Fomos à Islândia, mas já lá vamos. Sabem quando a vida vos mostra que não temos controlo sobre ela? Pois, vai-nos acontecendo. Aconteceu em 2015, quando voltámos da lua de mel, aconteceu em 2017, quando o plano de viagem de doze meses acabou por ter apenas cinco, e aconteceu este ano. Nem sempre concordamos nos destinos de férias. A Raquel quer muito ir a Cuba, o Tiago nem tanto, ela gostava de ir a Israel, ele tem reservas quanto a fazer turismo num país tão peculiar politicamente, mas vamos cedendo à vez. As férias de 2019 estavam difíceis de organizar, mas conseguirmos mais dias seguidos tornou a Ásia o destino ideal. Tínhamos já optado por visitar Myanmar e mais um destino (podia ser o Vietname, Laos, Tailândia ou Malásia, hipóteses não faltavam). Como costumamos dizer, a vida aconteceu, a Raquel ficou doente, o suficiente para ser completamente desaconselhado uma viagem até à Ásia. Em pleno setembro tínhamos de pensar onde iríamos em outubro-novembro, e não foi fácil. Chegámos à conclusão de que poderíamos ir à Islândia, apesar de pensarmos que nos custaria os olhos da cara. Iríamos numa época de menos turistas, numa estação intermédia entre o muito frio e o não tão frio, e com a “época” das auroras boreais já em curso. Seria então a Islândia!
O país foi disputado pela Noruega e Dinamarca durante alguns séculos, sendo independente desde 1944. Foi muito falado em 2010 pela erupção do seu vulcão Eyjafjallajökull que obrigou ao encerramento do espaço aéreo europeu durante vários dias. Também é conhecido por ter emitido mandados de prisão a políticos e banqueiros corruptos que levaram o país à ruína.
A Islândia é um país que se tem tornado famoso e muito procurado por turistas nos últimos anos. Está na lista dos que procuram natureza, de quem quer um destino facilmente instagramável, de quem persegue sítios onde foram filmados filmes e séries (GOT, Star Wars, por exemplo), de quem sonha ver a aurora boreal, ou simplesmente de quem admira a forma de viver dos islandeses. Não dá para todas as listas porque é muito caro (dizem, mas já aí vamos). As estadias nunca custam menos de 50€/noite, a maioria das vezes em quartos com casas de banho partilhadas, alugar uma viatura 4×4 (recomendado, principalmente durante o inverno) custa mais que o voo de um casal, a maioria dos tours arrancam nos 80€, e a comida, bem, um quilo de frango num supermercado custa mais do que uma refeição num restaurante “médio” em Portugal.
Nós decidimos passar catorze dias inteiros na Islândia, para não ser muito desgastante para a convalescente, tentando abranger um pouco de tudo, como fazemos habitualmente.
Obviamente gastámos bastante mais do que esperaríamos gastar na Ásia, mas não era uma prioridade ser poupados, permitindo-nos não abdicar de algumas coisas como fazemos em viagens mais longas. Por exemplo, mesmo considerando o preço da blue lagoon obsceno, e sabendo que há opções comparáveis mais em conta, não quisemos deixar de experimentar a atração mais badalada da Islândia.
O que fazer
Piscinas termais: a Blue Lagoon não deve ser dispensada, principalmente se tiverem a oportunidade de comprar os bilhetes com antecedência. Mas há outras opções comparáveis muito mais económicas e menos lotadas, como os Natural Bath Myvatn e os Geosea no norte, os Vök no este, Krauma no oeste, Fontana ou Secret Lagoon, no sul. Há também opções grátis, mas em época alta estão sempre lotadas. Além destas, as piscinas municipais são fantásticas, como podem ver na fotografia seguinte (e económicas).
Golden circle: percurso mínimo acertado para quem visita a Islândia em 2-3 dias. Este círculo faz-se num dia e é próximo da capital. Inclui quedas de água, crateras de vulcões e, claro, os cavalos islandeses.
