Viena é uma cidade onde a Raquel volta de forma recorrente, por questões profissionais e de todas as vezes é especial. Juntos nunca tínhamos ido, e 2018 foi um ótimo ano para isso. A capital da Áustria é a sede de inúmeros organismos internacionais, como a OPEP, a OSCE e a AIEA. É uma cidade acolhedora, mas fria, mãe das valsas e das óperas e do apfelstrudel. Foi a capital do império austro-húngaro e uma das cidades mais importantes do mundo.
A rede de transportes da Viena e a sua organização são fantásticos e é fácil sair e chegar do aeroporto ou até ir de autocarro para uma cidade dum país vizinho como Budapeste ou Bratislava. O Danúbio também permite chegar de barco, nunca tivemos essa sorte porque o serviço suspende-se no inverno.
A cidade é claramente imperial, com muita arte e arquitectura típica, como a imponente ópera, e outras salas mais pequenas. O centro de Viena faz-se bem a pé, mas temos os eléctricos (bondinho) numa linha circular que nos fazem lembrar o nosso 28E de Lisboa. É uma cidade com muitas lojas de alta costura, de jóias, chamando a atenção pelas maravilhosas montras como a da austríaca Swarovski. Há um turismo que vem pelas compras, e consoante a altura do ano há turistas que vêm em trabalho, movimentando a cidade e aumentando os horários do metro. As viagens da Raquel são geralmente pelo Congresso Europeu de Radiologia (ECR) e nota-se claramente que toda a cidade está inundada de gente da saúde. Vêem-se as mesmas caras nos hotéis, transportes, bares e discotecas. Acabando por se arriscar um bocadinho nos locais a visitar para abafar o ambiente congresso.
É uma cidade simpática, cordial, as pessoas falam bem inglês em todo o lado, mas não são tão calorosas como nos países latinos. A vantagem disso é que serão sempre muito educadas, mas a desvantagem é que serão inflexíveis, se a cozinha já fechou não terão a típica tarte de maçã quente, será servida fria.
O que fazer
Palácio de Schönbrunn: é o Versalhes de Viena, um palácio gigante, imponente, um museu imperdível, com jardins únicos. Pode ser visitado de formas diferentes, variando o preço consoante aquilo que se conseguir visitar. Custa de 22 a 62€, mas para realmente visitar o que interessa o bilhete nunca custará menos de 32€. Se gostam da história de Sissi, a imperatriz teve aqui a sua residência de verão. Mozart tocou aqui para a família imperial.
Chega-se de metro e assim que passarem os portões verão o quão imponente é o palácio. No inverno os jardins fecham. Linha U4.
Dentro dos portões à esquerda há uma confeitaria da famosa tarte de maçã. Há horas para fazer a visita e assistir à preparação em directo. A Raquel assistiu, e como era a única o confeiteiro fez questão de lhe dar uma caixa cheia de fatias para ela comer em casa. Durante toda a estadia tivemos sobremesa. O strudelshow já não é no café Residenz, a gestão mudou em janeiro de 2024. Erstner K.U.K. Hofzuckerbäcker passou a gerir o espaço. Acontece às 11, 12, 15 e 16h. Custa 9,5€ assistir à preparação (apple strudelshow) e comer uma fatia, 18,5€ com mais uma bebida quente incluída.
Kaiserliche Wagenburg: o museu de carruagens fica dentro dos jardins do Palácio de Schönbrunn. Alberga 170 veículos, inclusive os que transportaram Sissi e é das maiores coleções do mundo. Custa 12€.
Stephandom: a catedral de santo Estevão, parece estar eternamente em obras. Começou a ser construída em 1137 e até aos dias hoje já passou por remodelações e acrescentos, sofreu dois incêndios e o órgão esteve em renovação. Há agora concertos com o órgão novo, sábados à 20:30. A sua fachada esteve durante algum tempo em recuperação. Pode ser visitada de segunda a domingo por 25€. As visitas guiadas à catedral custam 9€, mas no bilhete tudo incluído o audio-guia é grátis e inclui a visita às catacumbas. Visitar a torre sul custa 6,5€ e a norte 7€, esta tem elevador. Fica em Stephanplatz (U1 e U3).
