Murano, Burano e Torcello são 3 ilhas da cidade de Veneza famosas. Murano é a ilha das fábricas e produção de vidro, Burano das casas coloridas e da renda e Torcello da história, já que foi a ilha onde os habitantes se refugiaram após a queda do império romano.
Nós só fomos a Murano e Burano, numa Free Walking Tour que virou tour independente quando percebemos que estávamos a perder imenso tempo, mas já lá vamos.
Murano é a segunda maior ilha da lagoa, a seguir a Veneza e está a apenas 1km desta. Murano tem 7 ilhas unidas por pontes. É conhecida pelo vidro, recebeu as fábricas de vidro em 1291 de Veneza, por risco de incêndio, já que esta foi construída em madeira. A ilha foi o maior produtor de vidros da Europa, mas a origem da técnica vidreira de Murano não começou na ilha e sim no Egipto e Mesopotâmia. A produção das peças envolvia conhecimento científico e diversos materiais como estanho, titânio e cobre. Os vidreiros consideravam-se não só artesãos, mas também alquimistas e podemos concordar, já que “brincavam” com elementos químicos. A La Prairie escreve que os vidreiros estavam proibidos de sair de Murano, por medo que difundissem o segredo dos cristais de Murano a que até eram atribuídos poderes sobrenaturais.
Burano é conhecida pelos seus canais repletos de barcos e pelas suas casas de cor. São quatro ilhas coloridas unidas por pontes. A sua renda também é famosa, sendo hoje a tradição apenas mantida graças à Scuola dei Merletti. A simplicidade de Burano torna-a muito atraente, ou seja a roupa estendida às janelas, as vassouras à porta, as cortinas das portas, as floreiras. Burano está unida a Mazzorbo pela Ponte Longo. Mazzorbo é muitas vezes ignorada pelos turistas que se deixam conquistar pelas cores de Burano e decidem não explorar mais além. Em Mazzorbo está uma pequena comunidade (350 habitantes) que se dedica à agricultura (alcachofras, pomares e vinhas). Enquanto Torcello foi o grande império Mazzorbo lucrou com essa proximidade e foi crescendo. Tudo parou quando o poder foi transferido para Veneza.
O que visitar
Burano
Ver as casas de Burano: a ilha de pescadores e rendeiras veste-se de cores e há várias “lendas urbanas” para justificar essas cores. A negrito está a mais famosa.
- as cores da casa são as mesmas do barco;
- cada apelido tem uma cor;
- para reconhecer a casa mesmo através do nevoeiro;
- para conseguir chegar a casa mesmo em dia de bebedeira;
- pela peste;
Casas seguidas nunca podem ter a mesma cor. Em caso de casamento colocam à porta um laço branco, caso haja um nascimento um laço rosa ou azul. As cortinas que se vêem nas portas serão, muito provavelmente, para evitar a entrada de mosquitos. Um mesmo edifício utilizado por duas famílias terá duas cores.
Piazza Galupi: é a única praça da ilha, onde ficam os restaurantes e lojas. Fica aqui uma estátua de Baldassarre Galupi.
Museo del Merletto: o museu é de 1982, e fica na sede da Escola de Renda fundada em 1872. Custa 5€, ou 3,5€ a crianças (até aos 5 anos não pagam) até aos 14 anos, estudantes até aos 25 anos ou maiores de 65 anos. Pode ser comprado um bilhete combinado com o Museu do Vidro em Murano por 13€ ou 9€ se for preço com desconto.
Chiesa di San Martino: aqui têm o Campanile Storto, que está… adivinhem… TORTO. Pisa e só uma imagem de marca, porque a Itália, e até o resto do mundo, têm várias torres inclinadas. Dizem que devem ver a torre sineira da Giudecca de Burano, na Ponte Terranova.
Casa di Bepi: Bepi já morreu, mas a sua casa continua a ser a mais colorida e a única que tem direito a ter formas geométricas, várias cores. Bepi era um apaixonado por cinema, projectava filmes nas noites de verão. Aparentemente a página que vêem na fachada junto à porta não funciona, mas seria para poderem alugar os quartos e dormir ali.
