Estraño mí tierra querida, cantam os Orixas. Emigra-se por muitas razões e só um cubano vos poderá falar das deles, mas por muitos defeitos que tenha a nossa terra teremos sempre saudades. Saudade de quem ficou, da rua, do cheiro, da comida, das brincadeiras, da casa, do nosso bairro. É disso que fala a banda quando canta sobre Havana.
Fomos de mente aberta, já lidámos com a pobreza nua e crua diariamente durante a nossa vida em Luanda. Além disso, tínhamos convivido com cubanos e sabíamos que Cuba era “difícil”. Íamos na expectativa de ver como as pessoas convivem com o turismo, como sentem a música, como encaram o seu regime político. Saímos de lá com a sensação de que é totalmente possível ir a Cuba de férias e não ter um choque com a realidade, se for o que pretendem. Sem ver a pobreza ou perceber como o cubano vive o seu dia-a-dia. Para quem faça diretamente uma estadia nos Cayos ou em Varadero e só visite Havana em visita guiada, ou nem o faça, não verá as filas para comprar a sua quota do cabaz básico de frango, ovos, farinha, arroz, azeite ou detergentes. Quem não conversar com um cubano que não queira vender a imagem idílica de Cuba não irá perceber como é a vida de um qualquer nacional. Quem não deambular pela cidade não verá os edifícios que ruíram e onde, ainda assim, vivem várias famílias. Quem não for a um restaurante fora do circuito turístico não verá como as ementas estão reduzidas a metade, seja pela falta de ingredientes, seja pelo preço avultado que esses ingredientes custam no mercado informal.
Nós ficámos dois dias em Havana, mas no fundo só aproveitámos um. Fizemos a free walking tour da praxe e vagueámos pelas ruas. Não fomos ao show do Cabaret Tropicana porque o preço pareceu-nos a típica armadilha para turistas. Preferimos ceder nos clichés de um passeio de carro clássico, nos charutos e nos cocktails. Talvez tivéssemos ido ao Buena Vista Social Club se deixassem entrar crianças. Tentámos fazer o que gostaria de fazer um cubano, o que acaba por ser uma hipocrisia, já que entramos no país deles em vantagem monetária clara (nada que não aconteça em tantos outros sítios).
A chegada
O impacto que a viagem a Cuba teve em nós começou logo no aeroporto de Madrid, e fez-nos viajar mentalmente até Angola. Não conhecíamos a World2fly e estávamos a contar com um voo “pequeno”, mas quando vimos a fila gigante para check-in e os carros com 5-6 malas reconhecemos o sistema que tantas vezes vivenciámos nas viagens para Luanda. Emigrantes regressam ao seu país levando, não lhes queremos chamar malas, o termo mais adequado é “embrulhos”, com tudo o que precisam para a família ou para vender. Porque dizemos que começou aqui? Porque todas essas malas na chegada a Havana implicaram mais de uma hora de espera, mais ainda pelo carrinho da Maria, que chegou com aspeto de ter andado numa roda vida, todo sujo e riscado.
O aeroporto não é muito grande e a parte das regras de saúde da pandemia correu bem. Nessa altura ainda era obrigatório usar máscara. Tivemos que preencher o formulário da Maria na hora. Apesar de estar associada ao do Tiago, não aparecia o registo. A sala onde estavam os tapetes não tinha uma única cadeira e ali ficámos com a bebé ao colo, cheia de sono, à espera das malas. O wifi é um problema em Cuba, mas o aeroporto tem meia hora grátis, precisam só de por o vosso número de passaporte.
O nosso autocarro já nos esperava, um shuttle que foi passando em vários hotéis. Entrámos, arrancámos, o guia começa a falar e, de repente, ouvimos alguém a discutir com o nosso motorista e a mandar murros à janela. Parados a ouvir os dois discutirem e o motorista a dizer para chamar a polícia ficámos sem saber se era só um azar, se era algo habitual, ou se poderia ser um esquema para turistas. O guia veio dizer que de noite muitos motoristas bebem, e que uma das heranças da colonização é serem de sangue quente, por isso é costume haver discussões. O melhor é optar sempre por empresas de tours oficiais porque esses motoristas são controlados e cumprem as regras. Da nossa experiência em tour particular deixamos uma recomendação: evitem viajar de noite em Cuba.
