BELÉM: DOS PASTEIS AO MAAT (PORTUGAL)

Belém é talvez das zonas da cidade mais bonitas. Fica junto ao rio, tem jardins, história e monumentos e é um bairro seguro.

Quando viemos juntos para Lisboa, a nossa primeira casa foi em Belém. Bairro simpático, próximo de várias atrações, caro igual ao centro histórico de Lisboa, mas sem parquímetros, ambiente bairrista e todos os dias nos permitia ver o rio. Aliás, sair de casa a ver o rio.
Atrações não faltam, o que nos diz que está sempre cheio de turistas, mas geralmente na primeira linha de Belém. Se forem subindo as ruas até à Ajuda e Restelo cada vez vêem menos gente outsider.
Belém tem bastante importância para a cidade, alberga dos museus mais importantes, a casa do Chefe de Estado e no Restelo ficam a maioria das embaixadas.

O que visitar

MAAT: pertence à fundação EDP e é a sigla de Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia. Abriu em 2016, e foi um fenómeno pela sua estrutura, edifício criado por Amanda Levete Architects. A cobertura é um miradouro e o por-do-sol reflete-se na fachada sul, tornando-a dourada. Alberga a Central Tejo, que para nós é a parte mais bonita. A central pertencia à Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade (CRGE) e é de 1908. Fornecia energia a toda Lisboa e funcionou até aos anos 70. Em frente à central há um pontão com a obra Central Elétrica de Pedro Cabrita Reis. Em frente ao MAAT existe a obra de Lawrence Weiner Placed On Either Side of The Light. A unir tudo temos os jardins projetados pelo Arquiteto Vladimir Djurovic.

Preço:

  • MAAT + Central Tejo: 11€
  • Estudantes, jovens (13-18 anos), desempregados, seniores: 8€
  • Grátis no primeiro domingo do mês das 10 às 13h, a fila tem sido imensa. Contem com uma hora de fila para entrar.
  • Menores de 12 anos grátis

Em 2020 abriu o MAAT Café & Kitchen, explorado pelo grupo Mercantina. Servem refeições rápidas e brunch.

Museu Nacional dos Coches: o grande mamarracho que nasceu entre a Casa do Presidente e o rio cria um nós um misto de sentimentos. O edifício tem graça, mas é grande demais para o que lá tem dentro. Nós gostamos da versão anterior, o Picadeiro Real, mais aconchegante e onde os coches não destoam. Quem não conhece deve ir pelo menos uma vez ver os nossos coches, que são lindos e contam muito da nossa história. Fecha às segundas-feiras.

Preço:

  • Museu Nacional dos Coches: 8€
  • Picadeiro Real (Museu Nacional dos Coches): 5€
  • Grátis até 52 dias por ano para residentes
  • Grátis a menores de 12 anos
  • 50% de desconto a estudantes, seniores, portadores de cartão jovem e família (animo um adulto e dois menores de 18 anos)

NOTA: fomos em agosto de 2022 ver a exposição de pedra, repetimos a visita em novembro de 2023 e pareceu-nos que todo o museu está melhor. Gostámos mais agora.

Museu da Presidência: No Palácio de Belém moraram todos os Presidentes da República, até ao atual. Fecha às segundas-feiras. O Palácio abre aos sábados para visitas guiadas, mediante inscrição, mas durante a pandemia estiveram suspensas. Em frente ao Palácio de Belém, no terceiro domingo do mês decorre a troca da guarda presidencial às 11h. A nossa é única do mundo. Vale a pena ver.
O presidente abre os jardins algumas vezes, como por exemplo a Feira do Livro.

Preço:

  • Museu: 2,5€
  • Grátis aos domingos e feriados até às 13h
  • Há vários descontos, vejam no site.

Padrão dos Descobrimentos: nunca tínhamos ido juntos, fomos quando abriu a exposição Are U a Tourist?. Incluía a subida ao miradouro de forma gratuita, e nós aproveitámos para ver as vistas do topo. Fez parte da Exposição do Mundo Português de 1940. Foi reforçado em 1960.