Tre Ponti: é a ponte mais romântica (dizem!), ou será fotogénica? Esta ponte une três canais e três ruas (Via Giudecca, Via San Mauro, Via San Martino Sinistro).
Vecchia Pescheria: a peixaria velha, e o mercado de peixe ao ar livre merecem ser visitados, ao por do sol.
Murano
Basilica dei Santi Maria e Donato: existe o mito que há umas ossadas de dragão morto pelo santo Dodó. Será? Os ossos estão pendurados atrás do altar. A basílica é do século VII, mas já foi reconstruída.
Fábricas de vidro: o forte da ilha é a indústria vidreira. O vidro é soprado e trabalhado para ganhar várias formas e várias cores. É preciso garantir que estamos perante uma loja produtora ou que venda produtos autênticos, já que é possível comprar falsificações vindas da China.
Chiesa di San Pietro Martire: foi construída com um convento dominicano em 1348. Após ser totalmente destruída num incêndio foi reconstruída em 1511. Esteve fechada de 1806 a 1811. No interior à várias obras de autores famosos. Na sacristia fica o museu paroquial, criado em 1815. A entrada é gratuita. À esquerda fica a torre sineira.
Museo del Vetro: fica na antiga residência dos Bispos de Torcello. Pertenceu ao patriarca de Veneza que vendeu o palácio ao Município de Murano, em 1840. O lustro central ganhou uma medalha de ouro na Exposição de Vidro de Muran, em 1864. Custa 10€ e 7,5€, preço reduzido (crianças, estudantes, seniores). Pode ser comprado um bilhete combinado com o Museu da Renda em Burano por 13€ ou 9€ se for preço com desconto.
Campo di Santo Stefano: aqui fica a Torre do Relógio e a peça de Simone Cenedese “Cometa de Vidro”. A Torre foi construída sobre a destruída da igreja de São Estevão. O relógio funciona desde 1891.
Mazzorbo e Mazzorbetto
Vinhas: o forte de Mazzorbo é a agricultura, talvez por isso tenha aqui bons restaurantes. As suas vinhas são conhecidas.
Cimitero di Burano: fica aqui o cemitério de Burano.
Chiesa di Santa Caterina: o mosteiro de 1283 tem o sino mais antigo da lagoa. Está em ruínas.
Mazzorbetto é o nome de outra ilha que fica do lado oposto do Canal Mazzorbo. Giacomo Casanova tinha aqui uma Villa. Só acessível em barco privado.
O que fazer
Free Walking Tour: reservámos na Civitatis, e até era interessante, mas o ponto de encontro (Campo dei Gesuiti) obrigou-nos a chegar cedo e depois estivemos mais de meia hora à espera para sair. Supostamente segundo o site acabava perto das 14h, mas em Burano à hora de almoço fez uma pausa. O guia pedia estarmos no vaporetto a uma hora específica que não dava para nós, dispersámos nessa altura. Obriga a ter bilhete de 24h de ACTV (25€), visto que compensa relativamente aos passes individuais. Era em espanhol.
Ver um vidreiro a trabalhar em Murano: passámos em frente a mais de uma dúzia de lojas de vidro, só numa vimos a trabalhar “ao vivo”. Não percam a oportunidade de ver, mas atenção às cobranças.
Comprar uma peça de vidro em Murano: muita gente poderá achar as peças de vidro de Murano foleiras (cafonas), mas vimos uma variedade para todos gostos. Encontrámos várias que não nos importaríamos de comprar.
Ver as casas coloridas de Burano: a ilha colorida tem algumas particularidades. Um edifício que tenha duas cores simboliza duas habitações separadas.
Onde comer
A regra aqui é a mesma de Veneza, comer em sítios locais, fugir dos sítios turísticos.
Nós decidimos nessa altura desistir da Free Walking Tour para almoçar com tempo, atravessámos para a ilha Mazzorbo pela ponte, e fomos à Antiga Trattoria alla Madalena. O serviço foi rápido, simpático e a comida era saborosa. O forte são os mariscos e peixes. Tem a vantagem de ter uma paragem de vaporetto mesmo à porta.
