Nota de autor, íamos jurar que já tínhamos isto escrito. Fomos a primeira vez a Foz Côa ver a arte rupestre em 2018, mas só tínhamos falado nisso no artigo do Douro.
Quando começaram as obras da Barragem do Côa descobriu-se o que os pastores e moleiros já tinham visto e achado banal: figuras rupestres e isto mudou a história da região. O arqueólogo Nelson Rebanda acompanhava a construção da barragem e fez a descoberta em 1991. A finalização da barragem deixaria as rochas submersas e perder-se-ia um achado arqueológico de dimensões gigantes, único no mundo e talvez um ponto de viragem para o Côa a nível turístico. Só em 1994 se fez o anúncio público até que em 1996 o governo desistiu de continuar a construção da barragem. Nascia assim o Parque Arqueológico do Vale do Côa e um dos museus mais bonitos do nosso país.
Por curiosidade era Primeiro Ministro António Guterres, actual Secretário Geral da ONU.
Somos o maior conjunto mundial de arte paleolítica ao ar livre, e património mundial da humanidade pela UNESCO com a vizinha Siega Verde (Ciudad Rodrigo), nós desde 1998, e eles desde 2010.
Não vamos falar de paleolítico porque não é a nossa área, mas no Vale do Côa extensos painéis de xisto foram utilizados como se fossem folhas de papel e ali alguém desenhou os animais que via, que caçava ou pastoreava, devido à antiguidade destas gravuras elas têm uma importância muito grande.
Muitas gravuras veem-se bem, a olho nu, outras é necessário auxílio do guia e dos seus cadernos e no museu estão todos replicados.
O que visitar
O museu
Como dissemos acima é para nós um dos museus mais bonitos do nosso país, quem sabe do mundo??? Apesar disso achamos que foi um projecto megalómano para a região. É uma atração turística de nicho, com uma procura muito escolar ou de excursões e claramente um museu caro de manter.
O miradouro é um dos pontos altos imperdíveis.
O museu, completamente integrado na paisagem, é obra de Camilo Rebelo e Tiago Pimentel e foi inaugurado em 2010. A obra tem um prémio Bauwelt, um Baku UIA Internacional, um Douro e uma das casas desenhadas por Camilo fez parte do programa The World’s Most Extraordinary Homes (Underground). Permite absorver a paisagem com leveza, não só o Vale do Côa, mas também a típica paisagem do Douro Vinhateiro. Aliás, a região é muito rica, oliveiras, amendoeiras e as vinhas, sendo uma paisagem estonteante todo o ano, seja nas amendoeiras em flor ou no outono das vinhas.
São sete salas (Património Mundial, o Território, o Homem e o Tempo, Contextualização Geográfica e Cultural da Arte do Côa, o Santuário Arcaico, o Paleolítico no Quotidiano, a História Interminável do Côa e Uma Arte sem Tempo) e três de exposições temporárias. As exposições temporárias são variadas, desde pintura a fotografia.
Custa 7,30€
Visitas ao Vale do Côa
Na nossa opinião a conjugação do Museu com visita aos núcleos das gravuras é imprescindível, se for possível, porque as gravuras não são nem um passeio acessível nem adequado para crianças de colo, se for feito a pé ou de kayak. A ordem tanto faz. Diríamos que depende da época do ano e da hora a que vão fazer a descida ao Vale por causa do sol. Talvez sugeríssemos primeiro o vale. Para a primeira rocha que vos mostram ter um impacto de nunca visto.
Passeio de Jipe
Podem visitar três locais: Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos. São visitas guiadas. Já viemos ao Côa duas vezes, e a Raquel fez o passeio da Canada do Inferno nas duas visitas. O Tiago ficou com a Maria em 2022.
Custa 16,70€ por local
Passeio de Barco
E que tal um passeio num barco solar? É uma hora e meia de passeio para observar as gravuras rupestres do Fariseu. Leva 11 pessoas e parte às 14:30 do cais da Canada do Inferno. É sazonal, de maio a novembro.
Custa 16,70€
Passeio de Kayak
A Raquel gostava de fazer este passeio, mas a conjugação de pandemia, gravidez da Maria, nascimento da Maria, gravidez da Francisca adiou a ideia.
É um passeio que dura toda a manhã (encontro às 9h a termina às 14:30) e permite ver o maior auroque (de 3 metros e meio) descoberto ao ar livre. A visita começa com o embarque na Canada termina com um piquenique. Observam gravuras, a partir da água, na Canada do Inferno, Vale Figueira e Fariseu. São 7 Kayaks. É sazonal, de junho a setembro.
Custa 41,80€ por adulto e 20€ dos 5 aos 12 anos
Passeio Noturno
Aparentemente é mais fácil ver as gravuras assim. A visita dura 2 horas e é feita na Penascosa. Consegue-se criar um efeito com iluminação que destaca as sobreposições. É agradável entre a primavera e outono, mas principalmente nas noites de lua cheia.
Custam 20,90€
Passadiços do Côa
Abriram em 2022, 890 degraus para percorrer 900 metros desde o Museu do Côa até à antiga estação ferroviária. Considerem que pode ser desafiante o regresso a subir, mas as vistas valem a pena.
Vila Nova de Foz Côa
O centro histórico “bebe” da fama da gravura rupestre e é assim que é decorado o piso em calçada. Vejam a Igreja Matriz (estilo manuelino), o Pelourinho e Caza Municipal (actual câmara municipal), a Torre do Relógio. Das muralhas pouco resta.
Aproveitem para beber café numa esplanada, há forma melhor de conhecer uma cidade e as suas gentes?
Onde ficar
Nós visitámos no ano em que nos hospedámos em Lamego no Vila Galé Collection Douro, mas não faltam locais.
Onde comer
Em 2022 almoçámos no restaurante Coa Museu. A comida era boa, mas é mais caro que comer na cidade.
Em 2018 fomos ao Dallas.
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365 dias no mundo estiveram no Côa a 17 de julho de 2022 e março de 2018
7 Responses
Que interessante esse passeio pelo Vale do Côa! Quase sempre esses tesouros naturais são descobertos por acaso, não é mesmo? Aqui no Brasil temos uma área semelhante, com muitas pinturas rupestres, no estado do Piauí, que estou louca pra conhecer.
Adoraria ir ao Piaui. Assistimos a uma apresentação da região em Lisboa e fiquei encantada.
Casa de ferreiro, espeto de pau. O Miguel é dessa região e já visitámos o museu do Côa em várias ocasiões, mas nunca fizemos o passeio para ver as pinturas rupestres reais. Um dia destes temos que corrigir essa falha grave
bora fazer a noturna? ou a de kayake.
Casa de ferreiro, espeto de pau. O Miguel é dessa região e já visitámos o museu do Côa em várias ocasiões, mas nunca fizemos o passeio para ver as pinturas rupestres reais. Um dia destes temos que corrigir essa falha grave
Adoraria conhecer a arte rupestre do Vale do Côa! O museu é bem interessante! Vale mesmo a pena viver as experiências disponíveis na região!
Sim, é um museu top. É uma região muito rica culturalmente, e perto de Espanha, para quem quiser explorar dois países.