Quando saímos no nosso hotel alguns cubanos estavam à entrada “à nossa espera”. Uma pediu logo roupas de bebé, outros ofereceram câmbio. Mais uma vez, não estranhámos porque Luanda é semelhante, mas percebemos que para alguns possa ser estranha essa abordagem.
No primeiro dia fomos seguidos do pequeno-almoço para a free walking tour. Passeámos pela zona velha, fomos aos clássicos Floridita e Bodeguita del Medio (só entrámos neste último), assistimos às bandas a tocar na rua, nos cafés e restaurantes. Vimos a porta do bairro ”chino”, onde pelos vistos já nem vivem asiáticos. Conhecemos os “barbecues” – andares em mezzanine para a parte mais jovem da família, assim chamados porque ficam super quentes. Conhecemos os espaços (bodegas) onde os cubanos levantam a sua cesta básica familiar (pagando). Aliás, a nossa guia deixou-nos a ver a sua caderneta familiar (libreta) que abrange também o marido e a filha. Tem direito a 19 produtos de primeira necessidade a um preço acessível, entre eles: 2,7 quilos de arroz, feijão, açúcar, esparguete, sal, meia garrafa de óleo e um pacote de café. Diz-nos que nem sempre se encontra tudo. Ovos e frango são levantados noutros espaços com longas filas. O que não encontram vão ter de comprar em lojas informais, onde mesmo assim não irão encontrar tudo ou não conseguirão comprar porque os restaurantes e hotéis vão disputar em quantidade. Vimos as farmácias, com um ar quase vazio. Vimos as clínicas. Vimos o clássico edifício Bacardi, a marca de rum cubana que se tornou a primeira multinacional, mas que acabou por abandonar o país para não se nacionalizar. Falámos sobre isso no artigo das bebidas cubanas (com receitas dos clássicos).
Su contou-nos sobre as dificuldades da vida dela e da vida em geral dos cubanos. Lembram-se de falarmos no início do artigo sobre os embrulhos que eles trazem? Su falou nisso, em regressar a Cuba com tudo o que podem para vender e ganhar algum dinheiro. Falou-nos do seu salário como licenciada de 36€, que não dá para nada, daí completar com as free walking tours. Percebemos que fazer de guia lhe dá uma vida mais destacada da de outros cubanos já que recebe gorjetas e prendas dos turistas. Apesar de se queixar da dificuldade em dar doces à filha, na Bodeguita del Medio ouvimos que outras turistas lhe deram um saco de doces. Percebemos, tal como noutros países, que o discurso é feito para nos causar desconforto e aumentar a nossa solidariedade. Perguntou a idade da Maria e contou que a licença de maternidade é de 12 meses, mas “obriga” a treinar a criança a andar, largar as fraldas e comer sozinha a partir dessa idade, quando vai para a creche. Quando fomos a Maria tinha 13 meses, começou a andar em Varadero, mas largar as fraldas? Ainda está a anos luz disso.
O que visitar
Havana Vieja
Como o nome indica, esta é a zona da cidade histórica, a parte antiga. Onde o governo se está a esforçar por renovar, já que se degradou bastante. Aqui ficam a Plaza de Armas, Plaza Vieja, Plaza de San Francisco de Asis, Plaza de la Catedral, Castillo de la Ruel Fuerza, Calle Obispo e Mercederes, Museo del Ron, Mercado Artesantal e depois os clássicos La Bodeguita del Medio e El Floridita.
Plaza de la Catedral: é uma bonita praça de chão de pedra e com muitos pontos de interesse: a Catedral, o Museu de Arte Colonial e o Palácio del Marqués de Arcos. A nossa guia levou-nos a uma loja de rum e charutos aqui perto, no Callejón del Chorro. Pareceu-nos tudo caro, principalmente a nós, que conseguíamos Cohiba Esplendido em Luanda a menos de metade do preço daqui.
A Catedral de San Cristobal tem duas torres nitidamente diferentes. É uma obra barroca do arquiteto italiano Francesco Borromini, iniciada em 1748. Colombo repousou aqui até 1898, ano em que foi transladado para Espanha. Aliás, falámos no túmulo dele no nosso artigo da cidade de Sevilha.
