Benesse Art Site (Japão)

A Fundação Benesse Art criou um mundo novo nas ilhas do mar de Seto. As ilhas deste mar foram utilizadas como uma tela em branco onde artistas e arquitectos desenharam e criaram livremente. Percebemos logo que Naoshima e Teshima entrariam no roteiro, só com o testemunho duma familiar. Mais tarde o António Avelar disse à Raquel (ABVP Travel Fest) que tínhamos a sorte de visitar o Japão durante a Trienal de Setouchi e isso definiu o resto.

One day, a giant pumpkin appeared on the island pier.

Benesse Art Site

As Ilhas Setouchi

São milhares de ilhas no mar interior de Seto, mas as principais são Naoshima, Teshima e Shodoshima. A Fundação Benesse Art tem espaços em Naoshima, Teshima, Inujima e Megijima. Nós decidimos concentrar-nos apenas em duas e explorar o máximo de museus nelas.

É preciso entender que as ilhas são relativamente remotas, no sentido em que é preciso conhecer e/ou ler para decidir chegar até lá. Alguns japoneses de Tóquio com que nos cruzámos não faziam ideia que isto existia. Por um lado cria-se uma espécie de turismo de nicho, os amantes de arte, de arquitetura e afastamo-nos das massas que encontramos nas grandes cidades, que estão em todos os roteiros turísticos.
Foram consideradas o primeiro Parque Natural do país, mas nem por isso preservadas, tendo Naoshima e Teshima refinarias poluentes.

A Fundação Benesse Art Site

Tetsuhiko Fukutake e Chikatsugu Miyake, tinham um sonho em comum, desenvolver um projecto artístico em Naoshima. O primeiro tinha como visão um museu para todos em todo o mar de Seto e assim a partir de 1985 o complexo artístico foi surgindo. Abrange 4 ilhas, Naoshima, Teshima, Inujima e Megijima.
Há 40 anos que o arquipélago tem crescido em edifícios e obras de arte, abrindo as ilhas ao mundo.
O Museu Benesse House abriu em 1992, a Benesse House Oval em 1995, o Museu de Arte Chichu em 2004, a Praia da Casa Benesse em 2006, o Museu de Arte Inujima Seirensho em 2008, o Banho Naoshima I Love Yu em 2009, o Museu Lee Ufan, o Museu de Arte Teshima, a Storm House e o Inujima Art House em 2010. E é em 2010 que nasce a Trienal de Setouchi. O Museu Ando, a Casa Teshima Yokoo e a Galeria Miyanoura 6 abrem em 2013. A Fábrica de Agulhas e a Teshima Seawall House abrem em 2016 e culmina com a abertura em 2025 do Novo Museu de Arte de Naoshima.

A Fundação quer preservar a vida tradicional e remota dos habitantes das ilhas e trazer visitantes com um propósito. Pretendem-se visitantes que queiram conhecer a comunidade que ali vive, falar com eles, misturar-se com a população. Se o conseguiram? Não sabemos dizer, porque a exclusividade dos hoteis da fundação também atraem um visitante low profile, de classe media alta que não se quer misturar.

Naoshima

Não foi difícil chegar aqui, e do ferry a Maria reconheceu logo a abóbora “joaninha” de Yayoi Kusama junto ao porto. A abobora vermelha chegou em 2006. É oca, aberta e pode ser explorada pelos visitantes.

Tem autocarros que nos levam aos pontos principais e provavelmente é a ilha perfeita para ser escolhida como pouso.

Perto do porto há obras de arte contemporânea, inclusive dum artista português. José de Guimarães instalou o seu Bunrako Puppett no jardim junto ao porto e ilumina-se ao por-do-sol.

Museus

Museu Benesse House: abriu em 1992. É desenhado por Tadao Ando e é composto pelo museu e pelo hotel, construído em comunhão com a natureza e área envolvente.
Custa 1500 JPY, menos 200 se comprarem online.

Galeria junto ao mar: desenhado por Tadao Ando abre-se uma galeria para a linha da costa.

Galeria de arte exterior: existem várias obras exteriores junto ao hotel e museu. São 16 peças, a mais recente é a abóbora amarela de Yayoi Kusama que chegou em 2022.