Estrada 1 (ring road): é a estrada principal que permite dar a volta à ilha. São precisos 5 a 8 dias para a percorrer. É a escolha acertada para quem tiver mais tempo.
Passeio de barco para ver as baleias: pode ser feito em Reykjavík, Dalvik ou Húsavík. As baleias-bossa vivem nestas águas o ano todo. Há outras baleias que podem ser vistas, mas sem certezas. Os tours variam entre os 9.990 ISK e os 15.990 ISK.
Auroras boreais: de setembro a abril é a época das auroras. Descrever este fenómeno natural não é fácil, porque é algo sem igual. Vamos resumir da seguinte forma: são grandes, chegam num rasto de luz, e vão dançando durante minutos ou horas, iluminando o céu de cores psicadélicas, qual filme de ficção científica. Conseguem assistir por vossa conta, sem terem de comprar um tour (exceto para que não tenha viatura e esteja exclusivamente em Reykjavik).
Glaciares: há vários pelo país, “o” do sul é o maior. Pode-se andar em cima dos glaciares, andar de snowmobile e entrar em grutas (recomenda-se que seja sempre em tour).
Onde dormir
Ora, existem muitas opções e para vários preços. Há muito hotéis, mas a maioria dos alojamentos são casas particulares ou pequenos albergues/hostels que oferecem quartos com casa de banho partilhada. Há também a opção de alugar uma caravana ou uma van e dormir em parques de campismo.
Nós reservámos sempre pelo Booking, mas também encontram coisas no Airbnb.
Onde comer
Sugerimos que deixem os restaurantes para o jantar, nas cidades ou vilas onde ficarem hospedados. O almoço “fora” acaba por ficar mais caro, principalmente on the road, próximo das atrações turísticas. O ideal para as poupanças é cozinhar.
Moeda
A moeda é a coroa islandesa. Nós utilizámos sempre o nosso Revolut e pagámos tudo com cartão. Se ainda têm dúvidas sobre a vantagem deste cartão leiam o nosso artigo para pagar menos taxas bancárias. Só levantámos 10.000 ISK (cerca de 75€) para “azares”.
Compras
Sugerimos cozinhar sempre que possível. As compras devem ser feitas no Bónus, um supermercado que existe em quase todo o país. Levem sacos de plástico, não comprem. Os frescos estão numa arca frigorífica gigante. Aproveitem que estão na Islândia e comprem Skyr, o iogurte da moda, na terra dele.
Se querem álcool têm de ir às casas que o vendem, umas lojas chamadas Vinbudin, ou aos cafés, restaurantes e bares. Outra opção é abastecerem-se no free shop do aeroporto, onde É MUITO MAIS BARATO. Segundo o que nos contaram, o estado detém o mercado da venda de bebidas alcoólicas e tabaco nestas lojas de rua.
Quanto a souvenirs, há em todo o lado, em qualquer rua da capital, em qualquer edifício junto às atrações. Sugerimos que comprem coisas menos banais (e não importadas). Podem encontrar umas lembranças engraçadas no Museu Marítimo de Reykjavik e no Grandi Mathöll Food Hall.
Idioma
Toda a gente fala inglês, mas a língua oficial é o islandês. Como podem imaginar, não é uma língua fácil, tanto escrita como falada, a não ser que saibam outras línguas nórdicas. No dia em que ficámos sem bateria no camião do tour ao glaciar (leiam sobre o tour no glaciari) a guia ensinou-nos algumas palavras.
Algumas frases ou palavras que podem aprender:
Bom dia/boa tarde/boa noite = Góðan daginn (pronuncia-se Goudan daiên)
Quanto custa? = Hvað kostar þetta (Kvad cóstar féta)
Obrigado = Takk fyrir (Ták firir) ou só takk
Sim = Já (Iá)
Não = Nei
Carne = Kjöt (Kiot)
Peixe = Fisk (Fisk)
Sanduíche = Samloka (Samloka)
Água = Vatn (Váh)
365 dias no mundo estiveram na Islândia de 23 de outubro a 7 de novembro de 2019
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