do impacto ao desembarcar na ilha pela primeira vez: árvores e funcho. O primeiro governador foi João Gonçalves Zarco, descobridor, que se mudou para a ilha com a família. A ilha foi ganhando importância, primeiro com o açúcar, depois com o vinho da Madeira, passando de pequenas paróquias a vila, e mais tarde a cidade. Foi durante muito tempo um destino considerado caro e muito procurado por ingleses. Com a chegada das companhias aéreas low cost e o peso que as redes sociais têm na procura de destinos fotografáveis, o Funchal passou a ser um destino da moda.
A ligação a Inglaterra é antiga, tendo começado com a ocupação da ilha pelos ingleses em dois períodos. Ocuparam 6 meses em 1801 e 7 anos iniciados em 1807. A tropa inglesa queria bloquear o acesso francês. Com a 2ª Guerra Mundial chegam os Gibraltinos em 1940. Foram recebidos e viveram em alguns hotéis da região. Muitos mantêm ainda a relação com país, tendo havido casamentos entre gibraltinas e madeirenses. Uma das famílias inglesas mais antigas na ilha são os Blandy, inicialmente um militar. Estiveram ligados a vários negócios, agências de viagens, um banco, os vinhos madeira, a hotelaria e o jornal de notícias.
O que fazer
Teleférico da Madeira: é a forma mais fácil de subir ao Monte e permite ter uma vista panorâmica sobre a cidade. Antigamente existia um comboio até ao Monte (Comboio ou Elevador do Monte) que percorria quase 4km. Foi inaugurado em 1893 e a última viagem foi em abril de 1943. Aconteceram dois grandes acidentes em 1919 e em 1932, sendo considerada uma linha perigosa. O teleférico foi inaugurado em novembro de 2000 para recuperar a ideia turística do comboio do Monte. Fizemos a viagem de teleférico em 2015 e achamos que é mesmo para turistas (caro, mas giro).
Preço: 12,5€ ida ou 18€ ida e volta. Pode ser combinado com o Teleférico do Jardim Botânico
Jardim Tropical Monte Palace: se tivéssemos a mesma consciência político-social que temos hoje seria um sítio que não visitaríamos. Joe Berardo comprou o terreno em 1987 e criou um dos jardins mais bonitos do nosso país. Dentro fica um antigo hotel, o Monte Palace. Nós fomos de teleférico, mas também podem ir de carro e estacionar no parque junto ao jardim.
Preço: 12,5€
Igreja de Nossa Senhora do Monte: junto ao jardim fica esta igreja. Coisas giras que não se esperam encontrar: Carlos Habsbourg (ultimo imperador da Áustria) está enterrado ali, após o seu exílio na ilha. A capela é do século XVIII, mas a ermida é do século XV. Um terramoto destruiu a igreja, tendo sido depois reconstruída. A festa da senhora do Monte (padroeira da cidade) é a 15 de agosto. Podem descer de uma forma inusitada, de carro de cesto, os Carreiros do Monte.
Carreiros do Monte: antigamente os moradores do Monte iam de carros de cesto até ao centro do Funchal. Hoje é uma atração turística que atinge os 38km/h ao percorrer os 2km até ao Livramento.
Podem subir até ao Monte de teleférico (12,5€) e depois andar a pé até aos carros. Também há autocarros (20, 21 e 48). Podem também estacionar no ponto de chegada dos cestos (Livramento) e subir de táxi por 10€. Há autocarro (19). Como exemplo, para nós ficaria por 40€ (30€ cesto para 2 e 10€ de táxi). Fecha ao domingo. Ainda não descemos porque a Maria não pode fazer para já, mas vai acontecer.
Preço: entre 25 e 45€
Jardim Botânico da Madeira – Engº Rui Vieira: o jardim de Berardo não é o único jardim da ilha. O jardim botânico pertence ao governo regional e fica em altitude, entre 150 e 300 metros acima do nível do mar. São 5 hectares ajardinados. Está em reabilitação, mas aberto. O bilhete inclui a entrada no Museu de História Natural. Há miradouros com vista para o Funchal.
Preço: 6€, mas já se encontra o aviso que em 2023 passará a 7,5€. É possível chegar ao jardim a partir do Monte de teleférico (14,5€ ida, 17,75€ ida e volta). A entrada é gratuita a 30 de abril e 1 de julho.
Teleférico do Jardim Botânico: une o jardim botânico ao Monte, traçando uma linha sobre a Ribeira João Gomes. Nunca experimentámos este, mas também nunca fomos ao Jardim Botânico ou ao Museu de História Natural.