Museu de Arte Chichu: abre em 2004, também desenhado por Tadao Ando. Quase todo o edifício fica enterrado para não “agredir” a paisagem natural. É um museu incrível, a sala com as obras de Monet impressiona. No nosso caso entrámos sozinhos com as miúdas porque entram 4 pessoas de cada vez. É necessário tirar os sapatos em alguns locais.
Jardim Chichu: tem as mesmas espécies de flores que Monet plantou em Giverny.
Custa 2800 durante a semana, ou 2700 aos fins de semana e feriados. Comprar online dá um desconto de 300 JPY.
Não se podem levar carrinhos de bebé nem tirar fotografias.

Novo Museu de Arte de Naoshima: abriu na primavera de 2025. Pretende-se que seja um museu dinâmico, e não com exposições permanentes como os restantes.
Custa 1700 JPY ou menos 200 se comprado online.

Museu Lee Ufan: mais um edifício de Tadao, com obras de Lee Ufan. É um museu pequeno, meio enterrado, mas com um grande espaço exterior e vista mar.
Custa 1400 JPY, menos 200 online.

Galeria do Vale: do outro lado da estrada, junto à paragem de autocarro grátis da Fundação encontram o Valley Gallery. 30 anos depois do seu primeiro edifício na ilha Tadao Ando construiu esta galeria que recebe uma obra de Yayoi Kusama (Jardim Narciso) e Tsuyoshi Ozawa (Slag Buddha 88). As obras existem na ilha desde 2006, mas foram transferidas para a galeria.

Galeria Hiroshi Sugimoto: Corredores do Tempo: uma obra de Hiroshi e Tadao. Não visitámos. É grátis para hospedes do hotel.
Custa 1600 JPY, menos 100 se comprarem online.

Projeto Art House: são sete espaços que eram casas de habitação e foram transformadas em galerias de arte. Percorrer todas implica uma imersão no dia a dia dos habitantes do bairro Honmura. Minamida e Kinza devem ser reservadas antecipadamente.
Custa 1400 JPY, ou menos 200 se comprarem online, para visitarem todas. Para outros preços verifiquem no site.

Museu Ando: uma casa de betão encaixada numa antiga casa. Há umas aberturas que criam um jogo de luz e sombras muito interessante. Os carrinhos de bebé não entram.
Custa 700 JPY, ou 600 online

Anel de Fogo – Solar Yang & Luar Weerasethakul: o dia e a noite representam-se através de obras de arte, ativadas alternadamente. São obras de Haegue Yang e Apichatpong Weerasethakul. O edifício foi renovado por Sambuichi Architects. Também não visitámos porque crianças com menos de 5 anos não podem entrar.
Custa 700 JPY no dia, e 2000 JPY à noite. Ou 600, 1800, respectivamente se comprado online. Abre de sexta a domingo.

Banho Naoshima “I♥︎湯”: criado por artista Shinro Ohtake. A Associação de Turismo Town-Naoshima explora este espaço de banhos públicos que pode ser utilizado tanto por locais como por visitantes. É um banho tradicional, não podem entrar vestidos. Menores de 2 anos não pagam. Só abre da parte da tarde.
Custa 660 JPY.

Setouchi” “Arquivo: desde 2019 a Galeria Miyanoura 6 recebe o arquivo, obra do artista Motoyuki Shitamichi, onde se arquivam materiais que reflectem a cultura e natureza locais. Também faz parte do arquivo o edifício adjacente, Henkotsu.
Custa 520 JPY.

O Plano Naoshima “A Água”: foi o preferido da Raquel e da Francisca. O arquiteto Hiroshi Sambuichi criou uma interpretação própria do vento, água e os materiais imóveis que ele tem interpretado nas suas obras em Naoshima. Existe uma piscina onde se pode molhar os pés. Levem uma toalha pequena, eles cobram para vos emprestarem uma.
É grátis para todos.

O Plano Naoshima "A Água"

Hotel Benesse House

Praia: são os quartos mais perto da praia, e apenas 6. As crianças até 5 anos não contam como hóspedes ocupantes de quarto, mas também não têm direito a cama, espera-se que durmam com os pais.

Museu: há quatro quartos dentro do museu, todos com obras de arte. São quartos muito especiais com vista para o mar. Aqui não se aceitam crianças com menos de 5 anos.

Oval: fica no topo do monte e é acessível a partir do museu de monocarril. Só hóspedes alojados no Benesse House Oval são admitidos.

Cultural Melting Bath: os hóspedes podem reservar ao domingo o jacuzzi exterior para tomarem um banho de ervas relaxante. Existe desde 1998.

Espaços de refeições

Museum Restaurant Issen: fica no museu Benesse House, no rés do chão. Tem um pátio exterior. Serve as três refeições, sendo obrigatório reservar o jantar.