O monumento representa algumas das figuras incontestadas dos descobrimentos e são elas: o rei D. Afonso V, a Rainho Dona Filipa de Lencastre, os Infantes D. Henrique, D. Fernando e D. Pedro, Vasco da Gama, os capitães Estevão e Cristóvão da Gama, os escritores João de Barros e Fernão Mendes Pinto, o missionário São Francisco Xavier, o franciscano Frei Henrique de Coimbra, o dominicano Frei Gonçalo de Carvalho, o Governador Afonso de Albuquerque, os pilotos Pêro de Alenquer e Pêro de Escobar, o matemático Pedro Nunes, o cosmógrafo Jácome de Maiorca, o cronista Gomes Eanes de Zurara, o pintor Nuno Gonçalves e os navegadores Afonso Baldaia, Fernão de Magalhães, Nicolau Coelho, Martim de Sousa, Bartolomeu Dias, Diogo Cão, Gil Eanes, João Gonçalves Zarco e António de Abreu. Claro que talvez dos mais fáceis de reconhecer será o nosso grande poeta Luis Vaz de Camões.

Preço:

  • 10€ para aceder à exposição, subir ao miradouro e ver o filme (o filme é apresentado no Auditório aos sábados, domingos e feriados – 11h15 e 16h00)
  • 5€ para aceder só à exposição

Rosa dos Ventos: em frente ao padrão está a danificada obra de 1960. Foi oferecida pela República da África do Sul. Foi restaurada em 1994 nas comemorações da cidade como Capital Europeia da Cultura.

Museu de Arte Popular: fazia parte da Exposição do Mundo Português a Secção de Vida Popular (vejam a maquete da zona de Belém e deliciem-se ao comparar os dias de hoje com 1940), um pavilhão onde hoje é o MAP. Alterado o edifício, é inaugurado como museu do povo em 1948, em 2000 encerra para obras de requalificação e em 2006 a Ministra da Cultura anuncia a extinção do museu e transferência do acervo para o Museu Nacional de Etnologia. Conseguiu manter-se o Museu, mas desde 2016 trabalha em conjunto com o MNE.

Não foi possível visitar muita coisa, porque as salas estavam fechadas para montagem de nova exposição. O edifício, arquitetonicamente é interessante, misturando o estilo tradicional com o modernismo. Fecha às segundas e terças-feiras.

Preço:

  • 5€

Mosteiro dos Jerónimos: ou Real Mosteiro de Santa Maria de Belém, é ideia de D. Manuel I. Do mosteiro, oferecido aos monges jerónimos, sobram o claustro quinhentista, o antigo refeitório dos monges e a sala da antiga livraria e claro, a igreja. Entrar na igreja é permitido, mas a entrada no mosteiro é paga. Faz parte dos museus grátis aos domingos, para residentes.

Preço:

  • 12€
  • Grátis para menores de 12 anos
  • 50% de desconto para jovens e seniores.

CCB: gerido por uma fundação que quer promover a cultura com exposições, concertos e espetáculos todo o ano. Chamam-lhe a Cidade Aberta pela sua dimensão. Fica junto ao rio e tem uns jardins que merecem visita, para ver a vista. Dentro, também se encontra o antigo Museu Coleção Berardo hoje Museu de Arte Contemporânea (possui obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), a Coleção Teixeira de Freitas, a Coleção Ellipse e a Coleção Berardo). Museu Coleção Berardo era o museu mais visitado segundo The Art Newspaper, em abril 2019. Fecha à segunda-feira.

Preço:

  • visitas guiadas 5€, para grupos de pelo menos 10 pessoas (visitasguiadas@ccb.pt)
  • Bilhete custa 15€, e 7€ para residentes.
  • Grátis ao domingo até às 14h e para residentes.
  • 50% de desconto para jovens, estudantes, seniores e mobilidade reduzida.
  • Outros descontos, consultem na página.

Museu da Marinha: D. Luis, filho de D. Fernando II (rei consorte que compra e renova o Palácio da Pena), seguiu carreira na marinha e manda construir em 1863 este museu. Com a morte de seu irmão, o rei D. Pedro V, abandonou a carreira de oficial naval, mas não os conhecimentos. Inicialmente o museu estava agregado à escola naval, mas um incêndio levou a que se perdesse algum do espólio. Funcionou temporariamente no Palácio do Conde de Farrobo e em 1962 mudou-se para o Mosteiro dos Jerónimos, onde se mantém até hoje. Fazem parte o Planetário, a Fragata e o Aquário Vasco da Gama.