Plaza de Armas: já foi conhecida como a Plaza de la Iglesia por ter o Templo Paroquial Mor, demolido em 1770. Hoje está o Palacio de los Capitanes Generales, no mesmo local onde é o Museo de la Ciudad. O nome mudou quando o governador colonial, no século XVI, passou a fazer aqui exercícios militares. Na praça ficam a estátua de Carlos Manuel Céspedes, o Hotel Santa Isabel no edifício do Palácio de los Condes de Santovenia, o Museo de la Ciudad, o Palacio del Segundo Cabo, o Castillo de la Real Fuerza, o Museo Nacional de Historia Natural, o Museu de Navegacion e o Museo de Automóvil.
Castillo de la Real Fuerza: O Castillo de la Real Fuerza é o mais antiga na américa. Voltando a falar em Sevilha, existe aqui um cata-vento de bronze de 1630 (o original está no Museu da Cidade) semelhante ao Giraldillo que se encontra na catedral. Tem também o Museo de la Fortaleza.
Calle Obispo: é uma rua do século XVI, estreita, ladeada por prédios altos, estando protegida do sol. Nela encontram restaurantes e galerias de arte. Começa na Plaza de Armas e termina junto ao Museo Nacional de Bellas Artes. Durante o dia devem aproveitar para comer um gelado ou o escabeche de Obispo e Villegas. Aqui encontram o Museo Numismático, Museo 28 de septiembre de los CDR, Museo de Pintura Mural, Museo de Orfebrería e o Edifício Santo Domingo. O edifício onde fica o Museu de Pintura Mural é considerado o mais antigo de Havana. Perto fica La Cuna del Daiquiri, ou seja o famosíssimo Floridita.
Plaza Vieja: foi conhecida como a Plaza Nueva e faziam-se aqui mercados e exercícios militares. Aqui tem o Câmera Obscura, podendo-se subir ao topo, e o Palácio Cueto, um belo exemplo de art nouveau.
Plaza de San Francisco de Assis: a praça cresceu em frente ao porto. No século XV havia aqui um mercado, e em 1608 nasceu aqui uma igreja e um convento. O mercado teve que ser mudado para a Plaza Vieja porque os monges sentiam-se incomodados com o ruído do mercado. Tem a Fuente de Los Leones de Guiseppe Gaginni, de 1836. Também fica aqui o Terminal Sierra Maestras, o terminal de cruzeiros, o Museo del Ron e duas estátuas, Chopin e o Cabellero de Paris. Perto ficam o Coche Miambí, uma carruagem de comboio americana trazida em 1992, o Museo Casa Alejandro Humboldt e o Aquarivm. No Convento de San Francisco de Assis fica o Museo de Arte Religioso.
La Bodeguita del Medio: é um ponto de passagem obrigatória, dos mais turísticos. Aqui devem pedir um mojito e ficar a desfrutar da música ao vivo. A taberna começou por ser uma mercearia (Bodeguita de Martinez, 1942). Não se sabe bem quando passou a servir bebidas e refeições, mas provavelmente foi a procura que fez surgir o novo ramo.
Bar Restaurante El Floridita: fica entre a Calle Obispo e o Museo Nacional de Bellas Artes. Abriu em 1817 como La Piña de Plata e é famoso por ser um dos sítios preferidos de Ernest Hemingway para beber daiquiris. Dizem que foram os turistas americanos que convenceram o dono a mudar o nome para El Floridita quase 100 anos depois. Existe no interior uma estátua de bronze com o escritor ao balcão. A revista Esquire reconhece-o como um dos 7 bares mais famosos do mundo (1953). Vale a pena entrar porque já foi uma famosa escola de cocktails e os barmen ainda mantêm a mesma elegância a servir.
Não se podem esquecer que tanto la Bodeguita del Medio como El Floridita não são frequentados por cubanos. É um serviço para turistas, estão no topo dos must do em Havana, mas onde um cubano não vai, a não ser que vocês o convidem ou tenha emigrado para conseguir pagar o elevado preço dos cocktails.