Preço: 9,25€ ida ou 14€ ida e volta. Os três (teleféricos e jardim) custam 26,50€, ou 34€ se for ida e volta.
Palheiro Gardens: os jardins da Quinta do Palheiro são acessíveis também para não hóspedes. O Palheiro Nature Estate pertence à família Blandy desde 1885. É um complexo com campo de golfe, hotel, jardins e SPA. É um espaço especial, não só pelos seus jardins, mas também pela vista sobre o Funchal. A entrada nos jardins custa 10 (15€ com num pacote com vinho Madeira e pastel de nata na Casa de Chá). Comemos uma fatia de bolo na Casa de Chá e foi agradável. Passeia-se bem de carrinho, exceto se quiserem descer até ao Ribeiro do Inferno. Adorámos a capela (nota: não deixem o carro junto ao portão, depois de comprarem o bilhete podem entrar com o carro).
Parque de Santa Catarina: este parque tem 36.000m2 e é gratuito. Tem uma ótima vista sobre a baía e uma ilha de patos e cisnes. Há estatuas do Infante Dom Henrique e de Cristóvão Colombo. Fica sobre o restaurante “A Gruta”.
Museu CR7: fica no piso térreo do hotel Pestana CR7. Fomos visitar num dia de chuva para aproveitar o “mau” tempo. Tem três réplicas do jogador, quatro se contarmos com a que está no exterior, e todos os prémios vencidos, desde globos de ouro a botas de ouro. A estátua de chocolate, obra do mestre chocolateiro Jorge Cardoso, residente na Suíça, veio da Suíça até Ovar de carro e depois para Lisboa. Chegou ao Funchal após três dias de viagem de barco. Recomendamos o museu se forem mesmo fãs ou tiverem crianças fãs.
Preço: 5€
Forte de São Tiago: foi criado em 1614 para proteger a cidade de ataques pirata. Albergou o museu de arte contemporânea até à sua transferência para o MUDAS, mas também já albergou tropas britânicas, a polícia do exército e o esquadrão de lanceiros. Tem um restaurante com uma vista privilegiada e proporciona jantares com passeio de carro clássico. Abre de segunda a sexta-feira, exceto feriados.
Igreja de Nossa Senhora do Socorro: a Igreja surge por promessa a são Tiago, após um surto de peste. Parte daqui a romaria de 1 de maio. Fica numa zona turística com muitos espaços para comer.
Rua de Santa Maria: aqui algumas fachadas e portas têm obras de arte urbana do projeto Arte de Portas Abertas.
Mercado dos Lavradores: quem gosta de mercados tem de ir aqui. Encontram frutas, flores e muito mais. Pode ser demasiado turístico e não uma experiência local. Sugere-se visitar à sexta-feira, para o ver mais recheado, e de manhã para encontrar o peixe. Era habitual experimentar-se a fruta no local, mas após alguns casos de vendedores que adoçavam artificialmente a fruta das provas, passou a não ser permitido.
Armazém do Mercado: foi a fábrica de bordados Arte Fina e armazém do mercado, hoje é um espaço com lojas, museu do brinquedo e restaurantes. Esperávamos outra coisa, mas dá para comprarem artesanato.
Fábrica Mel-de-Cana Ribeiro Sêco de V. Melim, Lda.: daqui sai o mel-de-cana, os bolos de mel e as broas de mel. É das fábricas mais antigas da ilha, com 135 anos. Há visitas guiadas.
Os Bolos de Mel-de-Cana podem armazenar-se por um longo período de tempo, bastando ter o cuidado de os embrulhar em papel vegetal (tradicional), guardando-os num sítio seco e de preferência num recipiente fechado (tupperware). Quando quiser comer um pedaço, não se esqueça, parta com as suas próprias mãos! (retirado da página oficial).
Museu da Fotografia: queremos dizer que adorámos o edifício. Conseguem aprender sobre a história da fotografia na ilha. Originalmente era de Vicente Gomes da Silva. Receberam duas distinções importantes, uma do império austro-húngaro e uma da casa real portuguesa, por retratos. Funcionou durante quatro gerações tendo sido adquirido pelo Governo Regional da Madeira todo o acervo, para preservar a memória.
Preço: 3€, fecha ao domingo e segunda-feira
Sé do Funchal: tem vários elementos manuelinos de invejar, como o retábulo e a cruz processional. É uma das igrejas mais importantes da ilha, não só para visitantes, mas também para os madeirenses. Ainda não tínhamos visitado, mas foi agora na Festa da Flor de 2022 que entrámos e que maravilha. Olhem para cima!