Preço:

  • 7€
  • Passe CulturaMAR 19€ (Passe CulturaMAR é um bilhete conjunto para uma entrada no Museu de Marinha, na Fragata D. Fernando II e Glória, no Aquário Vasco da Gama e no Planetário de Marinha, com validade de 4 meses)
  • Grátis no primeiro domingo do mês até às 14h, dia da marinha, dia do mar, dia dos museus.
  • Outros descontos, consultem a página.
  1. Planetário: foi inaugurado em 1965, integrado no museu da marinha. Interdito a menores de 4 anos. Custa 7€.
  2. Fragata Fernando II e Glória: é o último navio exclusivamente à vela da marinha. Esta na outra margem do rio. Fez o caminho marítimo para a Índia durante trezentos anos. Funcionou como Escola de Artilharia Naval, no Tejo, de 1865 a 1938. Esteve ao abandono após um incêndio em 1963, mas foi reconstruída em 1997. Esteve exposta na Expo 98. Custa 5€.
  3. Aquário Vasco da Gama: fica em Algés. Foi dos primeiros aquários do mundo, aberto em 1898 para celebrar o 4º centenário da partida de Vasco da Gama. Custa 5€.

Torre de Belém: a fila não deixa margem para dúvidas como uma das maiores atrações locais. Construída no reinado de D. Manuel I como homenagem ao patrono da cidade, S. Vicente. Com a fortaleza de S. Sebastião da Caparica e o Baluarte de Cascais fazia a defesa da cidade. Mais tarde foi masmorra. Nos quatro pisos da torre, existem a Sala do Governador, a Sala dos Reis, a Sala de Audiências e a Capela. Nos jardins junto à torre costuma haver eventos durante o verão, como o Out Jazz, concertos semanais durante um mês. Vejam em fotografias antigas como estava distante da margem.

Preço:

  • 8€
  • Grátis ao domingo e feriados para residentes.

Museu do Combatente: o Forte do Bom Sucesso não existe há muito tempo enquanto Museu do Combatente. Foi inaugurado em 2003 e homenageia os ex-combatentes do ultramar. Aqui encontram-se algumas exposições permanentes, como a história da aviação e a trincheira.

Preço:

  • 5€
  • Para descontos consultem a página

Museu Nacional de Etnologia: o museu surge duma exposição sobre o povo Maconde (Moçambique) em 1959. É inaugurado em 1965 para representar todas as culturas, mas o edifício é de 1976, do arquitecto António Saragga Seabra. Trabalha em estreita ligação com o Museu da Arte Popular, tendo sido ampliado em 2000 para receber a Galeria da Vida Rural. Gostámos muito da coleção de Francisco Capelo, das máscaras e marionetas do Mali, das varas de Rio de Onor (falámos delas no artigo sobre a aldeia de Rio de Onor) e das bonecas de Angola.

Preço:

  • 5€
  • Aplicam-se os descontos legais da DGPC

Igreja da Memória: obra de  Giovanni Carlo Bibienna, para servir de memória da tentativa de assassinato do rei D. José pela família Távora (1758). O arquitecto italiano morreu, e depois o monarca. A obra perdeu o seu propósito e assim a sua conclusão foi sendo “empurrada com a barriga”. Gostamos do jardim onde fica a igreja e já foi muito perto da nossa primeira casa, em Lisboa.

Palácio Nacional da Ajuda: o Palácio veio substituir o Paço Real destruído no terramoto de 1755, nunca ficou devidamente concluído. Foi finalmente terminada a ala que faltava e já abriu o Museu do Tesouro Real. Fecha às quartas-feiras.

Preço:

  • Palácio: 15€
  • Museu do Tesouro Real: 11€, descontos na página.
  • Grátis até 52 dias por ano para residentes.