Mercado Artesanal Antiguos Almacenes de San José: ficam perto do porto da cidade. Os armazéns originais foram fundados no século XIX para armazenar açúcar, arroz, tabaco, aguardente, algodão, café, cera, maquinaria, etc. Pertenceram à Companhia de Almacenes de Depósitos de La Habana até 1887 e em 1959 passaram para o Estado. Foram renovados para um centro comercial de objectos de artesanato.
Centro de Havana
Paseo de Martí: antes era o Paseo Del Prado, que já foi a avenida mais bonita da cidade. Vai desde a Fuente de La India e do Parque de la Fraternidad até ao Malecón de Havana. A sua construção foi demorada (1772-1830). Não é por acaso que parece pretender ser Las Ramblas (Barcelona), já que a inspiração para a sua construção vem das cidade europeias. Oito leões de bronze “observam” o passeio de 2km de extensão. Divide-se em: Passeio e Parque Central, Esquina Quente, Passeio do Capitólio e o Parque da Fraternidade.
Parque Central: no centro fica a estátua de José Martí. Ficam aqui hotéis clássicos como o Hotel Inglaterra, Iberostar Parque Central e também o Gran Teatro de La Habana García Lorca. Há quem chame a esta zona o Parque Jurássico, já que aqui se vêem muitos carros clássicos parados à espera de clientes.
Gran Teatro de La Habana García Lorca: é a sede do ballet e da Ópera Nacional de Cuba. O edifício foi construído entre 1907 e 1914, sendo o teatro mais antigo em funcionamento no Hemisfério Ocidental.
Museo Nacional de Bellas Artes de Cuba: ocupa dois edifícios (Centro Asturiano e o Palácio de Bellas Artes) no Paseo de Martí. São 24 salas com peças de arte. Tem uma das maiores coleções de pintura e escultura da América Latina. Visitem pelo menos o Centro Asturiano. Fecha à segunda-feira e a entrada é gratuita.
Capitólio: está completamente renovado e é muito parecido com a versão americana. É até mais alto uma ninharia de centímetros, não por acaso certamente. No centro tem um diamante de 25 quilates para marcar o km 0 do país (hoje é uma imitação). É visitável, mas no pós-pandemia não se sabia ainda quando iriam reabrir as visitas. Acrescentamos, porque a sinalização está junto ao edifício, é proibido entrar com drones em Cuba. Isso não quer dizer que não o consigam fazer, podem ter sorte, mas se o usarem saibam que estão a transgredir a lei.
Real Fabrica de Tabacos Partagás: fica junto ao Parque de la Fraternidad e é das fábricas de charutos mais antiga. Foi fundada em 1845 por Jaime Partagás, espanhol. 500 pessoas trabalham enrolando charutos Montecristo e Cohiba. É a fábrica mais visitada do país.
Museo de la Revolución: fica no Palacio Presidencial antigo, construído entre 1913 e 1920, decorado pela Tiffany de NT. Na entrada do museu existe um tanque SAU-100 que Castro usou para a invasão da Bahía de Cochinos e um pedaço da muralha da cidade. Atrás existe o Pabéllon Memorial Granma onde se exibe o barco que Fidel e Che Guevara usaram para sair do Mexico e vir para Cuba. O google diz que fechou, mas nós não conseguimos confirmar.
Parque de la Fraternidad: foi fundado em 1892 para celebrar os 400 anos do desembarque dos espanhóis, mas 30 anos depois foi renomeado para a Conferência Pan-Americana de 1928. O Parque tem vários bustos de líderes americanos. Dentro do parque encontram a Praça da Fraternidade Americana, inaugurada para a Convenção Pan-Americana em 1928. O grande marco é la ceiba, uma árvore com a idade da república, ou seja de 1902. O baobá ou embondeiro, como a conhecemos de Angola, é uma “árvore alta, de tronco largo e vigoroso e raízes profundas”. A 14 de abril de 1928 aconteceu a cerimónia de plantação. As 21 repúblicas do continente americano estão representadas com uma amostra da sua terra. Ao visitar procurem as palavras “Nós, representantes de todos os povos da América, solenemente prometemos trabalhar pela fraternidade americana”
Fuente de la India: fica no Parque de La Fraternidad, em frente ao Hotel Saratoga. Representa a mulher indígena, com uma coroa de penas de águia sentada no trono com quatro golfinhos. Agarra nas mãos o brasão da cidade e uma cesta cheia de frutas.