Promenade do Lido: é um passeio pedonal junto ao mar que une o Lido à Praia Formosa. Passa pelo Complexo Balnear do Lido.
Praia Formosa: fica a 6 km do Funchal, è a maior praia pública, mas no fundo são quatro praias (Nova, Formosa, Areeiro e dos Namorados). É acessível de duas promenades, a do Lido e a de Câmara de Lobos.
Passeios de barco: as partidas são da marina. Podem fazer no navio réplica de Santa Maria de Colombo (35€). Esta réplica foi construída em Câmara de Lobos. Nós fizemos na VMT um passeio para ver cetáceos. São 3 horas de passeio, levem lanche porque lá tudo se paga. Fato de banho, toalha, casaco e chapéu são necessários. O mergulho acontece na Fajã do Cabo Girão. Vale a pena, vimos duas vezes golfinhos e foi lindo. Pareceu-nos que ver baleias é raro.
Praça do Município: ou Largo do Colégio. Destacam-se três edifícios: os Paços do Concelho, o Colégio dos Jesuítas com a Igreja de São João Evangelista e o antigo Paço Episcopal, hoje Museu de Arte Sacra.
Museu de Arte Sacra: Tem origem na sede Episcopal, mandada construir após a destruição do antigo paço num incêndio. Foi sofrendo várias obras, principalmente após o terramoto de 1748. Chegou a ser o Liceu do Funchal. Após uma visita do conservador do Palácio Nacional da Ajuda que percebeu a importância dos Painéis Flamengos, estes foram restaurados em Lisboa e expostos no Museu de Arte Antiga. Ao mesmo tempo também se fez um levantamento de património de ourivesaria e escultura da região. Percebe-se a necessidade de expor a riqueza da ilha em arte flamenga, ourivesaria e escultura. O Museu foi inaugurado em junho de 1955.
A Torre Varanda do Mirante pode ser visitada. Antes, só os bispos tinham acesso à vista privilegiada sobre a baía.
Ainda não visitámos.
Preço: 7€, fecha aos domingos e feriados.
Adega D’Oliveiras: é a empresa mais antiga da Madeira. O edifício de 1619 é classificado. Representa cinco produtores, todos de famílias locais. A produção familiar mais antiga é de 1820. Os armazéns têm um espólio fascinante de vinhos raros e envelhecidos, o que mostra a importância da Pereira D’Oliveira Vinhos Lda no mercado. É possível comprar garrafas ou barris de 1850. Só uma nota, percebemos que os turistas na Madeira são maioritariamente estrangeiros, mas chateia-nos páginas oficiais em que explorar em português é quase impossível (fica a nossa indignação!).
Fábrica de Santo António: é uma fabrica de bolachas antiga. Gostámos da decoração e da simpatia. A loja fica no edifício da fábrica no centro do Funchal. Os armários são ainda os mesmos, a decoração ainda é feita pelas latas, e todos chegam à Travessa do Forno atraídos pelo cheiro de bolachas saídas do forno. A fábrica é de 1893, quando Francisco Roque Gomes da Silva decide abrir a primeira fábrica de bolachas e biscoitos de toda a ilha. É a sua esposa Guilhermina que desenvolve a maioria das receitas. A fábrica ainda mantém os livros de receitas originais de Guil (diminutivo por que era conhecida). Em 2018 voltou a vender as bolachas em caixa de lata para prestar homenagem à original. Encontram aqui bolachas variadas, biscoitos, rebuçados, broas, bolos de mel e compotas.
Avenida Arriaga: iniciada em 1914, é aqui que encontram João Gonçalves Zarco, o descobridor da ilha. É uma das ruas imperdíveis da cidade, já que termina na Sé, no largo D. Manuel I. Também ficam nesta rua o edifício do Banco de Portugal, os históricos café Golden Gate Grand Café e café Ritz, uma das entradas da Blandy’s Wine Lodge, o Jardim Municipal do Funchal e o Teatro Municipal Baltazar Dias. Durante a Festa da Flor ficam aqui alguns tapetes de flor.
Blandy’s Wine Lodge: o bilhete da Yellowbus dá entrada na Blandy’s para beber um copo de Madeira (doce, meio doce, seco e meio seco). A companhia vinícola tem provas diversas, algumas com queijos ou chocolates artesanais (Uau Cacau). Nós pedimos os copos de oferta e comprámos bombons Uau Cacau para saborear em conjunto. Os bombons são mais baratos na própria loja.