Sabiam que no nº619 da Praça existiu até 1866 a Casa do Elefante, porque o primeiro paquiderme chegou em 6 de março de 1552. Esteve instalado no zoológico Schloß Kaiser-Ebersdorf. Foi sabendo disto em Salzburg que Saramago teve a ideia para a viagem do elefante.
Mozarthaus: muito perto da catedral encontram a casa de Mozart, se querem ver onde viveu de 1781 a 1791 e saber algo da sua vida privada por 14€ podem fazê-lo. Mozart é uma figura importante na Áustria, até os seus bombons se chamam Mozart.
Wiener Staatsoper: foi inaugurada com uma obra de Mozart a 1869. A sala é muito imponente e vistosa, fica no centro da cidade. De segunda a domingo há visitas guiadas a 15€, mas pode valer a pena assistir antes a uma opera nos lugares em pé (mais baratos). Comprando com antecedência é possível encontrar bilhetes a 15€, como para Werther, para março de 2025. Não se esqueçam que ir à ópera ou à valsa é O evento dos austríacos. Devem ir vestidos com trajes formais para não destoar.
Nota: Em 2011 a Raquel conseguiu 4 bilhetes em pé por 3€ cada um para Der Mantel/Gianni Schicchi. Valeu pelo preço, mas foi difícil aguentar toda a ópera em pé. Em 2014, com outro grupo, a Raquel viu La Nozze di Figaro na Neue Opernhaus (Theater an der Wien), uma sala menos impressionante, mas ficaram sentados por 28€.
Nationalbibliotehek: foi construída a mando de Carlos VI e tem mais de 8 milhões de obras. Deve-se admirar a Sala Imperial e os vários museus como o Museu do Papiro e o Museu do Globo Terrestre. Tem visitas guiadas, em inglês, às sextas, sábados e domingos (16h). O bilhete custa 21€, e chega-se até à biblioteca pelas linhas U1 e U3.
Albertina Museum: se gostam de arte, como Picasso ou Monet, têm de vir aqui. Se não querem ver arte vejam o edifício que foi a residência dos duques de Habsburg. Ao contrário de alguns palácios onde a mobília e objetos decorativos ficam amontoados, aqui há alguma leveza na decoração. O preço normal é de 19,90€, mas o combinado Albertina, Albertina Modern e Albertina Klosterneuburg custam 24,90€. O último só abre de abril a novembro.
Hofburg Museum: Até 1918 foi o centro da monarquia, agora tem o mesmo papel na república. O museu de Sissi fica nos apartamentos de Estevão, ali estão expostos objetos da Imperatriz. Nos apartamentos imperiais podemos conhecer um pouco mais do casal mais famoso, Elisabeth e Franz Joseph. O preço é 19,5€.
Karlskirche: Durante 25 anos esteve em construção a igreja que o Imperador Carlos VI prometeu ao povo. O fim da epidemia da peste de 1713, daria origem a um templo dedicado a São Carlos Borromeu, padroeiro da luta contra a peste. Fica em Karlsplatz (linhas U1 e U2). A entrada custa 9,5€.
Museumsquartier (Praça dos Museus): são 90000m² e 60 instituições de arte contemporânea e cultural. Tem uma das fachadas barrocas mais compridas de Viena. Possui o Leopold Museum (17€), o Mumok (13€)e o Museu de Arquitetura no interior. Os tours começam nos 5€ e por 20,5€ podem visitar dois museus.
Parlament (Parlamento Austríaco): também faz parte da renovação de Ringstrass. Parte do edifício foi destruído durante a II Guerra Mundial. Há várias visitas guiadas diárias e em várias línguas. A visita é gratuita, mas é preciso marcar. Linhas U1, U2, U3 e U4.
Palácio Belvedere: Foi a residência de verão do Príncipe Eugenio de Saboya. É neste museu que encontram a obra de Gustav Klimt, como o Beijo. Belvedere foi em tempos proprietário também da Mulher de Ouro, o retrato de Adele Bloch-Bauer. A sobrinha, herdeira da obra lutou judicialmente contra o governo austríaco para receber de volta a obra. Conseguiu e vendeu-a a Ronald Lauder para exibição na Neue Galerie de Manhattan. Divide-se em três edifícios, Upper, Lower e 21. Custa 16€ (Upper), 14,60€ (Lower) e 9,20€ (Belvedere 21) e chega-se ao museu de elétrico.
