Chegar a Zanzibar é deixar as preocupações no país de origem e desfrutar da estadia. É ir em busca das águas azul turquesa e das praias de areia branca, dos cocos, do marisco, dos recifes e ser conquistado pelo aroma das especiarias.
Hakuna matata, é tão fácil dizer.
Hakuna matata, sim, vais perceber
O Rei Leão, Disney
A expressão é suaíli e significa sem problema/preocupação, mas foi a Disney que a imortalizou no filme Rei Leão. Na teoria, visitar Zanzibar é assim, principalmente se conseguirem fechar os olhos às dificuldades em que vive o povo.
A recepção é calorosa, cordial, de quem agradece o turismo porque o vê como uma mais valia. Logo na migração somos cumprimentados com várias expressões locais e esta simpatia estende-se ao transfer e ao hotel.
Zanzibar tornou-se um destino popular entre portugueses, apesar dos pacotes não serem baratos (comparando com Senegal, ou Caribe) quem faz a viagem organizando por conta própria consegue um custo aceitável, para o tipo de destino. É um ótimo local para visitar durante o inverno europeu, já que fogem para o calor.
Onde fica Zanzibar
Zanzibar é um ilha semi-autónoma, mas que pertence à Tanzânia. Fez parte da rota das especiarias portuguesas por dois séculos e foi uma colónia árabe. Omã tomou a ilha e chegou a instalar lá a sua corte, pois dominava o comércio dos escravos e marfim. Os britânicos formaram em 1890 um protetorado e permitiram a independência da ilha em 1963. A ilha juntou-se ao continente (Tanganica) e formaram a Tanzânia. Tem um governo independente.
A ilha de Zanzibar fica em África, no leste do continente, banhada pelo oceano Índico. As ilhas mais próximas são Pemba e Mafia, ambas da Tanzânia. Quénia e Moçambique, a norte e sul da costa da Tanzânia também se podem considerar relativamente perto.
Praias de Zanzibar
O forte da ilha será o turismo, e este é principalmente de praia. O mar é quente, o clima é tropical, há corais, tudo para se considerarem no paraíso.
O importante na escolha das praias, principalmente quando decidirem a estadia é perceberem como querem o mar. A costa este e leste variam nas marés. Na região de Kendwa mesmo na maré baixa é possível mergulhar, noutras zonas como por exemplo junto ao hotel Melia na maré vazia a água só chega abaixo dos joelhos. Vimos alguns comentários onde dizem que nadar é difícil, por causa dos corais.
Há várias classificações do top de praias em Zanzibar. Como vão perceber neste artigo não explorámos a ilha para poder dar a nossa ordem de preferência. A escolha da costa foi feita antes da reserva do hotel. Percebemos como eram as costas ocidental e oriental e decidimos assim optar pelo norte. Uma das coisas que mais faz variar a ordem de preferências no top é a questão da paisagem ser natural ou a primeira linha de praia estar “inundada” de resorts.
Utilizámos o ChatGPT para ver a sugestão de preferências que eles nos dava e saiu isto:
- Praia Nungwi: fica a norte e tem o por do sol mais bonito da ilha. Permite praticar desportos aquáticos. Há hotelaria de luxo e também acessível.
- Praia Kendwa: é mais calma que a primeira, mas tem mais resorts, nós ficámos aqui.
- Praia Paje: na costa contrária às primeiras é conhecida pelo seu belíssimo areal branco. Há mais hotéis boutique.
- Praia Matemwe: boa praia para snorkel e com alojamentos mais pequenos.
- Praia Bwejuu: vizinha de Paje, mas menos concorrida.
- Praia Jambiani: quem prefere uma paisagem mais natural gosta mais desta praia.
- Praia Dongwe: tem menos hotéis.
- Praia Kizimkazi: tours para ver golfinhos é aqui.
- Peninsula Michamvi: Pingwe fica aqui e o The Rock também.