Barrio Chino: a rua principal é a Calle de los Dragones, mas alberga no total cinco ruas. Entre 1847 e 1874 foram alojados aqui 150 mil chineses. Hoje em dia restam poucos chineses, sendo os mais idosos que preservam a cultura. Ainda existem cinema chinês e farmácia homeopática chinesa.
Vedado
Só passámos aqui de carro a caminho de Viñales. Apesar de ter dado para ver os pontos mais famosos, não parámos para fotografar.
Malecón: passeio marítimo da cidade, com 8km. Tem um dos melhores pores-do-sol da ilha. Ficam aqui o Hotel Nacional, o Hotel Riviera e o Meliá Habana. O bairro Vedado começa aqui. Optámos aqui por apanhar um taxi, estava muito calor para caminhar, apesar de ser uma caminhada bonita.
Plaza de la Revolución: aqui aconteceram vários momentos marcantes da revolução. É uma das maiores praças do mundo, com mais de 70 mil metros quadrados. Fica aqui o emblemático prédio com o mural Che Guevara (hasta la Victoria siempre) que alberga o Ministério del Interior. Camilo Cienfuegos está no edifício adjacente. Ficam ainda aqui a Biblioteca Nacional José Martí e o Teatro Nacional de Cuba. No centro está o Memorial a José Martí.
Memorial a José Martí: museu em forma de estrela com um miradouro a 130 metros de altura.
Universidad de La Habana: é a mais antiga do país. Foi fundada por monges da orden de predicadores em 1728. Originalmente estava em Habana Vieja, mas foi transferida para o vedado em 1902. Grandes nomes cubanos estudaram aqui e têm matriculados mais de 60 mil estudantes. Aliás, sabem que o ensino é gratuito em Cuba? Todos os cubanos que conhecemos têm um curso superior. Na Plaza Ignacio Agramonte está um tanque capturado pelos rebeldes em 1958. O museu mais antigo de Cuba fica aqui, o Museo de Historia Natural Felipe Poey, de 1874. Também fica aqui o Museo Antropológico de Montané.
Necrópolis Cristóbal Colón: é um dos cemitérios mais importantes do continente. Estão aqui enterrados alguns cubanos famosos. Vale a pena ver os túmulos de Máximo Gómez, Eduardo Chibás, Alejo Carpentier, Carlos Finlay, o Monumento a los Bomberos e a capela de Amelia Goyre de la Hoz.
Museo Nacional de Artes Decorativas: são mais de 33 mil obras no edifício projetado por Virad e Dastugue, arquitectos franceses. .
Museo Napoleónico: tal como diz o nome, tem objectos relacionados com Napoleão. Para sermos mais exactos, mais de 7 mil.
Callejon de Hamel: é uma espécie de galeria de arte a seu aberto num quarteirão com murais e esculturas. Há quem goste das peças de arte feitas com materiais reciclados e quem não goste da experiência por haver a obrigação de seguir com guia e algum assédio ao turista.
El Morro
Parque Histórico Militar Morro-Cabaña: aqui ficam o castillo de los Tres Santos Reyes del Morro e a Fortaleza de San Carlos de La Cabaña. Tem uma vista sobre a cidade fantástica, já que fica no outro lado da baía. Pode-se chegar de metrobus (autocarro/ónibus) e de táxi, mas achamos mais giro ir de ferry de Casablanca. Apanham-no na Avenida Carlos Manuel Céspedes.
Fortaleza de San Carlos de la Cabaña: os ingleses conseguiram bombardear a cidade através da tomada da colina, em 1762. D. Carlos III de Espanha ordenou a construção da fortificação para proteger a cidade, que foi construída de 1763 a 1774, sendo a maior fortaleza do continente. Dentro ficam o Museo de Fortificaciones y Armas e o Museo de Comandancia del Che. O Centro Cultural Casa del Che en la Cabaña fica na primeira casa onde Che viveu. Às 21h acontecia (não sabemos se já foi retomado) a cerimónia El Cañonazo, onde actores recriavam um disparo de canhão que sinalizava o fechar das portas da cidade. Este disparo aconteceu até 1850.