Museum Cafe: também fica no museu, no segundo andar. Abre das 10 às 17h e serve almoços. Tem um jardim exterior e vista mar.

Terrace Restaurant: fica no hotel e tem vista para o mar. Fecha à hora de almoço. É aqui que os hóspedes fazem as refeições, mas não hóspedes também podem reservar. Recomendam sempre reserva, sendo obrigatória para jantar.

Café Chichu: fica no museu e só entram visitantes com bilhetes.

Cafe Novo Museu: existe um espaço no piso de entrada que serve refeições.

Teshima

Tivemos pouco tempo em Teshima, queríamos aproveitar bem o tempo, ficámos com pena de só ter ido à Casa Yokoo e ao Museu de Arte, mas o tempo não dá tréguas.

Museus

Museu de Arte Teshima: o meu em forma de gotícula é uma ideia do artista Rei Naito e do arquiteto Ryue Nishizawa. O primeiro criou “Matrix” onde a água entra e é escoada por pequenos orifícios no piso, e escorre criando uma obra relaxante e dinâmica. O segundo criou sem pilares um edifício de 40 por 60 metros e uma altura de 4,5 metros. É uma obra sem igual que merece tempo.
Custa 2000 JPY, menos 200 online. Precisam de reservar data e hora, entram descalços.

Os arquivos do coração: Christian Boltanski grava batimentos cardíacos em todo o mundo desde 2018. Podem ouvir aqui essas gravações e grava o vosso próprio batimento por 1570 JPY. São três salas, uma de gravação, uma de audição e a sala do coração. Não visitámos.
Custa 700 JPY, menos 100 se comprado online.

Casa Teshima Yokoo: é uma obra colaborativa entre o artista Tadanori Yokoo e o arquiteto Yuko Nagayama. Há um jogo de vidro colorido que altera a perceção do espaço.
Custa 700 JPY, ou menos 100 online.

Fábrica de agulhas: a fábrica de agulhas de costura fechou em 1980. O artista Shinro Ohtake juntou a fábrica abandonada e o casco de um barco num mesmo espaço em 2016, na Trienal de Setouchi.
Custa 520 JPY.

Floresta dos murmúrios: sinos pendurados numa floresta com tiras penduradas transparentes com o nome de entes queridos. O artista Christian Boltanski imaginou uma obra sem fim, uma floresta preenchida de sinos que tilitam o vento evocando a memória dos familiares. Por 5000 JPY podem pedir a gravação do nome dum ente querido e mais tarde será pendurado num sino na floresta. Recebem um certificado. Existe desde 2016.
É gratis.

As obras Laboratório Teshima 8 Milhões e Tom Na H-iu estão encerradas.

Espaços de refeições

Café do Museu: merece a visita, também há necessidade de se descalçarem aqui. Servem pequenas refeições com arroz cultivado localmente. O museu tem arrozais nos campo em volta.

cafe museu teshima

Inujima

Tendo 19 dias de viagem e querendo descansar na praia nos últimos dias da viagem foi impossível ir às quatro ilhas. Não fomos a Inujima.

Museus

Museu de Arte Inujima Seirensho: fica numa antiga refinaria de cobre aberta em 1909. Fechou dez anos depois. É uma obra de Hiroshi Sambuichi, que aplicou uma arquitetura ecológica. As plantas que foram colocadas no edifício facilitam o processo de purificação de água. Yukinori Yanagi criou uma obra em 6 espaços que leva à reflexão sobre sociedade moderna do Japão.
Custa 2300 JPY, menos 200 se comprado online.

“Projeto de Casa de Arte”: são diferentes espaços, 3 abertos em 2010, e 2 em 2013. Há um espaço de descanso aberto também em 2010. A Casa de Arte A tem uma obra da artista brasileira Beatriz Milhazes.
O preço do museu Seirensho inclui a visita à casa de arte.

Jardim da Vida de Inujima: uma colaboração entre o arquiteto Kazuyo Sejima e o paisagista Akaruiheya. Utilizando uma estufa de vidro abandonada e explorando a zona em voltas criam um jardim “vivo”, que não é só visitado, por ser explorado e utilizado por moradores e visitantes.

INUJIMA Art Rendezvous: as obras da artista Ellie Omiya vão aparecendo gradualmente e espera-se uma interação com a população.
É gratis.