- Baía Uroa
Se o objetivo for procurar praias selvagens, saibam que é difícil. No entanto a lista existe, mas é fácil perceber que não são praias selvagens, mas sim menos turísticas:
- Bwejuu
- Jambiani
- Michamvi
- Pingwe
- Kiwengwa
- Uroa
- Kizimkazi
- Dongwe
O que fazer
Spice Tour: entram no bosque de Masingini em busca duma plantação de especiarias (baunilha, canela, cardamomo e noz moscada, por exemplo) e de frutas tropicais. São três horas de tour. Estivemos tentados, mas o motorista não pareceu entusiasmado com a ideia. Como em São Tomé já vimos e cheirámos algumas especiarias e porque nos desviaria muito do horário de regresso decidimos não fazer.
Excursão à ilha da prisão e praia Nakupenda: recomendamos esta tour a partir de Stone Town, fica muito mais barata. Changuu Island foi uma ilha prisão para escravos e um centro de quarentena para doentes com febre amarela. Depois vieram as tartarugas gigantes das Seychelles, no século XIX. Inclui snorkel e almoço na praia. Dura 8 horas, com o almoço. Já vimos tartarugas gigantes nas Galápagos, por isso não era um tour imperdível para nós.
Floresta Jozani: são três horas de tour pela floresta a ver a fauna como os mognos vermelhos, palmeiras-ráfia, figueiras, samambaias e eucaliptos, e claro a flora, como os macacos.
Atol Mnemba: explicaram-nos à chegada que a ilha é exclusiva do hotel que lá está instalado, da rede andBeyond. O hotel está fechado para remodelações até outubro de 2024, é uma cadeia muito exclusiva e cara. Os tours levam os turistas até ao atol para fazer snorkeling. É possível nadar com golfinhos. É um tour com muita procura. Vimos videos com demasiados barcos. São 5 horas de tour.
Blue Safari Tour: ainda estivemos tentados, mas disseram-nos que era só percorrer a costa de praia em praia para snorkel. Dura todo o dia e tem almoço.
Restaurante The Rock: dizem-nos que vale pela paisagem e singularidade. É um restaurante sobre uma rocha que fica acima da água quando a maré enche. Também nos disseram que a comida não é fantástica, não vale o preço. Pode ser visitado em tour combinado com a Gruta Kuza ou em excursão à Península de Michanvi. De Stone Town levávamos 3 horas (ida e volta) e chegaríamos ao hotel bastante mais tarde que o previsto. Achámos que não acrescentaria nada à Maria e que se aborrecido para ela.
Safari: pensámos em fazer, mas depois se já estávamos decididos a não arriscar os voos pequenos, uma semana antes da viagem comprometemo-nos a voltar à Tanzânia um dia mais tarde, para fazer um safari e voltar a Zanzibar para explorar. Podem ser de uma noite ou de um dia. São programas intensos feitos a partir das 4 da manhã e de regresso tardio. No nosso hotel estava uma família portuguesa que fez o safari de dois dias. Gostaram muito.
Stone Town: a capital merece ser visitada. Nós alugámos um táxi com WI-FI e AC através da net e foi uma ótima decisão. Foi muito mais barato que um transfer convencional ou um táxi pedido no hotel. A capital é património UNESCO e há pontos imperdíveis. Nós vagueámos meio sem rumo, mas podíamos ter contratado guia para nos dar algum apoio. Há Tours privados em Stone Town se preferirem.
Onde ficar
Uma das formas comuns de visitar Zanzibar é em pacote de tudo incluído. Vão encontrar malta experiente nas viagens que torce o nariz e se enche de desdém enquanto diz que detesta férias de “resort com pulseirinha”. A nossa opinião é que as pessoas detestam é o preço e o ar lotado que estes resorts têm. Não acreditamos numa alma deste mundo que diga que não aceitaria 7 dias de papo para o ar num hotel em tudo incluído completamente grátis, só pelo horror que é ter uma pulseira no braço.
Nós somos dos que querem gastar o mínimo possível, mas depois de ter viajado de mochila às costas e de termos passado os 35 anos, já não poupamos a todo o custo. São férias, não é suposto soar a tortura e desconforto. No entanto, tiramos o chapéu a quem prescinde de todos os confortos em viagem.