Castillo de los Tres Santos Reyes Magnos del Morro: foi construído de 1589 a 1630 no El Morro para proteger o porto de piratas e outros invasores. Foi invadido em 1762 pelos ingleses após um cerco de 44 dias com 14 mil homens. Dentro fica o Museo Marítimo. O farol foi acrescentado em 1844 e pode-se subir.
El Cristo de Habana: esta obra de Lilian Jilma Madera foi esculpida peça a peça em Roma e cada peça foi benzida pelo Papa Pio XII. Tem cerca de 20 metros e fica a 51 metros do nível do mar. Foi inaugurada a 25 de dezembro de 1958.
Playa e Marianao
Esta parte da cidade vimos quando fomos em direção de Viñales. Marianao desenvolveu-se graças aos americanos, que ao abrigo da lei seca em “casa”, fugiam para Cuba para a diversão. Entre a 5ª avenida e Miramar havia muita rumba, salsa e rum. Já Miramar é onde se encontram muitas das embaixadas. A sua 5ª avenida tem a maioria das atrações.
Fica aqui o Acuario Nacional de Cuba, a Iglesia de Jesus de Miramar o parque Almendares.
A grande recomendação do Lonely Planet que não conseguimos visitar é a Fusterlandia. José Fuster, artista cubano, começou a criar em 1975, no bairro Jamainatas, uma região de pescadores. Estudou em Cuba e terminou a sua formação na Europa, onde absorveu influências de Gaudí e Picasso, muito marcadas no seu trabalho. Este mundo de cor começou na sua casa e “invadiu” as casas dos vizinhos, o posto médico, a paragem de autocarro, até se tornar um mundo à parte. Queríamos mesmo ir, porque é uma espécie de Parque Güell do Caribe.
Habana del Este
A praias mais conhecidas são as Playas del Este, a 18km de Havana. Não têm o desenvolvimento imobiliário dos Cayos ou de Varadero, o que pode ser bom para experiências mais locais. As praias são Playa Bacuranao, Playa Mégano, Playa Santa Maria del Mar, Playa Boa Ciega, Playa Guanabo, Playa Jobacoa y Plaza Trópico.
Onde ficar
Então, falhámos redondamente na escolha do hotel, aliás… pagámos muito pouco (para o habitual) pelo pacote de 10 dias e isso levou-nos a um mau hotel. Gostávamos de ter ficado nas casas particulares, mas decidimos estas férias em cima do joelho. Para três noites não nos pareceu inteligente alterar o hotel e encarecer as férias, mas hoje não abdicaríamos de ficar no Iberostar Parque Central ou numa casa particular, apesar de termos ouvido que nesta fase pós-pandemia as casas particulares podem não ser uma opção muito confortável, tendo falhas de luz e electricidade. Aliás, a nossa guia contou-nos que a água não corre todos os dias. Noutra vinda a Cuba (a Raquel quer, o Tiago não) talvez optássemos só por alojamentos particulares, mas pensando sempre no conforto da Maria. Claro que eles se adaptam a tudo e um dia sem banho ou de banho de caneca não é grave.
Gran Hotel Manzana Kempinski La Habana: é um hotel com um terraço muito concorrido em Habana Vieja. A sua piscina infinita permite às influencers tirarem fotos com a cidade de fundo.
Hotel Trip Habana Libre: péssimo. Engana nas fotos, não engana? É dos hotéis mais antigos. Começou como Hilton, mas foi nacionalizado na revolução. Agora tem a chancela Mélia, mas de nada vale, só nos crachás. Só os pisos mais altos estavam em utilização, mas mesmo nesses o aspecto era no mínimo duvidoso. Se nos dissessem que as alcatifas do hotel tinham sido cenário de um crime e limpas com lixívia, acreditaríamos. As portadas e janelas da varanda têm os vidros imundos e a Raquel viu várias mini baratas, mesmo num 18º andar. Trocámos de quarto porque o primeiro não era renovado, corria água da sanita toda a noite, e tinha uma das tais alcatifas. Na primeira tarde não tivemos água quente. Aliás, pareceu-nos que só há água quente no início e final do dia. Quanto ao pequeno-almoço: pão de forma, alguns tipos de pastelaria, sem manteiga, show cooking de omeletes e alguns quentes. Coisas boas: a equipa, muito atenciosa!
