AS CORES DE COLOMBO (SRI LANKA)

O Sri Lanka é um país de laços profundos com Portugal ao qual frequentemente não damos a devida atenção. A ilha, em forma de lágrima, fica separada da Índia pelo Estreito de Palk e bastante próxima das Maldivas. A sua proximidade com a Índia fez com que integrasse as principais rotas comerciais do Índico, sendo influenciado por diversas culturas, como a portuguesa, a neerlandesa, a inglesa e a árabe. Foi o período de ocupação portuguesa que nos levou ao Sri Lanka: a nossa influência é rica, apesar de não ser evidente, algumas vezes confundida com o tempo de colonização holandesa por estes terem destruído ou construído sobre a estrutura que os portugueses deixaram.


Uma visita ao Sri Lanka deve começar por Colombo, uma cidade vibrante, cheia de energia, cor e movimento. Colombo é a capital executiva e judicial do país, enquanto Kotte desempenha o papel de capital legislativa.

O que visitar

É fácil descobrir artigos sobre o que fazer em Colombo, capital do Sri Lanka. Encontram em vários locais por essa internet fora, até em português. Decidimos fazer diferente, não vos dar só os clichés, até porque o Tiago não foi a muitos. Nas nossas pesquisas encontrámos quatro mapas desenhados à mão que dão ênfase àquilo que os locais consideram imperdível na cidade. Queremos falar em quatro bairros históricos a explorar: Fort, Pettah, Slave Island e Cinnamon Gardens. Fazemos a batota de considerar a recente Lotus Tower em Pettah.

FORT

A região do antigo forte, inicialmente construído pelos portugueses, possui muitas atrações. Ficam aqui o templo Sambodhi Viharaya, a igreja de São Pedro, o farol, a Casa do Presidente e os jardins de Gordon, o Museu do Dinheiro, o antigo parlamento, o antigo farol, hoje torre do relógio, e os armazéns holandeses.

Antigo forte: o primeiro forte português era bastante simples e foi desmantelado em 1656 pelos holandeses para construir um novo de 14 bastiões. Era principalmente uma zona de residências, armazéns e igrejas fortificadas. O forte ligava-se a Pettah pela Delft Gate e por uma ponte sobre o fosso de crocodilos que terminava na Kayman’s Gate. O fosso ligava ao Lago Beira, recheado de crocodilos, que evitava a fuga de escravos (daí o nome caimão). Pouco se consegue encontrar do forte desmantelado em 1870. Há no porto algumas ruínas da bateria de Battenburg, apenas 50 metros de construção que antes separavam o mar, mas agora ficam meio escondidas no meio da expansão da região portuária. O museu marítimo também faz parte do pouco que sobra do antigo forte, o armazém fortificado. O portão Delft ainda existe, agora fica no Banco Comercial na Bristol Street.

Hospital holandês: foi fundado pelos holandeses na área do forte erguido pelos portugueses, após a tomada da cidade, que ocorreu depois de um longo cerco de vários meses, em 1656. Foi o maior hospital do país, construído para socorrer a Companhia Holandesa das Índias. Desde 2011 é uma espécie de mercado da Time Out humilde, mais ao estilo de um bazar com praça de alimentação e lojas.

Torre de Relógio: é o antigo farol do forte, desativado em 1952. A torre foi construída como torre do relógio em 1856-57, projetada por Emily Elizabeth Ward, a esposa do governador Sir Henry George Ward. O relógio, que custou 1200 libras e é da autoria dos mesmos relojoeiros do Big Ben, esteve guardado num armazém 44 anos até à conclusão da torre.

Galle Face Green: é a marginal/orla da cidade, tendo uma extensão relativamente curta de apenas 500 metros. Existe desde 1859, por ideia de Sir Henry Ward, Governador do Ceilão Britânico. Os cingalesas costumam passear por aqui ao final do dia. Fica a uma caminhada do Hospital Holandês e de hotéis de cadeias internacionais como o Hilton.