Zanzibar é um destino que cabe em que todos os bolsos. Com algumas concessões conseguem visitar o paraíso sem ter que vender um rim. Se cederem no alojamento, se fizerem várias escalas, se forem menos dias, se comerem nos restaurantes mais baratos é possível ir por 1500€.
Riu Jambo
A escolha do hotel foi feita com base do tipo de férias: sopas e descanso, de quem vai em família alargada e com dois menores de 3 anos com restrições alimentares, mais as restrições da Raquel. É dos hotéis que encarece os pacotes e funciona em modo tudo incluído. Recomendamos para quem não quer férias exploratórias ou para lua de mel.
O hotel emprega maioritariamente nacionais, mais continentais que da ilha. Vimos poucos estrangeiros funcionários o que é um ótimo sinal. Reflete a boa formação e treino da cadeia Riu, não existindo a necessidade que se vê em tantos lados de vigiar o serviço de perto para garantir a qualidade. Tivemos um upgrade nos quartos familiares o que foi ótimo. O upgrade foi o equivalente a 800€/quarto. Eram quartos espaçosos e com vista mar. O minibar é entregue com águas e refrigerantes e reposto todos os dias.
A comida é de qualidade, havendo sempre sopa, massas, pizzas e grelhados. Para quem quer experimentar há gastronomia local e alguns pratos mais elaborados. Dos restaurantes da cadeia recomendamos o Kulinarum, o pior foi o asiático, Yunnan, que não acrescenta muito ao bufett convencional. O italiano (Il Panzotto) era bom, mas o serviço foi médio, com pouca flexibilidade para as crianças. O Kulinarum e o Il Panzotto ficam sobre a água, e valem mesmo a pena. Ficámos seis noites e só podíamos reservar uma vez em cada restaurante. Tivemos que instalar a APP RIU e a reserva era feita por ali.
Na hora dos snacks, junto à praia e à piscina onde eram as atividades havia fruta, pizzas, hambúrgueres e cachorros. Conseguem comer todo o dia.
Havia uma piscina só para adultos e mais três para todos. A água da piscina ficava super quente. O bar Hakuna Matata na piscina adults only estava sempre lotado à sombra. Havia atividades na piscina durante o dia como desporto e atividades à noite como espetáculos. Existe um quiosque na praia para vender tours e disponibilizar kayakes e pranchas de SUP.
A praia é agradável, mas era preciso chegar cedo para as espreguiçadeiras, apesar de haver sempre duas ou três livres. Havia alguma abordagem, educada, mas relativamente insistente da parte dos vendedores de praia.
O hotel tem uma característica que nos agrada, à chegada fazem logo o check-in. Não é atribuído o quarto antes da hora de entrada, mas pode-se guardar a bagagem, usufruir de todo o resort (recebem logo a pulseira) e utilizar balneários para mudar de roupa e tomar banho. No dia de check-out devem logo marcar o vosso horário de utilização do quarto para conseguirem vaga. São períodos de utilização de 30 minutos que vos permitem desfrutar do hotel e da praia e chegar ao aeroporto de banho tomado.
Há um pequeno supermercado dentro do hotel e outro fora.
Escolha acertada
Achamos que para quem quer umas férias imersivas que devem escolher um hotel boutique ou B&B que vos permita almoçar e jantar fora, mas que tenha serviço de refeição para os dias em que não querem sair. A vantagem desta forma de viajar é que é economicamente mais altruísta para o país que vos recebe. Em vez de deixarem todo o dinheiro numa cadeia internacional espalham o dinheiro em vários negócios. Sendo um pacote só com PA ficam mais à vontade para os tours de dia inteiro, já que não perdem nada. E fica mais barato, conseguem facilmente 3 noites com PA num hotel ou B&B a 150-200€, mas não se esqueçam do ar condicionado.