Na free walking tour partimos do Hotel Inglaterra. Tem uma esplanada virada para o Paseo de Martí, coberta, o que ajuda nos dias de calor. Vale a pena entrar para ver a sua arquitectura neoclássica. É um edifício de 1875. Churchill esteve aqui hospedado como repórter de guerra, em 1895.
Também vimos o Hotel Saratoga, junto ao Parque de la Fraternidad, que estava a ser limpo para reabrir (o que seria em maio) e pareceu-nos bastante bom. Como devem saber, entretanto uma fuga de gás provocou uma explosão que matou várias pessoas, ainda antes da abertura. Existia como hotel desde 1933, mas entrou em decadência nos anos 60, ao ser confiscado pelo estado. Em 2005 reabriu completamente renovado e como um luxuoso hotel de 96 quartos.
O Hotel Nacional também é de visita obrigatória, mas não precisam de lá ficar hospedados. É um edifício de 1930 em art déco. As armas da Bateria de Santa Clara estão expostas no jardim. Aqui ficaram Churchill, Frank Sinatra, Marlon Brando, Ava Gardner, Fred Astaire, Eduardo VIII e Alexander Flemming.
Onde comer
Aqui não é fácil dar indicações e nunca ficámos deslumbrados. Podem ir aos espaços públicos geridos pelo Estado ou aos privados, os paladares. Os primeiros serão sempre mais baratos.
Café del Oriente e Piña de Plata (Floridita) foram as recomendações estatais de Su. Nós fomos ao Café del Oriente e foi fraquinho, principalmente na higiene. A ementa só tinha metade das coisas disponíveis, mas o paladar estava lá, principalmente no arroz. Tem um aspecto de café tradicional e serviço de tasca. A Ópera também tem um restaurante do estado.
Falando nos privados, recomendamos o Habana Blues. Foi uma sugestão de um cubano e gostámos. A ementa também tinha falhas, mas é um espaço gerido pela comunidade artística da cidade. Quem vos serve pode ser um actor, cantor ou músico. Tem música ao vivo e uma decoração muito peculiar.
Nos restaurantes privados as sugestões de Su foi o D’Lirios. Fica num edifício com um restaurante por piso. Se procurarem no Google restaurantes recomendados por cubanos, nenhum destes entra. Nessa lista encontram, por exemplo, La Guarida (cenário do filme Morango & Chocolate), Lo Cocinero, Jama, El del Frente (com rooftop), Otramanera, Mar Adentro, Lo de Monik y Rio Mar. Se experimentarem algum contem o que acharam.
Se querem fazer algo semelhante ao que fazem os cubanos, saiam depois do jantar para comer um gelado. A Heladería Coppelia é uma das mais frequentadas e fica num edifício gigante. Nós fomos à Pret a Porter Heladería e não ficámos desiludidos.
A nossa opinião
É o sitio mais parecido com Luanda onde estivemos. A decadência tem um grande impacto na cidade, exatamente como em Angola. Sente-se muito como outrora estas cidades devem ter sido magnificas, à frente do seu tempo. Muitos edifícios estão envoltos em chapa porque o risco de ruírem é iminente. Su disse-nos que a não ser que se veja a placa “Obra en ejecucion” não há plano de “lhes pegar”, o que acaba por ser triste. No pós-pandemia (março/2022) apanhámos, além da máscara obrigatória e falta de combustível, muita coisa fechada. Um pouco deprimente, porque não dava mesmo para viver o que se tinha idealizado. Principalmente para a Raquel foi frustrante, mas culpa foi dela, ia com expectativas muito altas por ser um destino muito desejado.
Um dica: fomos “enganados” em Viñales, no almoço. O motorista, em vez de nos levar a um sítio “barato” para almoçar, levou-nos a um sítio bom de amigos, que nos impingiu o preço em “euros”, sem direito ao câmbio informal que se pratica em todo o lado. Culpa nossa claro! Se tivéssemos pesquisado ele tinha-nos deixado onde quiséssemos.