PETTAH

Em Pettah, no acesso ao forte, encontra-se a Torre do Relógio Khan. O Portão dos Caimões, que ainda existe, hoje fica no cruzamento das ruas Main e 4th Cross, perto da mesquita vermelha, e é o que resta do forte português. Há três igrejas cristãs, São Tomás, o Santuário de Santo António e Wonvendaal, um mercado flutuante, o museu holandês e a estação ferroviária de Fort. A igreja São Tomás é anglicana e a Wonvendaal a protestante mais antiga do país. O santuário de Santo António é dedicado ao mesmo santo das marchas de Lisboa e existe um relicário com a língua do frade. A igreja é considerada uma basílica menor. Existe também neste bairro a antiga câmara municipal, hoje um museu.

Mercado de Pettah: é um mercado que remonta à era colonial, muito movimentado, com barracas de vendedores de frutas e legumes em pequenos amontoados, com placas que anunciam preços que não sabemos decifrar. Aqui vende-se de tudo, incluindo frutas, vegetais, peixes, jóias, roupas e bilhetes de lotaria. Fica perto de uma das entradas para o antigo forte, originalmente construído por portugueses para proteger o portão, mais tarde tomado pelos holandeses.

Mesquita Vermelha (Jami Ul-Alfar Masjid): esta é uma das imagens de marca da cidade e um dos pontos que aguardávamos com alguma expectativa. Não pudemos entrar mas aproveitámos para observar a fachada e o rebuliço da zona. Foi construída em 1908 em estilo indo-saraceno e é inspirada na Mesquita Jamek de Kuala Lumpur.

Torre de Lotus: o maior edifício do país, construído em 2012, simboliza o rápido desenvolvimento tecnológico e turístico do país. A torre tem 8 elevadores, 3 são os mais rápidos do país. O 29º andar tem vista panorâmica 360º a 244 metros de altura. Abriu ao público em 2022, tem um piso de suites luxuosas e um restaurante rotativo que dá a volta completa em intervalos de 90 ou de 60 minutos. Tivemos o prazer de visitar e realmente é um ícone da cidade, sendo visível de vários pontos. O hotel onde ficámos tinha vista para a torre, permitindo-nos apreciar a sua iluminação noturna.
Subir custa 20$ e dos 3 aos 10 anos pagam metade.

Templo Budista de Gangaramaya (Vihara): é um dos templos budistas mais antigos da cidade e o mais importante. É um templo do século XIX, numa época de ressurgimento do budismo no país após séculos de colonização. Não é só um templo religioso, é também um centro comunitário, e a sua procissão anual (Perahera) atrai muitos peregrinos. A entrada custa 400 rupias.

Kelaniya Raja Maha Vihara: o templo budista foi destruído várias vezes pelos invasores do sul da Índia, até que em 1575 foram os portugueses que o destruíram, tendo construído no seu lugar igrejas católicas. Os cingaleses conseguiram convencer os holandeses a reconstruir o templo, mas voltou ao abandono durante o período de domínio britânico. O novo templo foi reconstruído entre 1927 e 1946.

Templo Sammangodu Sri Katirvelauta Swamy: destaca-se pela sua arquitetura tradicional e pela tranquilidade que oferece, apesar da sua localização central. É um importante centro de adoração para a comunidade hindu local, especialmente durante os festivais dedicados a Murugan, e um local de paz e reflexão para quem visita.

SLAVE ISLAND

Oficialmente não é uma ilha, mas viveu muitas vidas. Foi uma prisão, uma unidade militar e um jardim botânico. Hoje corre o risco de ser engolida pelos arranha-céus que se querem construir. Aproveitem enquanto existe como encontro de culturas.

“This is a unique district in Colombo. Where else would you find a Church, Hindu Kovil, Mosque and Buddhist Temple – all in one street. We all live in harmony. We are one united family, and have lived this way for decades.” Roomi Careem, residente

Templo de Sri Kailawasanathan Swami Devasthanam Kovil: é o templo hindu mais antigo da cidade e dos mais impressionantes. Foi construído por uns comerciantes indianos que se mudaram para a ilha, seguindo a aparência dos templos hindus indianos.

templo colombo, Sri Lanka

Igreja do Santo Rosário: é uma igreja católica que tem missas regulares em inglês, tamil e cingalês.