Espaços de Refeições

Café do Centro de Ingressos Inujima: permite aos visitantes beberam algo enquanto fazem uma refeição e apreciam a vista para o Mar de Seto.

Inujima Life Garden Café: está encerrado, mas foi criado por Kazuyo Sejimapara que se possa descansar, beber um café ou consumir produtos com origem no jardim.

Megijima

É uma ilha pequena com 200 habitantes e 1 km de comprimento, no entanto como tem 3000 cerejeiras é perfeita na Sakura. Tem a Grande Caverna de Onigashima, um miradouro e a praia.

MECON: a antiga escola primária tem uma instalação de Shinro Ohtake no pátio. Significa raiz para as gentes da ilha se lembrarem que a sua país é ali. Obra da Trienal de Stouchi de 2013.
Custa 510 JPY.

Como chegar

Naoshima

Uma das formas principais é a partir de Takamatsu. É mais caro, os ferrões até Miyanoura custa 680 JPY ou 1590 JPY (barco de alta velocidade).

Nós fomos a partir de Osaka, no comboio especial Shinkansen Hello Kitty até Okayama. Apanhámos um autocarro até ao porto de Uno. Aí viajámos de ferry para Honmura. E a partir do porto de Honmura fomos de autocarro. Custou 300 JPY. Dos 5 aos 12 anos pagam metade.
Também podem ir de Uno a Miyanoura. Custa o mesmo. O ferry noturno custa o dobro.

O hotel dá desconto de 15% aos hospedes que chegam de ferry com o seu próprio carro, apenas na tarifa do veículo.

Há um autocarro que circula pela ilha. Custa 100 JPY ou 50 JPY (5 aos 12 anos).
Há uns shuttles grátis entre museus da Fundação Benesse Arte há uns só para hóspedes.

Pode-se alugar carro ou bicicleta.

Teshima

De Naoshima partimos para Teshima de ferry. Apanhámos do porto de Honmura. Foram 620 JPY. Este ferry parte de Takamatsu, pára em Honmura (Naoshima) e termina a viagem em Ieura (Teshima).
Há um ferry directo para Teshima que segue de Takamatsu para o porto de Karato e para Ieura directo de Uno.

Circula-se na ilha nos autocarros locais por 400 JPY (200 JPY, dos 5 aos 12 anos).

Pode-se alugar carro ou bicicleta.

Inujima

Há duas formas, a partir do ferry que parte de Naoshima (porto de Miyanoura) e pára em Teshima (porto de Ieura). Também podem chegar a partir do porto de Hoden.
O primeiro ferry só funciona se os museus estiverem abertos. É um ferry caro. O segundo tem mais variedade horária. Custa 400 JPY.

A ilha explora-se a pé.

Megijima

Por 370 JPY podem ir de ferry de Takamatsu para Megijima (50% desconto dos 5 aos 12 anos). Este ferry segue para Ogijima, outra das ilhas do arquipélago.

Podem alugar uma bicicleta.

Onde se alojar

Provavelmente é melhor ficar alojado em Naoshima. Há até quem considere melhor ficar perto de Uno ou de Takamatsu e vir de ferry durante o dia para cada uma das ilhas.
Para nós a vida lenta e calma de Naoshima foi perfeita para relaxar e explorar os museus a um ritmo mais lento.

Nós ficámos no Wright Style, com restaurante e bicicletas para alugar. Tinha pequeno almoço incluído, e curiosidade… os talheres eram Cutipol, a marca vimaranense.

Em Takamatsu encontrámos o apartamento Simasima-Stay com muita pinta. No porto de Uno existe o Nagi Unoport.

Dicas

Com o passe de verão da Trienal de Setouchi a maioria dos locais estava incluido no preço.

A questão dinheiro físico aqui é especialmente importante. Têm de pagar os autocarros à saída com dinheiro.

Chegar a horas no Japão é estar atrasado. Cheguem sempre cinco minutos antes a tudo.

A Fundação é bastante cuidadosa com os seus visitantes. Há guarda-chuvas para utilizarem nas filas por causa do sol, os autocarros que vos levam entre museus e borrifadores de água na zona de espera ao livre.

Nós viajámos com um seguro da Heymondo, porque permite cancelar mais facilmente por doença de menores de 48 meses. Com o nosso link têm 5% de desconto.

Levámos um eSIM da Holafly e foi um sucesso, provavelmente não vamos querer outra coisa em viagem. Com o nosso link Holafly ou código (365DIASNOMUNDO) têm 5% de desconto.

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