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ALCOBAÇA (PORTUGAL)

O rio Alcoa e o rio Baça juntam-se em Alcobaça. Aqui nasce um mosteiro da Ordem da Cister, nas terras conquistadas aos mouros.

Já não vínhamos a Alcobaça há largos anos. Da última vez páramos para comer doces conventuais na pastelaria Alcoa e tirar umas fotos ao mosteiro, mas sem o visitar. Agora, num fim de semana em Fátima achámos por bem voltar aqui e desta vez entrar no mosteiro e não ficar só pela gula.
Em setembro tínhamos andado pelo concelho quando o Turismo do Centro nos convidou a explorar o lado B do património mundial. Foi assim que fomos parar ao mosteiro de Santa Maria de Coz. Este mosteiro cisterciense é dos maiores femininos, atrás apenas do de Lorvão.

O que visitar

Mosteiro de Cós (ou Coz): havia um grupo de viúvas que se dedicava à vida monástica e acabou por ser necessário abrir um mosteiro feminino, nas terras da ordem de cister. Está em ruínas, mantendo a Igreja “intacta”. À esquerda há uma pintura de Josefa de Óbidos, o altar é em talha dourada. Josefa era nascida em Espanha, mas viveu grande parte da sua vida em Óbidos, dizem que tinha tanta fama, que quem visitava os banhos das Caldas passava em Óbidos para a cumprimentar. Há obras suas em vários mosteiros e igrejas da zona centro.

Se a porta do mosteiro estiver fechada em frente encontramos a Coz’Art, um atelier de cestaria em junco. É aqui que podem pedir para entrar. A Coz’Art trabalha com um cariz social. Pensem nisso quando virem os preços. Se apreciam a arte podem ir até ao Juncal para ver a rotunda alusiva à arte.

mulher a fazer cesta de junco

Mosteiro de Alcobaça: A Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça é criada por ordem de Afonso Henriques e torna-se logo dos maiores templos cistercienses. É o terceiro maior, a seguir a Vancelles e Pontigny, tendo 106 metros de comprimento. A ordem cister é assim utilizada para povoar a linha do Tejo, conquistada aos mouros. Os monges necessitavam de água corrente para os seus mosteiros porque já possuíam um sistema hidráulico que neste caso alimentava a abadia, numa espécie de esgotos para as latrinas. Alcobaça tem a localização ideal (rios Alcoa e Baça) e os monges construíram um canal que alimentava a abadia. Quando passam pela cozinha ouvem a água correr. Aliás, a cozinha é dos espaços mais notáveis. Aqui também encontramos Pedro e Inês, das histórias mais românticas da nossa monarquia, imortalizada por Luis de Camões. Os seus túmulos estão frente a frente na igreja, para que na subida ao céu se vejam e subam juntos. Temos de referir que se trata do primeiro edifício gótico do país.

Custa 6€, é grátis aos domingos e feriados.

Em frente encontram as famosas chitas de Alcobaça, na loja Made in Alcobaça.

NOTA: não percam os túmulos de D. Pedro e Inês de Castro, imortalizados por Camões nos Lusíadas. Estão frente a frente para que se vejam no dia do juízo final.

Museu do Vinho: o museu do vinho também fica aqui na região. Não tem o factor WOW do the World of the Wine em Gaia, mas também não foi criado em tempos de redes sociais e cenários de impressionar. A Junta Nacional de Vinhos, uma entidade que fiscalizava, apoiava e controlava o mercado comprou a adega da Quinta do Olival Fechado. A adega de José Eduardo Raposo Magalhães era uma obra notável de inovação. O delegado regional da junta Manuel Augusto Paixão Marques começou a coleccionar um pouco de tudo, garrafas, objectos, rótulos, placards, copos, jarras, e assim nasce o museu do vinho, incomparável no nosso país. São mais de 10000 artefactos num ambiente algo decadente, mas é o que lhe dá a graça e a humanização que não se tem em grandes museus.

Castelo de Alcobaça: fica no topo da colina, como se espera dos castelos, mas já pouco resta. Em 1153 foi entregue à Ordem de Cister após a conquista aos mouros. Foi fundado o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e surgiram assim os coutos de Alcobaça. Os monges começaram a plantar na encosta do castelo. Sofreu alguns volte faces, como a reconquista pelos mouros, destruição após os terramotos de 1422 e 1755. Foi desmantelado no reinado de D. Maria II e passou para a câmara de Alcobaça que o utilizou como pedreira de novas construções da cidade. A cisterna foi aproveitada para armazenamento de água potável. Mais tarde foi reconstruída parte da muralha que está voltada para o mosteiro.

Onde comer

Região de mosteiros e monges é sempre de docinhos açucarados. A Raquel irá sempre achar demasiado, o Tiago fará sempre o “esforço” de comer o que sobrar, a Maria… bem a Maria para já tem de esperar que o açúcar chegue até ao leite. Temos os doces conventuais, o pão de ló, as cornucópias e depois temos as grandes invenções da Alcoa. Não percam, se forem da doçaria conventual. Todos os anos inventam vários doces novos, sempre de inspiração conventual, há torresmos e queijinhos do céu, coroas de abadessa, delícias do convento e muito, muito mais. Para os que moram em Lisboa como nós, no Chiado há uma segunda Alcôa.

Devem experimentar a Ginja. Nós não experimentámos.

Depois temos o Chef Ricardo Raimundo e o seu atelier. Foi-nos servido um jantar no Museu do Vinho. O conceito é fácil, um “tuk tuk” (na verdade é um Piaggio AP50) com um forno e tudo é preparado ou finalizado na hora. Havia pratos que fazem parte do seu projecto do Pomar para o Prato, para valorizar a maçã de Alcobaça e o típico frango na púcara. O preferido da Raquel é a tarte de maça que criou para a Frubaça.

Em Alcobaça tínhamos duas hipóteses para almoçar, aliás, três. Se quiséssemos asiático tínhamos o Okazu Sushi, na comida tradicional temos o Pratu’s e o António Padeiro. A escolha foi feita com a existência de fraldário, só este último tinha. Adorámos, recomendamos as açordas, a de bacalhau é premiada. O couvert custa 7€ por pessoa, uma vez pensamos que pode fazer sentido, para experimentar, mas sempre encarece muito a refeição. Os dois últimos convém reservar. A um domingo estavam cheios.

Onde dormir

Nós ficámos no Your Hotel & Spa Alcobaça. É um hotel termal, que tinha regras apertadas em tempos de pandemia. O pequeno almoço era recheado e encontrámos o que dar à Maria. Tínhamos fruta, água, roupões e chinelos no quarto. O circuito de SPA é pago à parte e inacessível a menores de 16 anos.

365 dias no mundo estiveram em Alcobaça a 4 de setembro e 24 de outubro de 2021

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Uma resposta

  1. Alcobaça parece um destino ótimo para aproveitar num fim de semana: boa comida e bebida e lugares históricos para visitar. Fiquei com a impressão que é um lugar pequeno onde todos os lugares são facilmente acessíveis a pé, é isso mesmo?

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