Palácio de São Lourenço: este edifício alberga o Museu Militar. É interessante, tanto para conhecer a fortaleza como a história militar da ilha, que vai desde as grandes guerras até ao apoio à comunidade nas inundações e pandemia. Também é a Residência Oficial do Representante da República para a Região Autónoma da Madeira. Este lado pode ser visitado mediante marcação, englobando visita aos salões do andar nobre (séc. XVIII) e aos jardins interiores. É edifício classificado desde 18 de Agosto de 1943. O Palácio de São Lourenço engloba a Fortaleza (séc. XVI) e o Palácio. A residência é de visita grátis e o museu militar é pago (grátis para militares no ativo e reserva), cada bilhete custa 2,5€.
Museu de História Natural da Madeira: foi criado em 1929 e inaugurado a 5 de outubro de 1933, no Palácio São Pedro. É o museu mais antigo da ilha, o que nos envergonha, porque nem sabíamos que existia. Por um lado, ainda bem, assim numa próxima visita a Maria será maior e terá impacto para ela, já que adora animais. O aquário está fechado. Fecha à segunda-feira e domingo.
Preço: 3,91€
Bordal: a Raquel tinha visto a mesma bordadeira na BTL e foi giro, porque tinha comentado com ela que haveria de fazer a visita. A visita à fabrica também está incluída no bilhete da Yellowbus. Gostámos. Tem ainda ar de fábrica pequena porque os bordados são feitos em casa. Todo o bordado é certificado e verificado, daí o preço. Quer dizer, o preço vem da minúcia do trabalho manual.
Como chegar
A partir de Lisboa ou do Porto chegam ao Aeroporto Internacional da Madeira Cristiano Ronaldo. Podem ir pela TAP, Transavia, Sata, Easyjet e agora também pela Ryanair. Da Madeira podem ir para o Reino Unido, grande parte da União Europeia e Estados Unidos.
Do aeroporto até ao centro há algumas opções: aerobus (5€), taxi, transfer, carro alugado.
Nós já saímos de carro alugado, na Hertz. Gostamos da liberdade que nos dá, mas também acontece ser a família a ir-nos lá buscar. Nesses casos, ou pedimos um carro emprestado ou andamos de autocarro.
Onde Comer
Barreirinha Bar Café: prego em bolo do caco e hambúrgueres. Fica em cima do complexo balnear das Barreirinha (5€ pela espreguiçadeira). É dos nossos pregos preferidos e vamos ter de experimentar o complexo noutra altura.
Leeno’s: lemos que aqui se recomenda a mousse de chocolate e a tarte de maçã.
O Verdinho: um dos quiosques da Avenida do Mar. Recomendamos o prego em bolo do caco especial.
Il Vivaldi: aqui não vão encontrar espetadas nem bolo do caco, mas vão encontrar bons pratos de peixe ou carne e risottos. É um espaço de serviço diferenciado.
Armazém do Sal: deve ter sido o melhor restaurante que experimentámos no Funchal.
Café Museu: fica no museu de Arte Sacra. O Tiago jantou aqui quando veio assistir a uma jam session de jazz e gostou. Fazem uns menus de almoço apetecíveis.
Design Nini center: serviço demorado, mas vale pela vista. O edifício alberga a galeria de Nini. Há vários hotéis no Funchal cuja decoração é de Nini, como o Sacharum e o The Vine.
Uau cacau: chocolates artesanais que devem experimentar. Têm loja própria, mas também se vendem noutros espaços.
Procurem os gelados FRIIC. Nós comprámos no supermercado, mas existe um quiosque no Fórum. São gelados feitos com fruta local, saborosos e cremosos.
Curiosidades
Sabiam que no brasão do Funchal estão representados cinco “pães de açúcar”? O açúcar, introduzido na ilha por ordem do Infante D. Henrique, tornou-se no ouro branco e fez a região prosperar. A Europa gostou do açúcar madeirense e este passou a competir com o açúcar da Sicília, Marrocos e Egipto. Era transportado em cones de barro chamados pão de açúcar.
Sabiam que existiu uma nação independente dentro da Madeira? Ao Funchal pertence o Forte de São José, conhecido também como o Forte do Ilhéu ou Bateria da Pontinha. Devido à má situação do governo, o forte foi posto à venda em hasta pública em 1903, pelo rei D. Carlos I. Por 200 reis, Cândido Henriques de Freitas comprou o forte. Mais recentemente o forte foi posto à venda, tendo sido comprado em outubro de 2000 pelo professor Renato Barros. Barros autoproclamou o espaço como o Principado da Pontinha e exigiu que o Governo Regional e o Estado Português reconhecessem a Pontinha como um estado soberano e independente. Chegou mesmo a receber um ”exilado” político!
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