Mesquita Kew Lane: é uma das mesquitas mais antigas da cidade (mais de 160 anos), a segunda a ser construída na Slave Island. Acomoda até 3500 pessoas e pode ser feita uma visita guiada.

Arte urbana: junto ao templo hindu existem obras de Christian Guemy, francês que visitou o país em 2014. Uma das mais fáceis de encontrar é o retrato da mulher no arco azul, mas há outras. Digam-nos quantos retratos foram capazes de encontrar no bairro.

Hotel Nippon: inicialmente construído como residência para britânicos, hoje é um hotel que vende cerca de 150 nippons rolls por dia. A receita é a original da Sra. Roskowski, japonesa, casada com o polaco que criou o hotel. Chegou a ser um hotel de referência juntamente com o Galle Face Hotel e o Grand Oriental Hotel, mas em 2008 uma bomba matou 4 pessoas. Foi renovado em 2014.

CINNAMON GARDENS

Uma plantação de canela abandonada que se tornou o centro verde da cidade. Aqui ficam universidades, campos de críquete, o museu nacional, o centro administrativo da cidade e alguns centros religiosos, como a Mesquita Dewatagaha, a Catedral de Cristo e o Sri Sambodhi Viharaya.

Museu Nacional de Colombo: abriu em 1877, fundado pelo governador britânico, Sir William Henry Gregory. Encontram várias salas e diversas referências a Portugal, como a espada da fotografia.

O que fazer

Deambulem pela cidade a visitar os pontos que indicámos e sintam a sua azáfama. Compras também podem ajudar a perceber como funciona o país, o seu custo de vida, o que há, a diferença entre mercados para locais e as zonas turísticas.

Onde ficar

Cinnamon Life at City of Dreams: um mega hotel de 800 quartos, vistoso e luxuoso, inaugurado dias antes da nossa visita. Tem vista para a Torre de Lotus, praia e cidade. Tem também um wine bar (Cloud Wine) que pretende revolucionar a vida noturna da cidade e cinco restaurantes, além de todos os serviços deste perfil de hotel. A partir de 200€/noite.

Mount Lavinia Hotel: um ícone do Sri Lanka, junto ao mar, mas fora do coração da cidade. Em 1806 o governador Thomas Maitland, escocês, quis construir aqui a sua residência, pois tinha-se apaixonado pela ilha e por Lovina Aponsua, uma dançarina de origem lusocingalesa. Viveram ali vários governadores além de Sir Thomas Maitland: Sir Robert Brownrigg, Sir Edward Paget e Sir Edward Barnes. Durante a epidemia de cólera de 1833 foi um hospital, tendo sido convertido em hotel em 1877. Em 1939 passou de hotel a base e hospital militar. Foi cenário de filmagens do “Bridge on the River Kali”, em 1956. A partir de 250€/noite.

Como se deslocar

De tuk tuk, mas também é possível percorrer a cidade em autocarro panorâmico (Colombo City Tour) como fez o Tiago. O autocarro panorâmico é da empresa Ebert Silva, que vende 3 tours: Glimpse of Colombo, Heritage of Colombo e Colombo at Night.
Também é possível contratar um motorista privado.

tuk tuk em colombo, Sri Lanka

Como chegar

O Tiago chegou ao Sri Lanka pelo Aeroporto Internacional Bandaranaike, em Katunayake, arredores de Colombo. As melhores companhias aéreas que chegam ao Sri Lanka são a Emirates, Qatar, Etihad e Turkish Airlines. O Tiago voou Emirates, a escala no Dubai é curta, mas pode-se fazer um stopover, o que recomendamos. Todas estas companhias permitem stopover e fornecem ou facilitam a reserva de pelo menos uma noite em hotel.

Viagem a convite do Turismo do Sri Lanka (Blog Trip ABVP), com apoio da IATI Seguros e Sony Portugal.

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365 dias no mundo estiveram no Sri Lanka de 29 de outubro a 8 de novembro de 2024

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