Kunsthistorisches Museum: É um dos museus de história mais famosos do mundo. Alberga obras do antigo Egipto e Grécia antiga até ao século XVII. Custa 21€ e as visitas guiadas em ingles e alemão custam 6€. Linhas U2 e U3. Fica em Ringstrass, perto de Museumsquartier.
Naturhistorisches Museum: O museu de história natural possui obras únicas como esqueletos de dinossauros. Quando D. Leopoldina casou com o nosso D. Pedro V ou I do Brasil, o pai Franz II enviou uma equipa de investigadores para trazerem tudo o que pudessem do novo mundo. No regresso abriram um museu brasileiro temporário. Há uma escultura dum elefante à porta que será que representa um dos que portugal enviou para a Austria? Linhas U2 e U3. Fica em Ringstrass, perto de Museumsquartier e de Volkstheater. Custa 18€.
Prater: foram campos de caça aristocratas até Josef II os ter doado, em 1766. Tornou-se num espaço de convivência com restaurantes e um parque de diversões. Wiener Riesenrad (a roda gigante) fica dentro do espaço. A roda é de 1897, para comemorar o Jubileu de Ouro do Imperador Franz Josef I. São 8€ para andar na roda gigante, um dos primeiros símbolos da cidade a ser reconstruído após os bombardeamentos da II Guerra Mundial (1945). Desde 2002 8 das cabines originais fazem parte do museu.
Spanische Hofreitschule (Escola de Equitação Espanhola): É a única instituição no mundo que continua a praticar a equitação clássica na tradição renascentista do Alto École (há 450 anos). É património cultural intangível da humanidade, da UNESCO. Vende vários tipos de bilhetes a partir dos 17€.
Neues Rathaus: No topo da torre da câmara de 97,9 metros de altura, existe o Rathausmann, que guarda a câmara. São 311 degraus para chegar ao topo da torre. Em 1985, as oficinas da fábrica de gás de Viena restauraram o Rathausmann. Criou-se na altura uma réplica que está em exibição no Rathauspark. As visitas guiadas são grátis e decorrem às segundas, quartas e sextas às 13h. Incluem visita a salas, à escadaria, as câmaras do conselho e do senado. Passámos aqui no ringue de patinagem de inverno para beber um chocolate quente.
Donaupark: como o ECR é no centro de congressos Austrien Center Vienna em Donaustadt (22º distrito) o Parque Donau é um local para fugir umas horas e nesse caso faz sentido visitar Donauturm, ou a Torre do Danúbio. A vista é panorâmica e vale a pena pagar os 18€.
Onde dormir
O metro funciona bem, por isso o importante é escolher uma estação central que seja próxima de tudo. A Raquel vai variando de cada vez que visita Viena. Vamos sempre escolhendo pela oferta com base no custo. Há vários bairros que têm interesse, uns são mais centrais, outros mais caros.
Os melhores bairros são perto da Catedral, onde fica tudo e apesar de haver metro, autocarros e eléctrico também se circula bem a pé.
Inner Stadt (1º distrito)
Mais central será impossível, próximo da catedral, e na zona das antigas muralhas. Fica perto do Palácio Hofburg, da Ópera e a Biblioteca nacional.
Aqui temos um hotel de 5 estrelas que conhecemos porque já se tornou habitual ir ao 6º andar ao bar Onyx. O DO & CO Hotel é um hotel requintado com uma ótima vista para Stephandom.
Leopoldsadt (2º distrito)
Apesar de ficar do outro lado do rio Danúbio fica só a duas estações do percurso principal. Numa cidade com os transportes públicos como Viena, isso não é de todo um problema. Prater fica aqui. A Raquel já ficou deste lado.
Landstraße (3º distrito)
Continuamos nos arredores de Inner Stadt, por isso ainda muito central. O Palácio Belvedere fica aqui.
Wieden (4º distrito)
Aqui fica Karlzplatz, a praça principal entre a universidade técnica e a ópera. No primeiro ano da Raquel em Viena ficaram em frente ao Naschmarkt. A zona é mais económica, o hostel era novo e no mercado comia-se mais barato. Ficámos no Wombat’s City Hostel Vienna Nachmarkt num quarto com dois beliches para 4 pessoas e foi o suficiente. Era um hostel com alguma animação.
