As gôndolas são consideradas uma das razões preferidas para visitar Veneza. São UM dos barcos típicos da cidade, e durante séculos foram mesmo o meio de transporte essencial para “sobreviver” aos canais e ilhas. Contudo hoje é simplesmente um transporte turístico (as gôndolas privadas) ou para pequenos trajectos rápidos. Passou-se de milhares de gôndolas para cerca de 500.
História
O primeiro documento que se conhece em que a gôndola é referida é de 1094 pelo Doge Vitale Falier. As gôndolas foram-se multiplicando na lagoa e canais já que numa cidade como Veneza, se circula melhor por via aquática. Até porque as pontes nem sempre foram tantas, a primeira ponte flutuante foi a da Moeda e é de 1181. A de Rialto é de 1580, e foi única até 1854.
As grandes famílias tinham uma gôndola, ou várias, e gondoleiros e ostentavam a sua riqueza em cores brilhantes, tecidos espampanantes, flores ou ouro. Em 1608 o estado decidiu restringir a decoração e cor das gôndolas a preto, uma cor considerada nobre, e agora há uniformidade. Só variam na decoração dos assentos.
A gôndola
Muita gente não imagina que a gôndola é feita à mão nos squeri (estaleiros) e que a sua construção leva 8 tipos de madeira e demora 2 meses ficar concluída. Construir uma gôndola emprega ourives, ferreiros e carpinteiros. Tem 1,44 metros de largura e quase 11 de comprimento, um fundo plano para navegar em águas rasas e tem de ser preta.
No Palácio Ducal verão uma gôndola com o felze, uma cabine que permitia proteger da chuva e frio. Todavia, será única, porque hoje em dia são todas destapadas.
A parte da frente da gôndola tem um significado. Estão representados os sestrieri, a Ponte Rialto, a Bacia de São Marcos, as ilhas (Murano, Burano e Torcello), o chapéu do doge, a Giudecca e o grande canal.
O remo é especial também. O remo e a sua cavilha (forcala) permitem navegar em zonas mais profundas e são feitos totalmente à mão.
O gondoleiro
Muita gente não sabe que a gôndola é assimétrica, para se equilibrar com o peso do gondoleiro. Um bom gondoleiro deve ser barrigudo, leis da física. Um gondoleiro tem uma eximia arte de se equilibrar na gôndola e de se baixar nas pontes.
Antigamente era uma profissão que passava de pais para filhos, os que não tinham filhos homens podiam ensinar o oficio a um aprendiz de confiança. Hoje ser gondoleiro é complexo, é preciso frequentar um curso, onde aprendem história da cidade e uma língua. Concluído o curso esperam por um concurso público para serem aceites, fazem um estágio longo e depois um exame final para receber a licença.
Há 426 licenças e desde 2010 uma gondoleira mulher. Não a vimos, mas ela existe.
O gondoleiro tem uma farda própria, calças azuis e uma camisola às riscas azuis ou vermelhas. O azul começou a ser usado do lado direito do grande canal, mas hoje o gondoleiro pode escolher entre as duas cores. O chapéu não é obrigatório e supostamente uma introdução por “imposição” dos clientes que após verem um filme de 1955 (Summertime) em que usavam um chapéu de palha com uma fita perguntavam pelo chapéu.
O passeio
Privado
O passeio varia conforme o ponto de embarque, mas durará sempre em torno de 30, 35 minutos. Devem evitar navegar no grande canal, porque é onde há mais “trânsito” e isso causa alguns transtornos.
Não peçam em casamento debaixo da Ponte dos Suspiros, é a ponte que encaminhava os presos para o calabouço após o julgamento.
O gondoleiro não canta, alguns cantarão a um preço extra. Nem todos fazem um esforço de prestar uma viagem divertida e turística.
Navega com um hábil gondoleiro.
O preço (ver abaixo) é para toda a gôndola, por isso apesar de ser um preço alto, se forem em família ou grupo passa a compensar.
Público
O passeio é muito mais curto, menos de 10 minutos, e serve para unir dois pontos evitando uma grande volta a pé. São 7 locais entre a estação e a bacia de São Marcos. As principais são mercado de Rialto-Santa Sofia, San Toma- Sant’Angelo, Giglio, Dogana. Precisam de encontrar um ponto de embarque das gôndolas com a palavra traghetto, que significa ferry.