Quake: é um museu interactivo digno de qualquer cidade europeia, ou parque de diversões. Remete para o ano de 1755, e para o tremor de terra. Embarquem nesta aventura para aprender mais. O edifício fica junto ao Museu dos Coches. A Raquel foi o ano passado e gostou muito, faz lembrar uma atração de parque diversões.

Preço (a partir de):

  • adulto: 24€
  • criança dos 6 aos 12 anos: 17€ (crianças menores de 4 anos não permitidas, dos 4 aos 5 não entram no simulador e não pagam)
  • senior: 19€

Jardins

Belém não se faz só com os jardins do MAAT, o Jardim da Praça do Império, em frente ao CCB e aos Jerónimos, o Jardim Vasco da Gama e o Jardim Afonso de Albuquerque em frente ao Palácio de Belém e ao Museu dos Coches.

Existem, também, o Jardim Botânico Tropical e o Jardim Botânico d’Ajuda. Este último pertence ao Instituto Superior de Agronomia desde 1910 e foi o primeiro jardim botânico do país. O Jardim Botânico Tropical reabriu ao público após manutenção e é gerido pelo Museu de História Natural e da Ciência e o Jardim Botânico de Lisboa. Quando abriu em 1906 chamava-se Jardim Colonial. Fomos no outono de 2020 ao jardim tropical e achámos que é muito interessante. Primeiro, fez parte da exposição Mundo Português de 1940, e isso mostra como essa exposição abriu em grande com a intenção de enaltecer o nosso povo, bem ao espirito politico da época. Depois há um muro e alguns portões que separam o Palácio de Belém do Jardim, e nós não tínhamos a noção que estavam quase ligados. Precisa de alguma reabilitação, no Palácio, na Estufa e no Jardim dos Cactos.

Preço:

Onde comer

Pão pão queijo queijo: fast food das sandes, mas de qualidade. Aqui encontram uma ementa extensa de pitas, baguetes e saladas. Os menus ainda por cima são baratos, apesar de terem subido há pouco tempo. Já foi um segredo mais bem guardado, neste momento está sempre à pinha. Somos muito fãs.

Restaurante O Prado: aqui a açorda de camarão e os caracóis são fantásticos e fazem um take away gigante.

Corações com Coroa: a associação de Catarina Furtado tem um café com esplanada, vale a pena ir tomar ali um café.

Bonança: dentro da Associação Naval de Lisboa nasceu um restaurante com um mural recuperado que é de 1940. Ainda não fomos conhecer, mas só pelo mural na Sala D. Manuel I e que retrata a chegada da Embaixada Portuguesa a Roma em 1514.

Pasteis de Belém: nunca, mas NUNCA, entrem nesta casa com quase 200 anos e peçam um pastel de nata. Aqui dentro vendem-se pasteis de Belém, cuja receita é dos segredos mais bem guardados e que vem desde os monges dos Jerónimos. Não peçam um só, os pasteis comem-se aos pares e quentinhos, polvilhados com canela e açúcar em pó.

Onde se alojar em Belém

Nós nunca ficámos alojados em Belém, mas existem as versões high cost como o Palácio do Governador e o Altis Belém. Há apartamentos no Famous Crows Lisbon Suites e vários AL no booking.

Como chegar

Belém tem estação, por isso podem chegar de comboio (linha de Cascais, a partir do Cais Sodré).

Podem chegar de carro, há vários locais pagos onde estacionar, mas também encontrar lugares gratuitos.

Autocarro ou eléctrico, podem chegar pela Carris através destes.

Podem entrar de barco, já o fizemos pela Yellow Bus através do barco que sai do terreiro do paço.

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4 Responses

  1. Que delícia morar em Belém, cercada de tantos museus interessantes, jardins e lugares históricos! Parece um ótimo bairro em Lisboa para morar, mas e para quem vai a turismo? É fácil se locomover para outros pontos da cidade?

    1. É fácil, mas não é muito central, exigiria sempre o recurso a transportes, mas pode valer a pena por ser mais calmo. O centro histórico está um pouco lotado.

  2. Deve ser maravilhoso viver em Belém, um lugar com tantas atrações. O MAAT parece ser belíssimo! Este é um lugar de Lisboa que quero muito conhecer!

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