Mariahilf (6º distrito)
Divide o Nachmarkt com Wieden. O grupo Wombat’s tem aqui o Wombat’s City Hostel Vienna The Lounge.
Neubau (7º distrito)
Junto ao quarteirão dos Museus, uma zona cara.
Margareten (5º distrito)
Não é a opção ideal, mas ficando entre o 4 e 6º distritos e tendo metro perto tudo se faz. Ficámos no Park Apartments Wien e era confortável. O apartamento era como esperado, e próximo do metro.
Onde comer
No primeiro ano em Viena a Raquel e os colegas passaram sempre no Naschmarkt. Era barato, a oferta era grande e tinha um espírito de mercado agradável. Além disso era a dois passos do hostel. Partilhámos pratos, pedimos água da torneira para beber e fomos poupando assim. Experimentem o Neni Am Naschmarkt
O melhor chocolate quente também era no Naschmarkt na Schokocompany. Este nosso preferido, se calhar já nem existe. A tablete é colocada na caneca cheia de espuma de leite, deixa-se derreter e depois bate-se.
A Raquel viveu na Suiça até aos 6 anos e ainda hoje não resiste a um cachorro de quiosque de rua, na Áustria temos a versão ideal, salsicha recheada com queijo, Käsekrainer. Há vários quiosques pela rua, como por exemplo perto da Ópera. Nós fomos ao Bitzinger, dizem que é o melhor, mas é o mais caro de certeza. A fila é relativamente rápida e é suposto saber o que pedir quando chegar a vossa vez. A salsicha vem dentro dum pão envolvida em ketchup e mostarda.
A tarte Sacher criada em 1832 por Franz Sacher para o príncipe Metternich. Devem ir ao Café Sacher no Hotel Sacher originalmente aberto pelo filho de Franz. O hotel continua a ser de gestão familiar. Só a tarte custa 9,9€, o menu (tarte com nata, agua e bebida quente custa 22,5€)
Para o strudel de maçã o destino é o Cafe Central. Aqui deve ser servido com molho quente de baunilha (9,20€) e nós gostamos de acompanhar com um chá ou chocolate quente(6,5€).
Há outras sugestões como Mraz und Sohn, Pramerl & the Wolf, Hausbar, Lugeck é gerido pela mesma família do Figlmüller, Bruder, The Palmenhaus é caro mas fica num sítio incrível.
Sair à noite em Viena
O Onyx bar é um bom local para começar a noite de forma sofisticada. Não será um consumo barato, mas vale pelo espaço.
Temos o Sky bar, também tem vista para Stephandom, que fica no terraço dum edifício.
Em Karlsplatz temos o Sass, um music club.
No Donaukanal temos Badeschiff, um barco bar.
Uma zona muito frequentada é o Bermuda Dreieck, Triângulo das Bermudas, perto do canal do Danúbio. Fica aqui o Hard Rock.
Há novas sugestões como: If Dogs Run Free, Blaue Bar, Kleinod, Top Kino, Das Loft Bar & Lounge e o krypt.
Como circular
O melhor é de transportes públicos, principalmente metro. Experimentem o elétrico circular.
A Raquel compra sempre o passe do congresso porque fica mais barato do que os combinados habituais. Os bilhetes normais podem ser de 24, 48 e 72h e bilhetes de 7 dias.
Também podem comprar Vienna City Card. Combina com descontos em atrações. Podem circular nos transportes públicos, e pode incluir transfer do aeroporto e autocarro hop-on hop-off. Opções de 24, 48, 72h ou 7 dias.
Uma das coisas que mais gostamos na cidade é a possibilidade de fazer check-in e drop-off da bagagem na estação de comboio. Utilizamos o city airport train e fazemos o check-in na estação Wien Mitte. Não há com todas as companhias, mas dá com Austrian, TAP, Croatia, Wizz, Lufthansa, Norwegian, Brussels, Eurowings, Swiss, Bulgaria Air e Luxair.
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365 dias no mundo estiveram em Viena diversas vezes