Navegam com dois gondoleiros e até 12 passageiros. Os venezianos não se sentam, vão em pé, mas recomendamos que os turistas se sentem.
O preço (ver abaixo) é vantajoso, embora pagam o que recebem, um serviço de “transfer”.
Preço
Privado
Uma gôndola leva até 5 pessoas por 80€, 100€ se for após as 19h. O gondoleiro tem licença para navegar até às 3 da manhã.
É possível aumentar o tempo do passeio (20 minutos- 40€ até às 19h, 50€ após as 19h).
Podem tentar negociar a duração, contudo será difícil.
Podem fazer um passeio de gôndola por 33€ através da Civitatis. São 20 minutos de passeio, pelo grande canal e outros mais estreitos. O ponto de encontro é em frente aos correios.
Público
Custa 2€ para turistas e 0,70€ para locais.
Regata
Pensa-se que começaram antes do século XIII. Foram organizadas e financiadas por privados durante alguns anos, mas em 1841 voltaram para o estado. Quando Veneza passou a estar integrada em Itália a regata deixou de ser apenas uma corrida, mas também uma forma de contar a história da cidade. Hoje é conhecida como a Regata Histórica. Apesar de albergar várias corridas a preferida é a de gôndolas. Acontece em setembro.
Símbolo de Veneza
A gôndola é, a par com as máscaras do Carnaval, o símbolo da cidade. Verão a gôndola representada em vários locais e em várias artes. Encontrámos representações em vidro em Murano, ou fontes de chocolates com gôndolas.
Nota: temos ideia que as gôndolas davam para 6 pessoas, mas a página oficial da câmara diz 5.
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365 dias no mundo estiveram em Veneza de 29 de dezembro de 2022 a 1 de janeiro de 2023
14 respostas
Estive em Veneza 2 vezes e em nenhuma fiz o passeio de gôndola, preferi usar o dinheiro em outras coisas durante a viagem, mas quando voltar sem dúvida irei navegar pelos canais em ume delas. Quero ter a visão dos lindos prédios estando num nível abaixo da rua, acho que tem ângulos surpreendentes. Gostei de saber mais sobre a história e fabricação delas.
Nós também não fizemos o passeio privado, apesar de achar que em grupos de cinco vale a pena fazer.
Adorei saber mais sobre as gôndolas de Veneza! São uma imagem tão popular da cidade e eu nem imaginava todos os detalhes por trás desse passeio.
verdade, é muito interessante conhecer a sua historia e a sua construção
Apesar de relativamente caro acho que é um passeio que vale muito a pena. Quando visitei Veneza iamos 3 casais por isso dividimos a Gôndola, acabando por ficar a um preço bem acessível.
Isso foi uma ótima opção, para ficar com um preço em conta.
Raquel as gondolas dão para três casais?
Vamos três casais em Junho e queriamos reservar o que nos aconselha?
Francisco, agora só podem transportar até 5 pessoas (desde a pandemia). Também quero acrescentar que a 25 de abril entrou a taxa turística para visitas diárias, ou seja, paga quem não pernoita na cidade.
Eu diria para reservarem lá, escolham a gôndola, o preço é fixo e podem dividir-se por duas gôndolas. Numa vão 4 e noutra vão 2, provavelmente nesta última vão dividir com outras pessoas.
Andar de gôndola em Veneza era um sonho que consegui realizar. Parabéns pelo artigo, super completo com todas as informações necessárias para quem quer viver esse sonho.
Obrigada Carol
Ir a Veneza e não passear nas gôndolas não deve ser a mesma coisa né rs, isso é algo que adoraria fazer pelo menos uma vez na vida.
Ana Paula, acho que depende muito do tipo de viajante. Porque às vezes essas coisas que se devem fazer num local são tão turísticas e banalizadas que nem se desfruta delas. Mas acho que com sorte pode ser um passeio muito agradável.
Não vejo a hora de conhecer as gôndolas de Veneza! Vou pra lá no próximo mês e estou muito feliz por ter encontrado seu blog 🙂 obrigada pelas dicas
Que bom, espero que goste da cidade e do passeio. (tem outro artigo no blog sobre Veneza)