Dentro do Museu Nacional Ferroviário (Entroncamento) encontra-se uma peça muito especial, tão especial que só abre o interior a visitas uma vez por ano. Falamos do Comboio Real que serviu a familia real de 1832 a 1910.
O comboio real transportou os reis D. Maria Pia de Sabóia e D. Luiz I e o príncipe D. Carlos. Era composto por uma locomotiva e um tender (veículo de apoio que transporta o carvão) e dois salões.
A Locomotiva chegou em 1862, para as viagens do rei e foi baptizada com o seu nome, o salão da rainha D. Maria Pia foi-lhe oferecido pelo pai Vittorio Emanuele II de rei Itália aquando do seu casamento. Em 1877 a rainha ofereceu ao príncipe o salão do príncipe.
Locomotiva
A locomotiva foi comprada para rebocar o comboio real. O modelo fez parte da Exposição Internacional de Londres de 1862 e ganhou a medalha de ouro.

Salão da rainha
Remete para as linhas dos coches e é em tons de verde e preto acompanhado pelos brasões reais. É composto por uma antecâmara de serviço, sala de estar e pelos aposentos da rainha. Um quarto, sala contígua e instalações sanitárias compõe os aposentos.
A jovem princesa Maria de Sabóia recebeu o salão como prenda de casamento com o rei de Portugal. O seu pai ofereceu-lho em 1862. Está no estado original, daí ser possível ver alguns dos tecidos gastos ao ponto de estarem rasgados.


Salão do príncipe
O salão caracteriza-se pelo interior luxuoso verde e pelo seu varandim coberto. Uma pequena sala, um salão principal e uma divisão com instalações sanitárias formam o salão.
A Rainha Maria Pia ofertou o salão ao filho Carlos quando ele celebrou 14 anos.


Comboio Real


Fez várias vezes a viagem Barreiro-Vila Viçosa. Também esteve presente na inauguração da linha de Leste, em 1863 até à fronteira de Elvas, e na da Ponte D. Maria Pia, em 1877. Foi a locomotiva D. Luiz que rebocou o comboio na inauguração da linha de Leste.
Em 1910, para quem não sabe, acontece a implantação da república. Os salões ficam a partir dessa altura resguardados e a locomotiva continua a rebocar os comboios do sul durante 7 anos.
Em 1952, os salões foram restaurados nas Oficinas Gerais para o Centenário de Comemoração dos Caminhos de Ferro Portugueses, em 1956. Em 1866 o comboio esteve presente na inauguração da eletrificação do troço Campanhã e Ermesinde. A composição esteve na seção museológica de Santarém, de 1979 até 2010. Em janeiro de 2010 foi transferida para as oficinas da ex-EMEF, no Entroncamento e foi restaurado para integrar a exposição “Royal Class-Regal Journeys” do Museu Ferroviário da cidade holandesa de Utrecht, de 15 de Abril a 5 de Setembro de 2010. Os holandeses pagaram um restauro de 55 mil euros, mais o transporte da composição em camiões TIR. O interesse vinha porque os restantes países enviaram carruagens reais isoladas e só os Países Baixos e Portugal têm uma composição completa.
Desde o regresso está no Museu Nacional Ferroviário, encerrado e estático.
Visita

Uma vez por ano o Museu Nacional Ferroviário abre o Comboio Real para visitas, muito restritas.
É necessário reservar com antecedência um dos slots da visita, são visitas de meia hora, com guia.
Em 2024, fomos a 27 de outubro e cada um de nós pagou 12€. Tivemos que proteger os sapatos e a funcionária do museu referiu algumas características da composição e algumas curiosidades. Por exemplo, foi ela que viajou no comboio enquanto este partia de Santarém até ao Entroncamento.

Podem ler o nosso artigo sobre o Museu Nacional Ferroviário.
Onde se alojar no Entroncamento
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Uma resposta
Gente, que coisa mais maravilhosa esse Comboio Real em Portugal! Não fazia ideia que ele só abre para visita uma vez por ano, já anotei aqui pra tentar encaixar no roteiro quando eu for a Portugal. Adorei as curiosidades históricas que vocês contaram, deu vontade de conhecer o Museu Nacional Ferroviário também!