Nós optaríamos por dividir a estadia, talvez uma a duas noites em Stone Town e depois Paje ou Jambiani. Também gostámos do norte, Kendwa, conhecemos quem tenha ido a Nungwi, mas sabemos que nem toda a gente gosta de variar o local da estadia durante as férias.
Espreitámos no Booking algumas opções e temos o Paje White House Boutique Hotel, o Mem Luxury Apartments, BaraBara Eat & Sleep Eco Boutique Hotel (sem piscina), o Tasneen Aparthotel (apartamentos com cozinha, mais caro), o Mizingani Seafront Hotel, Shoki Shoki House Stone House e o Tembo House Hotel. Os hotéis em Stone Town são mais caros. No norte têm o Z Hotel, que nos recomendaram.
Onde comer
The Rock (Pingwe): o restaurante postal de Zanzibar e que está em todos os roteiros. Nós decidimos não fazer uma viagem de 3h para lá ir. Disseram-nos que a comida não é fantástica, mas toda a gente lá vai, por isso fica aqui para decidirem.
Lukmaan (Stone Town): popular entre locais e turistas. É um bom espaço para experimentarem a gastronomia local.
Secret Garden (Stone Town): é um restaurante caro, dentro do Emerson Spice Hotel, mas neste momento popular.
Cape Town Fish Market Zanzibar (Stone Town): com vista para a ilha da Prisão.
Mercury’s Bar & Restaurant (Stone Town): nós comemos algo aqui quando a Maria se queixou de fome. O serviço é bom, mas faltou a sensibilidade de dizer a quantidade certa de comida a pedir. As sugestões que a funcionária nos deu de gastronomia local foram acertadas.
Nungwi Inn Restaurant: um restaurante pé na areia onde podem comer marisco ou pizzas.
Farja Restaurant (Jambiani): serve pizzas, mariscos e hambúrgueres.
Nossa escolha
Pouco tempo antes da viagem descobrimos que a Raquel estava grávida, e isso alterou muito as decisões para as férias. Já tínhamos orçamentos para Safaris de um dia, tínhamos visto alguns tours, tínhamos comprado a profilaxia da malária e acabámos por alterar muitas decisões.
A primeira decisão a tomar foi cancelar ou manter a viagem. São decisões muito pessoais, que devem tomar com o médico que vos segue. A segunda decisão foi não fazer a profilaxia da malária. A incidência de malária na ilha é de 1%, desses casos a maioria é importada do continente, ou seja as pessoas já chegam com malária. Usámos repelente que púnhamos, levámos repelentes elétricos e não tivemos problemas. Foi por isso que decidimos não fazer tours (muitas são em zona de floresta) ou o Safari. Tal como já dissemos, fomos em família, e só nós decidimos não fazer a profilaxia. A nossa decisão também é condicionada pelos anos que vivemos em Angola, o próprio médico da consulta do viajante disse que muitos utentes que tinham vivido em África optavam por não fazer a profilaxia. A terceira decisão foi não comer fora do hotel, almoçámos só em Stone Town, verificando as críticas do Google.
Não se esqueçam de viajar com seguro.
365 dias no mundo estiveram em Zanzibar no primeiro trimestre de 2024
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4 Responses
Que praias lindas! Fiquei com a impressão que Zanzibar é meio o Caribe da África, não? A combinação de resorts, praias paradisíacas e constraste com a população local é familiar. Mas fiquei com muita vontade de conhecer a ilha, e se possível combinar com os safáris (uma pena que vcs não fizeram nenhum, mas certamente foi mais seguro).
Depende do país do caribe. É preciso perceber que não deixa de ser Africa, com lixo nas aldeias, fora dos resorts, população pobre, alguma falta de infra-estruturas. Mas a vida no resort esconde bastante essa realidade.
Cada vez que leio sobre Zanzibar na Tanzânia, tenho mais vontade de conhecer. As praias paradisíacas, safáris… Adoraria ver as tartarugas gigantes! Quem sabe um dia?!?
Nós voltaremos talvez um dia, para fazer um safari no território continental.