Sobre Mazzorbo, é conhecida pelas suas vinhas e tem um restaurante com estrela Michelin (Ristorante Venissa).
Como lá chegar
Têm que ir de vaporetto, com cartão de transporte ACTV ou em barco turístico. Nós achamos melhor ir de vaporetto.
Até Murano
Podem ir a partir da Praça São Marcos com a linha 4.1 e 7.
Se entrarem em Veneza por Mestre podem ir na linha 4.2 e 3.
Do Lido apanham o 18.
De Fondamente Nove apanham a linha 12 que também vai seguir até Burano, ou a 13.
A linha noturna parte de Fondamente Nove (LN Murano ou LN Laguna Nord).
Nota: as linhas 4.1 e 4.2 são as principais, dão voltas grandes às ilhas.
Até Burano
Da Praça São Marco o 14 que também passa em Lido.
Da Fondamente Nove a linha 12.
De noite tem que ser a linha LN Laguna Nord que parte de Fondamente Nove.
De Murano a Burano
De Murano podem apanhar a linha 12.
Onde ficar
Achamos que não se justifica ficar hospedados nas pequenas ilhas. Obriga-vos a ter cartão de transporte para circular entre ilhas. Além disso as ilhas são pequenas e com poucas opções para refeições. Se forem visitantes assíduos à Lagoa Veneziana e agora preferirem uma experiência diferente, isso já compreendemos.
Murano
Existe o NH Collection Murano Villa, em Murano
Burano
Aqui temos o Venissa Wine Resort.
Vale a pena?
Sentimento misto. São ilhas bastante diferentes de Veneza, por isso valem a pela por aí. Ver as montras de vidro, ver as rendas, as casas coloridas é diferenciador. Só que são um ponto muito turístico. Circula-se em alguns canais com alguma “dificuldade”. A quantidade de turistas dá vontade de fugir o mais rápido possível dali. No nosso caso explorámos menos por causa disso.
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12 Responses
Eu também tive sentimentos mistos com essas ilhas. No meu caso, nao fizemos com tour. Foi por conta e erramos feio o caminho. Pegamos o traghetto para Torcello là em Lido (super erro) e o caminho foi longo demais. Por isso, descemos em Burano e todo aquele colorido afastou nosso mau-humor. Mas estava tarde para ir até Torcello, então fomos para Murano. Na ocasião a cidade estava vazia! Nao tinha uma alma na rua!
Uau, nem conseguimos imaginar a ilha vazia. Que experiência incrível.
Em nossa segunda vez em Veneza, fomos conhecer Murano, adoramos a ilha, o astral, assistir à produção de um peça de vidro. Na próxima vez queremos ir a Burano e sempre encontro relatos a respeito já penso em antecipar a volta à Itália :).
Ver “nascer” uma peça em vidro é maravilhoso. Sentimos que são ilhas que se curtem mais com menos turistas, em época baixa. Numa próxima vez queremos ter essa sorte. Você vai adorar Burano.
Quando estive em Veneza não tive tempo suficiente para conhecer Murano, mas lendo suas dicas tive a certeza que preciso voltar para conhecer.
Deve ir numa próxima vez, porque Murano é muito diferente de Veneza.
Eu não conhecia Murano e Burano, primeira vez que leio sobre. Vou aproveitar as dicas e informações daqui.
Vale a pena conhecer numa visita a Veneza porque a vibe e a arquitectura são diferentes.
Adorei as histórias sobre as casinhas de Burano (diferentes cores para encontrar a própria casa depois da bebedeira é a melhor rsrsrs). E sempre me encantei com as histórias dos vidreiros de Murano, realmente deviam ser chamados de alquimistas, é lindo demais ver o processo de fabricação e como utilizam os diferentes elementos químicos para os efeitos de cor.
Também é a versão que achamos mais engraçada, mas duvidamos que seja a mais próxima da verdade. ha ha
As peças são lindas e é uma profissão impressionante.
Agradeço as dicas extras e a avaliação sincera sobre Murano e Burano, sobretudo em relação aos pontos positivos e negativos. Pretendo visitar!
obrigada