Alugar carro era impensável, não cabíamos (4 adultos, 1 criança e 1 bebé), sabemos que podem ser carros de má qualidade e não havia combustível. No caso de irem a Cuba em grupos grandes com crianças em que não caibam todos num táxi ou num carro alugado pode fazer sentido reservar tours privados com a Civitatis, a preços competitivos quando comparados com os oferecidos localmente. Se comprarem tours “informais” a taxistas (podem “alugar” uma van com mais de 9 lugares) recomendamos que garantam previamente que a viatura está em condições (pelo menos em aspeto) e tem ar condicionado.
As pessoas são muito simpáticas e prestáveis. Se é fake para conseguir propina? Não queremos saber. Foram cordiais, educadíssimos, muito simpáticos e cuidadosos com a Maria. Achámos pouco higiénico a forma como mostram que é habitual receberem dinheiro, servindo os pratos com as notas enfiadas nos dedos, mas torna-se engraçado.
Este artigo pode conter links de afiliados
365 dias no mundo estiveram em Havana de 21 a 22 de março de 2022
13 Responses
Eu confesso que tenho sentimentos contraditórios quando se trata de Cuba, porque pelos relatos de viagem que leio a impressão é exatamente a que vcs descrevem no post: uma tristeza pela decadência, pelo que já foi e não é mais, e pelo que poderia continuar sendo. Uma pena, pois com certeza seria um lugar belíssimo se fosse melhor tratado. Isso sem falar em todas as carências do povo…
Agora ainda tem a tensão social. Tem havido algumas manifestações.
Eu ainda não conheço Cuba. Tenho a impressão a partir dos relatos que já li que apesar de ser um lugar belíssimo, gera sentimentos contraditórios de encanto e lamento. Gostei muito do fato de terem descrito suas experiências de forma muito honesta.
Sim, ainda ouvimos o ano passado sobre uma viajante a solo que diz que se sentiu muito desconfortável com a abordagem constante, nunca tínhamos ouvido falar sobre isso. O país é lindo, a cultura é apelativa, mas precisa de melhorar muita coisa.
Eu me senti mal porque havia homens que me abordavam o tempo todo até sentada no restaurante com meu esposo homens me chamavam ou olhava muito pra minha face eu não me senti confortável não visitaria de novo nunca mais lugar muito sujo as pessoas pedem o tempo todo dinheiro comida até a roupa do seu corpo eles pedem , a situação não está nada fácil
Um país que tinha tudo pra ser bom e é horrível
A comida no restaurante custa o salário mínimo deles
Todo mundo quase passando fome
Fiquei 15 dias estudei a historia vivi como eles e posso te falar agr que acabou que
Cuba não é pra amadores
Eu sai de Cuba chocada com que eu vi e vivi
Um destino que não voltaria nunca
Mais a única coisa que posso é desejar que nossos irmãos cubanos fiquem bem que o estado mude que ajude esse povo tão sofrido
muito interessante esse seu testemunho. vi pacotes de mais de 2000€ para a passagem de ano em cuba e senti questão a roubar o turista.
Que descrição envolvente de Havana! Sentimentos de nostalgia e vivacidade saltam das suas palavras. É inspirador testemunhar a história viva e a energia contagiante da cidade. Obrigada por compartilhar essa perspectiva única!
Marcella, obrigada. Foi muito interessante visitar Havana, mesmo tendo sido diferente do que esperava.
Tive a mesma sensação, eu não voltaria aqui estou aqui e não sei oque pensar
Quero conhecer Cuba, é um país que me chama atenção não só belas praias, mas tenho vontade de ver de perto o que tanto leio e escuto a respeito. Seu post descreve bem o que imagino de Havana, por exemplo.
Cynara, Cuba é aquele país que tanto se pode amar como se pode odiar, ou os dois sentimentos ao mesmo tempo. Preocupa-nos a tensão que o país atravessa, mas precisa mesmo de mudanças.
Fiz um roteiro que passava por Havana, há uns anos e desisti da viagem, agora estou querendo retornar a esse plano rs
A minha única ressalva com Cuba agora é a incapacidade que o país tem em garantir eletricidade, alimento e combustível. Principalmente para os cubanos, que estão em clima de tensão social, e indisfarçável para os turistas até dentro dos resorts.